Acertando as Contas com o Passado escrita por Carol McGarrett


Capítulo 1
Capítulo 1 - Memórias Parte 1


Notas iniciais do capítulo

Os primeiros capítulos são mais ou menos as memórias da Jenny quanto ao seu tempo como agente e Diretora do NCIS. Porém, como isso nunca foi amplamente comentado na série, algumas coisas são inventadas!



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Paris 1999

Então aqui estava o último passo da missão. Deveria ser simples. Fácil até. Eu tinha um alvo, Gibbs tinha o dele. Um para cada. Um tiro limpo. A queima roupa e nossa missão se encerraria.

Pelo menos foi isso o que eu disse a ele.

Chegada a hora de puxar o gatilho, eu não podia. Não foi esse o comando que recebi. Natasha deveria ficar viva. E eu deveria dizer que a matei. Às vezes é mais fácil dizer do que fazer. Escrever um relatório onde só mentiras serão contadas é fácil. Difícil é mentir para o seu parceiro, para o homem que te treinou, para o homem que conhece cada uma das suas microexpressões, para o homem que se ama.

E eu não poderia fazer isso! Ele saberia na primeira vez que me olhasse pela manhã. Quando, após mais uma noite de amor ele me olhasse, sorrisse e me perguntaria de dormir bem. Eu não saberia esconder e ele descobriria.

Ah Jethro, eu não queria fazer o que fiz! Mas foi preciso! Pelo seu bem, foi preciso.

Então eu fui covarde. Eu simplesmente o deixei ali, dormindo, sozinho naquele sótão, enquanto corria porta afora, com o meu coração quebrado, sabendo que ele nunca mais me perdoaria.

De consolo, mais para mim do que para ele, deixei uma carta, da qual me arrependo de cada palavra. E o casaco chique que ele me dera.... não seriam lembranças minhas a ele, e sim uma maneira minha de não esquecê-lo jamais.

Minha “promoção” não foi nada mais do que uma forma de engana-lo. Mas, como dizem na França, Cest la vie.

E assim a vida seguiu. Ele voltou para DC e fiquei pela Europa.

Entre 2000 e 2003

Fui a melhor das agentes infiltradas que o NCIS tinha. Nada nem ninguém poderiam me parar. Ou assim eu gostava de pensar.

Não tardou que eu e minha parceira, uma oficial do Mossad chamada Ziva David fôssemos descobertas em uma tocaia no Cairo. Nosso objetivo era simples, pegar a localização de um braço da Al Qaeda e passar a informação às Agências de Inteligência de nossos países. Toda é qualquer informação sobre a rede terrorista era válida nesta época.

Com a informação em mãos, poderíamos voltar para nossas bases, ela em Tel Aviv e eu para Rota, Espanha, onde uma equipe me esperava para ser liderada.

Mas, como sempre, nunca conte com a sorte. Fomos descobertas e quase mortas. Uma ação conjunta entre a Inteligência Naval e os SEALs nos resgatou. Era difícil saber qual de nós duas estava em um estado pior. Feridas? Sim. Com o ego estraçalhado? Também. Mas pelo menos estávamos vivas. E, depois desta experiência de quase morte, poderíamos dizer que ganhamos a amizade e a lealdade uma da outra. Até o fim de nossos dias.

Ziva voltou a Tel Aviv, mas nunca escondeu o seu desejo de poder trabalhar em conjunto com o NCIS novamente. E eu segui para a Espanha.

Espanha - 2004 até 2005

Depois de tudo o que passei, de cada missão e disfarce que tive que encarar, liderar uma equipe era até tranquilo.

Certo que ainda tinham as missões, tinham os intermináveis relatórios e, obviamente, eu jamais ferraria com um parceiro, ou seja, nunca deixaria um dos meus para trás. Não importava onde quer que fosse. Todos os 5 integrantes da minha equipe sempre voltariam comigo para Rota.

Eram as mais diversas missões, nos mais diversos países do Velho Continente, da Espanha à Finlândia, dá Inglaterra à Rússia, não houve um único país que não visitei, que não lutei, que não me coloquei na frente de uma bala por algum dos meus comandados.

Mas ainda tinha uma preocupação. A missão de Paris ainda estava em aberto. Natasha ainda não dera o ar de sua graça com que ainda precisávamos. E, enquanto isso, eu vivia em suspense. A qualquer momento poderia ser a última chamada, pra enfim, poder colocar uma pá de cal no passado.

Mas o passado ainda queria brincar com a minha cara...

Não posso dizer que não fui bem sucedida comandando uma equipe, por que fui. Modéstias a parte, eu era uma das melhores entre todos do NCIS. E isso deu frutos.

Algo aconteceu em Washington, uma agente foi morta enquanto protegia o chefe e o diretor da agência, com essa bagunça em aberto, tinha aceito um novo cargo, na Segurança Interna.

Entre vários nomes, lá estava o meu. E foi este o escolhido para dirigir o NCIS. Eu me tornava então, a primeira mulher diretora de uma agência de inteligência armada nos EUA.

Foi aí que o passado resolveu que seria uma boa hora para brincar comigo.

Eu estava no mais alto cargo... mas teria consequências.

Washington - 2005

Depois de tanto tempo eu estava de volta. Perdi a conta de quantos anos eu não pisava em solo americano. Quando sai daqui era apenas uma novata sendo treinada pelo chefe para se tornar uma agente infiltrada, e retorno como diretora.

Queria que meu pai pudesse me ver agora....

Morrow ainda precisava me passar os últimos detalhes do caso.

O caso: Caitlin Todd fora assassinada por um terrorista que vinha ameaçando a equipe principal há alguns meses. Não havia mais provas de que ele puxará o gatilho, mas a equipe estava decidida a provar que fora ele.

Não era a melhor das circunstâncias, mas esse trabalho não é fácil. Se fosse fácil qualquer um poderia fazer.

O problema não era esse, era por quem ela morrera protegendo... ninguém mais do que Leroy Jethro Gibbs.

Eu disse, uma hora ou outra o passado iria voltar...

De início eu achei que acompanharia a caça a Ari direto do MTAC. Ainda me acostumando com a nova função. Mas não foi isso. Morrow pediu a equipe que o atualizasse uma última vez, e quem foi que apareceu com as novidades? Só podia ser brincadeira... o próprio líder da equipe: Leroy Jetro Gibbs.

Eu me mantive quieta acompanhando um dos ataques da Marinha contra bases inimigas no Afeganistão, enquanto ele expunha seus motivos e falava com Morrow. Mesmo de longe eu podia jurar que ele só queria uma coisa: vingança contra aquele que lhe tirara uma agente.

Conhecendo-o como eu conhecia, eu sabia que devia ser a primeira vez que ele perdia um agente. E a sensação deveria ser mil vezes pior porque a Agente Todd morreu enquanto o protegia.

Então chegou a hora. Morrow anunciou a sua saída. E disse que todo aquele problema era da nova Diretora. Era chegada a hora de dar um oi para um passado que eu nunca esqueci.

“Oi Jethro!”

“Jen?!” - a cara de surpresa misturada com olhos de quem vira um fantasma.

Eu poderia ter rido dessa expressão. Mas eu preferi manter as aparências.

“Podemos pular a parte em que falamos que não mudamos nada e ir direto para o assunto?” - era melhor ser direta, dadas as circunstâncias.

“Desde de quando começamos a mentir um para o outro, Jen?” -  Ah, Jethro, se ao menos você soubesse...

Como se ele não entendesse o cargo que eu agora ocupava, de sua superiora, ele insistia em me chamar pelo apelido que me dera há alguns anos, e insistia em mandar em mim. Do apelido eu não ligava, mas mandar em mim, isso eu não podia aceitar. Foi quando eu - tentei - impor alguma autoridade e exigi que me chamasse de Diretora Shepard ou Madame durante o trabalho - a quem eu queria enganar achando que ele respeitaria tal imposição? E ele veio com a cara mais lavada do mundo me retrucando,

—“E fora do trabalho?”

Da boca pra fora respondi que não haveria “fora do trabalho”, mas por dentro…

Foi quando ele me analisou, ele sabia que eu mentira descaradamente sobre isso, mas deixou passar, não antes de chegar bem perto de mim, como se testando os meus limites.

Logo em seguida ele deu uma ordem a sua equipe e me chamou para sair.

Para onde? Ah sim.., uma rápida visita ao porão da casa dele (onde por incrível que pareça ele estava construindo outro barco - que obviamente levaria o nome de outra das suas ex esposas) e depois de volta à agência onde recebi Ziva Davi, que viera interceder pelo terrorista que matou Todd, que por coincidência era do Mossad, assim como ela, e, de todas as formas possíveis ela argumentava que Ari não puxara o gatilho. Gibbs não acreditou, nem sua equipe. Ari, para todos eles era o culpado e eles estavam dispostos a provar.

Quando fui embora, deixei Jethro com os seus pensamentos em sua mesa, e o alertei que Ari não era o problema. Mas ele não me ouvia. E eu duvido que alguma vez ouviu ou ouviria. Ele sempre fez o que o seu famoso instinto lhe dizia.

A noite já ia alta e eu tentava a todo custo me concentrar nos vários relatórios que tinha na minha frente quando o telefone de meu apartamento toca. Era ele. Mas como?? E por quê?

“Você não tem outra mulher para quem ligar a essa hora não, Jethro?”

“Nenhuma que conheça que possa me dar cobertura.” - Mas é de um cinismo absurdo esse homem!

“O que você quer?”

“Preciso de uma parceira. Eu estou na frente de seu prédio.”

Incrédula como sou, tive que conferir, e lá estava ele, debaixo da chuva fina, encostado no carro. Isso só podia ser piada.

Piada ou não, eu não pude resistir. Para falar a verdade, o trabalho de diretora é monótono, nada acontece. Pelo menos não no nível de ser um agente de campo.

E menos de vinte e quatro horas depois de entrar em um cargo burocrático, lá estava eu nas ruas. E confesso que estava gostando mais do que ficar atrás de uma mesa lendo todos aqueles tediosos relatórios de demissões, casos e gastos internos.

E, como não podia deixar de ser, Gibbs sabia bem disso.

E lá estávamos nós dois, em uma tocaia, e isso me lembrava Paris e tudo o que eu deixei para trás. Eram outros tempos, outras circunstâncias. Mas era inevitável não pensar, não voltar no tempo. Foi quando Jethro avistou a caminhonete de Ari, e menos de trinta segundos depois estávamos sendo alvo de um atirador.

Tiros, perseguição de carro, atirador correndo pelo parque enquanto o fazíamos de alvo. E pronto. Ele estava morto e a Agente Kate Todd estava vingada. Porém, não era quem pensávamos, não era quem Gibbs queria.

Contudo ele teve que, pelo menos por fora, aceitar o que as evidências forenses provavam. Fora daquela Bravo-51 que saíram os disparos que mataram Kate.

Mas ele aceitou o que a sua analista forense preferida tinha dito? Claro que não.

Gibbs tinha os seus os planos, ele não deixaria barato a morte de uma agente, e eu, muito deliberadamente, fingi não saber de nada, ao menos oficialmente.

Extraoficialmente era outra coisa. E o que eu temia me foi confirmado pelo próprio durante o velório da Agente Todd. Agora ele estava feliz, e Caitlin estava, finalmente, vingada.

 


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Notas finais do capítulo

No próximo capítulo, continuará as memórias da Diretora!



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