Ash passou o dia se perguntado como Maya estava depois de descobrir sobre a lista, ela não era uma má pessoa mas sabia que teve uma atitude cruel com a garçonete. Ela deveria ter sido mais gentil afinal Maya também havia sido enganada e parecia tão quebrada quanto Ash.
Kim a chamou de Amber quando ela a ligou no meio da tarde, ser chamada de Amber por Kim era o equivalente a “você é uma puta, fria e mesquinha”. Mas Ash sentia tanta raiva, não era justo ter que passar por aquela merda, talvez ferir as outras fosse a solução, ver outras tão tristes quanto ela a faria menos solitária.

Blue, almoço de família no domingo, traga cerveja. A mensagem de Jeremy a fez parar, já estava em frente ao seu prédio de qualquer maneira, ela se sentiu mal por Maya mas acabar com a arrogância de Amy seria maravilhoso.
Sorrindo Ash abriu as portas e se dirigiu para o elevador, ela poderia convidar Kim, sua amiga com certeza gostaria de ver a reação de Amy, ela deveria comprar pequenas câmeras e gravar tudo em 360 graus.
Enquanto esperava o elevador Ash ouviu um click e se virou assustada.
“Que porra é essa?” Segurando uma câmera estava um homem alto louro e que tinha os olhos mais estranhos que ela já tinha visto, um azul e outro castanho, ele parecia sem jeito mas sorriu. “Você é algum tarado ou algo assim?”
“Desculpe.” Disse parecendo envergonhado. “Não consegui me conter.”
“Eu também não vou me conter em chamar a polícia.” Ela anunciou tirando o celular do bolso de sua calça jeans preta.
O homem arregalou os olhos coloridos e levantou as mãos em sinal de paz.
“Só gostei do seu cabelo.” Explicou ele. “Sou fotógrafo profissional e...”
“Idiota.” Interrompeu ela irritada. “Não é normal sair por aí tirando fotos de mulheres! Alguém pode te processar por assédio.”
“Desculpe, não pensei que te incomodaria.” Ele desligou a câmera.
“Vocês homens fazem um monte de merda porque acham que não incomodam.” Retrucou percebendo que tinha discado o número de John, suspirando ela desistiu da ideia de chamar a polícia, era só uma foto que ela o faria apagar. “Apaga minha foto e esqueço que isso aconteceu.”
“Tudo bem.” Ele sorriu aliviado. “Sou Drew.”
“Não vou te dizer meu nome.” Ela sorriu e entrou no elevador mas Drew a seguiu. “Vai me matar agora?”
“Moro no último andar.” Respondeu ele rindo. “Faz pouco tempo que me mudei.”
“Você é o cara que comprou o último andar?” Perguntou ela arregalando os olhos verdes para Drew, que desviou os olhos para o chão parecendo desconfortável. “Você sabe que esse é um dos lugares mais pobres da cidade?”
Ela ouviu o rumor sobre o cara rico que havia comprado o último andar do prédio, ela achou que provavelmente seria algum cafetão querendo “expandir os negócios” ou algum velho louco mas Drew não parecia um cafetão e defitivamente não era velho. Talvez ele só fosse louco, já tinha dado os primeiros sinais ao tirar uma foto dela minutos atrás, alguma garota caia naquela história ridícula?!
Drew deu os ombros. “Não me importo, gosto daqui.”
Ash riu, ele era louco mesmo, e saiu do elevador sem se despedir dele.
“Até mais Ash!” Ele exclamou a fazendo virar mas o elevador já havia fechado as portas, talvez ela deveria chamar John avisando do possível stalker em seu prédio.

“Você sentiu pena dela?” Perguntou Kim, ela havia chegado horas atrás com comida, de acordo com a morena se não trouxesse Ash não comia nada, o que era uma meia verdade, Ash não comia porque tinha preguiça de cozinhar.
Elas estavam na sala assistindo Atlanta, Kim havia desenvolvido uma paixão muito intensa por Donald Glover então Ash estava sendo obrigada a reprisar a primeira temporada, ela também amava Atlanta mas já era a terceira vez que elas reprisavam a série.
“Eu não.” Respondeu Ash se afundando no sofá e ignorando o olhar de Kim. “Ela merece a verdade.”
“Ouvi dizer que ela se demitiu.” Comentou Kim. “Serena disse que foi lá com Sarah mas ninguém sabia o que tinha acontecido, parece que ela surtou quando o John apareceu.”
Ash suspirou, ela também surtaria mas estava evitando John desde que descobriu sobre a lista, ela até pediu para Ian, sobrinho de John, entregar o celular para não ter que encontrá-lo.
“Você vai fazer isso com todas?” Perguntou Kim enquanto digitava uma mensagem, parecia ser o chefe dela, o cara não deixava sua amiga descansar mas ela não parecia tão incomodada com aquilo.
“Não sei.” Ash não havia pensado em um plano real, ela só queria acabar com John. “Talvez eu envie alguns prints para Kate, ou para aquele grupo ridículo da cidade.”
Kim riu mas não de Ash que a cutucou chamando sua atenção, a morena se virou para encará-la.
“Você não tem coragem de se expor assim.” Kim tinha razão, ela não iria, não valia a pena se expor e expor as outras, Ash não gostava de Amy mas não desejava isso nem para aquela mulher arrogante, na verdade talvez desejasse um pouco.

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Maya não havia conseguido falar com Anna, ela havia rodado pela cidade depois decidiu voltar para casa e fazer algo para seu pai comer, depois de cuidar dele e evitar todas as ligações e mensagens de John ela decidiu voltar a dirigir.
O tempo de Maya era divido entre seu trabalho, cuidar de seu pai e da casa. Ela evitava sair para outros lugares, para se divertir, porque tinha medo que algo acontecesse com seu pai. Quando sua mãe faleceu ela estava em uma festa, Alma Green sofreu vários acidentes vasculares cerebrais, os médicos disseram que se alguém estivesse com Alma talvez houvesse chances de sobrevivência mas o pai de Maya estava viajando, sua mãe não teve chance e ela jamais se perdoou.
John a levou pra sair algumas vezes, durante o dia ele a arrastava para longe em seu descanso do trabalho, eles iam a lugares fora da cidade e fingiam não terem tantos traumas. Ele fez bem a ela por um tempo.
Enquanto acelerava tudo que conseguia pensar era o quão mal John estava fazendo, mesmo sem vê-lo, ela sabia que ele estava em algum lugar pela cidade tentando fazer outra mulher se apaixonar.
Ela estava cansada de chorar, chorar não iria trazer de volta o tempo que perdeu com John, chorar não trouxe o movimento das pernas de seu pai de volta e nem ressuscitou sua mãe. Maya sempre foi forte, ela só precisava aguentar e em três meses John não será mais problema dela, já não era, mas em três meses John estará casado. Ela poderia se acostumar com a ideia da vida sem ele, não faria tanta diferença.
Enquanto tentava ligar o rádio Maya esqueceu-se de olhar para as placas, enquanto selecionava Lemonade ela acelerou e acabou batendo seu carro contra um caminhão, a última coisa que viu foram as luzes do carro de polícia ou talvez fossem as luzes de uma ambulância, ela jamais descobriria.