Wintershock escrita por ariiuu


Capítulo 8
Descobrindo sua identidade


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, tudo certo? Demorei duas semanas de propósito, pra ver se os fantasmas que estão lendo a fanfic aparecem e deixam um comentário pra dar o ar da graça, né? Apareçam, fantasmas e moscas dessa fanfic!
Nesse capítulo, Bucky descobre sua identidade (finalmente né?). Os próximos capítulos serão uma transição para a nova fase da história. Em breve teremos Thor, Jane, Erik, Tony, Bruce e Pepper aqui. A história é concentrada em Darcy e Bucky, mas teremos muitas cenas desses e outros personagens por aqui, incluindo Steve, Sam, Natasha, e... uma espiã russa bem conhecida nos quadrinhos. Quem acompanha a história da Viúva Negra, já sabe quem é :P
Acessem o Tumblr: https://wintershock.tumblr.com para ver as coisas interessantes desse capítulo que não estarão aqui.
Divirtam-se!



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.

Como de costume, para não deixar rastros, um terceiro carro foi roubado, só que seria mais difícil entrar com um veículo furtado na capital, onde a vigilância era ainda maior.

— Eu tenho uma ideia... será que você pode me deixar assumir...? – Darcy indagou, no ímpeto de que os ambos pudessem chegar ao museu sem atrair a atenção da segurança local, e mesmo dos supostos agentes que podiam estar atrás dele.

— Eu não sei... – Mesmo depois de todos aqueles dias ao lado da garota, Bucky não conseguia confiar plenamente nela.

A noite anterior também estava nítida em seus pensamentos. Tudo ainda era emblemático demais pra entender. As relações humanas que tinha em mente não passavam de formalidades hierárquicas. Foi treinado para não deixar as emoções aflorarem.

— Eu dei a minha palavra que te ajudaria e isso me custou muito... Posso perder meu emprego, ser decapitada por meus colegas de TCC e ainda ser reprovada por ter faltado na faculdade nas aulas mais importantes dos últimos semestres, então será que eu não mereço um voto de confiança...? – A garota piscou lentamente, tentando ser paciente.

Bucky não se importava e estava muito irritado... Sua mente não lhe dava sossego e na última noite que esteve com a estudante, conseguiu descansar apenas por poucas horas... Seu corpo ainda estava exausto...

— Minha mente se encontra nebulosa... eu mal sei nada sobre mim mesmo e a única vontade que sinto é de atacar as pessoas e mata-las...

— Sua mente está em transe, ok, eu já sei, mas precisamos ser racionais... Confie em mim.

Bucky mal havia terminado de falar, quando a mesma o interrompeu e passou a sorrir gentilmente...

A reação dele foi totalmente sem emoção. Quase como um robô reagiria.

Por mais que estivesse fora de si, sem saber quem era, sem saber se podia mesmo confiar em alguém e o que aconteceria depois, aquela garota estranha apareceu repentinamente em sua vida e estava sendo útil nos momentos em que mais precisava.

Ela também não fugiu e escolheu ficar ao lado dele...

Era melhor ficar com alguém que sabia como andar por Washington e provavelmente lhe diria como agir num mundo em que não conhecia.

Pelo menos só até chegarem ao museu...

Para completar, o ferimento da bala em seu ombro não havia se recuperado totalmente e os hematomas em seu corpo se encontravam completamente doloridos... Talvez o fato de não ter conseguido repousar adequadamente retardou a sua recuperação física.

— Precisamos chegar em Washington logo, mas vamos fazer do meu jeito? Precisamos de um carro que não seja roubado... – Darcy sugeriu.

— Como vai conseguir um carro que não seja roubado? – Contestou, não entendendo o que a mesma queria dizer.

— Tenho um amigo que pode me emprestar um... Mas antes, me responda uma coisa... Por que você ainda está usando esse traje de Exterminador do Futuro? Não devia ter se desfeito das roupas que deixei pra você no hotel!

— Exterminador... do futuro...? Do que você está falando...? – Indagou, confuso. Ela estava se referindo ao traje de Soldado Invernal?

— Bem, esquece. Eu dou um jeito em tudo. Vamos para a fronteira de Bethesda com Washington... Tem um lugar que se chama Friendship Heights. Meu amigo mora lá. Eu vou até a casa dele pegar um carro enquanto você me espera, pode ser?

— Eu não acho uma boa ideia. – Afirmava, extremamente desconfiado.

— Bem... Então eu vou ligar pra ele na sua frente e pedir que me traga o carro enquanto esperamos. Melhor assim?

— Talvez essa opção seja melhor, mas já digo que se tentar alguma coisa, eu-

— Já sei! Você vai me matar! Ok, então estamos de acordo? – Replicou debochada e com pressa.

Ele assentiu com a cabeça.

Darcy dirigiu para perto da casa de Terry, estacionando próximo do Parque Fort Bayart.

Eu vou ligar para o meu amigo e você espera aqui no carro, ok? – A estudante pegava o smartphone que estava dentro do bolso de sua calça e já começava a procurar o número de Terry na agenda.

— Por que precisa sair do carro? – Ele contestou e logo se aproximou dela, no ímpeto de impedi-la de agir sem seu consentimento.

— Vou pedir um carro, roupas pra sairmos daqui e irmos direto pra uma farmácia para comprar alguns medicamentos... Você acha que eu não percebi que está se sentindo mal por causa desses hematomas!?

— Não... Você vai fazer exatamente o que eu disser. – Bucky exigia. Sua voz soava como uma ameaça, porém, sua mente estava totalmente embaralhada por conta das noites em que não conseguiu dormir, das memórias desconexas que sobrevinham sem contexto algum e os ferimentos que insistiam em lhe atrapalhar quando pensava em qualquer coisa.

Observando a condição dele, Darcy apenas pensou que deveria acalmá-lo, ainda que não confiasse nela, mesmo depois de tudo...

— Eu sei que nos conhecemos a poucos dias e que está se segurando para não me matar, mas se você está com amnésia e ferido, devia considerar me dar um voto de confiança. Antes de qualquer coisa, você é um ser humano e tem o direito de ser medicado.

— Não é você quem decide isso... – Replicou, de modo agressivo.

— Não estou decidindo nada sem sua aprovação, mas você poderia me deixar resolver as coisas no momento? Quando estiver melhor, pode decidir tudo com mais calma e clareza. – A voz da estudante era suave.

Depois de vê-lo naquelas circunstâncias na noite anterior, teria de ser mais paciente. Não estava sendo nada fácil para ele.

Bucky não conseguia confiar em tudo o que a garota dizia e seus instintos imploravam em pará-la, mas havia algo que lhe impedia, e ele nem mesmo entendia o que era.

Por ora, deveria deixa-la assumir? Não tinha ideia do que aconteceria, mas não havia outro jeito.

Em silêncio, a contragosto, ele apenas consentiu com a cabeça.

E então, segundos depois Darcy ligou para Terry.

Estava torcendo para que ele não estivesse magoado com ela, depois da última vez que se falaram por telefone.

Ela discou o número e começou a chamar...

Alô...

— Hello, my best friend!!! Como você está!?? – A voz dela ressoava de modo alegre, mas Terry sabia que era pura dissimulação.

Darcy, por que está ligando pra mim se na última vez em que nos falamos você desligou na minha cara? E o seu best friend é o Derek, não eu.

— Já ouviu falar em TPM? É isso...

Sua TPM já dura anos...

— Hey, qual é!? Estou te ligando porque-

Porque precisa de alguma coisa, não é? Você só liga quando precisa!!!

— Também não é assim... – A feição da estudante se desfez numa carranca.

Bucky prestava atenção em cada movimento e cada palavra dita no telefone. Nada parecia estranho.

A não ser as coisas sem sentido que não faziam lógica alguma quando tentava entender... Como quando a garota dizia que a pessoa atrás da linha parecia um hipopótamo atrofiado e deveria obedecê-la.

Darcy também disse que precisava de uma lata velha pra ontem e peças de roupas masculinas, como um par de calçados e um boné de baseball.

E como se o diálogo entre ambos não estivesse estranho e complicado o bastante para Bucky compreender, a garota começou a gritar ainda mais no telefone, alegando que não queria falar sobre o término do seu último namoro porque a sua vida amorosa se encontrava exatamente como o Titanic, com uma tal trilha sonora intitulada “My Heart Will Go On” e o navio afundando.

Mais nós se formaram na cabeça do soldado, por não entender absolutamente nada do que Darcy dizia para o tal Terry no telefone.

Bucky virou para trás e desistiu de entender o que a mesma dizia no telefone, principalmente depois de ouvi-la berrar histericamente ainda mais com a pessoa do outro lado da linha, dizendo que ele era feio, mas tão feio, que a foto dele era usada como argumento em favor do aborto...

E depois de discutirem por minutos, a estudante desligou o telefone e foi até ele.

— Tudo resolvido. Meu amigo vai trazer um carro e as coisas que pedi em meia hora. Você vai me esperar aqui e então vamos para uma farmácia, ok? – E então, ela o fitou, esperando uma resposta.

Amigo...?— Contestou, desconfiado. Depois daquele diálogo insano, o tal Terry podia ser tudo, menos amigo dela.

— Você não está pensando que aquela amoeba é meu namorado, não é!? – Contestava, espantada.

— Não... Pensei que fosse algum arqui-inimigo que lhe devia um favor... – Ele se referia a forma mal-educada em que a garota falava com o “amigo”.

— Mas ele está me devendo dinheiro! Por que você acha que eu estou pedindo carro e outras coisas para aquele cretino!?

Bucky estava ficando sem paciência de ouvir coisas sem sentido e idiotamente estúpidas.

Depois de andar em círculos por trinta minutos junto com aquela estudante universitária que parecia ter alguns problemas mentais, ela pediu para que o mesmo continuasse no veículo enquanto pegava o carro de seu “amigo”.

Ficou aguardando ainda dentro do veículo que roubaram em Ellicott City, espiando.

Darcy e Terry se encontraram. O rapaz segurava duas sacolas de papelão.

E de longe era possível vê-la discutindo horrores com o tal Terry. Não sabia porque, mas estava começando a achar que o tal “amigo” era apenas um capacho na mão dela.

Depois de longos minutos, finalmente a garota acenou, lhe chamando para o lugar onde o carro estava estacionado, do outro lado do parque.

Ele se aproximou e viu que o veículo não parecia estar em boas condições.

— É, eu entendo a cara de nojo, mas essa lata velha é a nossa única opção. – Darcy dizia com muito bom humor e Bucky não entendia porque a garota parecia estar tão animada.

— Você vai me deixar no museu e-

— Nada disso! Vamos a um lugar para comprar algumas bandagens e medicamentos para tratar os seus ferimentos. Depois disso, você vai se trocar e aí podemos ir ao museu... Ah, e você vai ter que deixar todas as suas armas no carro, porque o museu não permite porte de armas.

Mesmo odiando tudo aquilo, teria de fazer como a garota sugeria, pois não podia ser pego e também...

Precisava descobrir de uma vez por todas quem ele era...

Todas aquelas memórias fragmentadas e tão distantes umas das outras, não lhe deixavam chegar a nenhuma conclusão por si mesmo.

Ele precisava ir até o museu.

.

.

Os dois finalmente chegavam a Washington DC.

Mesmo depois de alguns dias, a cidade ainda estava agitada por causa do incidente na SHIELD.

O projeto Insight havia falhado... como a HYDRA se reagruparia? Sem perceber, seus pensamentos lhe levavam para aquela organização, mas não teria de pensar sobre obter êxito para eles. A HYDRA era agora seu inimigo.

A dupla parou a algumas quadras do museu, perto de uma unidade da Farmácia CVS.

Darcy estacionou lentamente.

— Você fica aqui e me espera. Nada de fugir com esse carro, senão o Terry me mata!

Quando a garota saiu do veículo, Bucky pensou que era mais fácil que ela matasse o tal Terry do que o contrário.

Bucky observava a movimentação dos veículos e temia que o descobrissem ali.

Logo anoiteceria e precisava ser rápido.

Alguns minutos depois, Darcy chegou, carregando várias sacolas e entrou no carro.

— Eu comprei coisas básicas que vão ajudar. Uma caixa de primeiros socorros, bandagens e analgésicos.

Bucky respirou fundo... Nada fazia sentido... Ele ainda não entendia e também não acreditava que havia se desvencilhado da HYDRA, estando ali... Com aquela garota estranha... Mas ainda corria muito risco permanecendo na capital.

Teriam de ser rápidos.

Darcy o encarou com um semblante estranho e então...

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Ok, vamos lá, tire a roupa.

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A estudante exigia, totalmente do nada e Bucky ficou perplexo.

— O quê...?

— Tire a roupa. Vou fazer os curativos. – Ela replicou, despreocupadamente.

— Eu vou fazê-los sozinho. – Redarguiu ríspido. Não deixaria aquela garota estranha lhe tocar de novo. Jamais.

Todo o contato estranho que teve com ela, nos vários quartos de hotel que se hospedaram, foram suficientes para perceber que o melhor era manter distância.

— Eu fiz curso de primeiros socorros. Vou ser mais rápida do que você. Se tivesse me pedido ajuda antes, não estaria nessa condição agora! Você não quer chegar ao museu logo?

Por mais que não quisesse ceder e estivesse se segurando para não voar em cima dela e arrancar o seu pescoço, ele precisava confirmar suas memórias o quanto antes.

Bucky lançou um olhar nebuloso para ela... Não acreditava que teria de deixa-la assumir mais uma vez... Se encontrava exausto e a dor de seus ferimentos não haviam passado depois de todo aquele tempo.

— Se você tentar qualquer coisa, vai estar morta muito antes do que pensa... – A voz sombria não intimidou Darcy.

— Entendido.

— Você sabe que o meu braço esquerdo não é normal. É um implante biônico, então não faça cara de espanto ou perguntas. Eu te alertei mais cedo que estou guiado por instintos assassinos, então seja inteligente e não me irrite...

— Eu não vou dizer uma palavra. Prometo. – Depois de todos aqueles dias com ele, a garota sabia que o mesmo havia sido treinado para ser um assassino magistral. Teria de ter cuidado redobrado.

Darcy pulou para o banco do passageiro com as sacolas, se segurando para não dizer nada que o irritasse.

Aos poucos e lentamente, Bucky foi tirando o sobretudo por cima do traje de Soldado Invernal. Não havia se desfeito do traje porque se sentia mais seguro daquela forma.

Lentamente, ele retirou o colete sintético, expondo o ombro suturado, e por fim...

Seu tórax, braços e abdômen ficaram expostos...

Darcy se espantou com a quantidade de hematomas que estavam espalhados pelos locais, e algumas partes com cortes repletos de sangue escuro e seco, impregnados em sua pele branca.

Os ferimentos eram profundos...

Por sorte não haviam mais incisões que precisavam de suturas, mas os hematomas eram grandes.

Uma pessoa normal, jamais conseguiria andar com tamanhos ferimentos.

Foi então que ela notou seu braço biônico com mais precisão.

.

Pele e metal...

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Havia uma enorme cicatriz entre o ombro e as costas...

Não podia perguntar porque o irritaria, mas quem faria algo tão desumano como aquilo? Se perguntava se aquele braço biônico foi colocado com seu consentimento.

A pele dele estava fria e sensível ao toque, pois no momento em que o encostou para limpar o sangue na altura das costelas, o mesmo estremeceu... Diferente da noite em que o tocou e que se encontrava extremamente quente... Um contraste gigante...

Talvez seu psicológico não estivesse preparado para isso, pois mesmo não lembrando de todas as vezes em que lhe fizeram lavagem cerebral, era nítido que seu corpo reagia sobre qualquer tipo de contato humano, por medo... Por isso não deixava ninguém lhe tocar a luz do dia... A escuridão que era algo que amedrontava as pessoas normais, tinha o efeito contrário nele... A escuridão lhe tranquilizava...

Darcy reparou o quanto Bucky estava receoso com tudo aquilo...

Ela foi limpando o sangue seco por toda extensão do ombro, com algodão e solução fisiológica.

A sutura de seu ombro se encontrava levemente inchada... e quando tocou a região...

Bucky gemeu de dor...

Seu ombro não havia se recuperado e a sensação pesada se intensificava pelo fato de estar exausto...

Ainda que estivesse naquela situação, repleto de ferimentos, seu porte físico bem trabalhado era algo belíssimo de se apreciar...

A definição do bíceps humano, o peitoral firme, abdômen trincado e toda a musculatura mostravam o quão bem treinado seu corpo era...

Mas a garota se concentrou apenas em fazer o seu trabalho e encarou tudo seriamente.

Quando tentou limpar o sangue do lado contrário, ele gemeu mais uma vez, só que mais alto do que o comum...

Darcy percebeu algo...

— Você está sentindo uma dor pulsante desse lado? – Indagou-o, seriamente.

— Sim... – Respondeu suprimindo suspiros de dor.

— Provavelmente suas costelas estão quebradas. Você vai precisar de repouso absoluto... E muito cálcio...

— Isso é impossível... – Bucky contrapôs, impaciente.

Darcy não teve como contestar. Depois que lhe deixasse no museu, os dois se separariam e ela não teria mais nada a ver com ele...

A estudante continuava limpando os ferimentos, mas de uma forma mais delicada, sempre perguntando se certos locais estavam mais doloridos que outros e ele ia respondendo com muito sacrifício.

Foi então que ela pegou um tubo de spray e passou a chacoalha-lo.

— Acho que esse analgésico local vai aliviar bastante a sua dor. Posso passar em todos os locais que estão mais doloridos?

Ele assentiu com a cabeça.

O conteúdo do spray era gelado, mas em poucos segundos a dor foi passando...

Quase como num passe de mágica...

Bucky se perguntava até onde a medicina havia chegado... Que século era aquele? Até onde os seres humanos haviam evoluído?

Enquanto Darcy começava a fazer curativos nos lugares mais machucados de seu corpo, ele observava fixamente o rosto dela de modo peculiar... Aquela garota era excêntrica demais... Não se recordava de ter conhecido alguém como ela.

Aliás... Ele não se recordava de nada...

Concentrada, fazendo o curativo no ombro suturado, Darcy ficou um pouco constrangida ao perceber que ele a observava.

“Céus... ele me pegou no colo e me colocou na cama... eu não tenho mais nove anos pra fazerem isso comigo...”— A estudante se praguejava mentalmente, quando se recordava da noite anterior.

E finalmente, terminava de colocar uma bandagem no local...

Seus dedos reclinaram sobra a pele da cicatriz e deslizaram perfeitamente sobre o braço cibernético até sentir seu toque sintético...

Darcy tocou o braço de metal sem medo...

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Extremamente gelado...

.

E embora o metal fosse completamente liso, haviam camadas por toda a extensão.

A garota tocou suavemente o local onde se encontrava a estrela vermelha, que devia ter algum significado que não tinha ideia.

“União Soviética?” — Perguntava a si mesma.

Isso não fazia sentido... ou fazia...?

— Você pode sentir quando algo toca seu braço...? – Indagou-o, totalmente curiosa.

— Não. – Redarguiu sem nenhuma emoção em sua voz.

— A articulação do seu braço é perfeita... Não parece um braço de metal, a julgar pelos movimentos...

O braço de Bucky era uma prótese de alta tecnologia. A HYDRA provavelmente não instalou sensores táteis nele, já que o Soldado Invernal foi treinado para ser um impiedoso assassino.

A dor era um obstáculo...

— Esse braço parece ser bastante potente. O cientista ou engenheiro que o construiu deve ser genial...

Quando ela mencionou cientista, seu semblante escureceu.

Arnin Zola... merecia ter sido morto por suas mãos... mas a maldita criogenia lhe tirou o que seria sua maior vingança...

E em um movimento brusco, ele puxou seu braço cibernético de volta.

— Me diga agora onde é o museu. – Ordenou, totalmente impaciente.

— Estamos há dois quarteirões dele. É só você ir reto na primeira direita. – Ela apontou para a Avenida na frente.

— Então, é aqui que os despedimos. – Ele dizia enquanto ia colocando seu traje de volta.

— Você já vai!?

— Sim. – Respondia ríspido.

— Certo... Mas você não pode entrar lá desse jeito! Se a SHIELD está atrás de você, vão te reconhecer!

— Eu tenho meus próprios métodos de invasão. Não preciso que me diga o que fazer. – Retorquiu, pouco se importando com o que a mesma tinha para lhe dizer.

— Você não acha mais inteligente se disfarçar? Digo isso porque seus ferimentos são graves. Se você entrar em outro combate, pode acabar morto de verdade. – Darcy tentava convencê-lo e por mais que ele soubesse de sua força como um super soldado de elite da HYDRA, de fato não podia correr esse risco.

Por quê tudo o que aquela garota irritante dizia, era verdade? Estava com tanta pressa de chegar ao museu, que não raciocinou direito.

De fato, a emoção era algo que lhe atrapalhava... Principalmente quando era guiado pelo desejo insano de vingança contra a HYDRA.

— Olha, eu pedi para que o Terry trouxesse roupas. Vocês têm a mesma altura, então acho que vai dar. – Ela entregava uma sacola com roupas dentro.

Ele aceitou, mesmo contrariado. Teria de guardar o traje de Soldado Invernal.

Quando decidiu se trocar, Darcy continuou ali, parada, olhando para a cara dele.

De fato, aquela garota era única. Que outra pessoa do sexo feminino ficaria ali para observar um assassino desconhecido se trocar? Ela era louca ou se fazia?

— Você não vai sair? – Contestou, abismado.

— Tem certeza...? – Ela esboçou um sorriso malicioso. Depois do que vira, era realmente difícil não ficar como expectadora daquela exposição toda...

Darcy Lewis sendo Darcy Lewis...

— Eu disse que se me irritasse, eu arrancaria o seu pescoço... – Bucky replicou de modo feroz e ela se sentiu coagida novamente.

— Ok, calma... Era só uma piada... Não precisa me matar de verdade... – Articulava, um pouco decepcionada, porém já esperando aquela reação.

Ela abriu a porta do carro e saiu, batendo do lado de fora.

Era uma pena que o vidro fosse fumê. Não conseguiria espiar nada... [?]

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E então, Bucky se trocou.

Trajes mais normais e simples.

Uma blusa escura por baixo de uma jaqueta cinza, além da calça jeans, tênis e um boné de Baseball.

Ele saiu do carro e Darcy o fitou.

— Uau... Está bem menos ameaçador...! Se bem que de Exterminador do Futuro, agora ele parece um Gângster disfarçado... – Ela se aproximou e ele a encarou severamente.

Bucky era alto... Seu porte físico atlético e seu rosto belo demais para ignorar...

— Eu vou até lá, mas você vai ficar aqui e quando sair, quero que me devolva todas as armas que deixei no carro. – Exigiu, agressivamente.

— Calma... Eu não vou fugir com as suas armas... Eu tenho a minha! – Ela mostrou seu taser, esboçando um sorriso de canto petulante. Sua arma de choque o salvou algumas vezes. Deveria estar grato.

O soldado virou os olhos indelicadamente e Darcy continuou sorrindo, de modo debochado. Já estava acostumada a levar foras e patadas do desconhecido assassino desmemoriado, porém esbelto, perigoso e misterioso.

— Você mencionou antes sobre alguns livros... será que poderia arrumá-los pra mim?

— Claro. O que não falta em Washington DC são livros sobre a segunda guerra.

— Mantenha a sua palavra. – Exigia, de modo austero.

— Pode deixar! Vê se não mata ninguém lá... Quando sair, vou estar aqui te esperando pra te devolver suas armas. – Ela piscou marotamente e ele apenas a ignorou, virando o rosto e começando a andar na direção do museu.

Darcy apenas ficou com cara de tacho em modo estátua, ouvindo o barulho dos grilos por causa do tamanho vácuo em que ele a deixou.

Mas o barulho do seu smartphone lhe tirou do transe logo em seguida.

A garota pegou o aparelho e arregalou os olhos quando viu quem era.

Ela atendeu desesperada a ligação.

.

— Derek!? Onde você estava!? Eu liguei mil vezes para o seu telefone!!!

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Derek Johnson. Seu melhor amigo, cujas habilidades nerdísticas eram altamente competentes.

Terry tinha ciúmes dele. Mas aquilo era apenas um detalhe.

Darcy, você sabe que esse semestre eu tenho TCC, então por que acha que perderia tempo ligando pra você!?— O rapaz do outro lado da linha gritava de modo incisivo com a garota.

— Se fosse a Stephanie, atenderia sem pensar duas vezes não é!? Mas deixando isso de lado, eu te liguei porque preciso que você descubra pra mim a identidade de uma pessoa! – Ela implorava um tanto desesperada.

Depois de todos aqueles dias, estava muito curiosa sobre aquele misterioso homem ao qual nada sabia, nem mesmo seu nome.

Eu tenho mais o que fazer! Não vou ficar pesquisando a vida dos seus crush de novo!— Derek rebatia, indignado.

— Não é Crush, seu retardado! É uma pessoa que perdeu a memória! Provavelmente um agente da SHIELD e assassino profissional!

Darcy... Pare de assistir filmes de ficção científica e vá estudar! Você se forma esse semestre e até quando vai ficar vivendo no fantástico mundo de bob!?

— Mas é verdade! Eu estou em Washington agora! Não ficou sabendo do incidente no Triskelion!?

— O quê!?? Você está em Washington!? Parte da cidade está em ruínas! Estou com a TV ligada vendo os noticiários!

— Pois é... Eu topei com um cara que estava sendo perseguido por alguns agentes da SHIELD. Ele tentou me matar, mas eu o salvei duas vezes, ajudei ele a escapar e se recuperar, mas agora ele foi para o museu de história, descobrir pistas sobre a sua identidade, e-

.

O QUÊ!?— A voz desesperadamente alta no outro lado da linha fez Darcy afastar o telefone de seu ouvido.

.

— Calma... É uma longa história... – Ela tentou explicar.

DARCY, VOCÊ ESTÁ LOUCA!!?

— Pra falar a verdade, estou mais perdida que o Indiana Jones a procura da seita maligna dos pigmeus albinos da antiga Macedônia... – A garota deu risinho de ironia.

Por que você é tão inteligente no quesito burrice!!?

— Você ligou para me chamar de louca ou para me chamar de burra!!?

POR QUÊ VOCÊ FOI AJUDAR UM ASSASSINO!? VOCÊ SABE QUE ESSES AGENTES DA SHIELD SÃO PERIGOSOS!!!— O garoto estava em pânico do outro lado da linha e Darcy já esperava aquela reação, pois Derek costumava ser muito histérico até quando uma barata voava.

— Olha... Por mais que ele seja um agente da SHIELD e assassino, sei que ele precisa de ajuda... E você não vai acreditar... Além de forte e um lutador excepcional, ele tem um braço de metal super hilário! – Dizia empolgada.

Um braço de metal!? Tá falando sério!?

— Sim! Mas só não entendi porque tem uma estrela vermelha no meio... Enfim, eu estou o ajudando a descobrir sua identidade, pois ele está com amnesia.

Isso pode ser perigoso... Esses agentes da SHIELD são treinados de uma forma terrível, são perfeitos espiões e capazes de tudo, então acho melhor você fugir daí enquanto pode...— O rapaz replicava, totalmente preocupado.

— Mas eu estou muito curiosa sobre ele e... Eu sinto que esse agente é uma boa pessoa... A SHIELD é que não presta! Onde já se viu, roubar um iPod de uma pobre estudante universitária sem dinheiro!?

Deixe de ser idiota! Pare de agir como uma adolescente inconsequente e saia logo daí!!!

— Só vou sair quando você me disser quem ele é! Se alguma coisa der errado, eu saio correndo, caso contrário, não vou arredar o pé daqui!

Darcy Lewis, é bom você me ouvir, senão eu vou contar tudo para os seus pais e-

*BEEEP*

Darcy desligou o telefone na cara de Derek. Ela não sairia dali enquanto aquele misterioso homem não voltasse do museu.

Havia desligado o telefone na cara de três amigos naquela semana. Terry, Kim e Derek. Um novo record...

E por que todos sempre lhe ameaçavam citando seus pais? Ela por acaso tinha 6 anos de idade?

— Eu mereço... – A estudante olhou ao redor... A Casa Branca ficava há poucos quarteirões dali... estava no lugar mais importante do país, e mesmo depois de toda aquela aventura perigosa...

Ela esperaria por ele...

Não fugiria dali sem ao menos dar um adeus decente e sem descobrir quem ele era...

.

.

Enquanto isso, Bucky já estava do lado de dentro do museu.

Vislumbrou várias exposições da segunda guerra, em especial...

A exposição do Capitão América...

Algumas áreas estavam interditadas, pois um item importante foi roubado e vários policiais se encontravam no local.

Ele abaixou o boné, cobrindo mais seu rosto, para que não o reconhecessem.

Bucky observava tudo com muita atenção e lia cada linha das histórias escritas, seja nas telas, ou nos monumentos com a biografia de todos os heróis de guerra que lutaram ao lado do Sentinela da Liberdade... O Capitão América...

Ele era denominado como “O Menino de Ouro da América”.

Depois de ver muito material exposto sobre Steve Rogers, finalmente ele chegou numa parte sobre...

.

O Comando Selvagem...

.

Os trajes de todos do Comando Selvagem estavam ali, menos o de Steve...

Era isso que os policiais ao lado estavam investigando? O sumiço do traje de Steve?

Um flash passou por sua mente... Aquele traje que não estava mais ali... Steve o usou no dia que se confrontaram...

Bucky estava ficando incomodado com tudo o que vira em sua frente, quando finalmente, teve a maior revelação de sua vida, desde que recobrou a consciência...

Ele achava que era apenas um errante no tempo e que tinha perdido seu caminho para sempre... atormentado por lembranças que não faziam sentido algum e por uma mente doente por conta de inúmeras lavagens cerebrais... mas...

No meio do caminho, avistou um monumento de vidro, onde se encontrava a foto de um dos mais sublimes soldados da segunda guerra mundial...

O melhor amigo do Capitão América...

.

O Sargento James Buchanan Barnes...

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Notas finais do capítulo

Gostaram? Deixem seus comentários e deem sugestões!
Nos vemos no próximo.



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