Wintershock escrita por ariiuu


Capítulo 13
Traumas em meio a cruel realidade


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, beleza? O capítulo saiu no sábado, porque a pessoa aqui foi ver Capitã Marvel e ficou imersa num monte de ideias e teorias e trilhas sonoras e mais um monte de referências do UCM, porque né... Eu adoro viajar na maionese, e claro, quero trazer alguma coisa da Carol Danvers pra fanfic, ou mesmo fazer uma fanfic dela. O que acham da ideia? :P
Esse capítulo pode ter muitos erros, então peço desculpas logo de cara.
Está comprido e cheio de grandes revelações, tanto pra Darcy quanto pro Bucky.
Divirtam-se.



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"Corte uma cabeça e duas nascerão em seu lugar..."

Bucky correu para longe do apartamento de Darcy, tentando achar um lugar mais aberto, no ímpeto de respirar com mais facilidade, já que um local fechado lhe dava a sensação de estar sufocando...

Andava com os olhos levemente semicerrados, tentando não parecer anormal perto das pessoas que passavam por ele.

E por sorte, bem perto dali, havia um lugar sem muitos civis por perto.

Temia machucar alguém, mas não conseguiria ficar mais um segundo dentro de um lugar fechado.

Ele entrou em um parque movimentado, ao lado de um playground.

O local se chamava River Run e por ter anoitecido, poucas pessoas transitavam por ali.

A dor pulsante em seu braço cessou, mas voltou violentamente em seguida...

Segundos mais tarde, ele caiu de joelhos, enquanto segurava sua cabeça...

Aquele inferno em sua mente começava de novo...

.

.

— Você estava perto do incidente que aconteceu no Quartel General da SHIELD!? Por que não me avisou!? Mais de duas semanas sem explicar o porquê e só agora me diz isso!?? – Jane bradava, desacreditada das maluquices de Darcy.

— Você ia dizer que era mentira... – A estudante explicava para cientista o motivo de seu atraso no dia em que encontrou com Bucky. Ou “parte do motivo do atraso”.

— Eu vi no noticiário quando aconteceu. Parece que a antiga organização de inteligência nazista estava infiltrada na SHIELD. – Erik também participava da conversa.

— E eu tive muitos imprevistos no caminho... Por isso cheguei cinco dias depois em Nova York... – Darcy fazia uma carinha ao estilo gato de botas do Shrek para ver se comovia Jane, que quando se tratava de trabalho, era extremamente rígida, deixando até a amizade de lado se fosse preciso.

— Darcy... Eu sei que ultimamente a sua vida anda cheia de emoções por conta de coisas perigosas, mas da próxima vez, me avise. Eu iria compreender totalmente a situação.

Ia...— E a garota revirou os olhos em resposta. No dia em que chegou em Nova York, Jane praticamente a sentenciou de morte, caso não estivesse na conferência marcada que ocorreria dias depois.

Thor, que estava morando com Jane, observava tudo de perto, risonho como de costume e comendo pipoca. Algo que ele chamava de “casca de milho dos mortais”.

— Fiquei sabendo que o Capitão América implodiu a SHIELD para encurralar a tal HYDRA, pois eles iam eliminar boa parte das pessoas que os mesmos julgavam como ameaça global. Muita gente ia morrer.

Darcy fez uma cara de espanto, arqueando uma sobrancelha, desconfiada.

— E quem foi que te contou isso...? – A garota questionou o deus do trovão, intrigada.

— Doutor Banner. Conversamos pelo telefone. – O loiro respondeu, animado.

A garota automaticamente congelou e fez uma cara abismada quando ouviu o nome “Doutor Banner”.

— Então, gente, eu preciso ir agora... – Tentava escapar.

— Te vejo na segunda então. Bom fim de semana. – Jane se despedia e os outros também acenavam para a garota.

Darcy saia do local, ainda com calafrios por ouvir o nome do cientista.

— Céus... Preciso me livrar desse trauma que tenho com Bruce Banner, ou no dia que encontrá-lo, vou acabar tendo um ataque de verdade.

Mas em meio a isso, ela se recordava que deixou um soldado desmemoriado em seu apartamento e estava curiosa para saber se ele havia tido algum progresso em sua redescoberta sobre o mundo.

A estudante ficava desanimada quando se lembrava que ele a ignorou por dias e depois a pegou de surpresa, dizendo que sairia do país...

Seus pensamentos foram interrompidos pelo toque de seu telefone.

Era Derek.

— Fala aí... – Ela atendeu, sem muito entusiasmo.

— Já enviei todos os arquivos que encontrei e hackeei, para o seu e-mail.

— É sério!? Isso é ótimo! Vou acessar agora mesmo!

Darcy, cuidado... Você não pode abrigar um assassino nazista e soviético em sua casa... Tudo o que eu descobri é horripilante!— O garoto dizia completamente preocupado. Quem no mundo faria isso além de Darcy?

— Derek, eu preciso que você me ajude com isso... ele quer ir embora de Nova York e eu sei que não é o momento. Você tem alguma ideia de como podemos despistar a HYDRA e os federais pra que ele possa ficar aqui? – O tom da garota era choroso, talvez aquele artifício comoveria seu amigo?

Por que está insistindo nessa maluquice? Não é melhor deixa-lo ir pra sua própria segurança!?

— Ele está com amnésia, sozinho e totalmente perdido por causa do nosso tempo. Eu não quero deixa-lo ir, então me ajude com isso, por favor!

Como eu poderia ajudar nisso!? Sou só um programador que está se formando! Não tenho como me envolver nessa história pra te ajudar!

— E você não tem nenhuma ideia?

Bem... depois de ler os arquivos dele, posso te adiantar que ele pode dar conta de qualquer inimigo que se aproximar, mas o problema é você!

— Por que eu?

Porque se descobrirem que ele está em Nova York você vai virar um alvo.

— E como podemos driblar isso?

Como...? Só se não identificarem ele...

— Como, Derek!?

Atualmente, o maior empecilho seria reconhecimento facial através de câmeras, que convenhamos, tem bastante aí em Nova York.

— Então, tudo o que precisamos é desviar das câmeras, certo?

Sim, mas você se esquece que se ele sair, alguém pode reconhece-lo, então o horário com menos chance disso acontecer é a noite.

— Acha que consegue um mapa de todas as câmeras que existem em Nova York?

Tá brincando!? Deve ter mais de um milhão de câmeras nessa cidade! Como vou conseguir isso pra você!?

— Como!? Você é o hacker! Você tem seus meios!

Darcy, pare com essa maluquice e-

— Eu sei o que estou fazendo. Veja o que consegue fazer por mim. Depois eu te ligo. Tchau. – E então, a garota desligou o telefone na cara do amigo.

Darcy correu para a escadaria do mesmo andar do laboratório, feliz e saltitante.

Se existisse alguma possibilidade de fazer com que Bucky ficasse em Nova York, ela não mediria esforços.

Mas naquele momento, a garota apenas queria ler os arquivos secretos do Soldado Invernal que acabara de receber.

Ela acessou seu e-mail pelo iPad, começou a ler tudo o que estava ali e...

Aos poucos, o semblante tranquilo se desfez... dando lugar a uma expressão abismada.

.

O choque foi imenso...

.

A cada linha que lia, mais a estudante se espantava.

A história de origem do punho da HYDRA... era... Tragicamente amedrontadora...

A última missão do Soldado Invernal era impedir que Steve Rogers atrapalhasse o projeto Insight, que basicamente se resumia em eliminar todas as pessoas que a HYDRA considerasse uma ameaça.

Mas a trágica história do Soldado Invernal começou bem antes e ela voltou para o início daqueles arquivos, que mostravam o nascimento da maior arma secreta daquela organização.

Tudo começou quando Bucky caiu de um gigante penhasco em uma das últimas missões com o Capitão América.

Foi encontrado por cientistas alemães e preso numa sala de laboratório por meses, se tornando uma cobaia no intuito de se transformar num Super Soldado, como Steve Rogers.

Depois de todo o sofrimento, era hora de implantarem o braço biônico que substituiria seu braço esquerdo danificado pela queda do penhasco.

O resto de seu braço esquerdo foi tirado de uma forma completamente dolorosa e ele quase morreu.

O braço de metal foi implantado, deixando várias cicatrizes no local.

Quando conseguiram, começou outro processo. O de lavagem cerebral.

O sofrimento do procedimento era puramente cruel. Sua cabeça recebia altas descargas elétricas e a dor física era extremamente violenta.

Depois disso, começaram as missões.

E toda vez que o Soldado Invernal concluía uma missão, o processo para apagar as lembranças era realizado, fazendo com que passasse pelo inferno de sentir seu cérebro sendo fritado, esvaindo-se de sua cabeça...

Quando não era requisitado para novas missões ultras secretas, eles o colocavam dentro de uma câmara de nitrogênio e o congelavam a temperaturas baixíssimas.

O soldado era descongelado de tempos em tempos e todo o processo de missões seguia o ciclo de sofrimento extremo.

Paralelo a isso, o treinamento soviético e nazista, que formou o maior assassino da história das duas organizações secretas de inteligência, era realizado.

Quando terminou de ler o começo da história do Soldado Invernal, não conseguiu cessar as lágrimas...

.

Nenhum ser humano merecia passar por aquilo... Nem mesmo um animal merecia ser tratado de uma forma tão cruel...

.

Tudo o que ele passou foi impiedoso e desumano. James não fez nada para ter merecido aquele destino terrível.

Ela sabia que o mesmo tinha passado por um processo difícil para se tornar uma arma da HYDRA, mas não tinha ideia do quão doloroso e terrível aquele procedimento foi...

A HYDRA era implacável e cruel... Por isso que o sargento teve aquela conversa com ela de manhã? Bucky sabia o quão desumana aquela organização era?

— Céus... Como ele ainda pode estar vivo...? – Darcy perguntava pra si mesma, enquanto derramava mais lágrimas.

Agora mais do que nunca, estava disposta a fazer o que fosse possível e impossível por ele.

A garota guardou tudo em sua mochila e correu para fora do prédio.

Não podia deixa-lo sozinho... Não depois de tudo o que descobriu...

Darcy daria aquilo que James mais precisava no momento, depois de setenta anos de sofrimento...

Ele precisava de...

Segurança e confiança...

.

Do outro lado de Manhattan, Bucky ainda sofria de ataques violentos mentalmente...

Seu físico acompanhava o sofrimento de sua mente caótica e desordenada...

Tentando se acalmar, o soldado sentiu algo vibrando no bolso esquerdo de seu casaco e então, percebia um aparelho ali.

Na tela, estava escrito o nome “Darcy”.

Aquele era o aparelho que a garota deixou com ele. De alguma forma, aquilo foi parar ali...

Talvez, na pressa, considerou que aquele aparelho lhe ajudaria a manter contato com a única que confiava no momento e o levou consigo quando saiu do apartamento, mas...

Mesmo sabendo que ela o contatava, decidiu que não atenderia...

Um minuto depois, o telefone voltou a tocar e ele ignorou mais uma vez...

Longe dali, Darcy estranhou e se perguntou se Bucky não estava ouvindo o telefone ou se encontrava longe dele.

Foi então que a estudante se apressou para chegar em casa. Ela tinha pegado o carro de Terry na oficina, já que o seu ainda estava no conserto.

Mas ao chegar apartamento, para a sua surpresa...

Bucky não estava lá.

— Céus... Será que ele foi embora...? – Se perguntava, completamente preocupada.

Sua mente estalou quando se recordou que  talvez conseguiria acha-lo por causa do celular que deixou com o mesmo.

— Ainda bem que mantive a localização do GPS daquele telefone ligado ao meu smartphone, então, eu posso acha-lo... - Ela acionou o aplicativo e descobriu o lugar exato onde o soldado estava.

O parque perto de seu apartamento.

— Ele está por perto... Talvez tenha ido dar uma caminhada...?

Sem pensar duas vezes, a garota correu para fora e decidiu ir atrás dele.

— Você não fugir tão fácil, soldado!

.

Ainda sofrendo com ataques violentos dentro de sua mente e a dor fantasma, aos poucos, James perdia lentamente o controle de tudo...

Ele se encostou numa árvore, tentando manter-se de pé...

O telefone ainda tocava no bolso do casaco, e irritado com o som, tudo o que conseguiu fazer foi pegá-lo em sua mão de metal e estraçalha-lo...

Os pedaços do aparelho caíram no chão e ele não se importou nem um pouco.

Tentava desesperadamente se manter são.

Estava anoitecendo e o parque que já tinha pouca movimentação, ficou ainda mais vazio, para o seu alívio.

Já nem sabia quanto tempo lutava contra a sua mente obscura e presa em lembranças herméticas que lhe faziam enlouquecer lentamente...

Aquele processo apenas traria o maior assassino da HYDRA de volta... e ele não queria...

As imagens em sua cabeça... Totalmente desconexas e as recordações sangrentas, continuavam a submergir diante de seus olhos...

O céu transfigurara-se de cores alaranjadas para vários tons de azul, chegando no preto...

A noite penetrava as frestas das árvores, deixando o ambiente cada vez mais escuro...

Ensombravam todos os cantos do parque... E criavam imagens fantasmagóricas, fazendo-o enxergar alguns vultos.

Bucky já estava começando a perder a noção da realidade, quando achou que estava diante de um dos cenários terríveis de quando foi treinado como Soldado Invernal.

Muitos soldados que lutavam contra ele, sendo mortos numa espécie de jaula... Tudo para torna-lo ainda mais habilidoso e se tornar o punho da HYDRA.

Diante de todas aquelas lembranças terríveis, ele sentia toda a esperança que se esforçou para reunir durante todos aqueles dias, ir embora... Mas talvez, nunca estivesse ali...

Sem perceber, derramou lágrimas em silêncio... Que corriam como rios pelo seu rosto...

Sua expressão estava intransigente e implacável...

O Soldado Invernal tomava total controle...

Mas de repente...

Ouviu um barulho de passos se aproximando...

Seu corpo já se preparava para abater qualquer um que se aproximasse, afinal, foi treinado para nunca ser visto. E se o vissem...

Foi instruído para matar...

.

Darcy caminhava com seu smartphone na mão, um tanto confusa se o encontraria ali, e também se perguntava o porquê do GPS ter parado de indicar o local onde ele estava.

Sem perceber... a garota apareceu no local exato onde o soldado se encontrava...

Ela o viu encostado em uma árvore, com uma expressão gélida e desprovida de emoções.

Logo percebeu que ele parecia estranho.

Se aproximou vagarosamente, e então...

— Bucky...? – O chamou, mas depois de longos segundos...

Ele a encarou firmemente, com a face coberta por uma aura ruinosa, semelhante à quando se conheceram.

Seus olhos a fitaram, mas ao mesmo tempo pareciam não enxergar nada em sua frente, como se a presença dela fosse nada além de...

Uma vítima qualquer, que poderia matar e nem sequer sentiria nada...

Darcy percebeu exatamente o que estava acontecendo e automaticamente sua mão direita tocou o cinto de sua calça, a procura de seu taser, porém...

.

Ela não estava com ele...

.

Ah meu Deus... É hoje que eu morro... — A garota se praguejou, recuando alguns passos para trás quando o soldado começou a se aproximar dela.

Olhava ao redor, mas não havia ninguém...

Quando percebeu que ele não era mais o mesmo e que quem estava diante de seus olhos era o Soldado Invernal, Darcy decidiu...

.

Correr...

.

Mas não demorou muito para alcança-la, já que além de ter uma força sobre humana, Bucky também possuía uma velocidade incrível.

Ele a pegou pelo braço, girando seu corpo rapidamente, forçando-a a ficar de frente para ele.

Mais uma vez, pôde contemplar o temor nos olhos azuis dela.

O olhar tortuoso e perfurante do ativo, ainda lhe causava efeitos devastadores e a estudante não soube o que fazer naquele momento.

A mão de metal segurou seu ombro, apertando-o.

Ele era alto... E ela muito mais baixa...

Além de não saber lutar, não tinha como fugir e estava sem seu taser.

Provavelmente, tudo estaria acabado, a menos que tentasse tirá-lo daquele desvairo, assim como fez quando se conheceram.

E então, a garota resolveu dizer algo...

Bucky... Sou eu... Darcy... Você não me reconhece...?

O sargento ficou em silêncio, observando-a, como se não entendesse o que a mesma dizia.

Estava completamente fora de si... E Darcy sabia que os traumas do soldado vieram à tona mais uma vez.

De todo o sofrimento que ele passou... Nada mais normal do que ter aquela reação assassina.

Mas a garota insistiu...

— Tente se lembrar... Eu sou sua aliada...

Bucky esbanjou uma feição confusa e seus lábios se moveram lentamente...

Eu... Não tenho aliados...

— Você tem! Eu sou sua aliada agora! Salvei a sua vida, viajamos juntos e passamos por muita coisas, só nós dois! Você está hospedado no meu apartamento há alguns dias! Eu disse que te ajudaria! Você não se lembra!?

Os gestos dele eram como os de um robô. Tinha dificuldades de assimilar o que ela dizia.

— Você tem que se lembrar... – A estudante persistiu, mas o braço de metal voou rapidamente na direção de seu pescoço, agarrando-o...

Darcy não pôde suprimir o arrepio que percorreu todo seu corpo quando a mão de metal impetuosamente fria segurou seu pescoço num aperto...

Os olhos dela se alargaram em surpresa e a feição dele era de puro ódio e frieza.

Não sabia se dessa vez teria sorte de escapar e fazê-lo voltar ao normal, afinal, quem estava ali, não era o Sargento James Buchanan Barnes, mas sim...

.

O Soldado Invernal...

.

— Você precisa me reconhecer! – Conclamou, um tanto desesperada.

James apenas a ignorou e aos poucos foi aumentando o aperto em seu pescoço.

Repentinamente o vento passou a soprar forte...

Os cabelos dele esvoaçavam suavemente por seu rosto, passando maleavelmente na frente de seus olhos, deixando seu aspecto ainda mais nebuloso...

A garota podia observar um brilho fulgente em seu incrível olhar azul, quase como se as íris de seus olhos ficassem brancas, dando um aspecto ainda mais assassino...

Ela não pôde decifrar sua expressão... E percebia como os olhos dele se moviam sobre ela, quase como se pudessem incinera-la.

O aperto foi ficando cada vez mais forte e sentia o ar deixando de chegar em seus pulmões...

Automaticamente, Darcy tentou se desvencilhar, mas não conseguia.

A consequência foi o quanto ela se debatia, no ímpeto de respirar, mas o Soldado Invernal era implacável e cruelmente impiedoso.

A garota então, segurou com suas duas mãos a mão de metal que se encontrava em seu pescoço, tentado tirá-lo dali a todo custo, mas ele era incrivelmente mais forte do que ela.

Bucky sorriu maleficamente ao observá-la tentando sobreviver de todas as formas, diante de sua extraordinária força...

Mas não sabia se ficava admirada pelo sorriso maligno ser encantadoramente envolvente ou se permanecia ainda mais aflita por estar há um passo da morte...

— M-me solta! O-ou não v-vou parar de... Falar e... V-você será O-obrigado... A ouvir as... M-minhas piadas... Sem graça...! – A garota sibilava com muita dificuldade, tentando desesperadamente respirar.

— Mortos não falam... – Ele completou.

— V-vá dizer isso aos Z-zumbis...! – Darcy também decidiu sorrir, ainda com as duas mãos no braço metálico, tentando tirá-lo dali de todo o jeito.

O sorriso obstinado dela o deixou um pouco incomodado...

Não se recordava de nenhuma de suas vítimas sorrirem enquanto lutavam para sobreviver...

Algo estava errado... a mudança de protocolo das vítimas... e de certa forma, algo estalou em sua mente...

Os dedos de metal constritos sobre a pele do pescoço feminino continuaram ali, enquanto o vento aflava os cabelos da garota na direção do rosto dele, tocando-os delicadamente, ao mesmo tempo que prosseguia pressionando-a, sentindo levemente o aroma transcendente que suas madeixas emanavam...

Os olhos dela, tão azuis como o céu, num brilho cristalizado, puro e vítreo, translucidamente em tons turquesa, tão raros... Tão primorosos...

Mas a beleza daquele par de olhos só lhe fez ter a certeza de que devia eliminá-la...

O Soldado Invernal odiava coisas belas...

Ele foi treinado para isso...

Bucky aumentou o aperto ainda mais e Darcy se engasgou, não conseguindo dizer mais nada além de ouvir seu próprio desespero, achando que seu fim chegava.

Lágrimas se formaram em seus olhos e rapidamente rolaram sobre o rosto da garota, fazendo-a engolir um suspiro de dor...

A estudante tinha certeza que ele era apenas uma estrela irradiante que perdeu seu fulgor, mas que poderia brilhar novamente... E...

Não conseguia desistir dele...

.

James... Buchanan... Barnes...

.

Sua voz cortou o ar e ele a empurrou para longe, no mesmo instante...

Um estouro em sua cabeça se formou, a ponto de ouvir fortes zumbidos e os olhos encararem um clarão...

A expressão dele era de confusão e assombro, após ouvir aquele nome...

James ficou sem chão e sentiu tudo quase desabar sobre sua cabeça, fazendo-o perder o equilíbrio e cair no chão.

O soldado piscou várias vezes, olhando para os lados, como se estivesse assimilando a realidade de novo...

Foi então que voltou seu olhar para frente e notou a garota tossindo enquanto tocava seu próprio pescoço...

.

Ele a reconheceu...

.

Rapidamente se deu conta do que estava acontecendo...

Darcy...?— Ele a chamou pelo nome e a garota virou o rosto em sua direção.

Os olhos dela se alargaram em resposta.

— Você está bem!? – A estudante correu para perto dele rapidamente e agachou, para ter certeza se finalmente o soldado voltou a si.

Bucky se afastou por um momento, entendendo o contexto daquela cena.

Seus olhos percorreram completamente por ela, num ímpeto... não sabia o que fazer...

— Você se machucou...? – Contestou, com a voz um pouco embargada e vendo sua mão humana se movendo na direção dela automaticamente, no desígnio de tocá-la, para verificar se a mesma estava muito ferida.

Mas se deteve e sua mão ficou estendida por um tempo no ar.

Darcy sabia que o sargento tinha voltado ao normal e que aquela reação era natural.

— Eu me machuquei um pouco... Mas você conseguiu se lembrar de mim...! Acho que estamos fazendo um progresso...! – Ela sorriu, ternamente.

Já ele, ficou perplexo pelo que ouvira.

Tentou matá-la e a mesma reagia de uma forma pacífica?

Será que aquela garota bateu a cabeça quando era criança? Como alguém conseguiria reagir tão bem depois de uma cena como aquela!?

— Por que você veio atrás de mim...? – Com ódio de si mesmo por ter perdido o controle mais uma vez, ele não teve coragem de encará-la.

— Porque você não estava em casa, então eu vim atrás de você.

Bucky ficava ainda mais abismado com a reação desentendida dela.

— Você por acaso é idiota ou apenas se faz!?

— Hmmm... Os dois! – Ela soltou um riso matreiro.

— Você precisa entender que o tempo não irá curar minha mente sombria... Está correndo perigo ao meu lado. Precisamos acabar com isso agora...

— Não quero. – Ela fez uma careta, deixando-a a inda mais perplexo.

— Você acha mesmo que pode recuperar um assassino!?

— Sim, eu acho. – Afirmou convicta.

— Eu não posso deixar que você faça isso. Não posso mais colocar a sua vida em risco. - Bucky possuía um animal selvagem dentro de si... Um verdadeiro lobo que ansiava devorar de modo cruel suas presas... E não acreditava que nunca iria machucá-la de novo...

Ele achava que era apenas uma sombra de si mesmo, pois sua identidade estava apagada...

— Será que você não entende...? Eu sou a única que conseguiu fazer você voltar ao normal sem nenhum método extraordinário...! – Persistiu, incomodada com as respostas dele.

— Isso não justifica o que aconteceu...

— Eu consegui despertar o seu lado humano quando você estava como Soldado Invernal! Você precisa levar isso em consideração! – Darcy insistia, mas aquilo não parecia convencê-lo.

— Pode não ter a mesma sorte na próxima vez... Por que gosta tanto de se arriscar!? – Bucky se exaltou e sua voz soou mais alta. Desde que se encontraram pela primeira vez, ele nunca foi tão expressivo, pois dessa vez, diferente de antes, havia apreensão em sua face. Não se perdoaria se a machucasse...

— Porque é por uma boa causa... – A garota replicou seriamente, mas seu olhar transparecia tristeza e compaixão... Não era apenas porque Bucky era um ex-militar e herói de guerra do país... Mas porque era um ser humano como todos os outros e apenas merecia ter sua vida e liberdade de volta...

— Boa causa? Que causa? – Indagava, impreciso. Não conseguia entender porque a estudante persistia tanto em mantê-lo perto de si.

— Você nunca entenderia... – A garota fitou o chão, um pouco nervosa. E ela esperava que o soldado jamais quisesse entender, porém...

.

Eu quero entender...

.

Bucky implorou com o olhar. A escuridão drapejava seus olhos cansados...

Darcy o fitou profundamente, um pouco surpreendida pelo interesse em sua alegação...

Aquele era um lado que a estudante não conhecia...

Pela primeira vez, James Buchanan Barnes em setenta anos, expressou interesse em seus esforços por ele?

A garota sorriu, terna e benevolente, e num ímpeto...

.

Segurou a mão humana dele...

.

Os olhos azuis se alargaram em surpresa e ele a encarou fixamente...

Como aquela garota tinha tanta facilidade em tocá-lo de forma compassiva e propositalmente?

O calor da mão dele, quando segurou a dela, tinha a temperatura normal de um ser humano. E por mais que o mesmo se julgasse como uma máquina ou um assassino, Bucky não passava de um ser humano, como todas as outros...

— Às vezes, encontrar a luz, significa passar por uma grande escuridão... Você não pode desistir de tudo agora... - Sorrindo com um rubor brilhante que floreava em toda a sua face, Darcy se mostrava um ser humano incrivelmente estimável.

— Porque está me dizendo isso...?

— É meu dever como cidadã Americana ajudar um soldado que quase morreu, arriscando sua vida para salvar seus aliados de guerra e a nossa nação.

A estudante tinha um espírito completamente patriota. Isso estava nítido, mas não tinha sentido se arriscar tanto por alguém como ele...

— Você está me confundindo com James Buchanan Barnes...

— Você é o Sargento Barnes!

— Eu não sou! Não sei mais quem eu sou! Perdi minha verdadeira identidade desde que caí daquele penhasco! – Era um tanto incomum ver tanta expressão num ex-máquina de matar.

— Não! Ele está aí dentro! Eu tenho certeza!

— Não se aproxime de mim... – Tentou alongar a curta distância entre ambos, desagarrando da mão dela no mesmo instante.

— Eu me recuso! – A garota voltou a encurtar a distância mais uma vez.

— Eu preciso que você se afaste... Você não pode fazer isso...

— Não quero saber se você quer que eu me afaste! Eu posso fazer o que eu quiser! Sou vacinada, maior de idade, independente e quase formada, então pare de discutir comigo sobre o que eu posso ou não fazer! – E dessa vez era ela quem alterava a voz, um pouco irritada, mas agindo como uma adulta mimada.

— Você não tem entendimento o suficiente para entender a situação... Você é apenas uma garota normal, que nunca passou por situações terríveis de vida ou morte... Nunca sentiu dor... Nunca ficou exposta... Nunca ficou presa... E nunca foi impedida de ter liberdade...

— Como você...?

Ele a encarou por um tempo, com os olhos semicerrados.

— Você acha que... Eu não sei o que aconteceu com você...? – O tom de voz habitual havia mudado e agora Darcy não parecia mais a garotinha abobada que estava acostumado a ver em sua frente.

— E como saberia alguma coisa sobre mim...? – Indagou, impreciso.

— Estamos no século 21! As pessoas estão 24 horas por dia conectadas! Sabemos o que acontece com tudo e todos o tempo todo! Não é porque ficou setenta anos congelado, que foi mantido preso sobre um jugo secreto e extremamente sigiloso que isso não ia vazar um dia! Acorda, soldado! Eu sei tudo o que aconteceu com você! – Ela se alterou, gritando desvairadamente com ele, como nunca antes.

— Você não...

— Depois da queda do penhasco, foi encontrado por cientistas da HYDRA que te transformaram em um novo Super Soldado... Fizeram sua primeira lavagem cerebral, implantaram um braço biônico e te designaram para missões secretas... Após isso, você passou por uma nova lavagem cerebral e depois foi congelado em um tanque de nitrogênio e descongelado novamente para novas missões, num ciclo de lavagens cerebrais, congelamentos e descongelamentos contínuos... Mas em meio à isso, recebeu treinamento nazista e soviético, trabalhando paralelamente para HYDRA e o governo russo durante a guerra fria.

Bucky estava chocado... Como Darcy sabia de tudo aquilo em tão pouco tempo...?

O soldado ficou em silêncio por um tempo, mas não deixou de questioná-la.

— Como...?

A estagiária sorriu de forma obstinada.

— Como...? No final do meu expediente, meu amigo me enviou arquivos vazados e hackeados da HYDRA, e advinha!? Foi assim que eu descobri tudo!

Ele não soube o que dizer. Apenas ficou em silêncio, assustado e percebendo o quanto a estudante havia perdido a calma, por seu semblante irritado.

— E sabe do que mais, sargento!? Sei que provavelmente você foi impedido de acabar com uma boa parte do mundo porque o Capitão América não deixou! E sabe quem me contou isso? Foi o Thor! Você sabe quem é o Thor!? Ele é filho de Odin e asgardiano! Ele faz parte da iniciativa Vingadores e o Capitão América também! – Ela gritava mais alto do que o normal.

.

Darcy Lewis estava... completamente irritada...

.

— Vingadores...? Do que você está falando...? – Bucky contestou, completamente confuso.

— Sim! Você sabe quem são os Vingadores!? É um grupo de pessoas extraordinárias que impediu que a terra fosse dominada por Extras-Terrestres! Você sabia que fomos atacados por seres de outro planeta há dois anos!? Também tivemos a visita de outro ser no final do ano passado, que deixou parte de Londres devastada! E sabia que um humano foi abduzido há mais de trinta anos, também por Extras-Terrestres!? O que você acha que eu estava fazendo na biblioteca do congresso em Washington!? Eu fui pesquisar mais sobre ufologia! E você está mesmo pensando que a sua vida é o centro de tudo o que existe!? Acorda agora, porque já passou da hora de levantar, Soldado!

Darcy bradou e enfatizou desvairadamente em alto tom as últimas palavras, ficando sem ar, depois de vociferar tudo aquilo em uma mesma frase quase sem respirar.

Os olhos dela estavam mais abertos que o comum e sua face brilhava em tons densos, mostrando o quanto estava alterada.

Bucky não soube o que dizer, ficando um tanto assombrado com suas recentes declarações.

A única coisa que se recordou e que passou perto do que a mesma afirmou, foi o rosto do Caveira Vermelha... Aquilo sim era algo totalmente fora de realidade, mas...

Extra-Terrestres invadindo a terra...? Steve ajudou a combater seres de outros planetas...?

Darcy ofegava, depois de ter se exaltado.

E James não sabia que a estudante podia ficar tão irritada daquela forma.

— Eu não tinha ideia que tudo isso aconteceu no tempo em que estava congelado. Mas... Como você queria que fosse a minha reação? Que ficasse com medo? Depois de tudo o que aconteceu, isso seria a última coisa que sentiria.

— Não. Eu não estou esperando que você fique com medo, afinal, você não parece ter tais sentimentos... Apenas esperava que você percebesse que o mundo está mais preocupado com o que pode vir de fora, e não com o que vem de dentro... – Ela replicava seriamente, fazendo analogia de que seres de outro planeta eram mais perigosos do que um assassino humano treinado por uma organização como a HYDRA.

Parece que a garota que ele julgava desmiolada, não era tão desmiolada como pensava.

— E é para isso que você está interessada em mim? Porque posso ser uma arma contra Extra-Terrestres...?

Darcy ficou abismada com tamanha infâmia...

— Não! Mas é claro que não! Será que você está tão cego que não consegue enxergar!? Eu me arrisquei por você porque você é um ser humano igual a todos os outros! Merece clemência por todas as coisas ruins que aqueles monstros fizeram com você! Todos merecem outra chance... Foi isso que pensei quando te vi pela primeira vez! Não tem nada a ver com você ser uma arma outra vez! Tire isso da sua cabeça, por favor! – A garota retorquia, com a voz descontrolada e o semblante muito mais sério do que o normal.

Aquela Darcy... não era a mesma... seu comportamento estava fora do normal... mas ainda assim... não justificava em nada a forma como agia com ele...

— Eu não acho que possa pensar muito sobre monstros de fora, já que há um monstro dentro de mim, que precisa ser domado, e não faço ideia de como...

— Nunca ouviu um ditado que diz “Só é lutador quem sabe lutar consigo mesmo”? Então, Sargento, acho que está na hora de você aprender uma coisa... Só tem uma forma de sair do inferno...

— Como...? – Indagou-a, totalmente intrigado.

.

.

Você tem que matar o diabo!

.

.

E então ela abriu um sorriso angelical... Um contraste puramente paradoxo...

Mesmo ouvindo sobre toda a ameaça que o mundo sofreu enquanto ainda era uma marionete da HYDRA, ele pensava... O que é a vida, senão uma serenata...?

Uma serenata amarga e um desfile estúpido...  Um trágico baile de máscaras... Uma marcha fúnebre... Era tudo muito fraco... Frágil... e não tinha lógica e muito menos fazia sentido, porque tudo soava inerme demais, a ponto de desbotar e ser facilmente apagado por qualquer outra coisa.

Preso em seus devaneios sobre o que a vida podia ser, Darcy se aproximou novamente, cobrindo seu campo de visão e sorrindo insistentemente, fazendo gestos, esperando impaciente pela resposta dele.

— Eu acho que descobri como te manter em Nova York... – A revelação da garota soou como um oásis no deserto... Era intrigante, mas ao mesmo tempo perturbador saber que ela não queria desistir dele.

— Como? – Indagou-a, ainda se recuperando.

— Posso te contar quando chegarmos em casa... – Ela esboçou uma careta, no ímpeto de fazê-lo rir.

— Você não vai mesmo desistir...? - A voz dele, aos poucos foi perdendo a frieza habitual, sucumbindo à teimosia da garota que podia ser doce, mas também podia ser uma dinamite prestes a explodir, quando irritada.

— Não vou desistir de você... Então, vamos pra casa...? – A estudante insistiu, teimosamente.

— Você sabe que se alguém lhe ouvir dizendo isso, pode entender errado a nossa situação...? - Mesmo relutante, Bucky mostrava para Darcy que voltaria junto com ela... não havia outra forma...

— Eu não tô nem aí... – Ela deu de ombros.

— Então, acho que você venceu... Pelo menos hoje... – Bucky cedeu. Estava um pouco persuadido pelas declarações dela, mas sabia que tudo aquilo ainda podia acabar mal... Muito mal...

— Devia estar grato por correr atrás de você e implorar pra voltar, porque nos dias de hoje, as mulheres não andam fazendo isso... – A garota lançou um sorriso ainda mais obstinado que os demais... E repentinamente...

.

Agarrou o braço humano, enlaçando-o em seu braço esquerdo...

.

Bucky olhou-a de cima para baixo, pasmo com a postura ousada de se aproximar tanto dele a ponto de tocá-lo quando bem lhe convinha...

Ela foi a única lhe tratou tão gentilmente nos últimos setenta anos... E se perguntava por que a estudante não tinha medo dele...

Mas de alguma forma, depois de dias dia de convivência com aquela garota excêntrica, ele tinha certeza que...

Ela tinha a chave para libertar a mente dele...


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Notas finais do capítulo

Itimalia esses dois. No próximo teremos coisas bem legais, pois a relação entre ambos, vai se estreitando a cada capítulo.
Teremos menção ao próximo personagem que vai fazer uma participação na fanfic por intermédio de Jane Foster. Logo vocês vão entender porque tantos filmes como Homem Formiga, Dr. Estranho, entre outros, estão no meio dessa fanfic.
No próximo também teremos um pouco mais da descoberta da vida oculta de Darcy pelos olhos do nosso soldado desmemoriado. O que renderá? Continuem lendo e descubram.
Não esqueçam do Tumblr. Postei uma tirinha lá bem atípica e engraçada sobre uma ideia maluca que estou tendo de uma fanfic nova, que pode ou não sair e adivinhem de quem? Ohohohoho, descubram lá: wintershock.tumblr.com
Até o próximo.



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