Cartas para você escrita por Mika


Capítulo 4
Terceira carta


Notas iniciais do capítulo

Postando o 4º capítulo sendo que nem escrevi o 5º, mas estou muito feliz pq o projeto de TCC tá indo bem, o relatório de estágio foi ok e pq estou terminando PLL. Meu Emison é um casalzão e eu posso provar.



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São Paulo, 19 de janeiro de 2019.

            Querido Daniel,

Antes de tudo, quero agradecer por não ter encontrado a primeira carta que escrevi debaixo da pedra. Espero de verdade que você não tenha desistido depois de ler o conteúdo dela. Espero que tenha sido você mesmo a pegar a carta.

  Como você deve saber, a volta do cinema foi o motor para tudo que vem a seguir. No dia seguinte, Daniele me ligou perguntando o que tinha acontecido entre a gente. Foi uma atitude muito egoísta da parte dela e isso me levou a ter uma breve discussão acalorada com a minha amiga. Eu tinha 23 anos na época, eu não era uma menina, sabia me virar muito bem e não precisava de uma babá me incentivando a ter uma vida amorosa mais movimentada. Certamente foi uma das piores mancadas que os dois deram comigo.

Mas como eu ainda tinha a péssima mania em colocar parte da culpa sobre mim, mesmo quando eu não tinha nada a ver com a história, fiquei com a consciência pesada e pela tarde foi a minha vez de ligar para a Daniele. Expliquei a ela que, apesar dos pesares, foi divertido ter passado um tempo com eles, e que os dois precisavam urgentemente começar a ter um gosto cinematográfico melhor. Tentei evitar comentar sobre a situação desastrosa que fui obrigada a participar e, por insistência dela, relatei nosso momento no carro. Disse que você era engraçado, inteligente e que tinha me entendido perfeitamente naquela noite, mas acho que ela entendeu errado esse último comentário, já que a nossa amiga não pegou a crítica maquiada que joguei nela e no Thomas.

Eu não deveria ter me deixado levar e comentar sobre você com ela. Se eu não tivesse falado, certamente você não teria me mandado mensagem, afinal, foi por causa de um coração romântico e uma boca grande que o Thomas falou para você o que eu tinha pensado ao teu respeito.

Você se lembra da mensagem que mandou para mim? Eu sim. Quando meu celular vibrou às 23:00, pensei seriamente em não ver, estava tão cansada. Tinha sido uma loucura no escritório, estávamos com um livro fantástico para lançar e eu estava tão feliz por ter escolhido e implorado para o Benjamin dá uma lida. Cansada, mas orgulhosa do meu trabalho. E, na noite, deitada no sofá, escolho pegar meu aparelho e ler quem estava me enchendo o saco. Número não salvo, final 23, agradecendo por minha enorme paciência no último dia 16. Eu poderia não responder, não acha, Daniel? Eu poderia ter mandado só um ‘por nada’ e encerrar qualquer contato, mas eu não fiz isso. Respondi dizendo que não foi nada e, para ser educada, perguntei como você estava. Depois a gente ficou até 01:30 da manhã. Falamos sobre sua adaptação em São Paulo, sobre como Engenheiros é a melhor banda do Brasil e que nada mudaria isso. Discutimos alguns filmes odiamos e amamos, e, cara, você simplesmente amava Meninas Malvadas. Sério, um rapaz de 25 anos que sabia tudo sobre esse ícone de filme, era maravilhoso. Aposto que você assistiu umas 15 vezes o clipe da Ariana Grande.

Nessa nossa conversa, eu descobri que sua mãe é britânica e que seu nome tem a forma brasileira e britânica de se pronunciar. Foi por causa disso que eu comecei a pronunciar seu nome de forma diferente. Descobri seu lado geek, um menino que amava anime. Você até me explicou o dilema moral em Death Note nas semanas seguintes. Você me contou que era engenheiro da computação e que um dos motivos para seguir essa carreira seria o fato de você passar a maior parte do tempo em um computador mexendo ou criando algum software.

Nossa Dan, como você era fascinante! Diferente do Fernando, você queria alguém apenas para conversar, e me enxergou como a companhia perfeita depois de perceber que eu estava na mesma situação que você. Era muito irritante você ser tão observador.

Uma coisa que nunca te contei, mas depois daquelas mensagens, eu li o mangá de Haikyuu e acompanhei a segunda temporada na semana que veio. Agradeço por ter me apresentado um anime de esporte tão bem construído. Mas eu apenas não te conheci, eu me permitir ser conhecida. Comentei de como amava futebol e de que ninguém se assemelhava ao Messi em genialidade, seja para finalizar ou criar uma jogada. Você ficou tão surpreso ao perceber que meu entendimento não era raso. Inclusive, esse pensamento foi machista por pensar que mulher não entendia de futebol.

Aquela, sem dúvidas, foram as duas melhores horas de conversa que eu tive em minha vida. Meu Deus, como eu queria que tivesse mais homens como você no mundo. Foi a primeira coisa que eu pensei quando disse que ia dormir. Homens interessantes, inteligentes e que não querem te levar para a cama. Homens que querem ser apenas amigos. Como eu me iludia fácil. Mas tudo bem, eu nunca fui para cama com você a força, porém penso que se a gente não tivesse feito da nossa futura amizade uma amizade colorida, poderíamos estar conversando até hoje. Pensando melhor, acho que nunca foi amizade colorida.

Fico imaginando que dia você irá pegar essa carta, porque eu não sei se a nossa primeira noite trocando mensagens foi uma data importante para você. Possivelmente essa carta será pega junto com a do nosso primeiro churrasco. Foi no final de semana seguinte. Uma semana depois do cinema. Quatro dias depois das nossas primeiras mensagens.

Daniel Henz Albuquerque, nunca na sua vida você deveria ter mandado mensagem para mim. Laura Camargo Oliveira, nunca você deveria ter dado continuidade a conversa. Dan Henz, nunca que você deveria ser essa pessoa com ótimos assuntos para se debater. Laura Oliveira, nunca você deveria gostar de fazer amizade rapidamente.

Na minha lista de culpa está o Thomas e a Daniele. Thomas pelo cinema, Daniele pela ligação. E estou acrescentando mais uma vez seu nome por ser esse cara tão fascinante e inteligente. Escrevo de novo seu nome por ser esse rapaz de perfume tão gostoso e um gosto musical melhor ainda. E escrevo seu nome pela terceira vez por achar que eu, por ter ficado na mesma situação constrangedora que você enquanto o filme passava e nossos amigos trocavam altas caricias entre eles, seria a pessoa perfeita para você desabafar de como São Paulo era tão diferente de Floripa. De como São Paulo conseguia ser tão mais quente (no sentido exótico) que seus anos em Londres enquanto prestava sua pós-graduação.

 Daniel, você não tinha o direito de me ver como um bote salva vida na loucura que sua vida tinha tomado, e isso tudo antes de eu saber sobre a Amanda.

Eu te culpo por isso tudo.

Eu me culpo por ter decidido surfar nessa onda que você era. Eu deveria saber que logo mais essa onda iria quebrar.

Com carinho (e talvez um pouco de ódio).

Laura Oliveira.


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Notas finais do capítulo

É isso aí!

A gente se fala



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