A Bela e o Morcego escrita por Valdir Júnior


Capítulo 6
Acerto de Contas




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/771080/chapter/6

Jessica Jones aproximou-se cautelosamente do edifício, flutuando devagar. Pelas informações que conseguira com o gangster no Night Club sabia que “Big Lou” Maroni esta noite estava no seu escritório na Torre Gotham. Mas apesar de saber o andar, do lado de fora ela não tinha certeza de qual era a janela certa. Por isso preferiu agir com cuidado, para não ter sua presença percebida antes da hora certa.

De repente ouviu o uma série de barulhos de objetos sendo arremessados e quebrados vindo de uma janela poucos metros a sua esquerda, num sinal inconfundível de que lá estava ocorrendo uma luta feroz. “Achei”, pensou ela.

Pousou na sacada, tomando o cuidado de ficar oculta na sombra, perto da porta. E quando ainda estava pensando qual seria o melhor momento de entrar, começou a ouvir tiros. Ela se abaixou, encostada na parede, e olhou para dentro do escritório. Pode ver o Batman mergulhar rapidamente atrás de uma pesada mesa, enquanto um sujeito descarregava uma automática em sua direção.  “P****, as coisas estão ficando complicadas”, deduziu Jessica. Ela sabia que podia resistir a algumas pancadas mais fortes e até a ferimentos superficiais, mas tiros de uma arma de fogo era outra história. Se quisesse fazer alguma coisa, teria de ser com rapidez e cuidado. Foi quando ela viu o bastão de madeira no chão, a menos de um metro do lugar onde estava. “É, pareceu que alguém vai dormir com uma baita dor de cabeça hoje”.

Jessica esticou a mão, pegando o bastão e segurando com firmeza.  E esperou. Quando notou que a porta da sacada onde estava havia saído do campo de visão do atirador ela entrou e, antes que o capanga tivesse tempo sequer de começar a reagir, arremessou de modo certeiro o bastão, que o acertou no lado da cabeça e ricocheteou, indo bater no espelho do bar, espatifando-o. O sujeito caiu de costas sobre o balcão, rolou para o chão e ficou quieto.

“Bem, parece que isso resolve o problema”, pensou Jessica Jones.

E se aproximando da mesa atrás da qual o Homem-Morcego estava protegendo-se, falou, com certa dose de ironia:

— Poxa Batman, você bem que podia ter me convidado para a festa!

 *  *  * 

Batman se levantou, saindo de trás da mesa. Olhou para o bandido, caído no chão perto do bar e dele para Jessica, que devolveu o olhar, com um ar divertido e os braços cruzados sobre o peito.  E ambos olharam ao mesmo tempo para o canto da sala, onde estava um assustado “Big Lou” Maroni.

Tentando recuperar um pouco da calma, o chefão olhou para o Homem-Morcego, falando com sarcasmo:

— Então você se cansou de andar por aí acompanhado de garotos com roupas coloridas ou da mocinha vestida de morcego? Achei a mudança interessante. Ela é bem bonitinha.

Jessica virou-se para Batman com as sobrancelhas levantadas, como perguntando “do que este cara está falando?”. Como o Homem-Morcego continuou calado, impassível, ela voltou-se novamente para Maroni sorrindo, e disse:

— Que bom que você gostou de mim, gorducho. Mas nós podíamos ter nos conhecido antes, já que tínhamos uma reunião agendada, que você resolveu desmarcar e até mandou dois simpáticos rapazes para me dar a notícia. Meu nome é Jessica Jones.

O gangster olhou-a preocupado. Se a garota estava ali no seu escritório, e inteira, é porque não era uma pessoa comum. E isso o deixava bastante nervoso.

— Desculpe-me qualquer inconveniente, senhorita Jones. É que achei que a nossa reunião já não era necessária, uma vez que decidi não negociar mais os documentos. Inclusive eles não existem mais, pois eu os destruí – Disse Maroni, sentando-se na única cadeira que estava de pé no escritório.

— E posso saber o motivo porque você fez isso? – Perguntou Jessica.

— Não. Este é um assunto que só diz respeito a mim, já que os documentos eram referentes a atividades das minhas empresas e portanto me pertenciam. Eu podia dispor deles como quisesse.

Batman, que tinha ficado calado até aquele momento, disse secamente.

— Certamente, senhorita Jones, o telefonema que “Big Lou” recebeu do Sr. Wilson Fisk, de Nova York, há dois dias, foi determinante para que ele mudasse de idéia quanto a lhe entregar os documentos.

Maroni olhou irritado para o Homem-Morcego, tentando imaginar como ele conseguia estas informações.

— Wilson Fisk, o Rei do Crime? – Jessica perguntou confusa – Que interesse ele pode ter nestes documentos?

— Muito interesse – disse Batman – Principalmente porque eles podem inocentar Charles Lanza, o bode expiatório que ele providenciou para assumir a culpa de duas mortes encomendadas pela sua organização, mas que não queria que fossem ligadas a ele.

Dom Maroni se mexeu nervosamente no seu lugar.

— Portanto, - Continuou Batman, olhando para Maroni - Fisk ligou para Dom Maroni pedindo a sua colaboração neste assunto e como o acordo certamente seria vantajoso para os dois, combinaram a destruição dos documentos. Infelizmente Nick também sabia deles. Isso foi sua sentença de morte. – Ele voltou a olhar para Jessica Jones - O ataque a você foi um bônus, para garantir que não haveria qualquer ponta solta.

Maroni resmungou e falou com azedume:

— Você não pode provar nada disso. E também não importa mais. Como eu disse, os documentos forma destruídos.

— Quanto às provas do assassinato de Nick, elas estão sendo providenciadas. – Disse Batman calmamente – Quanto a você ter destruído os documentos, ambos sabemos que não é verdade.

Maroni olhou nervosamente para o Homem-Morcego. Estava começando a suar frio.

— E por que você acha que eles ainda estão comigo? – Perguntou “Big Lou”.

— Muito simples. Porque eles valem dinheiro. E conhecendo você como conheço, sei que nunca perderia uma chance de conseguir mais algum lucro futuramente, negociando novamente com Fisk. Ou com os concorrentes dele.

Jessica Jones deu um sorriso sombrio, dizendo:

— Mas se você fizesse isso, estaria entrando num jogo muito perigoso.

— Como falei, meus negócios só dizem respeito a mim.  - Repetiu Dom Maroni, e rolando para fora da cadeira, tentou alcançar a arma automática que estava no chão.

Não teve tempo de sequer chegar perto dela. Batman pegou um cinzeiro que estava sobre a mesa e o arremessou, acertando Maroni na testa. O gangster caiu de costas para trás e apagou.

Depois de Olhar para o bandido desmaiado, Jessica se voltou para o Batman, perguntando:

— Muito bem morcegão, agora como vamos achar os documentos?

— Em todos os escritórios de Maroni ele tem um cofre, que geralmente está escondido por um painel. – Disse Batman apontando para a pintura atrás da mesa.

Eles se encaminharam para lá e o Homem-Morcego examinou o painel, estudando um modo de deslocá-lo. Depois de alguns instantes virou-se para Jessica.

— Ele está acoplado a um sistema de trava hidráulica. Eu vou ter que explodir para conseguirmos acessar o cofre.

Jessica Jones deu um grande sorriso e disse de maneira divertida, sinalizando para o Batman se afastar:

— Não precisa ter todo este trabalho.

Ela se aproximou do painel e enfiou os dedos das duas mãos na fresta que o separava da parede e puxou, arrancando-o inteiro, numa confusão de madeira, encaixes de metal, fios e circuitos eletrônicos e o jogou num canto da parede.

Batman olhou para ela e disse sério:

— Você realmente é cheia de surpresas, senhorita Jones.

Ela deu de ombros e ainda sorrindo apontou para o cofre.

Batman colocou as mãos no teclado do segredo e disse:

— Agora pode deixar o resto comigo.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Bela e o Morcego" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.