Guerreiras escrita por Valdir Júnior


Capítulo 4
Unindo Forças




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A Viúva-Negra olhou mais uma vez para o cartão que estava sua mão. Seu encontro com Diana fora no dia anterior, mas Natasha ainda tinha dúvidas sobre se devia ou não ligar para aquele número de telefone. Ela estava no laboratório de Tony Stark, onde ele examinava o chip que a Mulher-Maravilha lhe entregara junto com o cartão. Ele ficou bastante intrigado quando viu a logomarca da LexCorp, principalmente porque Natasha não quis entrar em detalhes de como o conseguira. Quando o devolveu, estava preocupado.

— Olhe, este é um item de alta tecnologia, talvez parte de um sofisticadíssimo controle de concentração energética. É bastante parecido com o que eu uso nos sistemas dos raios repulsores da armadura do Homem de Ferro. É com certeza parte de uma arma. Podemos conversar melhor sobre isso?

Olhando para o amigo, Natasha hesitou um instante antes de falar.

— Tony, por enquanto não tenho como dar as respostas que você quer. Ainda estou investigando e preciso de liberdade de ação. Não posso e nem quero ter você ou o Serviço Secreto fungando no meu pescoço.

Tony Stark, que conhecia a determinação e a competência da Viúva-Negra, só pode dizer:

— Boa sorte então – disse o bilionário.

*  *  *

Após sair da Torre Stark, Natasha Romanoff já havia tomado sua decisão. Assim que se sentou ao volante do seu Corvette negro e prata, ela pegou novamente o cartão e ligou para o telefone que estava escrito. A chamada foi atendida logo após o segundo toque.

— Alô.

— Diana, aqui é Natasha. Precisamos conversar.

— Onde você está?

— Estou na Park Avenue, em Manhattan

— Ótimo, eu também estou em Manhattan, no número 15 da Central Park West. Estou esperando você.

— Estarei aí daqui a vinte minutos – disse a ex-agente da SHIELD, já ligando o motor do automóvel.

*  *  *

O endereço era do condomínio mais exclusivo da ilha de Manhattan, talvez um dos mais exclusivos do mundo. Assim que parou o carro, um manobrista estava a postos para estacionar o seu veículo e lhe entregar o comprovante em forma de cartão. Antes de chegar à entrada do edifício, o porteiro já havia aberto a porta e estava indicando os elevadores sociais no final dos suntuoso e elegante saguão.

— A Srta. Prince a aguarda – e apontando o cartão que o manobrista havia lhe entregado, continuou – coloque o cartão em frente ao leitor ótico do painel do elevador e você será levada diretamente à cobertura.

A subida foi rápida e silenciosa. Assim que o elevador parou, as portas se abriram no hall de um dos apartamentos mais bonitos e luxuosos que Natasha ela já vira. E logo na entrada estava parado um elegante  e alinhado mordomo, vestindo um terno cinza escuro de corte impecável. Ele era alto, um pouco calvo e possuía um bigode fino e bem aparado. Tinha um sorriso simpático, mas seu olhar era agudo e atento, que a observou bem, de forma discreta, assim que ela entrou.

 - A Srta. Prince já vai recebê-la – disse ele, indicando a sala de estar – ela chegou há alguns minutos e está no banho. Posso oferecer-lhe um chá ou um refresco enquanto espera?

Pelo sotaque, ela percebeu que ele era inglês, e respondeu sorrindo:

— Se você tiver uma cerveja, seria bem vinda.

Ele se inclinou ligeiramente e em seguida saiu.

Natasha se aproximou da ampla janela, de onde podia ver quase todo o lado oeste da ilha, com o Central Park em destaque. Era uma vista linda.

Ouviu o barulho de passos às suas costas e quando se virou viu Diana chegando. Ela estava vestindo roupas simples: shorts, camiseta e uma sandália baixa de couro. Vinha enxugando seus cabelos, ainda um pouco úmidos, com uma toalha.

— Olá Natasha – Disse ela sorrindo – é bom ver você de novo.

Sem poder se conter, a agente girou o dedo indicando o apartamento e comentou:

— Você está muito bem instalada. O apartamento pertence a sua família?

Ainda sorrindo, Diana respondeu:

— Não, ele pertence a um amigo muito querido, que fez questão que eu ficasse aqui enquanto estiver em Nova York. – Indicou o confortável conjunto de sofás – por favor, sente-se para podermos conversar mais a vontade.

Assim que se sentaram, o mordomo voltou trazendo uma bandeja com uma garrafa long neck de cerveja e um copo alto com suco de laranja, além de uma pasta-arquivo. Deixou as bebidas sobre a mesa de centro e entregou a pasta para Diana.

— Obrigada Alfred – agradeceu ela. E acrescentou: - Você pode limpar e preparar meu equipamento? Possivelmente vamos sair daqui a pouco.

— Será um prazer Srta. Com licença – E saiu novamente.

Vendo o mordomo se afastar, Natasha perguntou intrigada:

— Ele sabe quem você é e o que nós estamos fazendo?

— Alfred não é apenas um mordomo e sabe tudo isso e sobre muito mais coisas. Provavelmente vai nos ajudar de modo efetivo nas nossas investigações.

— Certo – disse Natasha, se recostando no sofá – mas antes de qualquer coisa gostaria de saber qual é o seu interesse neste assunto, como e por que você apareceu naquele galpão e principalmente por que você não deixou que o Serviço Secreto encontrasse aquela arma que quase me matou, para logo em seguida me entregar o chip da LexCorp. A Liga da Justiça está envolvida?

Suspirando, Diana disse séria:

— Não, o assunto é pessoal. Tudo começou há pouco mais de dois meses, quando eu estava chegando de avião a Los Angeles...

Após contar a Natasha tudo o que acontecera no aeroporto, ela continuou:

— O tenente Turpin da UCE me disse que este não era o único caso em que grupos radicais praticavam ações usando alta tecnologia, mas era a primeiro em que constatou o uso de equipamentos da LexCorp. Consegui que ele me passasse, extra-oficialmente claro, a lista de alguns destes grupos que já estavam sendo monitorados pela polícia e agências do governo. Assim, nestes dois últimos meses, com ajuda de vários amigos, tenho acompanhado de perto algumas movimentações destas organizações, mas não havia acontecido nada de relevante até a duas noites atrás, quando Alfred me informou sobre remessas de componentes suspeitos que estavam constantemente chegando a aquele galpão no porto de Nova York e eu decidi investigar. E ele também me disse que uma ex-agente da SHIELD estava fazendo basicamente as mesmas investigações que eu e provavelmente também estaria lá. O resto da história você já conhece.

— E como Alfred teve acesso a estas informações? – Perguntou a Viúva Negra intrigada – Ele está ligado a alguma agência de inteligência do governo?

Diana esboçou um meio sorriso antes de responder:

— Na verdade ele trabalha para o dono deste apartamento, que não está ligado ao governo de nenhuma maneira, mas que leva a justiça muito a sério, tem muitos recursos a seus dispor e se prontificou a me ajudar em tudo que eu precisar. É só o que eu posso dizer por enquanto.

— Mas ainda não entendi por que você não deixou que os agentes do Serviço Secreto achassem a arma.

— Porque fiquei preocupada com a facilidade com que a LexCorp conseguiu recuperar seus equipamentos sem nenhuma conseqüência para ela e com o respaldo de juízes federais e até do FBI. E quando descobri que a I.M.A também poderia estar envolvida, achei melhor omitir momentaneamente algumas informações, até saber a extensão das influências com que estou lidando. Mas também cheguei à conclusão de que se trabalharmos juntas poderemos resolver este assunto mais rápido.

Natasha encarou Diana pensativa. Durante muito tempo se acostumara a trabalhar sozinha e ainda sentia que às vezes isso até facilitava as suas missões. Mas depois de pertencer aos Vingadores e ajudar a fundar os Campeões (1), ela sabia da importância de se trabalhar em equipe, em alguns casos. E ter a Mulher-Maravilha como parceira era uma oportunidade que nunca poderia ser desprezada.

— Muito bem então – Disse Natasha Romanoff, tomando um gole da sua cerveja – Vamos ver em que ponto estão as nossas investigações e quais os caminhos que vamos seguir a partir daqui.

Diana abriu a pasta que Alfred havia lhe entregado, retirou dela um dossiê e o passou a Natasha.

— Acho que podemos começar observando mais de perto por onde tem andado o Sr. Swanson, da LexCorp. Podemos descobrir coisas muito interessantes.

 

 

Referências do Capítulo:

(1) Os Campeões eram uma equipe fictícia de super-heróis dos quadrinhos da Marvel Comics. A equipe mantinha sua sede em Los Angeles, Califórnia. Eles foram os primeiros personagens da Marvel a ter suas aventuras na Costa Oeste dos Estados Unidos, pois, naquela época, quase a totalidade das aventuras da editora eram ambientadas na cidade de Nova York. Pertenceram à equipe fundadora os seguintes super-heróis: Anjo e Homem de Gelo, ex-X-Men; a Viúva Negra, Johnny Blase, mais conhecido como o Motoqueiro Fantasma e Hércules.


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