Guerreiras escrita por Valdir Júnior


Capítulo 2
A Amazona




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Natasha recobrou os sentidos devagar. Antes de tentar qualquer movimento mais brusco, procurou sentir como estava sua condição geral. Conseguiu mexer os dedos das mãos e dos pés, apesar de sentir dores por todo o corpo, como se tivesse disputado um mano a mano com Hulk. Os olhos ainda doíam um pouco e sentia um gosto de sangue na garganta. Mas chegou a conclusão que já conseguia se mexer. Percebeu que estava deitada em uma maca e resolveu se levantar com cuidado. Ao se sentar viu que se encontrava no que parecia ser um quarto de hospital, mas estranhou o silêncio do lugar. Quando decidiu que devia descobrir onde realmente estava e se preparava para ficar de pé, ouviu uma voz perguntar delicadamente às suas costas:

— Você já está bem, irmã?

Apesar de todas as suas dores, a Viúva Negra saltou para o chão e se virou, colocando-se em posição para se defender, caso fosse necessário. E o que ela viu a pegou completamente de surpresa.

Na sua frente estava parada a mulher mais impressionante que já vira. Com cerca de 1,80 m, tinha braços torneados e de musculatura bem definida. Os cabelos eram negros e cacheados e na sua testa se destacava uma tiara dourada, com um rubi em forma de estrela no centro. Era morena clara e a cor dos seus olhos oscilava entre o azul e o violeta. Seu rosto e seu corpo eram de uma beleza clássica, fazendo com que Natasha se lembrasse vagamente das estátuas gregas que havia visto nos museus de Paris e Nova York. Ela estava vestindo uma espécie de armadura curta sem mangas, de cor avermelhada, reforçada sobre o busto com um emblema de metal dourado, com o que pareciam ser duas letras “W” sobrepostas formando uma águia com as asas abertas. Uma saia curta de tiras de couro de cor azul marinho cobria até a metade de suas coxas. Seus antebraços estavam cobertos por braceletes, também em metal dourado, e usava botas altas sem salto de cor vermelho escuro, reforçadas na frente com o mesmo metal dos braceletes. Na cintura havia um cinto metálico, com uma reprodução do emblema da armadura. Preso a ele no lado direito estava um laço dourado, que brilhava como se tivesse vida própria. Logo acima do ombro esquerdo, se destacava o punho trabalhado de uma espada longa, que estava atravessada às suas costas, com a ponta da bainha de couro escuro aparecendo logo abaixo do seu quadril direito. E ela carregava também às costas, sobre a espada, um escudo redondo de metal azulado com detalhes em dourado.

Natasha, vendo que ela estava tranquilamente parada olhando-a, relaxou um pouco, embora ainda desconfiada. A mulher deu um sorriso largo e se aproximou com a mão direita estendida.

— Vejo que já está praticamente recuperada. É um prazer conhecê-la irmã. Meu nome é Diana.

“Diana?” pensou a Viúva Negra. E a percepção de quem era aquela mulher a atingiu como um raio. Ela apertou a mão estendida.

— O prazer é meu. Não é todo dia que tenho a oportunidade de conhecer a famosa Mulher-Maravilha.

— Este é um nome que os jornais e revistas gostam de usar muito mais do que eu – respondeu Diana, ainda sorrindo.

Natasha olhou novamente em volta, caminhou alguns passos em direção à porta e perguntou:

 - Onde nós estamos?

— Ainda em Nova York, numa instalação discreta do governo. Logo após sua luta com aqueles homens, apareceram dois carros repletos de agentes. Eles recolheram todo o material da van e do depósito e levaram aqueles infelizes sob custódia. Quando me disseram que iriam trazer você para ser tratada, fiz questão de vir junto.

— E eles não se opuseram? – perguntou Natasha intrigada.

— Eu posso ser bem persuasiva quando quero – disse Diana com um meio sorriso – principalmente porque preciso muito falar com você.

Quando Natasha se preparava para perguntar à Mulher-Maravilha qual era o assunto que ela gostaria de conversar, o agente Saunders entrou na sala como um furacão.

— Muito bem, o que aconteceu lá? – perguntou ele esbravejando – tudo o que conseguimos foram algumas caixas cheias de componentes eletrônicos genéricos, cinco capangas que haviam sido contratados apenas para carregar caixas e fazer “segurança” e um agente da I.M.A. que fritou seu cérebro acionando um implante assim que nós chegamos e que agora é inteligente como uma alface! Eu realmente acreditei que você era mais eficiente, Ronanoff.

Natasha olhou rapidamente para Diana. Alguma coisa estava errada. Realmente ela não havia conseguido verificar o conteúdo das caixas antes de agir, mas aquela arma era outra história. Dificilmente poderia ser chamada de “genérica”. A Mulher-Maravilha devolveu o olhar, que parecia dizer “eu explico depois”.

— Se não fosse a intervenção da Princesa Diana – Continuou Saundes  – nós teríamos também uma agente morta. E ela ficou tão preocupada com você que fez questão de acompanhá-la até aqui.

Esta última frase foi dita em um claro tom de acusação, olhando Diana nos olhos. Ela lhe devolveu o olhar, de forma inocente.

A Viúva Negra voltou a se sentar na maca, aparentando ainda estar sentindo dores, e respondeu:

— Sr. Saunders, eu tinha informações bastante seguras sobre aquele carregamento. Não sei o que deu errado, mas pretendo descobrir.

— É bom mesmo Ronanoff! – disse o agente – podemos estar ficando sem tempo para descobrir alguma coisa concreta e podermos agir. Espero receber melhores notícias da próxima vez.

Ele virou-se então para Diana e perguntou com ar impaciente:

— Posso acompanhá-la até a saída? Como pode ver, Natasha está bem e sendo cuidada. Acho que você não precisa mais se preocupar.

A Mulher-Maravilha respondeu de forma calma:

— Com certeza, Sr. Saunders. Vou apenas me despedir de Natasha.

Ela estendeu a mão à viúva Negra com um sorriso e quando esta a apertou sentiu que Diana depositara discretamente entre seus dedos, sem que o agente visse, um pequeno envelope.

— Boa sorte, irmã, espero que possamos nos encontrar outras vezes – disse Diana.

E saiu da sala, acompanhada do agente Saunders.

Assim que ficou sozinha, Natasha abriu o envelope que Diana lhe entregara. Dentro havia um cartão com um número de telefone escrito e um microchip, que ela deduziu pertencer à arma, que certamente os agentes não encontraram. Quando o examinou mais de perto, viu que nele estava gravado um pequeno logotipo. Com certa dificuldade, consegui ler: LexCorp (1) .

“Um chip da LexCorp em uma arma usada pela I.M.A.? É, minha missão acaba de se tornar muito mais complicada."  - Pensou Natasha Romanoff.

 

 

Referências do Capítulo:

(1) A LexCorp é uma grande multinacional fictícia do universo DC Comics e foi fundada pelo gênio bilionário Lex Luthor. Ela atua em áreas bastante diversificadas, se sobressaindo principalmente no desenvolvimento de tecnologia de ponta.  Mas apesar de ser um dos maiores homens de negócios do país, Luthor também usou os recursos da empresa para tentar dominar anonimamente o submundo do crime de Metrópolis, o que o colocou em confronto direto com o Superman e posteriormente com a Liga da Justiça.


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