A Agenda escrita por Daniela Lopes


Capítulo 9
Capítulo 9- O selo, o beco e a sauna


Notas iniciais do capítulo

A suspensão da estagiária Lee-na mobiliza os BTS. Suga, para a surpresa de todos, tem a melhor ideia para solucionar o caso. Lee-na está tentando manter-se trabalhando e esconder dos pais sua situação na BigHit, mas as coisas podem não sair como o esperado.



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O que a estagiária Lee-na não sabia era que, naquela tarde em que foi suspensa, os BTS foram procurá-la e descobriram o ocorrido, ficando revoltados com o desfecho do caso. Namjoon examinou o material e falou:

—Só porque ela não falou de quem era isso não quer dizer que fosse dela!

         Sejin falou:

—Se ela está sendo conivente com a atitude errada de outra pessoa, ela...

         Então Suga, encostado no batente da porta, falou:

—Acho que ela não quis ser dedo-duro...

         Todos se voltam para ele e Namjoon conclui:

—Certo! Ela não quis dedurar ninguém, então pagou o pato pela falta de outra pessoa para acusar?

         Sejin falou, nervoso:

—Não se exaltem! Isso é uma questão administrativa e está bem clara no contrato que cada estagiário leu e assinou. Nem sempre atitudes altruístas funcionam no mundo real. Acham que não sei que ela preferiu calar a entregar um dos colegas? Mas foi uma escolha dela e vocês não tem nada a ver com isso!

         O grupo se cala, assustado com a atitude do manager Sejin. Namjoon se vira bruscamente e segue para a porta:

—Você trouxe Lee-na para nossas vidas e agora diz que não temos nada a ver com isso? Dá um tempo...

         Um a um, os BTS deixam a sala do manager, chateados e furiosos, enquanto o manager suspira:

—Ah, droga... Como vou resolver isso?

         Na mesma noite, os cantores estão em casa, desanimados para conversar ou jogar como sempre faziam. Jimin está deitado no sofá, mãos cruzadas sobre o peito e olhos fixos no teto. Jin se aproximou:

—Yo, Jimin!

—Yo.

—Acha que é conveniente ligar para a...

—Eu não sei, cara. Acho que somos as últimas pessoas de quem ela queira ouvir qualquer coisa...

—Eh. Tem razão...

         Sentados no tapete da sala, olhando para nada e pensando como poderiam ajudar Lee-na, não perceberam Suga olhando fixamente para uma etiqueta adesiva no dedo. JHope ergue os olhos para o amigo:

—Yoongi? Que é isso na sua mão?

—Um selo...

—Selo?

—Do provável lugar onde o material foi comprado. Esse tipo de material tem um código de venda especial. Se for promocional, então a venda é diferenciada, demandando o cadastro da pessoa física como comprador. E ainda existem as câmeras de segurança do lugar.  

         Eles se voltam para Suga:

—A pessoa que esteve na loja e adquiriu tudo aquilo vai aparecer...

         Todos se surpreendem com o raciocínio do rapaz e Namjoon diz:

—E como pretende descobrir isso?

         Suga sorri no canto da boca e sai dali para o quarto. Jungkook ergue uma sobrancelha:

—Por que... Ele tá fazendo isso?

         Jin sorri:

—Vai ver ele ainda quer o Dia do Suga...

         Eles riem, mas se calam em seguida. A situação de Lee-na era preocupante e ela poderia perder todo o estágio. Após todos se recolherem aos seus quartos, Suga ainda ficou acordado, olhando o lacre em sua mão. Se até mesmo a cantora Suran teve um breve contato com a estagiária e gostou dela, então o que havia de errado?

         Nessa noite, Suga teve um sono profundo e agitado, repleto de sonhos confusos e na manhã seguinte, foram cedo para a BigHit e apresentaram seu plano ao manager Sejin. Este concordou com a iniciativa:

—É diferente, mas pode dar algum resultado... Vão mesmo continuar com isso? Sabem que não posso interferir ou vai parecer protecionismo...

         Os rapazes balançam a cabeça e Sejin fala:

—Certo. Vou liberá-los hoje e o resto é por conta de vocês. Espero não me arrepender por deixá-los se envolver nessa história!

         Saindo dali, os BTS efetuam pesquisas na internet e encontram o endereço da loja no centro. Tomaram o carro da empresa e seguiram para o local, descobrindo que era uma Bookstore no centro comercial de Seoul, muito frequentada por jovens de todas as idades e estudantes.

Dentro do carro, os cantores decidiam como fariam a abordagem e Suga falou, observando o movimento da loja:

—Se formos todos, chamaremos a atenção. Eu vou à frente e Namjoon virá em seguida pra não dar na vista. Vamos fazer isso o mais rápido que pudermos e sair de lá sem causar confusão. Fiquem atentos! Podemos precisar da ajuda de vocês!

         JHope ri, excitado:

—Que emocionante! Parece um dos filmes do Jason Bourne!

         Jimin começa a rir e V coloca os óculos escuros, erguendo as mãos simulando uma arma de fogo, fazendo trejeitos de espião. Suga respira fundo e desce do carro. Estava de moletom com capuz e óculos escuros, pelo fato de ser ainda cedo, o movimento era pequeno na rua e ele seguiu para a loja. Tinha a máscara protetora de rosto pendurada no pescoço caso precisasse, mas preferiu agir normalmente. Entrou na Bookstore e foi ao caixa:

—Bom dia. Preciso falar com o gerente da loja, ele está?

         A atendente ergue o rosto:

—Há algo que eu possa fazer pra agilizar seu atendimento?

         Impaciente, Suga apresenta o lacre adesivo:

—O gerente seria bom...

         Ela pestaneja e depois se afasta e liga para alguém. Pouco depois um senhor de meia idade aparece e se apresenta. Suga mostra o lacre:

—Esse produto... Preciso saber a data da venda e o nome do comprador.

—Oh, lamento! É uma informação restrita e somente o comprador pode...

—Podemos falar em um local reservado? É urgente...

         O gerente ergue uma sobrancelha e indica o local, tendo Suga atrás dele. Era uma sala que estava a poucos metros do balcão do caixa e uma vez lá dentro, Suga tira o capuz e os óculos:

—Talvez o senhor me conheça...

         O gerente encara Suga por algum tempo, depois exclama e cobre a boca:

—Oh! Você é...

—Sim. Preciso saber se uma fã do BTS veio aqui e comprou um produto da sua loja. Faz parte de um material promocional e ela foi sorteada, mas não conseguimos localizá-la com o que temos. Precisamos de mais informações que confirmem a compra!

—Ela comprou na minha loja?

—Sim...

         Suga coloca lenha na animação do gerente e esse parece tentado a colaborar:

—Como posso ajudar?

—O banco de dados onde o código fica registrado possui nome e telefone do cliente cadastrado, não?

—Certo! Ficam registrados a data, hora e o nome do titular, além de uma identificação no ato da compra.

—Mas para que eu tenha certeza que foi mesmo ela quem comprou, vocês possuem alguma imagem gravada?

—Nosso setor de segurança possui as gravações em HD do movimento a loja, mas preciso de autorização para acessar...

         Suga ergue os ombros, fingindo estar tranquilo:

—Todo o tempo que precisar!

         O gerente sai dali e Suga liga o celular. JHope atende:

—Fala, Suga!

—Namjoon saiu?

—Ele entrou na loja há uns cinco minutos atrás! Tomem cuidado! Tem um grupo de estudantes seguindo para a loja.

         Suga fala um palavrão baixo e JHope começa a rir. Nisso o gerente aparece acompanhado de Rap Monster e Suga acena com a cabeça para o amigo. O gerente fala:

—Bem, quero que venham comigo, por favor.

         Eles saem da sala e vão para outra porta que levava a uma escada curta. No andar de cima, algumas salas depois, Suga e Rap Monster são apresentados ao responsável pela segurança. O gerente mostra um impresso com a data e horário da compra registrada no código do lacre e o segurança acessa o programa. Pouco tempo depois, eles visualizam na tela do monitor o movimento da loja num sábado de uma semana atrás. No caixa da loja era possível ver claramente os rostos de Eun Ja e Minh So e o material que elas pagavam com cartão de crédito.

         Suga morde o lábio e olha Namjoon. Esse fecha os olhos, sorrindo aliviado e Suga fala:

—Oh, certo! Vocês conseguiram! Eh... Se não for pedir muito, posso tirar uma foto dessas imagens? Preciso de toda prova que encontrar para contatar a fã!

         O segurança olha o gerente e esse ergue os ombros:

—É uma fã, afinal! Você ouviu o cantor...

         O homem tira um print da tela e a imprime, entrega ao gerente, que diz:

—Acho que é o que precisavam, não?

         Suga sorri e apanha o papel, além dos comprovantes de compra:

—Ah, é sim! Os senhores foram de uma eficiência excepcional! Obrigado!

         Os BTS se inclinam e já começam a sair da sala, tendo o gerente atrás deles:

—Oh, senhores! Seria possível um dia de autógrafos na loja? Isso seria bom para as vendas e para a imagem do grupo! E a divulgação do sorteio! Seria interessante mostrar que...

         Enquanto andavam, os rapazes falavam:

—Com certeza podemos ver isso com nosso setor de comunicação! Mas agora temos pressa, ok?

         De repente, os dois se deparam com um grupo grande de garotas no corredor que dava para a saída da loja. Elas se voltaram para os dois rapazes e eles pararam de uma vez. Elas se olharam e começaram a rir e falar umas com as outras em tom baixo, deixando os dois em pânico.

         Prevendo o pior, o gerente tocou o ombro de ambos e falou, discretamente:

—Venham comigo... Rápido!

         Eles recuam devagar e voltam pela porta de onde saíram, agora devidamente trancada por dentro e tudo que puderam ouvir foram os gritos das jovens lá fora.

         Caminharam pelo que parecia ser o setor de carga e descarga de material da loja e de lá, Suga liga para os amigos no carro:

—Encontrem a gente na esquina do quarteirão atrás da loja. Estamos saindo pelo outro lado da bookstore! Venham logo!

         Então Suga e Namjoon se encaram e caem na risada, deixando o gerente sem entender nada. Após de despedirem do senhor, entram no carro e saem dali rapidamente. O gerente suspira e volta para o interior da empresa, mas quando abre a porta, uma horda de fãs alucinadas grita o nome do BTS, enquanto atacam as prateleiras com material do grupo, levando em seguida para os caixas.         

         O gerente coloca a mão no peito e sente lágrimas de gratidão nos olhos, enquanto vendedores correm de um lado a outro tentando dar conta do atendimento.

         Longe dali, Lee-na está ocupada com a lavação dos vasilhames do almoço e a dona do restaurante se aproxima:

—Querida?

         Lee-na se vira, o rosto sujo de espuma:

—sim, senhora?

—Hoje vou ter o restaurante alugado para uma empresa e eles vão ficar até por volta das 21 horas... Vai ter extra se quiser dar uma mãozinha.

         Lee-na pensa e fala:

—Só me deixe falar com minha mãe, sim?

—Certo! Depois me avise da sua decisão!

         Lee-na termina a tarefa e vai para fora, ligar o celular:

—Ma?

—Oi, querida?

—Eh... Vai ter uma sessão de fotos e vai ser um pouco mais demorada que o normal. Volto pra casa de taxi!

—Que horas vai chegar?

—Ah... 21h e 30, no mais tardar 22 horas!

—Oh! Tarde assim? Onde vai comer?

—Vai ter lanche! Não se preocupe! Te vejo mais tarde! Beijos na Chaechae!

—Tome cuidado, ok?

         Lee-na desliga e avisa a proprietária que estava tudo bem, que podia ajudar e a mulher aplaudiu:

—Oh, graças! Certo! Certo! Depois te explico o que vai fazer!

         Lee-na sorriu e voltou à cozinha, para começar os preparativos para a comida a ser servida no jantar. Neste meio tempo, os BTS haviam chegado à BigHit, mas não apresentaram o resultado de sua investigação ao manager Sejin. Queriam fazer isso com Lee-na junto, mas não conseguiram falar com ela no telefone, que parecia desligado.

Eram 18h e 35 quando os primeiros clientes chegaram ao restaurante, fechado para atender aquele grupo empresarial. Eram homens e mulheres entre 26 e 40 anos e estavam muito animados para a reunião. Na cozinha, Lee-na e outras duas auxiliares preparavam os pratos e lavavam o vasilhame que chegava. No total, eram 25 pessoas bebendo, comendo, cantando e conversando alto.

         Houve um momento que Lee-na saiu da cozinha para ajudar no atendimento e após quatro mesas atendidas, a quinta mesa chamou por ela para anotar os pedidos. Eram quatro rapazes e duas moças visivelmente embriagados e Lee-na perguntou:

—Boa noite! O que mais desejam?

         Um dos homens pôs a mão no queixo:

—Hum! O que eu desejo? Oh! Você sentadinha no meu colo, bebê...

         Lee-na ignora a cantada:

—Vou anotar o pedido. O que querem para comer?

         Outro sujeito ri:

—Anote aí, meu bem... Sua calcinha numa bandeja!

         Lee-na encara as duas moças:

—As senhoritas vão pedir?

         Então as duas caem na risada e Lee-na desiste:

—Inacreditável...

         E se afasta daquela mesa, apesar dos protestos dos quatro sujeitos e sob as risadas e palmas das moças. De volta à cozinha, ela começa a picar, temperar e refogar os alimentos e esse movimento se estende até as 20h e 55, quando, já muito bêbados, os clientes pagam as comandas e saem pela porta, rumos aos próprios carros ou para o ponto de táxi.

         Quando o último cliente deixou o restaurante, a proprietária respirou aliviada:

—Oh, céus! Se o aluguel não fosse tão bom...

         Lee-na limpava as mesas e recolhia o lixo, mas a mulher falou:

—Não, querida! Deixe isso aí! Está tarde e você ainda vai pegar o táxi!

—Mas a senhora...

         A mulher entrega um envelope à jovem e diz:

—Coloquei um extra aí... Foi muito educada e prestativa com a clientela. É o que mantém os negócios funcionando hoje em dia. Obrigada por se lembrar disso!

         Lee-na se inclina e sai dali. No quarteirão próximo ao restaurante, a rua tinha pontos de escuridão e isso fez a moça apressar o passo para ganhar a avenida a alguns metros de distância. De repente, ela ouviu uma risadinha atrás de si e virou-se, ainda caminhando. Era o cliente que a havia assediado primeiro. Ele acenou para ela:

—Oi? Esqueceu meu pedido especial?

         Lee-na virou-se e se apressou ainda mais, mas o segundo cliente assediador saiu da escuridão de um beco próximo e parou a alguns metros dela:

—Meu amigo te fez um pedido... Pagamos bem para sermos bem atendidos, sabia?

         Lee-na avaliou suas opções de fuga e percebeu que não tinha como avançar. Ela atravessou a alça da bolsa em diagonal no corpo, tirou os sapatos, segurando-os como um tipo de arma onde os pequenos saltos poderiam causar algum dano se fosse preciso. O primeiro assediador riu:

—Oh! Ela é uma panterinha! Vai enfrentar a gente!

         A jovem sabia que gritar não atrairia atenção de qualquer um que fosse. Ela precisava mantê-los longe até que surgisse uma oportunidade de fuga. Se resistisse, talvez eles a deixassem em paz.

         O segundo homem aproximou-se, tentando tomar-lhe os sapatos, mas Lee-na saltou de lado e recostou-se na parede de um prédio, girou o sapato pela alça e acertou a mão do sujeito, que recuou e riu. Ele olhou ao redor e viu alguns sacos de lixo largados num canto atrás de si e decidiu acabar com a resistência dela.

         Lee-na moveu-se para fugir, mas foi atingida por dois sacos de lixo, que romperam seu conteúdo e caíram nela, fazendo-a recuar sem ver que o outro homem estava próximo. Este segurou o braço dela com força e derrubou-a com um arranco. Ela caiu de frente, batendo a barriga no chão, quase perdendo o fôlego com o impacto.

         Encharcada e suja de lixo mal cheiroso, ela tentou se arrastar de volta ao muro, mas sentiu um pé em suas costas empurrá-la para o chão com força:

—Para baixo, vagabunda! Vamos te ensinar como deve atender a um cliente de verdade!

         Sem forças, Lee-na se arrastou como pôde, tentando sair do asfalto. Nisso ela ouve o som de um zíper se abrindo e gemeu:

—N-não!

         Perto de uma lixeira, no passeio, ela viu algumas garrafas de cerveja caídas. A pressão sobre suas costas tinha acabado, mas sentiu mãos alisarem suas pernas e ela se afastou rápido até a lixeira. Os sujeitos riram e falavam frases obscenas sobre ela, mas a estagiária conseguiu alcançar a lixeira e puxou, sorrateiramente, uma das garrafas para debaixo do seu corpo. Quando um dos tarados se agachou e segurou-as pelos tornozelos, ela virou-se de uma vez e atingiu o rosto do atacante com toda força que tinha, fazendo-o cair sentado.

         A estagiária apanhou outra garrafa, quebrou-a na parede e ergueu-se, tendo em ambas as mãos, garrafas seguras pelo gargalo e as extremidades em cacos afiados e letais como armas. Ela tinha os joelhos esfolados pela queda, sangue nos lábios e estava coberta do chorume do lixo fedido jogado nela. Respirava com dificuldade, mas encarava seus atacantes, apoiada na parede.

O que havia sido atingido pelo golpe de garrafa levantou-se e olhou-a nos olhos. O colega falou baixo:

—Ela é roubada, cara! Vamos embora daqui!

         O outro homem tocou a cabeça e viu a mão suja de sangue:

—Maldita! Eu devia...

         Ela permaneceu encarando-o, sentindo sua sanidade se esvair e um ódio sem limites crescer dentro dela. O olhar deles sobre ela era ultrajante. Eles estavam zangados por ela ter tentado se defender e isso fê-la emitir um grito tão estridente e assustador que eles recuaram e correram, temendo que ela avançasse para atingi-los com as garrafas quebradas. Quando se deu conta que estava sozinha, deixou cair os cacos e caiu sentada no chão úmido do passeio, tentando regular a respiração e a sensação que iria desmaiar.

         Por uma hora, Lee-na permaneceu ali sentada, sem que passasse alma viva para pedir ajuda. Então ela respirou profundamente e abriu a bolsa. Apanhou o celular com a ponta dos dedos sujos e buscou os contatos. Encostou o aparelho no lado do rosto mais seco e fechou os olhos.

         Jin se preparava para tomar banho, quando o celular tocou. Ao apanhar o aparelho, viu o nome de Lee-na e atendeu logo:

—Eh, Lee-na! Que bom que ligou! Temos ótimas notícias para...

Ele seguiu rapidamente para a sala, enquanto ouvia o que ela dizia. Os demais BTS estavam reunidos, conversando, quando ouviram Jin falar o nome da garota. Ele tinha o semblante carregado e ficou em silêncio durante toda a ligação. Desligou e olhou os amigos:

—Temos que sair agora...

         Namjoon vê algo no olhar de Jin que o assusta. Havia medo, dor e raiva mesclados e ele nunca tinha visto o amigo daquele jeito. Jin correu ao quarto, apanhou uma mochila e colocou nela uma camiseta, calça e agasalho de moleton, chinelos e toalha. Foi ao banheiro e pegou shampoo e condicionador, voltando para a sala:

—No caminho eu explico!

         Desceram ao estacionamento e saíram para a noite do jeito que estavam. Alguns de bermuda, outros com roupas de pijama e chinelo, mas ninguém se importou. Jin dirigia mais rápido do que se lembravam  e parecia muito zangado. Num sinal vermelho, ele parou e falou, por fim:

—A Lee-na foi atacada numa rua do centro... Ela saía de um trabalho temporário...

         Todos exclamaram e Suga voltou seu rosto para a rua, sentindo algo no peito. JHope cobriu a boca com a mão:

—Atacada... Como?

—Clientes bêbados... Ela... Lutou e...

         Jin não termina. Morde o lábio inferior e sente lágrimas nos olhos. Namjoon falou:

—Quer que alguém dirija?

—Não. Eu faço isso... Fiquem atentos se virem alguma coisa.

         Pouco depois, no ponto informado por Lee-na, Jin estacionou o veículo e todos desceram, olhando em todas as direções. De repente, Jungkook aponta:

—Ali!

         Uma forma escura se mexe, encolhida num amontoado de caixas de papelão. Eles se aproximam devagar, incertos e Rap Monster fala:

—Lee-na?

         A figura se move, saindo devagar das sombras do passeio e eles veem mãos trêmulas se apoiarem no chão e ouvem uma voz quase sussurrante:

—V-vocês... Vieram.

         Um cheiro forte de lixo é sentido e eles se aproximam, mas ela fala:

—N-não! Estou... Coberta de sujeira... Eu... Oh! Vocês vieram!

         Das sombras, a figura encolhida de Lee-na faz o grupo se assustar com o estado da garota. Suga anda de um lado a outro:

—Temos que levá-la para sua casa ou... Pra nossa!

         JHope fala:

—Ela precisa se limpar! Temos que ajuda-la a sair daqui!

         Lee-na se apoia na parede e fica de pé. Ela cambaleia na direção da luz do poste e eles conseguem ver a extensão do ataque. Jin está com o olhar fixo no rosto da garota e não consegue falar. Namjoon se aproxima:

—Lee-na. Você quer ir a um hospital ou delegacia? Precisa de...

—Não... Estou... Bem. Eles não conseguiram...

         Ela tira a bolsa do ombro e o casaquinho sujo de lixo, ficando apenas com a saia e uma blusa de alças finas. Descalça, tremia bastante, mas caminhou até o passeio da rua onde o carro dos BTS estava parado. Ergueu o rosto para a claridade do poste como se acordasse de um pesadelo.

Os cabelos longos estavam molhados e emplastados, assim como a roupa. Ela jogou o casaco numa lixeira e Jimin exclamou:

—Oh, Lee-na! O seu...

         Ela balançou a cabeça:

—Não importa... Eu... Não posso entrar no carro de vocês do jeito que estou...

         V olha para os prédios ao redor:

—Deve haver um lugar... Um hotel onde ela possa tomar banho e trocar de roupa!

         Suga e Jungkook apanham os celulares e começam a pesquisar hotéis ou motéis mais próximos, então o maknae ergue o olhar do aparelho e encara Jin:

—Achei um lugar...

         Jin se aproxima, estranhando a hesitação na voz do garoto. Quando olha a tela do aparelho, volta-se para Rap Monster:

—Ah... Namjoon?

—Acharam o lugar?

         Jin fala algo no ouvido do amigo e este exclama:

—Oh! Sério?

         Lee-na percebe o constrangimento no semblante dos rapazes:

— O que foi?

         Suga se impacienta:

—Está frio, a garota está toda melecada de lixo fedido e vocês estão de frescura? Desembucha, Namjoon!

—O lugar é uma Sauna masculina... Está logo abaixo desse quarteirão.

         Todos se entreolham e Lee-na suspira:

—Certo...

         Ela começa a andar na direção do lugar e os cantores a seguem:

—O que vai...

         Ela não responde e quando param frente ao estabelecimento, a recepcionista sai do guichê e sorri ao ver o grupo:

—Oh! Meninos bonitos a essa hora da noite?

         A mulher era devia ter uns 34 anos, curvilínea e bem maquiada, fazendo V, JHope, Jimin e Jungkook corarem, mas Suga e Namjoon se adiantam:

—Um bêbado idiota empurrou nossa amiga num monte de lixo. Precisamos ajudá-la!

—Ela precisa tirar essas roupas e tomar um banho!

         A mulher olha Lee-na e cobre o nariz:

—Oh, meu bem! Que crueldade! Venha aqui!

         Eles seguem a recepcionista da sauna até uma pequena sala anexa à recepção e ela fala:

—Primeiro temos que te livrar dessas roupas imundas, não é? Eu tenho um robe aposentado no meu armário... Vai servir pra você tirar isso!

         Lee-na espera. Estava tremendo, preocupada com a mãe e envergonhada pelos cantores do BTS a verem daquela forma, mas os olhares deles denotavam uma verdadeira preocupação com o estado dela. A atendente apareceu com o robe:

—Tire essa roupa e vista isso ou vai adoecer!

—Aqui?

—Sim! Não pode entrar fedendo tanto lá, não?

         A estagiária ergue o rosto para os BTS e eles a encaram. A mulher ri:

—Ah! Meninos! Ela não vai conseguir com vocês olhando, não é?

         Eles exclamam, envergonhados e se viram de costas para as duas, fechando os olhos. Lee-na sorri e sente o rosto corar, enquanto recebe ajuda da recepcionista. Pouco a pouco, cada peça de roupa é jogada num saco de lixo, fazendo o grupo engolir em seco. A atendente sorri e, provocativa, exclama:

—Oh, querida! Que lindo corpo você tem! Podia ser uma modelo ou até... Uma estrela de filmes adultos!

         Os sete cantores cambaleiam, se apoiando uns nos outros e Jungkook, sem perceber, tende a virar a cabeça, mas Suga o segura pelo pescoço:

—Nem pense nisso, moleque!

         Após uns instantes de silêncio, a atendente diz:

—Ela já foi! Vou devolvê-la como nova pra vocês, ok?

         Jin entrega a mochila à mulher:

—Dê isso a ela... Por favor.

         E se inclina, agradecido. A recepcionista sorri e desaparece porta adentro. Suga e JHope saem dali para buscar o carro e estacionar mais perto da sauna e os demais esperam na recepção. Lee-na foi deixada numa das salas de banho, onde tomou uma ducha para tirar a sujeira do corpo e cabelos, usando sabonete do local além do shampoo e condicionador entregues por Jin, enquanto fazia isso, permitiu-se chorar. Já limpa, ela entra na banheira de água quente e óleos perfumados e tenta relaxar o corpo dolorido. Os machucados das mãos, braços e joelhos já não ardiam e eram menores do que ela pensava.

         Decidiu não se demorar muito ali e com a toalha, seca o corpo para em seguida ir ao pequeno vestuário contíguo à casa de banho. Lá ela encontra o moleton, camiseta e o chinelo, além de uma bolsinha de tecido com lingerie feminina, com certeza um presente da recepcionista. A estagiária terminou de se secar e vestir, retornando à recepção com a mochila às costas. Parecia outra pessoa com os cabelos úmidos, a pele fresca e perfumada do banho de óleos e parecia mais calma também.

         Os BTS conversavam com a atendente e ela viu Lee-na:

—Oh! Eis a jovem! Melhor agora, querida?

         Lee-na sorri:

—Sim, obrigada!          

         A mulher observa o grupo olhar longamente para a garota e suspira:

—Ah, o amor juvenil!

         Eles se voltam para ela, surpresos com o comentário e ela abana as mãos:

—Ignorem o que eu disse! Ignorem!

         Jimin entrega o celular de Lee-na à estagiária:

—Sua mãe ligou. O Jin atendeu e disse que você estava ocupada.

         A jovem discou e esperou a mãe atender:

—Lee-na, filha? São quase onze horas! Eu fiquei preocupada!

—Oh, ma! Perdão! Eu não podia atender na hora que ligou! É um estúdio, sabe?

—Oh, entendo, mas... Você volta pra casa hoje? Ou...

         Os BTS balançam a cabeça e Lee-na fica em dúvida. JHope gesticula e Lee-na fala:

—Oh, mãe! Está muito tarde e o pessoal decidiu se virar por aqui mesmo! Tem um saco de dormir esperando por mim!

         A mãe ri:

—Saco de dormir? Há quanto tempo você não entra num desses?

—Desde a viagem do appa!

         AS duas se calam, então Lee-na conclui:

—Ma... Vou desligar. Durma bem e dê um beijo na maninha por mim! Eu amo vocês!

         A recepcionista sorri:

—Hum! Então a noite é uma criança!

         Namjoon se inclina para a mulher:

—Senhorita. Boa noite e obrigada!

         Esta coloca a mão no rosto:

—Oh, que galante! Há quanto tempo não me chamam assim!

         Lee-na se aproxima e se inclina, para em seguida abraçar a recepcionista:

—Sou muito grata por sua gentileza! Nunca vou esquecer o que fez por mim!

         _Ah, querida! Está em boas mãos agora! Vá com seus sete cavaleiros!

         Todos acenam para a mulher, parada à porta do lugar e ela acena emocionada, falando:

—Adeus, meus queridinhos! Sejam cuidadosos! E usem preservativos!

         V e Jungkook tropeçam, JHope e Jimin começam a rir, nervosos. Namjoon e Suga não tem coragem de olhar se Lee-na havia reagido à frase da atendente, mas ela caminhava normalmente ao lado de Jin, que decide levar a mochila para ela:

—O que quer fazer agora?

—Não sei... Estou tão... Cansada. Poderia dormir um mês inteiro!

—Você vai descansar esta noite e depois resolvemos sua suspensão.

         Ela suspira:

—Eu não quero pensar sobre isso...

—Não vai precisar...

Ela volta seus olhos para o BTS galante. Estava grata por conhecer alguém tão gentil e alegre, mas maduro quando era preciso. Dentro do carro, seguiram em silêncio até o apartamento do grupo e lá, ela sentiu-se aquecida e segura, pois já conhecia o ambiente. JHope e Jungkook afastaram os sofás, enquanto V trazia cobertores e edredons, além de dois travesseiros, arrumando tudo no tapete, fazendo um ninho aconchegante. V tomou a mão da garota e conduziu-a até o amontoado macio e ela sorriu, se sentando naquele meio.

         Sentados ao redor dela, uns no sofá, outros no tapete, fizeram uma série de perguntas sobre o que tinha acontecido e o que ela fazia naquela região. Ela contou sobre o trabalho provisório, sobre a festa da empresa e sobre os clientes bêbados que a haviam assediado descaradamente, arrancando dos BTS exclamações de repulsa ou assombro. Ela reclinou-se sobre os travesseiros enquanto falava dos sapatos, dos sacos de lixo e das garrafas de cerveja quebradas. Então, aos poucos, ela parou de falar, fechando os olhos e adormecendo; ressonando suave, encolhida na cama improvisada na sala dos BTS. O desabafo relaxou-a por fim.        

         O grupo permaneceu ali, em silêncio, observando a jovem que acabaram de resgatar de uma rua escura e suja. Jin suspirou e disse:

—Melhor dormirmos agora... Amanhã será outra luta.

         Todos concordam e se recolhem, deixando Lee-na ali, dormindo, protegida e aquecida. Pouco antes de se deitar, Suga volta à sala, observando a estagiária adormecida. Ele balança a cabeça, lamentando que a garota tenha passado por aquele tipo de violência, mas admirou a força e coragem dela em enfrentar uma situação tão adversa. Inclinou-se para ela e voltou ao seu quarto.

         Eram seis horas da manhã e Jin acordou para preparar o desjejum do grupo. Ao passar pela sala, achou-a arrumada e as cobertas dobradas sobre o sofá. Ele escutou o som de talheres e tampas e sentiu um cheiro inconfundível. Aproximou-se e encontrou Lee-na misturando a massa de panqueca. Ele olhou-a de costas, cabelos presos, rosto concentrado, mas tranquilo. Jin pigarreou e ela virou-se:

—Bom dia!

—Bom dia... Não vai me dizer que isso aí é...

—Panquecas do Jimin?

         Jin se inclina para trás, como se comemorasse:

—AAAAAAH! Yes! Yes!

         Ela começa a rir:

—Que exagerado! Lembra que queria aprender a receita?

—Sim!

—Então pegue aquela tigela... Você vai fazer a salgada e eu termino a doce, ok?

         Aos poucos, eles enchem dois pratos com panquecas fumegantes e perfumadas. Lee-na prepara creme azedo, frutas cortadas, mel e apanha a geleia na geladeira, aquecendo-a em banho-maria. Jin olha, curioso:

—Geleia quente?

—Calda de morango!

—Sério?

—Acrescento um pouco de mel e água quente, ela fica no ponto ideal e é mais rápido!

         Ele sorri:

—Lee-na?

—Sim?

—Não quer morar aqui?

         Ela começa a rir:

—Não mesmo!

         Ainda rindo, eles levam as guloseimas até a mesinha de centro da sala, onde normalmente faziam suas refeições diárias. Jin fala:

—Quer acordar a tropa?

—O que devo fazer?

—Puxar o cobertor, meter petelecos na orelha, socos, chutes e...

—Isso não é acordar! É tortura!

—Basicamente... Mas é o único método eficaz de acordá-los atualmente!

         Dentro do quarto de Jimin e Jungkook, ela ouve o ressonar dos BTS. Ela se aproxima de Jungkook e descobre o pé dele:

—Observe...

         Segurando-o pelo dedão, ela passa a unha do polegar de cima a baixo na sola do pé do garoto e esse dá um salto, ficando sentado na cama, com um sonoro grito:

—O quê!

         Jin começa a rir:

—Perfeito!

         O BTS mais velho testa a técnica em Jimin e o resultado é o esperado. Ambos os despertos se olham confusos e depois para Jin e Lee-na:

—Ah, hyung? Que foi isso?

—Acabou o sono de beleza! Levantem-se, lavem essas caras amarrotadas e vamos comer! Lee-na fez as panquecas!

         Jimin dá um salto da cama e corre para o corredor do banheiro, seguido de Jungkook. Pouco depois V e Namjoon estão acordados e o líder BTS, ainda confuso, exclama:

—Caralho, Jin!

         Lee-na cobre a boca e ri, enquanto Jin dá um peteleco na testa de Namjoon:

—Respeite a dama presente, seu ogro! Olha esse palavreado!

         Rap monster cobre a cabeça com o edredon, envergonhado:

—Putz! Foi mal! Eu não tinha percebido você, Lee-na...

         Ela descobre a cabeça do BTS:

—Vamos tomar café?

         Ele sorri e baixa o olhar:

—Só me deixe fazer alguma coisa quanto isso...

         E desarruma os cabelos, parecendo um maluco, enquanto V estava sentado na cama, mas não parecia acordado. Jin se aproxima e sopra o ouvido dele e V reclama:

—Jin hyung! Você é tão barulhento!

         A voz de Lee-na o faz abrir os olhos:

—A culpa é minha, Taehyung... Fiz panquecas!

         V sorri:

—Sério?

—Sério.

O garoto salta da cama e corre para o banheiro, mas encontra os amigos na fila, enquanto Jin leva a estagiária até o quarto de JHope e Suga. Lá, ele faz sinal para que ficassem quietos e sussurra:

—Aqui o terreno é perigoso...

         Ele acorda JHope, que quase grita, mas tem a boca coberta por Jin:

—Quer morrer?

         JHope faz que não com a cabeça  e se acalma. Jin sorri:

—Tem panqueca!

         JHope ergue os braços num grito de comemoração mudo e sai dali para se ajeitar. Jin aponta para Suga e Lee-na se aproxima. O BTS sussurra:

—Suga é a única criatura no mundo que não pode ser acordada bruscamente... Isso se você tem amor à vida!

—E como vocês fazem?

—A gente puxa a coberta devagar, depois o travesseiro e então sai correndo. Normalmente ele acorda depois de perceber que está sem os dois.

         Lee-na começa a rir, em silêncio, e Jin falou:

—Vou deixar você tentando e vou ver o que os outros estão fazendo!

—Oh, Jin! Não! Não é uma boa ideia e...

         Mas o BTS a deixou sozinha e sem saída. Ela aproximou-se do rapper adormecido e puxou o travesseiro com cuidado. A cabeça dele se inclinou para baixo e ela esperou, pois o mesmo usava máscara de dormir e não saberia quem fez aquilo.         

         Lee-na tomou coragem e começou a puxar a coberta, presa sob o braço dele, que dormia meio de lado. Decidiu dar um puxão mais forte, quando teve o pulso seguro e foi puxada para a cama, caindo sobre Suga. A voz dele era rouca e preguiçosa:

—Hyung miserável! Todo dia esse joguinho besta de “Acorde o Suga”! Vou fazer você se...

         Suga sentiu que o corpo junto dele era menor e mais leve, estava trêmulo e tinha cheiro diferente. Ele tirou a máscara de dormir e deparou-se com Lee-na caída sobre ele, cobrindo a boca com a mão, os olhos muito abertos.     

         Com um grito de susto, ele ergueu-se de uma vez, desequilibrou-se e caiu da cama. Ela se afastou e viu que o tombo foi feio. Aproximou-se:

—Suga! Você...

         Ele esfregou o cotovelo e fechou a cara:

—Hum! Caramba!

         Ela agachou-se ao lado dele:

—Desculpe! O Jin falou...

—Ele vai me pagar por isso! Aquele...

         Ela baixa o olhar, visivelmente constrangida:

— A culpa foi minha... Não devia ter entrado aqui.

         Ele se vira para olhá-la. Ela estava corada e ele vira o rosto para o lado:

—Desculpe o mau jeito... Não sabia que era você puxando meu cobertor.

         Ela fala:

— O pessoal está tomando café... Fiz panquecas.

         Ele se volta surpreso e ela diz:

—Bem... Isso foi há alguns minutos. Agora não posso garantir nada com aqueles gulosos atacando tudo...

         Ele se ergue do chão e ela também:

—Suga... Eu sinto muito por tê-lo acordado.

         Ele balança a cabeça:

—Esqueça...

         Ela sai dali desconcertada e Suga a observa se afastar, recordando senti-la perto demais. Ajeitou a roupa e foi ao banheiro lavar o rosto. Quando chegou à sala, todos tomavam café animadamente. V derramava a calda de morango sobre um pedaço de panqueca:

—Ahh! Isso está...

         Jin exclama:

—AAAH!

         Todos riem e imitam o hyung, exclamando juntos, fazendo Lee-na rir muito. Suga se junta ao grupo, comendo em silêncio e após todos se fartarem, a estagiária começa a tirar a louça do café, mas Namjoon e Jungkook a impedem:

—Oh, não! Você já fez demais! Fique quietinha aí!

         Ela fica parada com as mãos vazias, olhando-os saírem para a cozinha com o vasilhame. JHope passa e dá um tapa leve na palma da mão da garota, seguido de Jimin e V. Ela coça a cabeça e diz:

—Me sinto numa república!

         Suga se servia de mais uma caneca de café e fica a olhar a janela do apartamento. Lee-na estava parada perto do sofá, sem saber o que fazer, quando ouviu-o falar:

—Vamos te levar pra sua casa. Você vai trocar de roupa e voltará conosco para a  BigHit...

         Ela se vira e o olha, mas ele não se volta. Algum tempo depois, estão no carro a caminho da casa da estagiária e no trajeto, permanecem todos em silêncio. Ela estava olhando pela janela, distraída, enquanto Jin dirigia. Ele percebeu o semblante preocupado da garota, mas decidiu não adiantar nada do que haviam descoberto. Pouco depois estavam entrando no apartamento da estagiária e foram recebidos pela mãe dela:

—Oh, querida?

         A mulher olhou todos aqueles rapazes bonitos e bem vestidos e sorriu quando a filha a abraçou:

—Ma... Quero que conheça o BTS.

         A mulher murmurou o nome e franziu o cenho, como se tentasse reconhecer de quem a filha falava. Namjoon ri:

—Tal filha, tal mãe...

         O grupo sorri e se inclinam para ela:

—É um prazer conhecê-la, senhora!

         Ela se inclina, educada:

—Ora, o prazer é meu! Eu não sabia que Lee-na trabalhava com uma agência de modelos ou... Atores daquelas novelas cheias de gente bonita!

         Nisso, Lee-na ouve a vozinha de Chaerin e segue para o quarto da mãe. Quando retorna, traz a pequena no colo e V toca o peito, emocionado:

—Oh! É a Chaechae!

         A bebê vê todas aquelas pessoas na sala e abraça a irmã com força. Lee-na sorri e afaga as costas dela:

—Meu amor, eles são o BTS... São... Amigos da Lee-na.

         Eles sorriem ao ouvir a jovem falar que eram amigos e ela diz:

—Lembra-se do Jungkook?

         Ela se vira na direção do cantor e sorri, mostrando os dentinhos miúdos e branquinhos. Jungkook faz um aegyo para ela, que ri. Lee-na aponta:

—O JHope, Namjoon, Jimin, o V, Jin e... Suga.

         Todos acenam ou fazem um gracejo para a menina e V se aproxima:

—Posso?

         Lee-na fala:

—Chaerin? Vá com ele! Mostre seus brinquedos!

         A bebê vai para os braços de Taehyung, que se desmancha com a fofura da pequena. Ele segue pela casa e vai conversando com ela, que parece se divertir com isso.

         Namjoon ri:

—Hoje ninguém vai conseguir sair daqui!

         Lee-na fala:

—Vou me arrumar! Fiquem... À vontade! Mãe...

A mulher sorri:

—Sintam-se em casa, meninos! Estou na cozinha! Querem alguma coisa? Água, chá?

         Jin aspira o ar:

—Hum! Que cheiro bom é esse?

—Estou finalizando um Baek Kimchi.

—Oh! Posso ver?

         Ela acena e ele a acompanha até a cozinha, enquanto Jungkook fala:

—Acho que a Lee-na não vai se importar se eu mostrar a vocês uma coisa...

         O Maknae conduz os amigos pelo pequeno corredor e bate numa das portas, semiaberta. Como ninguém responde, ele abre devagar e entra seguido dos outros. O quarto estava vazio e todos exclamam ao ver os pôsteres nas paredes.         Suga olhou ao redor, avaliando a decoração do quarto da estagiária, então vê um pôster enrolado sobre a escrivaninha e examina discretamente.

Ele abre muito os olhos ao descobrir que era um cartaz do filme Scarface, com Al Pacino e se volta para os amigos, mas estão todos distraídos com os outros cartazes quando Lee-na surge na porta e se depara com o BTS ali. Jungkook coça a nuca, envergonhado:

—Ah... Lee-na! Eu... Queria que vissem seus pôsteres, também!

         Ela sorri e balança a cabeça:

—Ok. Eu estou pronta se quiserem ir.

         Então escutam Chaerin e V darem um grito de alegria e Rap Monster suspira:

—Alguém se habilita a ir buscar o Taehyung?

         A estagiária ergue um dedo e sai dali. Pouco depois ela vem trazendo V pela orelha e Chaerin no colo, enquanto os amigos riem e aplaudem. Ela diz:

—Acho que agora podemos voltar para a BigHit. Chaerin? Dê um beijinho de adeus no V!

         A bebê ergue as mãozinhas e V oferece o rosto, recebendo um beijo carinhoso da menina. Jungkook bate palmas:

—Oh, Chaechae! Esqueceu-se do kook?

         Ela sorri e se inclina, abraçando o pescoço do BTS, que a segura no colo. Jimin segura a mãozinha dela e deposita um beijo suave:

—Tchau, Chaerin!

         JHope faz uma macacada e ela ri, seguido de Namjoon. Então Chaerin ergue as mãos para Suga, que se aproxima surpreso:

—Oi?

         Ela olha para a irmã e esta diz:

—É o Suga...

         O BTS se recorda do encontro no domingo, quando ele foi rude com a estagiária. A bebê lembrava-se dele e, desconcertado, tenta remediar o ocorrido, erguendo os braços para ela. Chaerin avalia o rapaz por um segundo e se inclina para que ele a carregue.

         Todos olham a cena, surpresos, e Jungkook ri:

—Oh, Chaerin! É o bicho-papão!

         Suga fala:

—Oh, cale-se, Jungkook!

         Chaerin mexe no boné de Suga e ele sorri:

—Sentiu falta da sua irmã?

         A menina balança a cabeça e ele conclui:

—Ela vai voltar mais tarde pra brincar com você, tá bom?

         Nisso, Jin aparece na porta do quarto com a boca cheia de kimchi e olha tudo ao redor:

—Ohh! L’SWMOSHU QUARTWRNSROTO É LEGSHRTOWSML!

         Lee-na ergue uma sobrancelha:

—Ah! O que foi... Que ele disse?

—Que seu quarto é legal!

         Lee-na não consegue segurar o riso e Jin franze o cenho, terminando de engolir a iguaria:

—Bando de ignorantes! Não sabem a experiência gastronômica que acabei de ter na cozinha da mãe da Lee-na!

         Ela sorri e Jungkook fala:

—No dia que almocei aqui, provei do Baechu Kimchi que ela fez!

         Nisso, a mãe da estagiária aparece no corredor com um pote e diz:

—Ainda tenho dele fermentado, Jin! Leve um pouco para comerem depois como lanche!

         O BTS mais velho recebe o pote e se inclina, depois o abraça e fala:

—Tudo meu!

         Suga sai do quarto com Chaerin no colo e caminha pela sala, enquanto a menina brincava com a máscara dele. Lee-na ainda mostra seus CDs, DVDs e alguns livros aos cantores, que ficam animados. Jin fala:

—Precisamos ir para a empresa, né? Temos muito a fazer hoje!

         A mãe de Lee-na pergunta:

—Que horas você volta hoje, filha?

—Chego cedo, Ma!

         A mulher acena com a cabeça e volta para a cozinha. No trajeto, vê Suga mostrando algo a Chaerin pela janela e sorri. Os novos amigos de sua filha pareciam boas pessoas e pareciam realmente gostar dela. Era difícil ver Lee-na interagindo com gente da idade dela, ainda mais que ela não costumava levar ninguém em sua casa.

         O grupo saiu do quarto e seguiram para a sala. Lee-na se aproximou de Suga com a bebê nos braços e falou:

—Pode me dar a Chaerin...

         Ele sorri e faz um cafuné no rostinho dela:

—Vá com sua irmã, fofinha! Depois brincamos mais, tá?

         Os BTS riem ao vê-lo tão gentil e V exclama:

—Já imaginaram o Suga papai?

         Suga se volta para os amigos e fica vermelho como pimentão, enquanto Lee-na se afasta rápido com Chaerin nos braços na direção da cozinha. Retorna com a mãe, já segurando a filha no colo. Os BTS se inclinam, formalmente e Namjoon fala:

—Senhora, foi uma honra.

         Ela sorri:

—Vocês sempre serão bem-vindos. Venham qualquer dia fazer um lanche ou até almoçar conosco!

         Eles sorriem, agradecidos e seguem para a porta, enquanto Lee-na beija a mãe e a irmã:

—Fiquem bem! Quer que eu compre alguma coisa no mercado mais tarde?

—Pimenta e molho shoyo. O meu está quase no fim!

—Certo! Até mais, mamãe!

         Ela desce até o estacionamento aberto do conjunto habitacional e os BTS estão com seus olhos e bocas cobertos pelos óculos e máscaras por causa de alguns moradores que, curiosos, observavam o grupo.

         Rap Monster falou:

—Lee-na... Nossa presença aqui pode causar algum problema para você e sua mãe?

         Ela balança a cabeça:

—De forma alguma. O que acontece na minha casa não é da conta desse pessoal. Já falaram tantas coisas antes, quando meu pai foi trabalhar nos Estados Unidos que nós paramos de nos preocupar e não damos mais ouvidos.

         Eles concordam e pouco depois, estão a caminho da BigHit. Os rapazes estavam ansiosos para dar a notícia a Lee-na que haviam descoberto as verdadeiras donas do material e assim que entraram na empresa, foram direto à sala do PD nin.

         O manager Sejin ficou surpreso com toda aquela mobilização e entrou na sala logo atrás deles. Cumprimenta Lee-na, ela se inclina e ele diz:

—Certo! Estamos todos aqui. O que os meninos querem nos mostrar?

         Namjoon e Suga entregam os documentos levantados e PD nin lê o impresso da compra e depois o print das câmeras de segurança da Bookstore. Lee-na não entende o que estava acontecendo e olha Jin, que sorri para ela. Sejin recebe os papéis e analisa em silêncio. Ergue os olhos para a estagiária:

—Viu isso?

—Não, senhor.

         Ele entrega os documentos e ela cobre a boca com a mão, voltando seus olhos para os cantores ali parados. Volta a encarar Sejin e ele diz:

—Você sabia que era de uma delas quando encontrou na sala?

—Ainda não sabia... Só quando você chamou a todos os estagiários para questionar sobre o material... Eu vi o medo nos rostos delas.

—Porque assumiu o erro das duas?

—Eu não assumi.

         Os BTS ficam aborrecidos com a sabatina e Namjoon fala:

—Com todo respeito, senhor, mas a prova da inocência de Lee-na é clara!

         Os demais concordam, mas PD nin fala:

—O fato de não ser dela não quer dizer que não tenha responsabilidade no ocorrido.

         Os cantores se entreolham e é visível a irritação deles. Suga decide falar:

—Manager Sejin! Nós conseguimos descobrir o que aquelas estagiárias fizeram e a garota ainda é responsável?

         PD nin sorri:

—O manager me contou o que vocês iam fazer. Fico feliz que defendam a estagiária Kyun Lee-na.

O grupo encara o chefe e começam a rir. Jin coloca a mão no peito:

—Poxa, PD nin! Quer nos matar de susto?

—Deviam ver a cara de vocês!

         Lee-na está séria. Apesar de ser inocentada, ela olha as imagens de Eun Ja e Minh So e ergue o rosto:

—O que vai acontecer a elas?

         Sejin olha para PD nin e diz:

—Terão a punição administrativa. Vamos cancelar o contrato de estágio das duas e...

         Lee-na se levanta da cadeira e inclina totalmente o corpo na frente do CEO da BigHit. Aquele tipo de reverência significava total respeito e submissão a um chefe superior e todos ficam assustados com a atitude da estagiária. Ela treme e sua voz soa embargada:

—Não faça isso! Não por minha causa ou por essa ação imprudente! Tudo isso é devido à imaturidade delas e a proximidade com os ídolos que elas tanto admiram!

         PD nin segura o queixo, pensativo e Lee-na fala:

—Dê uma suspensão ou cobre delas alguma tarefa que mostre porque estão fazendo esse estágio, mas não faça algo que possa prejudicar o futuro profissional delas...

         Lágrimas molham o rosto da jovem e ela soluça. Sejin se aproxima e a segura pelos ombros, fazendo-a se sentar:

—Chega, Lee-na... Por favor, não faça isso.

         Ela enxuga o rosto:

—Desculpem-me!

         PD nin suspira:

—Certo. Vamos analisar o caso com calma, está bem? Não quero mais nenhuma estagiária chorando dentro dessa sala! Caiam fora daqui!

         Os BTS acompanham Lee-na até a sala do manager e aguardam. Jungkook trouxe um copo de água para a jovem e Jin ofereceu lenços de papel. Ela recebeu, agradecida e limpou o rosto. Sejin apareceu em seguida e trouxe um papel, entregando a ela:

—Sua suspensão foi cancelada. Não vai ter nenhuma ocorrência na sua avaliação final, ok?

         Os cantores aplaudem e ovacionam. Lee-na sorri, aliviada, mas o manager fala:

—Eun Ja e Minh So serão advertidas por documento e perderão alguns pontos na avaliação. Terão suspensão de um dia, mas manterão seus estágios.

         Lee-na sente que era o melhor a ser feito por elas e Sejin toca seu ombro:

—Bem-vinda de volta. E da próxima vez que tiver de tomar uma decisão drástica, pense um pouco em você, ok?

—Ok.

         Namjoon chama Sejin e se afastam para o corredor. V e JHope se aproximam da garota:

—Será que o manager vai te dar um dia de folga hoje?

         Ela ergue os ombros:

—Oficialmente estou de volta, mas não sei como vai ser a agenda de hoje!

         Jin olha as horas no celular:

—Daqui a pouco vai ser hora do almoço. Podíamos comer fora!

         Todos concordam e Jimin se volta para Lee-na:

—Quer vir conosco?

         Ela sorri:

—Vou esperar um pouco e ver como será minha tarde, mas obrigada pelo convite. Além do que, estou sem fome agora.

         Eles se despedem e seguem para o salão de treino. Conversaram sobre uma porção de coisas e Suga está de pé, perto da porta, mexendo no celular, quando o estagiário Myung Seo apareceu e cumprimentou o grupo. Ele acena para Suga e diz:

—Eh... Suga? Tem um momento?

—Quer falar em outro lugar?

—Gostaria de te mostrar uma coisa... Uma ideia.

         Suga o segue e entram no elevador. O estagiário estava nervoso, mas o BTS nada comentou. Seguiram para o escritório de mídia e publicidade e o estagiário sentou-se à mesa de trabalho, acessando um arquivo no computador. Suga se senta ao lado dele e espera.

         Myung Seo estava ansioso:

— O manager falou que pretende fazer uma apresentação interna na BigHit com uma de suas músicas da mixtape...

         Suga confirma:

—Sim! Convidei o Jimin para participar do vocal.

—Certo! Oh! Legal! Eu sei que tem uma equipe de montagem que cuida de tudo pra vocês, mas queria te mostrar uma ideia para o telão do auditório. Eu... Tomei a liberdade de sincronizar algumas cenas com a música e... Bom... Só mostrando mesmo!

         Suga se aproxima e coloca os fones de ouvido. Myung liga o player e espera. Suga está concentrado nas cenas da apresentação e pouco depois, ao final, tira os fones e encara o estagiário:

—Bem...

         O rapaz fica tímido e sorri, sem jeito:

—Foi... Só uma ideia! Eu sei que você é quem aprova cada detalhe e... Ah.

         Suga sorri e diz:

—Vou pedir pro pessoal te procurar...

         Myung Seo se inclina e Suga faz um sinal com o polegar e sai dali para o elevador. De repente ele se recorda do pôster do filme Scarface na casa de Lee-na e franze o cenho. Era muita coincidência duas situações envolvendo a referência para sua música “Tony Montana” e Suga fechou os olhos, respirando fundo:

—Não...

         De volta ao salão onde os amigos estavam reunidos, viu que Namjoon estava entre eles. JHope, Jimin e Jungkook dançavam, V lia algo no celular e Jin conversava com Rap Monster, que fala:

—O manager está furioso conosco por não termos avisado que buscamos Lee-na naquela rua ontem à noite. Ele ficou feliz por tudo ter dado certo...

         Jin suspira:

—Perceberam que os eventos ao redor da Lee-na são um tanto... Intensos?

         V ergue os olhos do celular:

—Lee-na, sua mãe e irmãzinha estão sozinhas sem o pai... Acho que entendo o porquê dela agir assim. Se fosse um garoto, tudo seria mais fácil.

         Surpresos, eles concordam com o rapaz e decidem terminar os ensaios para irem almoçar. Lee-na surge no corredor e os chama:

—Oh, rapazes?

         Eles se voltam. Ela tinha o tablet nas mãos:

—Lembram-se da sessão de fotos da revista? É hoje à tarde.

         Eles exclamam ao mesmo tempo:

—Ih!

         Ela sorri:

—Estava agendado desde a semana passada. Já liguei acertando tudo! Voltem cedo do almoço, ok?

         Jin fala desanimado:

—A estagiária Kyun Lee-na voltou...

JHope se volta para Jimin:

—Eu gostava mais da estagiária Lee-na suspensa.

         Ela balança a cabeça:

—Ora! Vai ser divertido!

         Eles a encaram e Jimin fala:

—Divertido? Divertido?

         Ele caminha na direção dela, ameaçador e Tae o segura pelo pescoço:

—Não, Jimin! Não!

         Lee-na começa a rir quando JHope e Jungkook seguram Jimin pelos braços:

—Fuja, Lee-na! Não sabemos por quanto tempo podemos segurar a fera!

         Ela balança a cabeça e se aproxima de Jimin. Beija a ponta do dedo indicador e encosta no rosto do BTS agitado. Todos ficam estáticos e Jimin amolece o corpo, fazendo cara de abobado. Ela acena e segue de volta à sala do manager, tranquilamente. V olha Jimin e este sorri:

—Vai ser divertido, não vai?

         Eles caem na gargalhada e seguem para o elevador. Suga, que seguia em silêncio, decide não sair para almoçar:

—Ei, caras! Preciso resolver uma coisa no estúdio. Vejo vocês mais tarde!

         Todos acenam e o elevador se fecha. Suga volta pelo corredor e pára na porta do manager Sejin. Lee-na terminava de atender ao telefone e viu o BTS. Desligou o aparelho e falou:

—Posso te ajudar?

         Ele percebeu que ela não tinha mais receio de olhá-lo nos olhos ou se dirigir a ele como fazia com os demais e isso era bom, mas aquela proximidade era perigosa para todos. De repente, Lee-na pertencia à rotina deles dentro e fora da empresa e eles sentiam falta dela. Ao mesmo tempo em que isso facilitava o trabalho de todos, eram arrastados para uma armadilha emocional. Isso ficou evidente na noite anterior, quando resgataram a estagiária da rua escura. Cada um dos rapazes queria encontrar os agressores e fazê-los pagar pelo que tinham feito a ela.

         Lee-na olhou o BTS ali parado e percebeu que ele tinha o rosto tenso. Ela perguntou:

—Quer ir a algum lugar?

         Ele sai dali e ela o acompanha até o estúdio. Suga abre a porta, deixando-a entrar primeiro, em seguida entra, convidando a moça a se sentar. Em sua cadeira de trabalho, ele se acomoda e faz um som chiado com a boca, algo que ela acostumou-se a ouvi-lo fazer sempre que ia falar com seus amigos:

—Eu... Quero me desculpar. Fui grosseiro com você em vários momentos, apesar de não ter motivos para tal comportamento... Mas estou preocupado com meus amigos. Eles... Nós vivemos juntos há muito tempo, conhecemos tudo uns dos outros e atualmente, algo está acontecendo com o grupo... Por sua causa.

         Ela fica surpresa e Suga continua:

—Eu não sei no que o manager estava pensando quando decidiu colocar você responsável pela nossa agenda... Talvez ele quisesse nos dar uma experiência fora do âmbito de fãs do BTS. Ficamos adultos na BigHit, somos maiores de idade, com ideias próprias e quando tudo isso acabar, ainda seremos os melhores amigos uns dos outros...

         Lee-na olha Suga e percebe que ele estava aflito. Ela fala com voz calma:

—O que quer que eu faça?

         Ele olhava as mãos e ergue o rosto, encarando a moça:

—Volte a ser a estagiária Kyun Lee-na...

         Ela abre a boca para dizer algo, mas desiste. Entendeu exatamente o que ele queria dizer. Ela olhou para o chão, respirou fundo e levantou-se do sofá. Abriu a porta e saiu dali para sua sala. Suga fechou os olhos, apertou os lábios e xingou baixo. Novamente ele foi desagradável com ela e isso já o aborrecia mais que antes.

 

Continua... 

 


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Notas finais do capítulo

Este capítulo teve mais ação. Desculpem por eu ter usado algumas palavras ofensivas, mas fazem parte do contexto. Pensei muito quando escrevi a cena em que a estagiária sofre a terrível violência. Não é uma cena fácil de ser descrita e queria entender o peso dela na trama. Queria mostrar a fragilidade e força da personagem, e também o quanto os garotos do BTS poderiam ser um apoio para ela, que começou como uma figura solitária. A opinião de vocês para esse episódio seria muito importante pra mim.
Boa leitura.

Abraços



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