A Agenda escrita por Daniela Lopes


Capítulo 7
Capítulo 7- O Dia de Namjoon


Notas iniciais do capítulo

O conflito entre Lee-na e Suga se intensifica. Desconfiado, o rapper não acredita que a estagiária seja tão confiável quanto parece.

** obs. O show em Tóquio dia 14/08/2016 nunca foi cancelado. Tomei a Liberdade de usar o dia para dar sequência à trama e não perder o roteiro.



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O sábado do grupo foi animado com uma sessão rápida de fotos na empresa, uma videoconferência com os produtores do show no Japão e a visita da cantora Suran ao BTS Suga. Ela havia sido convidada por ele para revisar os ajustes da música onde a mesma cantava na tão esperada mixtape do rapper. Ela permaneceu na BigHit até as 10 horas e depois despediu-se do grupo, indo embora em seu próprio carro.

Antes da 12 horas, os BTS estavam no aeroporto a caminho de Tóquio, onde fariam o show no YoYogi National Gymnasium por volta das 19 horas. Foi um evento memorável, porém o show do dia seguinte foi cancelado** devido à ameaça de tempestades fortes de verão na cidade, conhecidas como “Baiu zensen”, forçando o BTS a retornar para Seul antes do previsto e com uma nova agenda para atender aos fãs que tinham ingresso para aquela data.

         Suga estava deitado no chão da sala com a luz do sol, que vinha da janela, incidindo sobre ele. Dormia profundamente e acabou por ter um estranho sonho onde andava pelos corredores escuros da BigHit. A única fonte de luz vinha do elevador e dentro dele, Lee-na estava parada, encarando-o. O BTS seguia devagar, percebendo que estava descalço e sem camisa.

         Então ele viu Lee-na desabotoar a camisa, sem desviar o olhar dele. Constrangido, ele virou-se, mas algo fê-lo voltar o rosto na direção da jovem e do interior da blusa aberta dela, dezenas de braços longos e finos emergiram na direção do rapaz.

         Aterrorizado, ele recuou e correu pela escuridão, ouvindo os sons das mãos e unhas arranhando as paredes dos corredores. Suga acordou num supetão e exclamou:

—AAARGHHH! Que Pôrra de pesadelo foi esse?

         Os amigos se voltaram para ele e riram. Jungkook tirou os olhos do videogame e falou:

—Eh, Suga hyung! Eu avisei pra não comer daquela lasanha congelada do Jin!

         Suga encarou o maknae com uma expressão pouco amistosa e se levantou do chão. Foi ao banheiro e lavou o rosto, mirando-se no espelho e murmurando para si:

—Que merda foi aquela?

         Saiu dali para o quarto, trocou de roupas e voltou para a sala:

—Vou dar uma volta por aí. Vou levar o carro...

         Ninguém fez qualquer comentário e Suga deixa o apartamento. Namjoon olha Jin e acena com a cabeça. Ambos saem da sala e seguem para a pequena varanda da área de serviço. Jin olha a cidade ao longe e fala:

—Desde a chegada de Lee-na que Suga tem agido muito estranho, percebeu?

—Acho que nosso amigo está em conflito...

—Conflito?

—Sim... Já viu quando um garoto começa a se interessar por uma garota... Ele passa a hostilizá-la porque não entende bem o que sente e por ela mexer com ele... Quanto mais jovem, mais arredio ele fica.

Jin ri:

—Isso é na escola fundamental, não?

—Dadas as experiências pessoais de cada um aqui, acho que não estamos muito longe disso!

—Que sacanagem, cara! Então acha que o Suga...

—Ou isso, ou o jeito de Lee-na realmente o deixa bolado. Ela é um tanto sistemática, direta e...

         Jin exclama:

—Parecida com ele? Oh! Talvez ele veja um pouco de si mesmo na garota e não goste de pensar a respeito.

         Namjoon balança a cabeça:

—Oh, cara! Eu não quero pensar no “Dia do Suga”!

         Eles voltam para a sala e Jungkook sorri:

—Foram conversar sobre o Suga, não é?

—Estávamos falando sobre o Dia do Suga.

         Todos se voltam para os dois e V ri:

—Vai ter?

         JHope ri:

—Oh! Vai ser um evento!

         Jimin, que lia uma revista, diz:

—Eles vão se matar...

         Todos caem na risada, mas Namjoon fala:

—A coisa pode ficar feia, vamos ter que ajudar nisso!

         Jin ergue uma sobrancelha:

—Hum? Vamos dar uma de cupido?

         Os outros fecham a cara:

—Que cupido que nada!

—Cupido não!

         Namjoon ri do aparente ciúme dos rapazes e exclama:

—Ah, céus! Estamos perdidos!

         Suga dirigia pelas ruas quase vazias do centro àquela hora do dia e decide ir até o viaduto do Rio Oksu. De lá era possível ver toda a extensão da cidade ao longe e ele seguiu um pouco mais à frente. De repente, lembrou-se que Jungkook mencionara a região onde a estagiária Kyun Lee-na morava. Balançou a cabeça, xingando-se internamente, mas continuou dirigindo e parou num quarteirão qualquer do bairro residencial. Era um labirinto de ruas e prédios divididos em blocos e quadras organizadas, arborizado e aparentemente tranquilo.

Havia uma pequena mercearia, milagrosamente aberta num domingo à tarde, e Suga entrou nela para comprar água. Seguiu de volta ao carro e tomou um gole da garrafa.  Nisso, virou-se e viu uma jovem andando de bicicleta com uma criança na garupa, numa cadeirinha adaptada para bebês.

         Suga cuspiu a água num jato e molhou a blusa. A moça pedalava pela rua, subindo devagar, enquanto falava alegremente com a pequena que batia palmas. O BTS reconheceu Lee-na, de short jeans, camiseta preta e os cabelos longos presos num rabo de cavalo. Voltou para o carro, furioso consigo mesmo por ter dirigido até ali:

—Babaca! O que deu em você pra vir até aqui? No que estava pensando e...

         Socou o volante e encostou a testa nele. Respirou fundo e tomou a mesma direção pra onde a estagiária havia seguido. Pouco depois, encontrou um parque aberto, onde algumas pessoas se divertiam com seus filhos. Ali, Lee-na brincava na areia com a irmã caçula e ajudava a menininha a construir casinhas, que na verdade pareciam apenas amontoados de areia.

         A estagiária limpava as roupas e cabelos da bebê toda vez que essa jogava areia para cima. Vez ou outra tirava uma mamadeira de água da bolsa e colocava na boca de criança, que batia palminhas enquanto bebia. Suga via, do carro, toda a cena e por um tempo ficou sem saber se descia ou ia embora.

         Lee-na estava guardando a mamadeira na bolsa a tiracolo quando teve uma estranha sensação e levantou a cabeça. Ela virou-se e Suga viu que ela sentiu ser observada. Ele desceu do veículo e trancou-o com o controle. De boné, óculos escuros e máscara, seguiu até o parquinho e a estagiária levantou-se, trazendo a irmã no colo. Ela esperou que ele se aproximasse e olhou ao redor, procurando os outros BTS. Quando percebeu que ele estava sozinho, franziu o cenho e esperou.

Suga olhou mais uma vez ao redor e tirou a máscara e os óculos. A bebê bateu palminhas e ergueu os bracinhos na direção do rapaz. Lee-na afagou o ombro dela, carinhosamente:

—Oh, meu bem, não! Não é o Jungkook!

         Suga sorriu para a menininha e Lee-na encarou-o séria:

—Certo... Min Yoongi, não é? Se deu ao trabalho de vir até aqui em pleno domingo, então estou ouvindo...

         Ele sorriu no canto da boca:

— O “Dia do Suga” não vai rolar...

         Ela ergueu uma sobrancelha e ele conclui:

—Não posso discutir as escolhas do manager Sejin ou do PD nin, mas posso decidir o que quero ou não fazer.

         Ela suspira:

—Certo... Ouça. Eu não escolhi trabalhar com seu grupo. Ainda não sei realmente o que estou fazendo pra ajudar o manager ou a empresa BigHit, mas fui incumbida da agenda de vocês e vou fazer isso. No começo fiquei um tanto apreensiva, mas agora isso não me incomoda.

—O que faz não é nem a ponta do iceberg, garota.

—Obrigada por me lembrar disso, mas eu sei as minhas responsabilidades!

Ele a encara e ri:

—Sério? Vai continuar com esse circo?

—Circo? Oh! Eu...

         Ela baixa o olhar, o rosto vermelho e o corpo trêmulo. Suga se vira devagar, se afastando dela, quando ouve:

—Qual é o seu problema comigo?

         Ele dá de ombros:

—Não curto gente estranha se metendo com meus amigos. Ao contrário de mim, eles podem ser considerados até ingênuos para algumas coisas. Acho que entendeu o que quero dizer...

         Lee-na fica em silêncio. Os olhos fixos nele e o rosto violentamente corado. Ele volta a esconder o rosto e os olhos e entra no carro, enquanto a estagiária abraça a irmã e segue com ela para o banco de areia. Dali em diante não conseguiu mais brincar como antes. Ela não olhou quando o carro se afastou e rumou para o centro. Quando voltou para casa ao fim da tarde, aproveitou-se do momento em que dava banho em Chaerin e chorou em silêncio.

Suga voltou ao apartamento levando refrigerantes, salgados, doces e sucos. Os amigos jogavam baralho e JHope estava ganhando, arrancando exclamações de revolta de Jin e V. Eles encararam o rapper com as sacolas e festejaram:

—Estamos salvos!

Jin apanhou copos na cozinha e todos se serviram do lanche, sentados no chão da sala. Namjoon falou:

—E aí? Foi muito longe?

—O suficiente.

—Parece satisfeito com alguma coisa.

—Normal.

         Comeram e conversaram sobre vários assuntos, incluindo a sessão de fotos que aconteceria na semana seguinte e Jungkook comentou:

—Oh, Rap Monster! Amanhã é o seu dia, não?

         O rapaz balança a cabeça:

—Eh! Espero poder ajudar a Lee-na a cumprir o cronograma.

         Os amigos concordam e continuam o jogo. Jimin faz sua jogada e diz:

—Eu não consegui cumprir meu cronograma!

         V rebate:

—Sem chance! Teve a Lee-na cuidando de você como uma enfermeira particular! Com direito à refeição caseira!

         JHope ri:

—Podemos arranjar um machucado pra você, Taehyung! Então pedimos a Lee-na pra vir aqui!

         O grupo começa a empurrar e socar V, que pede socorro a Suga. Este ri e fala:

—Você pediu por isso.

         Passada a farra, os BTS terminam o jogo com vitória avassaladora de JHope. Haviam apostado algumas guloseimas e ele ficou com tudo, mas dividiu entre os amigos generosamente.

         Suga foi para o quarto que dividia com JHope e deitou-se na cama. A imagem da estagiária veio-lhe à mente e ele respirou fundo, irritado. Sabia que não tinha de ir lá e que o acaso fez com que se encontrassem fora da BigHit.  Sabia também que suas palavras haviam afetado a garota e, dentro de si, questionou se havia usado o tom certo com ela.

         Fechou os olhos e virou-se na cama. Se acreditava que ela era uma pessoa dissimulada e tinha intenções obscuras em relação aos seus amigos, porque se sentia estranho após ter falado “suas verdades” à estagiária?

         Longe dali, Lee-na colocava a irmã na cama, cantando para que ela dormisse. Sua mãe costurava no quarto e esperou a filha terminar para chamá-la. A jovem aproximou-se e sentou ao lado da mãe na cama:

—Ela dorme agora. Parece bem melhor... Brincamos muito hoje à tarde.

         A mulher toca o rosto da filha com carinho:

—Sei quando algo te aborrece...

—Não é nada, mãe! Não há...

—Seus olhos mudam... O brilho neles.

         Lee-na abaixa a cabeça e a mãe afaga seu ombro:

—Não esconda problemas de mim por crer que não posso te ajudar. Seu pai está longe, lutando por nós e eu estou aqui, lutando como ele. Somos família, querida... Isso é que mais importa.

         Lee-na sorri, mas seu semblante parece cansado:

—O estágio... Não é bem o que eu esperava. Existem eventos que não consigo avaliar... Não sei se posso continuar.

—Algo a ver com o rapaz que veio aqui?

—Jungkook? Oh, não! Ele é um doce de pessoa... Mas um amigo dele não crê que eu possa ser uma boa influência para o grupo deles.

         A mulher abraça a filha:

—Vai deixar se abater por uma pessoa só? Se todos os outros não pensarem como ele, você não deve considerar a opinião negativa!

A jovem balança a cabeça:

—Eh... Mas essa pessoa tem muita influência sobre os outros.

—Hum, entendi. Bom. Acho que você deve ignorá-lo. Não estamos no mundo para agradar a todos e nem mudar a mente de pessoas que acham saber tudo da vida.

         Lee-na sorri:

—Valeu, mãe!

         A mulher beija a testa da filha:

—Conheço seu empenho e competência em tudo que faz. Vai passar por esse estágio com pontuação máxima!

         Lee-na sai dali para seu próprio quarto e se deita. As palavras da mãe a confortaram um pouco, mas porque ainda se sentia tão mal com  a opinião do BTS Suga? Isso não devia mexer tanto com ela. Sabia da própria capacidade, então o que ele achava não deveria importar.

2ª feira-15/08

         Era o Dia de Namjoon e Lee-na havia acordado bem cedo para não se atrasar. Ele era o líder do grupo e o trainee mais antigo do BTS, respeitado e admirado pelos amigos, ela sabia que seria uma experiência diferente. Respirou fundo ao por os pés no saguão da recepção e entrou no elevador. Não pensou como se comportaria ao ver Suga de novo e decidiu não comentar o estranho encontro no dia anterior.

         Ela foi até a copa e tomou um copo de leite. Seguiu para sua sala e esperou. Eun-Ja e Minh So chegaram depois e passaram pela sala dela, acenando e sorrindo, algo que ela retribuiu. O manager Sejin apareceu pouco depois e cumprimentou-a:

—Bom dia, Lee-na! O contrato chegou! Quero que leve ao setor de Processos e peça para protocolarem. Enviaremos o mais rápido possível!

—Sim, senhor!

         Com o contrato nas mãos, ela sai dali em direção à parte contábil da empresa. Ao invés de tomar o elevador, seguiu pelas escadas e dois lances depois, ela vai até o escritório. O estagiário Kim Dan trabalhava lá e sorriu ao recebê-la:

—Lee-na! Decidiu subir um pouco mais de posição?

         Ela faz uma careta:

—Contrato urgente! Uma sessão de fotos para a semana e os dados estão no canhoto anexo. É pra ontem!

—Considere entregue! Como está tudo?

—Vai bem... Daqui a pouco vou sair com o líder do grupo.

—Oh! Que trabalho, hein?

—Não se anime tanto. Não é tão fácil ou divertido quanto parece.

—O pessoal comentou... Você quase foi linchada por fãs enlouquecidas!

—Não foi bem assim, mas foi assustador!

—É o último?

—Ainda não. Há o outro integrante... Suga.

—Como é mesmo o nome dele?

—Min Yoongi.

—Isso! Ouvi dizer que ele é genial, mas tem um temperamento difícil...

—Bem, isso é problema dele. Vou voltar ao trabalho, agora. Tchau!

         Kim Dan acena e ela sai dali de volta às escadas. Ao chegar ao seu andar, ela ouviu a voz do manager Sejin no corredor perto da escada de incêndio. Ela fica quieta e o escuta falar, com tom de voz preocupado:

—Como assim tirando fotografias? Alguém viu quem era a pessoa? No aeroporto? Não... Não faça nada ainda. Não quero uma propaganda desse tipo de coisa. Não precisamos deixar os garotos apreensivos ou assustados. Me mantenha informado, ok?

         Lee-na espera o manager sair dali e abre a porta de incêndio, voltando para a sua sala. Preocupada com aquela conversa, ela esperou por Namjoon, mas quem apareceu na porta foi Jin:

—Oi!

         Ela sorri:

—Oi! Bom dia.

—Vem comigo.

         Lee-na se levanta e segue o BTS até a copa. Os outros garotos estão ao redor da mesa e nela bolos, biscoitos, frutas e outras guloseimas matinais arrumadas sobre uma toalha xadrez. Jimin sorri:

—Queremos que aceite como agradecimento. Tem sido muito legal conosco e...

         Assustada, ela ergueu os olhos para o grupo:

—Oh! Eu... Eu não posso aceitar! Vocês não precisam fazer nada disso pra mim! Por favor, não façam isso!

         Jin percebe que ela estava aborrecida:

—Oh, Lee-na! Não era nossa intenção...

         Ela cobre a boca com a mão:

—É muito gentil o que estão fazendo, mas é melhor não... Ah! Namjoon? Podemos ir?

         Ela sai dali e espera na sala do manager. Sente o rosto quente e bebe alguns goles de água para refrescar a garganta, apertada para chorar. Na copa, os BTS se entreolham e nisso, Suga entra e bate palmas:

—Eba! Café da manhã!

         Ele pega um pedaço de bolo e dá uma generosa mordida. Jungkook o encara, furioso e ele olha ao redor:

—Hum? Que foi?

         Um a um, os BTS deixam a copa e Suga apanha uma caneca de café. Olha a mesa e suspira:

—Eh, pessoal...

         Namjoon foi à sala do manager e viu Lee-na:

—Estou pronto.

         Ela se levanta e entrega o cronograma. Ele lê as fichas e fala:

—É isso, então?

—Sim.

—Certo. Vamos lá!

         No carro, Lee-na olha as mãos e o BTS sabe que ela estava escolhendo as palavras para conversar com ele. O líder BTS se adianta:

—Eu acho que entendi sua recusa...

         Ela ergueu o olhar para ele, que sorriu condescendente:

—Não deve ser nada fácil executar suas tarefas e, ao mesmo tempo, ter de lidar com as particularidades de cada um. Os meninos tiveram a ideia do café por causa de como agiu com eles...

         Ela suspirou e balançou a cabeça:

—Eu... Fui grosseira. Mas não esperava... Oh, desculpe! Eu lamento ter agido daquela forma!

—Nós estamos acostumados com todo tipo de mimo das nossas fãs... Elas nos amam, amam o BTS, mas é difícil separar o ídolo da pessoa que cada um é na vida real. Você não sabe nada sobre nós, não é?

—Nada que tenha sido publicado.

—Então está em vantagem com relação à maioria das pessoas. Todos acham que sabem tudo de nós, mas nossa rotina particular não vai a público como todo mundo gostaria.

—Por isso o assédio é tão grande...

—É...

         Namjoon respira fundo. Ela sabia que aquela conversa era importante para ele e decidiu ser o mais honesta possível:

—Namjoon... Quando eu disse que não sou uma fã, não quer dizer que não respeito o trabalho que fazem e depois do que aconteceu com Jimin, JHope e Jin, entendo o quanto deve ser difícil...

         Ele sorri:

—Sou grato por sua sinceridade. Talvez o fato de não ser uma fã nos dê a oportunidade de mostrar um outro lado nosso.

         Ela ergue uma sobrancelha:

—Eh?

         Ele baixa o olhar, quase tímido:

—Nós temos pouco contato com... Garotas de verdade. Por trás das personalidades do BTS, somos rapazes como qualquer outro. Temos nossas manias, nossos medos, defeitos, desejos e qualidades. Me desculpe por dizer essas coisas tão abertamente pra você e me diga se estou sendo indiscreto ou cruzando alguma fronteira que...

         Lee-na se recosta na poltrona do veículo e olha para a janela:

—Não se preocupe... Acho que já cruzei algumas fronteiras depois que comecei esse estágio...

         Ele a olha sem compreender muito bem o que ela quis dizer e a primeira parada do cronograma foi o conhecido Spa, onde Lee-na tornou-se uma figura popular entre as atendentes, conversando com elas sobre uma porção de assuntos, principalmente sobre estética e cosméticos. Ao sair de lá com Namjoon, ela recebeu de presente uma bolsa com kits de rotina de beleza e ficou envergonhada pelo mimo. O BTS riu e falou que agora ela era tão famosa quanto eles no Spa, algo que ela negou, sem muita convicção.

         A segunda ficha levou-os a um centro comercial e cultural antigo de Seul, o Ant village, onde havia grafites e esculturas de artistas desconhecidos espalhados pelas esquinas e frente às lojas. O local preferido de Namjoon era um sebo de livros velhos e raros, onde ele podia esquecer o mundo enquanto lia algum autor preferido. Contou para Lee-na que não tinha coragem de convidar os amigos para lugares como aquele, pois provavelmente eles não iriam e ainda brigariam com ele.        Ela riu e falou:

—Já tentou antes? Gostei muito desse lugar! Não conhecia as obras de arte ao ar livre e os desenhos nos muros. Acho que eles iam curtir um programa diferente...

—Acha que devo tentar?

—Acho.

—É... Pode ser.

         Compraram livros, revistas antigas, falaram de escritores coreanos e internacionais. Lee-na falou que não gostava muito de poesia, mas sabia que esse tipo de literatura abria a mente para a metalinguagem. Ela curtia suspense, ficção e Namjoon ficou contente por expor suas ideias sobre um roteiro de livro que lia sempre. Num certo momento, a estagiária falou do clipe de Blood, Sweat and tears:

—Esse vídeo foi baseado num livro de Herman Hesse, não é?

—Boa parte dele sim... É Demian.

—Eu li essa obra ainda na faculdade. O personagem principal pra mim é Demian... Ele é um anjo caído, não? Ele é a serpente ou algo do tipo...

         Namjoon a encara e sorri:

—Oh! Você também pensa que ele seduz Sinclair e o conduz à iluminação, mas ao mesmo tempo a perda da inocência?

         Ela sorri:

—Sim. Acho que iluminação é isso. Perde-se algo para ganhar algo em troca... Como Odin e seu olho.

         Namjoon suspira:

—Oh, céus! Você...

         Ela percebe que ele estava empolgado e iam longe com aquela conversa:

—Bom. De volta ao cronograma, não é?

         Ele pestanejou e coçou a nuca:

—Oh! Sim! Eh... Está com fome?

         Ela consulta o celular:

—Onze horas. Podemos almoçar mais cedo, então.

         Saem dali para um pequeno restaurante nas imediações e comeram trouxinhas de massa cozida no vapor recheadas de carne de porco e legumes, chá verde com gengibre e sorvete de arroz. Enquanto comiam, ela olhava distraída para a rua pela janela. Namjoon perguntou:

—Sua irmã... Está melhor?

—Sim. Ela não teve mais febre desde o médico e está comendo direitinho. Espero que permaneça assim, ela é tão... Frágil!

—Mas tem você pra ajudar a cuidar dela. Garotinha de sorte!

         Lee-na sorri um pouco:

—Você e seus amigos... Tem irmãos?

—Todos têm irmãos e irmãs. E a falta deles no dia a dia é terrível, por isso trabalhamos duro para compensar a distância e cuidamos que eles tenham tudo de que precisam.

         Ela concorda:

—Entendo... Mas com certeza vocês são o bem mais precioso para eles...

         Namjoon sorri e termina seu almoço. Ele volta a olhar pra ela:

—Você... Está chateada com o Suga?

         Ela se volta, surpresa com a pergunta e ele diz:

— Eu percebi que vocês mantêm certa distância um do outro.

         A estagiária mexe no celular, tentando parecer natural:

—Não dá pra agradar todo mundo, não é? Vamos embora?

         Eles saem para o local onde o carro estava estacionado. O motorista mexia no celular e sorriu para ambos. Lee-na entregou a ele uma marmitinha que encomendara no restaurante:

—Pode almoçar. Ainda temos tempo.

         Namjoon apanha o celular e liga para os colegas. Falou do bairro onde estavam e das lojas diferentes. Comentou que Lee-na havia gostado muito dali e sugeriu que Rap Monster os levasse lá qualquer dia. Os BTS concordaram e riram da empolgação do líder, mas ele desconversou e despediu-se. Lee-na aproximou-se:

—Podemos ir.

         Voltaram para o carro e rumaram para o centro. No caminho, ele pede para ver os livros comprados por ela e percebeu que alguns eram em inglês. Ele fala:

—Você lê em inglês?

—Yes. Read and speak the language, fluently!

         Ele ri:

—Oh, my! It´s wonder! Let’s talk a little?

—Of course! what are we going to talk about?

—Music? Movies? Anything!

         Eles riem e seguem conversando no idioma sobre bandas estrangeiras e o próximo endereço é um estúdio de música de um amigo rapper do BTS. Eles entram e Namjoon abraça o proprietário:

—Oh, cara! Quanto tempo!

—Que bons ventos trazem Rap Monster?

—Ver como está, o que anda produzindo!

—Um bocado de material! Eu curti muito sua mixtape e não vejo a hora do Suga mandar ver!

         Eles riem e Namjoon fala:

—Pega leve... Temos uma dama presente.

O rapper se inclina na direção de Lee-na:

—Senhorita...

         Ela se inclina, educadamente:

—Olá. Nunca estive num estúdio como esse. É fantástico!

         Posando de galanteador, ele segura a mão de Lee-na e deposita um beijo suave no dorso:

—Bang Ji Won, às suas ordens...

         Namjoon puxa a estagiária pelos ombros, afastando-a do amigo:

—Cuidado com esse Don Juan de meia tigela!

         Ela sorri e são convidados a ver uma produção em andamento. Um trio de rappers gravava uma canção cheia de energia e letras duras. O produtor Ji Won pede uma pausa ao grupo e apresenta os três:

—Acabaram de chegar de Busan. Eles têm muito material bom a oferecer! São o Hanpae’s  Rhythm! (Algo como fellows of the rhythm)

         Namjoon acena para eles e os rapazes reconhecem Rap Monster, saem do estúdio e cumprimentam o BTS com apertos de mão complicados. Lee-na achava tudo aquilo bem peculiar e escuta aquela conversa complicada, com gírias locais e outros verbetes desconhecidos para ela.

         Algum tempo depois, eles deixam o local após de despedirem do rapper Bang. Seguem para o carro estacionado e o motorista recebe o próximo endereço. A estagiária está calada e Namjoon percebe nela algo mais do que cansaço, mas permanece quieto. Em algum ponto do caminho, ele fala:

—Ah... Lee-na?

         Ela se volta para ele:

—sim?

—Quer ir a algum lugar?

—Hein?

—Quero mudar o cronograma... Quero que escolha o último endereço aonde vamos.

—Não, obrigada. Podemos...

—Um lugar que goste de verdade. Que seja especial...

         Ela olha para a rua e pensa por um momento. Então escreve algo na ficha do cronograma e entrega ao motorista. Ele acena com a cabeça e segue rumo à via expressa, pela rodovia que deixava a cidade. No caminho havia um acostamento e um mirante próximo. Era um local deserto, árido e o vento ali era forte e frio. O motorista parou a alguns metros do local e Lee-na saiu do carro, seguida de Namjoon. Caminharam pelo acostamento e a estagiária subiu num pequeno barranco, cheio de pedras e vegetação rasteira.

         À frente, na beira de um penhasco, o mirante de metal e madeira permitia acesso ao horizonte, onde a cidade era apenas um borrão cinza contra o céu que recebia as primeiras cores do entardecer. Estava esfriando e o vento fustigava os cabelos da jovem que olhava, absorta, a paisagem ao longe.        

         Namjoon olhou ao redor e ergueu os braços, espreguiçando-se. Apoiou-se no mirante e olhou para baixo:

—OoooH! É alto mesmo!

         Ela sorriu de leve:

—Um salto para a eternidade...

         Ele se volta para ela, que diz:

—Muitas pessoas vieram aqui para decidirem o que fazer com suas vidas. Boa parte delas encontrou o que procurava...

         Namjoon encarou-a e ela olhou de volta. Ele percebeu o que ela queria dizer e olhou de novo para o precipício abaixo deles que se estendia a perder de vista.

         Lee-na balançou a cabeça:

—Meu pai me trouxe aqui várias vezes e falou que uma pessoa precisa ver o abismo para descobrir se consegue lutar contra a força atrativa dele. Poucos conseguem evitar a sedução do esquecimento...

         Rap Monster respira profundamente o ar da tarde e diz:

—Eu entendo o que ele quis dizer...

         Lee-na fecha os olhos e silencia. O som do vento ao redor deles era calmo e hipnótico. O líder BTS olha para a jovem e sente vontade de abraçá-la, dizer que está tudo bem, mas ele sabe que isso não seria adequado. Sua fantasia durou um segundo quando ela falou:

—Hora de voltarmos.

         Entraram no carro pouco depois e ele sorriu um pouco:

—Foi incrível! Eu... Vou escrever algo sobre o que disse lá no mirante. Palavras como aquelas não podem cair no esquecimento. Seu pai é um homem sábio!

         Ela sorri e fecha os olhos, recostando a cabeça no banco do carro, pouco depois cochilava e Namjoon decidiu imitá-la. O motorista sorriu ao vê-los e pouco antes de entrarem no estacionamento. Eles riram quando Namjoon comentou:

—Não sei se percebeu, mas os BTS dormem em qualquer lugar que recostam... Parecemos velhinhos!

         Entraram no prédio e subiram de elevador. Namjoon queria dizer alguma coisa, mas percebeu que Lee-na voltara ao “modo estagiário” e decidiu permanecer calado. Ela despediu-se e seguiu para a sala do manager, enquanto ele seguiu para o seu estúdio pessoal, deixando lá os livros comprados. Pouco depois, foi ao encontro dos amigos no salão de prática de dança.

         Eles saudaram o líder BTS e ele aproximou-se de Taehyung e agarrou-o pelo pescoço:

—Seu egoísta! Porque não me contou de cara que ela fala inglês fluentemente? Por pouco não descubro!

         Suga estava sentado no chão, repassando algumas letras de um rap que escrevera naquela tarde e ergueu o rosto na direção de Namjoon. Ele percebeu o rosto do líder diferente, como se tivesse descoberto algo fora do comum. Levantou-se e saiu dali para seu estúdio, mas parou a meio caminho, escutando Rap Monster narrar seu dia com a estagiária. O BTS falou do Ant village e depois mencionou o mirante. Todos riram quando V falou:

—Do jeito que ela falou... Não ficou com medo de vê-la pular lá embaixo?

—Por um momento fiquei assustado, mas ela falou uma coisa tão foda que eu... Decidi escrever algo a respeito!

         Ele repete a frase dita por Lee-na e todos exclamam:

—Ohh! Isso foi profundo, cara!

—Assustador!

         Então o grupo grita ao mesmo tempo:

—DAEBAK!

         E caem na risada, cúmplices de uma experiência agora comum a todos, exceto Suga, que ouvira a conversa, ainda parado no corredor contíguo ao salão. Ele seguiu para o estúdio e sentou-se frente ao computador. Uma mensagem de whatsapp soou no celular e ele abriu o aplicativo. A equipe de produção informava que a Mixtape “Agust D” estaria disponível à meia noite online e Suga sorriu. Era uma boa notícia, afinal.

         O Celular tocou e Suga atendeu. A voz da cantora Suran soou suave e alegre:

—Min Yoongi?

—Suran-Noona!

—Recebi a mensagem que sua Mixtape vai ao ar hoje! Parabéns! Não vejo a hora de escutar!

—Tive a melhor ajuda. Parabéns também!

         Ela ri e diz:

—Quero vê-lo! Levar flores!

—Que tal um café da manhã na BigHit? Será muito bem-vinda!

—Combinado, então!

         O BTS desliga e pensa:

—O dia do Suga vai ser bem mais interessante amanhã...

         Eram 17 horas e os estagiários se preparavam para ir embora, quando os managers chamaram todos para o auditório. Também os BTS e a equipe do Staff seguiram para lá. Bang PD nin chamou Suga ao palco e falou:

—Nessa noite, o trabalho de anos do Suga rendeu seu fruto. A BigHit está orgulhosa e feliz por mais um dos rapazes alçar voo, demonstrando seu talento como  cantor, compositor e produtor!

         Todos aplaudem e Suga recebe o microfone:

—Oh! Isso foi... Inesperado, mas fico muito feliz que a BigHit no dê espaço e apoio para produzir material fora do âmbito do BTS. Essa generosidade só reforça o compromisso que temos com o grupo, sabendo que teremos todo apoio para criarmos cada vez mais músicas que toquem as pessoas, as faça sonhar, alegres ou as façam refletir sobre a vida. A todos, meu carinho e gratidão!

         Emocionado, o BTS se inclina e é aplaudido pela plateia. Ele sorri e diz:

—Todo mundo conectado hoje à noite, hein? Ah! Não posso esquecer que teremos a visita da cantora Suran amanhã! Ela é uma amiga e colaboradora do meu trabalho. Será um café da manhã e todos estão convidados!

         Surpresos, todos aplaudem e ovacionam. Lee-na está sentada, sem reagir às palavras de Suga. Aproveitando-se que todos ainda se manifestavam, ela esgueirou-se entre as poltronas e saiu discretamente do auditório, mas Suga percebeu os movimentos dela pelo canto do olho e quando ela abriu uma fresta na porta o suficiente para passar. Aquilo o deixou inquieto e Namjoon percebeu a mudança de humor nas feições do amigo, só não entendeu o porquê.

         Aos poucos o pessoal deixa o auditório e o BTS também sai dali, levando Suga com eles, brincando de despenteá-lo, empurrando e cutucando o rapaz, que ria e gritava para que parassem. Ao chegarem ao hall do elevador, viram o grupo de estagiários seguindo para lá e no meio deles, Lee-na caminhava em silêncio, com os fones de ouvido e o semblante meditativo. Quando entrou no elevador com os colegas, ela virou-se e ergueu o rosto e encontrou Suga, parado entre os amigos, olhando para ela. A estagiária recordou-se das duras palavras usadas por ele quando disse que o “Dia do Suga” não aconteceria.

         Ela fechou o cenho e virou o rosto para o lado, cortando o contato. Suga pestanejou e voltou-se para os BTS:

—Hum... Vamos embora?

—Eh! Vamos logo!

         Jin bateu palmas:

—Vou fazer um jantar especial para comemorar o lançamento da mixtape!

         O grupo aplaude e segue até o estacionamento. Suga estava imerso em pensamentos diversos, o cronograma do dia seguinte estava pronto, mas ele se recusava a segui-lo. A visita de Suran poderia mudar a agenda e ele decidiu não se preocupar mais com aquele assunto.

À meia noite da terça-feira do dia 16 de agosto, a mixtape foi ativada mais de um milhão de vezes em todo o mundo. No apartamento dos BTS, os amigos estavam reunidos e ouviram cada faixa do gênio BTS. Rap Monster balançava a cabeça, sorrindo e de olhos fechados, ao som poderoso e incisivo da mixtape. Cada rapaz reagia a uma das canções e aplaudiam ao fim da reprodução. Jhope exclamou ao som de Tony Montana:

—Oh, man! Que som! Que ritmo!

         Suga riu, ouvindo seu trabalho chegar aos amigos e lágrimas começaram a cair de seus olhos. Emocionados, os amigos o abraçaram e confortaram. Jin afagou as costas do rapaz:

—Foi um trabalho duro, mas valeu cada noite mal dormida, cada cobrança, Suga! Você tem todo o direito de chorar!

         Eles choraram emocionados com o rapper e riram quando ele falou:

—Quero que se comportem bem amanhã. Suran-noona estará na empresa e não vou aceitar nenhum de você dando uma de engraçadinho com ela!

         Namjoon ergue a mão:

—Vou ficar de olho nessa turma!

         Pouco depois, estão todos recolhidos aos seus aposentos, exceto Suga, que ainda fica conectado, lendo os comentários. De repente, ele ergueu os olhos da tela e olhou para a janela, para a noite escura lá fora. Pegou-se murmurando:

—Será que ela...

         Balançou a cabeça e fechou o notebook, indo para o quarto dormir.

         Eram uma hora da madrugada e Lee-na estava sentada em sua cama, observando o céu, junto à janela de seu quarto, enxugando as lágrimas que teimavam em cair pela face. Ela havia desligado o notebook minutos atrás, mas não conseguiu dormir. As faixas da Mixtape de Agust D atingiram-na e ela não sabia como reagir. Havia muita dor e raiva, mas também muita esperança nas letras do BTS Suga. Quando ela escutou numa das letras que Agust D havia matado Min Yoongi, que este já não existia mais, a estagiária percebeu a extensão de tudo que ele havia passado na juventude até chegar onde estava.

         O arremate de tudo foi “So Far Away” e Lee-na não conseguiu ouvir mais. Deitou-se e esperou até que o sono viesse e ao amanhecer, acordou esgotada. Tomou banho, arrumou-se e foi abraçar a mãe, para se despedir:

—Vou agora, Ma! Bom dia...

         A mãe sorri:

—Bom dia, querida! Tudo bem?

—Sim. Hoje não vou tomar café em casa.

—Tem certeza?

—Estou um pouco atrasada. Como alguma coisa lá no trabalho.

—Bom trabalho, então!

         Lee-na tomou o ônibus e chegou à BigHit quarenta minutos depois. O trânsito estava congestionado e ela entrou rapidamente em sua sala tão logo saiu do elevador. Os outros estagiários já haviam chegado e enquanto aguardava o manager Sejin, Lee-na viu pessoas passando pelo corredor com caixas, flores, mesas e cadeiras plásticas e um cheiro de comida encheu o ar.

         Um Buffet foi contratado para recepcionar a visita da cantora Suran e a empresa estava movimentada. Os BTS chegaram em seguida e o manager estava com eles. Passou frente a sua sala e falou:

—Lee-na? Pode vir comigo?

         Ela levantou-se e seguiu-o até o salão de prática, onde o espaço estava senso aproveitado para a recepção. Sejin apontou:

—Precisamos de um toque feminino... Quer sugerir algo?

         Ela olhou-o e depois para o espaço ao redor. Havia funcionárias do Buffet circulando com copos, pratos, talheres e toalhas de mesa, mas Sejin pediu-a para interferir na arrumação, o que a deixou inquieta. Ela perguntou:

—Onde a senhorita Suran vai ficar?

         Sejin mostra o local e ela fala:

—Oh... Bem. Há o espelho... Acho que podemos colocar as mesas dispostas de modo que todos tenham uma melhor visão da convidada e de quem estiver com ela.

         Os BTS estavam ali, observando o material chegar e ser arrumado, quando perceberam a estagiária ao lado do manager, falando e gesticulando, concentrada na ideia que tinha da decoração. Suga ouviu-a falar dos efeitos de profundidade do espelho e pouco depois os auxiliares colocavam as mesas e cadeiras conforme ela sugeriu.

         Os arranjos de flores foram colocados no chão, dando um ar de frescor ao ambiente, ao invés de ocuparem espaço sobre as mesas. Lee-na colocou algumas flores dentro de copos mais largos e distribuiu-os entre os pratos do café da manhã e pouco depois tudo estava pronto.

         Sejin sorriu:

—Bem... Acho que já podemos receber a convidada!

         Lee-na se inclina e sai dali, mas não sem antes voltar o rosto para cumprimentar os BTS, que sorriem e acenam para ela. Suga fingiu mexer no celular e Namjoon suspirou:

—Ah, Yoongi...

—O quê?

—Devia ver como se comporta quando ela está por perto...

—Eh? Meu comportamento? O que tem?

         O líder BTS sorri e balança a cabeça. Nisso os funcionários da empresa começam a chegar e ocupar seus lugares nas mesas. Era visível que estavam ansiosos para ver a famosa cantora Suran e participar de um encontro com ela. Nesse momento, Lee-na estava sentada em sua mesa, digitando seu relatório semanal e viu Eun Ja e Minh So surgirem na porta:

—Lee-na? Não vai vir também?

—Daqui a pouco! Estou terminando meus relatórios e sigo para o salão.

         Eun ja portava uma mochila volumosa e aparentemente pesada e falou:

—Ah... Lee-na? Posso deixar minha mochila aqui na sala?

—Oh! Vai se mudar?

—Oh! São... Livros e revistas antigas! Vou doar!

—Certo! Tudo bem! Pode colocar aqui perto da minha mesa.

—Pego com você depois do café, ok?

—Ok.

         Eun Ja sorriu e acomodou a mochila num canto. Nisso, o estagiário Jung Moo apareceu na sala:

—Meninas! PD Nin está chamando todo mundo! Suran chegou!

—Vamos então?

         Eun Ja fala:

—Vão à frente! Preciso usar o banheiro antes!

         Elas riem e seguem de braços dados, enquanto Eun Ja espera que se afastem, abre a mochila e retira o conteúdo dela. Era uma sacola de papel recheada de material do BTS para eventos como os fanmeetings. Ela coloca o pacote sobre uma cadeira e cobre com a jaqueta de Lee-na:

—Não é possível que ela vai ignorar isso! Se não for dessa vez que consigo os autógrafos, corto relações com a Lee-na!

         Dobrando a mochila, Eun Ja a coloca debaixo do braço e segue até o salão, jogando discretamente o objeto embaixo da mesa onde estava sentada com as colegas, tencionando apanhar depois do evento.

 

Continua...

 


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Notas finais do capítulo

Confesso que foi difícil encaixar a data da mixtape na trama e fazer tudo parecer uma sequência natural de eventos.
Informo que as datas vão desaparecer ao poucos, pois até a mixtape elas são importantes para situar os personagens, depois essa "Agenda" vai se tornar menos importante do que está para acontecer nos próximos capítulos. Foi uma decisão arriscada que tomei e talvez não a mais acertada, mas a trama tomou rumo próprio e precisei fazer isso.



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