A Agenda escrita por Daniela Lopes


Capítulo 29
Capítulo 29- Cápsula do Tempo


Notas iniciais do capítulo

Um pingente e uma mensagem guardada por 15 anos.

Músicas para o capítulo:

Tokio Hotel- Something new

3 doors down- Here without you

Willow Smith & Sza (slowed)- 9

Dedico esse capítulo a :

—Olhos castanhos, gleicy00, Palloma Rescio Gama, furhym, Cellis, Lino linadoon, slytherina, Tayane Christie, Swilor, NaraBlackPotter e a todos que visualizam essa fanfic.



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Ano 2031. Suga estava de volta de uma viagem de seis meses a Nova York. Morava sozinho num condomínio próximo a Achasan mountain, enquanto os amigos preferiram continuar em Hannam The Hill.

Entrou em casa e foi direto para o banheiro. Precisava relaxar após a exaustiva viagem e queria muito dormir. Enrolado no roupão, seguiu para o quarto e abriu a gaveta, retirou um saquinho de veludo preto e jogou seu conteúdo na palma da mão. A corrente de prata e o pingente pareciam quentes sobre sua pele. Nessa viagem, havia deixado a joia em casa e pensou nela todo o tempo.

Desde o dia que a recebeu, passou a contar o tempo. Olhou o relógio da parede e viu que a data determinada para abrir a cápsula seria naquela semana, numa sexta-feira. Suspirou e deitou-se na cama macia, olhando para o teto. Durante todos aqueles anos, não pensou nela, mas subitamente, a imagem veio-lhe à mente e o perfume dela parecia estar ao seu redor. Suga fechou os olhos e sorriu, caindo num sono profundo e sem sonhos.

Os BTS se reuniram num restaurante para comerem, beberem e falarem dos últimos trabalhos. Estavam bem vestidos, na casa dos 30 e poucos anos e bem diferentes dos idols magrinhos que costumavam ser. Suga estava mais encorpado e com os cabelos cortados mais curtos, Jungkook estava mais musculoso, semelhante aos galãs dos filmes e Jin comentou:

—Muito bem, Jeon Jungkook! Quando vai finalmente assumir o namoro com aquela moça?

JHope sorriu:

—O que ela é mesmo?

—Economista.

Jimin sorriu:

—Melhor do que aquela outra que nos apresentou na última festa. Finalmente uma mulher com cérebro!

Todos riram e Jungkook suspirou:

—Ahh! Ela está me enrolando! Acham que já não fiz a proposta?

            Namjoon bate na mesa:

—Aqui se faz, aqui se paga! Agora prova do seu veneno, Dom Juan!

—Ei! Não seja mau! Nunca prometi nada às garotas com quem já saí!

            Suga examinava a cápsula, em silêncio, e JHope fala:

—Yoongi?

            Suga ergue o olhar:

—Estou pensando num convite que recebi...

            Todos se voltam e Jin sorri:

—Convite? Hum... Alguma mulher interessante?

—Kyun Lee-na...

            Todos exclamam, surpresos e Taehyung pergunta:

—A Lee-na? Ela... Voltou à Coréia?

—Teve notícias dela, suga? Onde...

            Ele ergue a corrente com a cápsula presa:

—Na sexta preciso abrir isso e ler uma mensagem que ela deixou pra mim no dia do nosso almoço...

            Jin exclama:

—Foram... Quinze anos!? Oh!

—Ela pediu...

            Todos se calam. Min Yoongi era um homem de 38 anos, bem sucedido, mas solitário. Poucos conheciam seus hábitos, sua vida sentimental e seu grupo de amigos verdadeiros, que não era tão vasto como muitos imaginavam. A vida que levava era semi-reclusa, tornando-o um produtor meticuloso, criativo e perfeccionista. Um gênio musical.

            Os BTS sabiam o quanto ele havia sofrido com a partida de Lee-na. Havia o silêncio em relação a ela nos anos que se passaram, como se ela tivesse saído de cena para que Suga crescesse como o artista que desejava ser, como nas letras de suas músicas. Talvez não tenha sido a atitude correta, mas Suga era um homem feito e seus projetos chegaram aonde ele queria. Somente seu coração não avançou no tempo.

            Taehyung esperou o fim do jantar e falou:

—Eu... Vou ser pai de novo!

            Todos se voltaram e Jimin riu:

—V! Quantos anos tem sua filha mais nova?

—Dois anos!

JHope sorri:

—Nesse ritmo, Taehyung vai repovoar a Coréia do Sul!

            Começam a rir e Jungkook fala:

—E você, Jimin?  Quando vai reatar com aquela moça? Ela é modelo, não?

            Jimin baixa a cabeça e suspira:

—Ela é ambiciosa... A gente se ama, mas ela quer seguir a carreira e não posso impedi-la...

            Jin sorri:

—Park Jimin é possessivo! Quer a pessoa ao seu lado 24 horas por dia!

            Jimin concorda:

—Sim, tem razão... Preciso trabalhar esse lado meu...       

            Suga olha o amigo:

—Converse com ela... Não perca tempo. Diga que entende suas ambições e quer ajudá-la a crescer nisso. Se for companheiro, ela não vai se afastar de você.

            Jimin fica sério e concorda em silêncio. Um conselho de Yoongi era algo a ser analisado com cuidado. Se erguem da mesa e no estacionamento, os sete amigos se abraçam em despedida. Namjoon pergunta a Suga:

—Vai pra casa, agora?

—Vou caminhar depois de guardar o carro, por quê?

            O líder BTS toca o ombro do amigo:

—Kyun Lee-na está em Seoul.

            Yoongi recua e Namjoon fala:

—Eu a vi num programa de TV. Era uma entrevista sobre algo como um projeto social na Coréia do Sul. Foi uma coisa rápida, me pegou de surpresa. Talvez... Ela tenha voltado por causa dessa cápsula.

           Suga segura o pingente com força e fala:

—Certo... Obrigado por me contar. Boa noite, RM.

          E segue dali para o carro, dirigindo quase que automaticamente. Aquela noite passou em claro, criando o arranjo musical para algumas letras escritas meses atrás. Enquanto montava as melodias, sua mente vagava pelo passado. Não teve coragem de pesquisar nada relacionado ao nome de Lee-na ou vê-la em alguma mídia social.

     Por causa de seus sonhos e metas, tornou-se o artista que almejava ser. Por causa de Lee-na, tornou-se um solitário. A joia que trouxe pendurada ao pescoço o manteve em suspensão, preso por quinze anos a uma mensagem que poderia libertá-lo ou arrastá-lo para um abismo sem fim. Ele desejou ardentemente odiá-la e arremessar a joia o mais longe possível, mas as lembranças eram doces demais para serem descartadas.

        Após uma curta viagem a Nova York, Suga retornou a Seoul na quinta-feira à noite e foi encontrar o sócio e amigo, Bang PD nin. Conversaram sobre contratos recentes da BigHit americana e o CEO da empresa desabafou:

—Ah, Suga... Estou pensando em sair de cena.

            Suga ri:

—Não mesmo, PD nin! Não vai conseguir ficar longe uma semana. Isso é o ar que respira!

—Sei disso! Mas minha esposa e filhas estão me pressionando a viajar por um tempo!

—Tire férias, então! Fique dois meses com elas em alguma praia bonita e depois volte. Tire mais uma semana e logo elas vão ficar mais calmas e vão ficar loucas que volte a trabalhar!

            O produtor ri:

—Acha que isso vai satisfazê-las?

—Não custa tentar!

        Às 22 horas seguiram para o estacionamento da empresa. O motorista de Bang PD nin o aguardava e ao ver Suga, inclinou-se. O BTS saudou-o, indo em seguida para o próprio veículo. O celular tocou e era JHope convidando-o para um evento musical com o grupo, apenas para diversão. Suga falou:

—Vou passar, Hoseok. Acabei de chegar de Nova York e quero banho e uma taça de vinho, depois cama!

            JHope ri:

—Tá ficando velho, Yoongi!

—Sempre me disseram que eu era um ancião num corpo jovem, não é? O tempo cobra seu preço!

            Ambos riem e o amigo conclui:

—Certo! Certo! Descanse, então, mas não deixe de vir aos nossos convites de vez em quando ou vamos achar que está doente!

—Estou bem! Não se preocupe! O aeroporto estava um inferno e estou realmente cansado. Valeu pelo convite e dê um abraço a todos por mim!

—Ok!

            JHope desliga e Suga respira fundo. Não gostava de recusar os convites dos BTS, mas nessa noite, sua mente estava em outro lugar. Após um longo banho quente, Yoongi seguiu de toalha à varanda do grande apartamento, onde sentou-se numa espreguiçadeira e abriu uma garrafa de sua coleção de vinhos. Tomou um gole da taça e permaneceu observando a vista que tinha da montanha Achasan.         

            Uma adega era outro prazer que tinha, colecionando vinhos de diversos lugares do mundo, aprendendo sobre o assunto e estudando o mercado da enologia. Olhou o relógio e virou o resto do vinho num gole só, sentindo a língua anestesiada. Faltava pouco para a meia-noite e a corrente estava em seu pescoço, que parecia sensível ao contato com a joia.

            Ele segurou o pingente entre os dedos e pensou se realmente queria ler o que ele continha. Podia ser qualquer coisa ou até nada, mas recordou-se do olhar dela naquela noite e certamente era algo importante.

            Meia-noite e um. Suga abriu a cápsula e um pequeno pedaço de papel, enrolado com cuidado, caiu em sua palma. Ele respirou fundo e abriu com cuidado para ler, numa caligrafia miúda e bem feita:_ “No abismo. 17 horas.” _ e Suga olhou o horizonte, lembrando-se do mirante na rodovia:

—Não pode estar falando sério...

       A sexta-feira transcorreu sem muitas novidades. Os compromissos do BTS eram cuidados por Kim Dan, ex-estagiário que se destacou pelo bom desempenho e foi contratado pela BigHit um ano depois de terminar o estágio.Manager Sejin saiu da BigHit, mas ainda era colaborador dela e também trabalhava com Suga na HipHope.

    O BTS tornou-se a segunda boyband ativa após 20 anos trabalhando juntos em diversos estilos musicais, agradando os antigos fãs e atraindo novos. Suga ainda cantava, mas preferia os bastidores, a produção musical, assim ele escrevia canções para os amigos e aparecia algumas vezes para não prejudicar o grupo. 

        Após uma manhã e início de tarde em ensaios com os amigos, Suga olhou o relógio e despediu-se do grupo. Namjoon seguiu o amigo pelo corredor:

—Falou com ela?

—Hoje. Às 17 horas.

—Oh! Boa sorte, então!

           O líder percebeu a aflição do amigo, que disse:

 _Nam... Após tanto tempo, o que eu digo?

—O que seu coração está dizendo agora?

            Suga olha o chão e fala:

—Que não aguenta mais...

            Namjoon segura Yoongi pelos ombros:

—Então vá devagar...

           Eram 16 horas e 20 quando Suga chegou ao ponto de encontro. Acreditou que o mirante poderia não estar mais lá, porém ficou surpreso ao ver que o local pouco sofreu mudanças mesmo após tantos anos. A encosta de terra agora estava nivelada, com um estacionamento para quem quisesse apreciar a vista, descansar ou tirar fotos. Havia placas pedindo cuidado aos visitantes e binóculos de coluna para pontos de vista turísticos, enquanto o abismo, do outro lado da mureta de metal e madeira, permanecia imutado, como se o tempo não tivesse poder sobre ele.

            Yoongi estacionou e desceu do carro. Caminhou até a mureta e olhou para baixo. Uma rajada de vento fustigou-lhe o rosto e cabelos, como se saudasse o visitante. Suga fechou os olhos e respirou fundo. Murmurou para si mesmo:

—A sedução do abismo... O esquecimento.

            Não soube dizer quanto tempo ficou ali parado, em transe, até que o som de um veículo trouxe-o de volta. Passos cadenciados fizeram o BTS estremecer, mas ele não se virou. O perfume floral chegou até ele e a voz macia despertou-o:

—Olá, Min Yoongi.

 

 

Continua...

 


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Notas finais do capítulo

Um capítulo cheio de sentimentos e expectativas.
Sem mais palavras (uma vez que já falei pra caramba no cap. anterior, né?)

Até a próxima!



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