Meu querido sonâmbulo escrita por Cellis


Capítulo 19
Meu querido cuidado




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/770869/chapter/19

— Park Jimin, eu vou matar você.  

Eu repeti pela... Bem, na verdade, eu já tinha até perdido as contas de quantas vezes tinha anunciado a não muito distante e extremamente dolorosa morte que providenciaria para Park Jimin. Em seguida, eu o encarei torcendo para que a minha mente fosse capaz de fuzilá-lo no sentido literal da coisa e, em retorno, se Jimin tivesse um rabo nitidamente estaria com o mesmo enfiado entre as pernas. 

— Eu já pedi desculpa... — murmurou, fitando as próprias mãos como uma criança que tinha sido pega no meio de uma travessura. — Até quando você vai repetir isso? 

— Até que essa coisa esteja bem longe da minha perna! — reclamei enquanto apontava para o gesso que imobilizava a minha perna direita.  

Dito isso, Jimin encolheu ainda mais os ombros. Ele estava de pé e de frente para mim no meio da sala, enquanto eu estava esticada no sofá feito uma moribunda atropelada. Por sorte, apesar das dores que eu sentia em lugares do meu corpo os quais eu nem sabia da existência, o meu único machucado em si era uma torção um tanto dolorosa no tornozelo direito. Nada demais, o médico disse enquanto engessava a minha perna até a altura do meu joelho e ordenava que eu ficasse três dias com aquele elefante branco me impedindo de andar. 

Três dias. O tal ortopedista teve a coragem de me dizer que passaria rápido e que eu tinha sorte de não ter sido nada grave.  

Nota: naquele momento ele também se tornou o segundo nome do meu death note

O primeiro ainda estava ali, me fitando como se fosse o ser humano mais triste do mundo. 

— Você... — iniciou, murmurando. — Precisa de alguma coisa? Qualquer coisa, pode pedir.  

Naquele exato instante, foi como se nós estivéssemos em um desenho animado e a lâmpada das ideias geniais e igualmente malignas se acendesse sobre a minha cabeça. 

— Bem... — primeiro, um pequeno teste. — Eu estou com muita sede. 

Imediatamente, Jimin deu um pulo. 

— Sede? — indagou, alerta. — Você quer um pouco de água? Suco? Já sei, eu posso ir lá na cafeteria comprar aquele cappuccino que você gosta e... 

— Um copo de água está bom, Jimin. — eu o interrompi, segurando uma risada. 

Era isso.  

Quando o Park saiu em disparada em busca do que eu tinha lhe pedido, eu tive uma das melhores ideias da minha vida (atrás somente de quando eu decidi comprar o meu amado Louboutin): ele morreria não pelas minhas mãos, mas sim trabalhando para mim. 

Chegou a hora do proletariado ser exaltado, meus queridos leitores. 

Em questão de segundos, Jimin ressurgiu no meu campo de visão com um copo cheio até a boca de água. Apressou-se na minha direção e o estendeu para mim. 

— Você gosta de água na temperatura ambiente, não é? — perguntou, me entregando o copo. 

— Sim. — franzi o cenho. — Como você sabe? 

Ele engoliu o seco, parecendo meio sem jeito.  

— Eu só sou um bom observador. — respondeu e deu de ombros. 

Não seria exagero da minha parte dizer que aquele era o melhor copo d’água que eu já tinha bebido em toda a minha vida — tinha um gosto muito especial de volta por cima. Quando acabei, Jimin logo se prontificou a pegá-lo da minha mão para que eu não precisasse sequer me esticar para colocá-lo no chão ou sobre a mesinha de centro.  

— Mais alguma coisa? — indagou prestativo. 

Eu o fitei durante um momento, apenas aproveitando aquela situação. 

Jimin ficaria ótimo em um uniforme de mordomo. 

— Na verdade, eu estou um pouco desconfortável aqui no sofá. — comecei a minha atuação como falsa inocente. — Queria ir para o meu quarto, mas não vou conseguir subir as escadas sozinha... 

Sendo honesta, em qualquer outra situação eu teria subido cada degrau daquela escada até me arrastando se fosse preciso, mas o faria sozinha. Contudo, naquele momento, qual era a graça de desperdiçar aquela muleta loira totalmente grátis e solícita chamada Park Jimin? 

Nenhuma, exatamente. 

— Eu ajudo você. — se prontificou, se livrando do copo vazio em um piscar de olhos e já vindo na minha direção. 

Primeiro, eu me remexi no sofá até conseguir ficar sentada e, segurando um sorriso maligno, ergui um braço para passá-lo sobre os ombros de Jimin e poder usá-lo como minha muleta particular.  

Porém, o Park não parecia ter a mesma ideia em mente. 

Jimin aproveitou o meu braço já levantado para passar o dele por debaixo, me segurando lateralmente. O braço que ele ainda tinha livre, o esquerdo mais precisamente, o Park escorregou por debaixo dos meus joelhos. 

Ele queria me pegar no colo?! 

Já na posição para me erguer, Jimin tinha o rosto perigosamente próximo do meu e eu podia sentir a sua respiração quente contra a minha bochecha por conta isso. 

— O que você está fazendo? — sussurrei, sabe-se lá o porquê. 

— Levando você para o seu quarto, oras. — ele respondeu, firmando suas mãos. — Já que você não pode andar, me diga sempre que quiser ir a algum lugar que eu a levarei. 

De repente, eu senti as minhas bochechas esquentarem e não era sequer por causa da respiração de Jimin. O Park não parecia completamente ciente do que estava fazendo, muito menos das cócegas que toda aquela proximidade estava causando no meu estômago, apenas focado em fazer aquilo que eu tinha lhe pedido. 

Eu ainda estava gostando de fazê-lo de escravo, só não do jeito que eu esperava

— Segure firme no meu pescoço. — disse, me distraindo dos meus pensamentos. 

Eu não tive sequer tempo para pensar em outra possibilidade, pois no segundo seguinte eu estava sendo erguida pelos braços de Park Jimin e, com o susto que levei, instintivamente abracei seu pescoço talvez até com mais força do que o necessário. 

E, assim, Jimin me carregou feito uma criança escada acima.  

— Você pode abrir a porta? — perguntou quando já estávamos de frente para o meu quarto. — Eu estou com as mãos um pouco ocupadas. 

Dito isso, ele riu como se não tivesse carregado alguns bons quilos de mulher nos seus braços escada acima e ainda estivesse comigo no colo. Sem saber como responder, eu apenas estiquei o braço para alcançar a maçaneta e, em seguida, nós entramos no quarto.  

— Espera aí... — disse, pensativo. — A sua cama ainda está desmontada? 

Ele realmente planejava ficar batendo papo comigo enquanto me segurava daquele jeito?! 

— Eu ainda não tive tempo de montar. — respondi, já agoniada com aquela situação. — Mas não tem problema, você pode me colocar no chão que... 

— Vou resolver isso. — afirmou, me interrompendo determinado. 

Com cuidado, Jimin me colocou sobre o colchão que estava no chão e posicionou um par de travesseiros sob a minha perna engessada quase que em câmera lenta. Depois de me perguntar se estava tudo bem para ter certeza, ele se virou para a minha cama desmontada em um canto do quarto e coçou o queixo. 

— O que você está tramando? — perguntei, já desconfiada.  

— Nós precisamos resolver isso. — disse e apontou para as peças de madeira maciça. — Você tem ferramentas nessa casa, não é? 

Eu ri, incrédula. 

— Você está pensando em montar a minha cama? — indaguei e ele balançou a cabeça positivamente. — Por acaso você sequer já usou uma ferramenta antes na sua vida, Jimin? 

Enquanto pensava sério na resposta para aquela pergunta, ele colocou as mãos na cintura. 

Parecia uma princesa. 

— Na verdade, não. — respondeu. — Mas você não nasceu sabendo lixar paredes, não é mesmo? Para tudo tem uma primeira vez, eu só preciso que você vá me dizendo o que eu tenho que fazer.  

Apesar do forte cheiro de desastre que aquela ideia de Jimin tinha, eu não podia deixar de considerar que ele estava certo. Além disso, estava mais do que na hora daquela cama recuperar a sua dignidade e ser montada novamente. 

E, por fim, tinha um outro e o mais forte dos pontos: se Jimin estava disposto a aprender, eu não podia dizer que não. 

Na verdade, queria eu ter tido alguém para me ensinar esse tipo de coisa. 

— As ferramentas estão na dispensa. — eu disse, finalmente. — Pronto para colocar a mão na massa, Park Jimin?  

 

*** 

 

Se um dia eu cheguei a criticar as habilidades de Park Jimin, a princesa das reformas e montagens, eu devo admitir que estava profundamente errada — e olha que é raro eu fazer esse tipo de confissão. 

O meu quarto estava completamente montado. Além da cama, Jimin também tinha montado o meu guarda-roupa, colocado a minha cômoda no lugar e instalado um abajur na parede logo acima da minha cama. Tudo estava no seu devido lugar, sem tirar nem pôr sequer uma única poeira da sua posição correta.  

E eu, descansando confortavelmente a minha perna fraturada sobre a cama, fitava o cômodo de boca aberta. 

— Jimin... — iniciei, ainda perplexa. — O que você acha de aproveitar o ânimo e reformar a cozinha também? 

O Park estava estirado no chão, provavelmente deixando marcas de suor no meu tapete vermelho e felpudo, e, ao ouvir a minha sugestão, ergueu o tronco num único impulso horrorizado.  

— Você está falando sério? — indagou com os olhos arregalados, me levando mais a sério do que eu esperava. 

Diante da sua expressão apavorada com a possibilidade de ter que passar por tudo aquilo de novo, dessa vez numa escala ainda pior, eu não consegui segurar uma risada. 

Mesmo todo suado e com o rosto vermelho de cansaço, o Park parecia um pouco fofo. 

— É claro que não. — respondi, ainda rindo. — A sua participação nessa reforma será monetária, fique tranquilo.  

Dito isso, Jimin respirou fundo e voltou a se jogar sobre o meu tapete. Ele estava realmente cansado, sua respiração pesada e alguns fios de cabelo estavam colados em sua testa. Diante daquela cena, eu confesso que senti um pouco de dó do Park — digo, ele estava daquele jeito porque tinha aprontado por completo o meu quarto sem nunca ter sequer usado uma ferramenta na vida, então até que aquele era um trabalho a ser levado em consideração... 

— Jimin. — eu o chamei de cima da cama, esticando o pescoço para fitá-lo já que o tapete estava no meio do quarto. Sem se levantar, ele virou a cabeça na minha direção e esperou que eu continuasse. — Obrigada. 

Num primeiro momento, o Park apenas me fitou em silêncio enquanto processava o meu agradecimento. Em seguida, pude vê-lo reprimir um sorriso orgulhoso e desviar o olhar para um outro canto do quarto, o que produziu um sorriso no meu rosto também.  

Sinceramente, era engraçado todo aquele clima pacífico o qual estávamos vivenciando. 

— O que você quer jantar? — perguntou, mudando de assunto. 

Jantar?  

Olhei ao redor e, pela janela, vi o céu escuro lá fora sem nenhum sinal de estrelas. Céus, já era de noite — e uma noite bem feia e nublada, diga-se de passagem. O tempo tinha passado tão rápido enquanto eu dava as instruções que Jimin precisava que, mesmo em cima de uma cama o tempo todo, eu nem percebi o cair da noite. Jimin era um bom aprendiz, isso eu tinha que confessar, e mesmo que discordasse de algumas das minhas ideias ele acabava por colocá-las em prática, provavelmente aceitando o fato de que eu só estava querendo ensiná-lo a fazer um bom trabalho.  

Diante da minha falta de resposta, o Park pigarreou.  

— Pizza? Frango frito? — sugeriu, divertido. Fitou minha expressão durante alguns segundos e, de repente, se sentou outra vez. — Os dois, não é? 

Concordei com firmeza. 

— E cerveja, por favor. — completei travessa. 

O Park levantou, determinado.  

— Então eu vou pedir a comida e, enquanto não chega, vou tomar um banho. — disse. — Você quer alguma coisa?  

— Não.  

Fitou-me, cerrando os olhos acusadoramente.  

— Não saia daí, Jeon. — alertou. — Qualquer coisa você me liga, grita, manda um sinal de fumaça... Só não levante dessa cama.  

— Está bem, Jimin. — respondi, bufando. — Vou ficar sentadinha aqui.  

Na verdade, eu não tinha muito o que fazer naquele estado. Descer a escada para o primeiro andar estava completamente fora de cogitação e, ali no segundo andar, não me restava nada para fazer além de... 

Ir ao banheiro. 

No instante em que ouvi Jimin bater a porta do banheiro no corredor, minha bexiga resolveu dar um sinal nada agradável de vida. Pela primeira vez na minha vida, eu quis ser adepta das fraldas geriátricas ou, no pior dos cenários, pelo menos dos pinicos.  

E quando eu pensei em segurar a vontade, a coisa só piorou. 

Não tinha outro jeito, eu estava sozinha novamente e, como de costume, teria que me virar. Respirei fundo e tentei reunir todas as forças disponíveis no universo daquele momento, além de um pouquinho de coragem.  

Tudo bem, tudo o que eu precisava fazer era uma imitação rápida do Saci Pererê e atravessar o quarto pulando numa perna só até alcançar o meu banheiro. Bendita foi a hora que eu escolhi ficar com a única suíte da casa, pelo menos. 

A ida foi um verdadeiro desafio e, mesmo quase despencando de cara no chão um par de vezes, eu finalmente consegui chegar no banheiro e sentir uma das melhores sensações que um ser humano pode vivenciar nessa Terra: esvaziar uma bexiga mais cheia do que o metrô às sete da manhã. Sorri satisfeita e, mais uma vez reunindo forças, comecei a fazer o caminho inverso de volta para cama. 

Estava tudo bem e, com um bocado de esforço, eu já estava no meio do caminho quando... 

— Jeon Soojin!  

Escutei meu nome completo sendo exclamado nervosamente e, num piscar de olhos, já havia um braço envolto na minha cintura para me apoiar.  

— Eu não disse para você ficar na cama? — indagou, tenso. Mesmo nitidamente irritado com a minha travessura, ele começou a me ajudar a pular de volta para a cama; eu devo admitir que era um alívio enorme poder apoiar o meu peso na sua figura estressada ao invés da minha pobre perna esquerda. — O que diabos você está fazendo de pé? 

— Eu precisava ir ao banheiro, oras. — resmunguei, em momento algum oferecendo resistência à sua ajuda. Jimin me guiou de volta para cama e, quando eu me sentei, ele ainda posicionou com cuidado a minha perna engessada sobre os travesseiros. — E você? 

— Eu não estou machucado, posso ficar de pé quando e onde quiser. — rebateu, sério.  

— Não, Park. — disse, bufando. — Eu quis dizer por que você voltou. 

— Esqueci de perguntar qual sabor de pizza você prefere. — respondeu e, em seguida, me fitou acusadoramente. — Ainda bem, não é mesmo? Céus, Soojin, e se você caísse no meio do caminho? 

Eu o encarei de volta e, como qualquer outro adulto maduro e responsável, usei do meu direito de permanecer em silêncio diante daquela pergunta para a qual eu obviamente não tinha uma resposta sensata. Cruzei os braços e fitei os dedos do meu pé direito, a única coisa que o gesso não cobria do meu joelho para baixo. 

— Calabresa. — murmurei. — Eu gosto de pizza de calabresa. 

Como eu disse: madura e responsável

Jimin me fitou, incrédulo, mas não disse nada. Ele parecia muito contrariado de ter que pagar por aquele jantar e ainda fazer as vontades de uma acidentada teimosa, contudo, continuava fazendo tudo aquilo sem sequer resmungar. Isso despertava em mim uma pequena curiosidade que de pequena não tinha muita coisa e, por isso, eu acabei não conseguindo segurar a minha língua. 

— Jimin. — eu o chamei, fazendo com que ele se virasse de volta na minha direção. — Você realmente se sente tão culpado assim? 

— Pela sua queda da escada? — indagou e eu fiz que sim com a cabeça. — Mas é claro, oras. Fui eu que soltei a escada e foi por isso que você caiu e se machucou.  

Eu o fitei, agora um pouco mais séria. Estava colocando em risco a existência do meu Park Jimin mordomo, contudo, vê-lo fazer de um tudo por mim por algo que ele acreditava ser verdade me deixava inquieta e sem jeito.  

Por isso, mesmo que perdesse o lacaio, eu estava disposta a lhe contar a real versão dos fatos. 

— Na verdade... — iniciei. — Eu vi que você tinha soltado a escada, mas, mesmo assim, eu insisti e me estiquei para alcançar o canto da parede. Aí eu me desequilibrei e caí no chão. — contei, fitando novamente os meus dedinhos descobertos. — A culpa não foi exatamente sua, então você pode parar de fazer as coisas por mim se quiser. 

Para quem há algumas horas estava disposta a matar Jimin com as próprias mãos ou fazê-lo sofrer como um escravo, eu estava me saindo uma bela de uma bunda mole. Fitei o Park de relance e, ao contrário do que eu esperava, ele caminhou sem pressa até a beirada da minha cama e lá se sentou. Encarou-me e, depois de alguns segundos em silêncio, expirou uma estranha quantidade de ar. 

— Você acha mesmo que eu passei o dia fazendo as coisas por você porque me sinto culpado

Eu não esperava pela ênfase de desdenho na última palavra, muito menos por aquela pergunta no geral. 

— Bem, se não é isso, então o que é? — perguntei, confusa. 

— Até agora eu fiz tudo o que fiz porque eu quis, Soojin. — respondeu, me fitando. — Eu quis carregar você, montar o seu quarto, pedir um jantar que você gostasse... Estou fazendo tudo isso porque eu quero, não porque me sinto na obrigação de fazê-lo ou alguma outra coisa do tipo. 

Se antes eu estava confusa, agora depois da sua resposta havia um verdadeiro nó de escoteiros na minha cabeça. 

— Por que? — indaguei. — Por que você quis fazer tudo isso por mim? 

— Porque eu quero cuidar de você. — respondeu sem hesitar, o que me deixou um tanto impactada. — Eu quero fazer por você aquilo que você sempre teve que fazer sozinha porque ninguém nunca se propôs a fazer antes. E, aquilo que por ventura alguém já fez, eu quero fazer ainda melhor. 

— Park Jimin, você não está fazendo o menor sentido. — constatei, porém por algum motivo encolhendo os meus ombros. 

Ele continuou me fitando como se nada fosse capaz de abalá-lo. 

— Você não precisa me entender. — afirmou. — Você só precisa se sentar e me deixar cuidar de você, Jeon Soojin, porque é isso que eu pretendo fazer pelo menos pelos próximos três dias. 

Eu não fazia ideia do porquê Jimin tinha inventado de bancar o misterioso de repente e muito menos de onde vinha toda aquela vontade de fazer as coisas por mim, contudo, eu confesso que a ideia de ter alguém determinado a cuidar de mim pela primeira vez em muitos e mais muitos anos era um tanto tentadora. Aquele papel era sempre o meu — o de se preocupar com a minha avó, com o meu irmão, comigo mesma e com mais uma dúzia de outras coisas — e, parando para pensar nisso agora, eu sequer me lembrava de como era estar do outro lado da história, aquele da pessoa que é servida e tem apoio para caminhar quando precisa. 

Aquela ideia de Jimin era estranha, mas o mesmo tempo acolhedora. 

De repente, o Park se levantou da cama e me direcionou um sorriso de canto. 

— Calabresa também é o meu sabor preferido. — disse, de repente mudando o tópico da conversa. — Pedirei uma pizza grande de calabresa, um balde de frango frito e as cervejas. Eu já volto e, dessa vez, você não se atreva a se levantar dessa cama. 

Dito isso, Jimin me deu as costas e saiu porta do quarto afora como se nada tivesse acontecido.  

Três dias.  

De repente, eu realmente passei a esperar que Jimin cumprisse aquilo que prometeu e cuidasse de mim pelos próximos três dias. E, pela primeira vez, Park Jimin tinha me deixado ansiosa pelo o que me parecia ser uma ideia bem tentadora. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Que venham os três dias de princesa da Soojin!
Até breve ♥