Meu querido sonâmbulo escrita por Cellis


Capítulo 17
Meu querido arranhão psicológico




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Pedir meio dia de paz, somente meio, não era um abuso da minha parte, certo?  

Se eu fosse parar para fazer uma breve reprise dos meus últimos dias — da semana, eu digo, e não de vida pois eu ainda tenho muita dívida nas costas para morrer agora — não encontraria unzinho sequer que tivesse passado normalmente. Eu poderia até estar exagerando se dissesse que a minha vida tinha se transformado num show de bizarrices depois da chegada de Jimin, mas a verdade não era muito diferente disso.  

Vamos aos fatos: sonâmbulo maluco invadindo o meu quarto, carona numa viatura policial, roubando documentos de uma delegacia, saindo com o primo de Jimin só para tentar arrancar informações do coitado, cozinha em chamas... 

Vocês entendem o que quis dizer, não é mesmo? 

Pedir meio dia de folga da minha própria vida não era nada demais nessa altura do campeonato. Depois de horas e mais horas presa naquele engarrafamento e em meio a um silêncio incrivelmente desconfortável — aparentemente, eu não tinha problema nenhum com o meu passado e tudo mais, mas Jimin me pareceu realmente pensativo depois de descobrir sobre o mesmo — eu tinha conseguido, pelo menos, almoçar em paz. Tudo bem, tudo que o meu resto de horário de almoço tinha me permitido engolir fora um sanduíche com pão demais e bacon de menos e meio copo de refrigerante, mas, vendo pelo lado positivo, eu tinha conseguido fazer isso desfrutando da melhor companhia desse mundo e da de ninguém mais: a minha.  

Eu juro que, quando Jimin se ofereceu para pagar o meu almoço, eu quase saltei do carro em movimento e saí correndo. Nada contra comida boa e de graça, mas eu estava realmente precisando de um tempo só para mim.  

Está bem, eu admito que eu mesma sou a causa de grande parte dos meus problemas, mas gosto de fingir que o Park é quem vem bagunçando a minha vida ultimamente.  

Quando voltei para a empresa, eu estava até mesmo cinco minutos adiantada do fim do meu horário. Sentei-me na minha confortável cadeira giratória e respirei fundo, me permitindo fechar os olhos durante dois míseros segundos. 

— Soojin-ssi?  

Sério, aquilo só podia ser uma piada do pior dos gostos do universo. Foram literalmente dois segundos, isso sem mencionar que ainda era o meu horário de almoço.  

Oh, capitalismo, por que fazes isso com a minha pessoa? 

— O que? — eu indaguei num resmungo alto, endireitando a postura muito à contragosto e abrindo os meus olhos.  

Bem, talvez eu tenha exagerado naquilo e soado como uma criança pirracenta, o que por si só já pegaria mal não importava quem fosse o dono da voz masculina que me chamava, mas a vergonha que eu estava passando no débito foi ainda maior quando eu dei de cara com um cabelo castanho escuro muito bem penteado e um terno nitidamente de grife. 

— Jung Hoseok? — indaguei, quase pulando da cadeira. Pigarrei algumas vezes, tentando ganhar o máximo de tempo para pensar em alguma desculpa esfarrapada para driblar minha falta de educação. — Desculpe, eu pensei que fosse outra pessoa. 

Realmente, desculpa esfarrapada é pouco. 

— Tudo bem, eu é quem peço desculpas. — ele disse, sorrindo. — Não deveria ter vindo incomodá-la no seu horário de descanso.  

Céus, além de ser dono de um sorriso encantador, um perfume maravilhoso e um terno acinzentado que deveria custar mais do que todas as parcelas restantes da minha casa, Jung Hoseok também era um repleto cavalheiro. 

Talvez estivesse escorrendo um filete de baba pelo canto da minha boca naquele momento, mas tudo que eu podia fazer era rezar para que ele não notasse. 

— Não, imagina, o meu horário já acabou. — mentira, ainda me restavam dois minutos. — Posso ajudá-lo em alguma coisa? 

— Na verdade, você poderia ajudar alguém por mim. — respondeu e aproximou-se um pouco mais da minha mesa, isso incluía se curvar para frente e diminuir o tom de voz, o que por si só já me parecia um tanto suspeito. — Você foi promovida para chefe do Departamento de Contenção de Injúria, certo?  

Bem, aquele era o meu atual cargo, caso eu nunca tenha mencionado isso antes. Eu costumava trabalhar sob as ordens de Yoongi no Departamento Financeiro, mas, aparentemente, alguém viu potencial na minha pessoa para estar à frente do pessoal que trabalhava basicamente na prevenção de futuros escândalos corporativos, vazamentos de informações e mais toda essa sujeira que rola nem tão discretamente assim no mundo dos negócios — sim, existia esse setor e, pasmem, é o mesmo que costuma salvar a pele dos grandes tubarões de gravata. Fora uma mudança brusca de trabalho, mas tenho que confessar que, ainda que não me orgulhasse muito de trabalhar para evitar que as pessoas descobrissem o que realmente acontece nos bastidores das grandes empresas, eu era muito melhor evitando desgraças do que fazendo contas. 

A matemática que me perdoe, mas eu sempre fui mais de humanas mesmo. 

Sem contar que, por incrível que pareça, a Maximum Group felizmente não era uma empresa que dava muito trabalho para o meu setor. 

Pelo menos até então. 

— Sim. — respondi, já desconfiada. — Por quê? 

— Bem, o secretário do Presidente Park estava procurando por alguém desse setor para ajudá-lo com um assunto delicado, então eu pensei que ninguém melhor do que a chefe do mesmo para essa tarefa.  

Eu não sei vocês, mas eu costumo sentir o cheiro das coisas dando errado há quilômetros de distância, talvez um dos motivos pelos quais eu tinha sido promovida para esse cargo. E, nesse caso, o cheiro era tão forte quanto daqueles perfumes baratos regados a álcool e essência de hospital. 

Mas, primeiro, vamos aos fatos: eu nem sabia que o Presidente Park tinha um secretário. Digo, infelizmente não é comum que um homem faça esse trabalho, pelo menos não no mundo das grandes empresas, então aquilo por si só já era chocante. 

Mas não era a pior parte da história. 

— É o meu trabalho. — eu disse e dei de ombros, pois Hoseok parecia esperar um sinal positivo da minha parte para fazer algo. — Onde ele está?  

E foi assim que Hoseok fez o que tanto estava esperando para fazer. O moreno olhou para trás e, com um gesto, chamou alguém para se aproximar da gente. Eu juro que nem tinha reparado que aquele homem estava por ali, mas quando a figura alta e de ombros largos surgiu por trás de Hoseok com seu terno totalmente negro eu fiquei um pouco impactada.  

Digo, todo mundo naquela empresa era bonito e bem vestido mesmo? 

— Soojin-ssi, esse é Kim Seokjin, secretário do meu pai. — o Jung nos apresentou, o que fez com que o homem fizesse uma breve reverência em sinal de respeito.  

Espera. Tem um total de muita informação nessa frase. 

Kim Seokjin, de acordo com Jimin, era o nome do capanga do seu tio... Então, isso significava que o homem que fazia todo o trabalho sujo para o Presidente Park era o seu secretário? Sinceramente, eu me perguntava qual função ele exercia por causa de qual. Deveria ser uma relação de trabalho um pouco confusa, além de ser acúmulo de funções e me causar um arrepio na espinha indescritível — em especial o modo como ele me olhava de cima a baixo com um sorriso de canto nada agradável ao meu ver. 

Segundo: pai?! 

— Prazer em conhecê-la, Jeon Soojin. — ele disse primeiro, impedindo que eu esclarecesse o segundo ponto com Hoseok. Sua voz não era exatamente grossa, mas era profunda o suficiente para me fazer gelar durante um par de segundos. — Apesar de que, eu acho que já a vi antes.  

Tudo bem, vou tentar simplificar aquele momento para vocês entenderem melhor o que estou sentindo: um homem que poderia ser até mesmo um assassino estava bem ali, na minha frente, vestido todo de preto e me dizendo com a postura mais ereta do mundo que já tinha me visto antes, isso tudo enquanto eu sabia que era ele quem estava espionando a minha casa há pouquíssimo tempo.  

É esse o meu sentimento, basicamente. 

— Provavelmente, oras. — Hoseok interrompeu, rindo. — Vocês trabalham na mesma empresa e agora no mesmo andar, então você deve tê-la visto pelos corredores. 

— Não. — o Kim negou, sem desgrudar os olhos de mim em nenhum momento. — Foi na rua, perto da empresa, e ela estava entrando em um carro. Por acaso, o seu namorado vem lhe buscar no trabalho?  

Ah, mas aquilo era o fundo do poço do cúmulo. 

Já era de se esperar que Seokjin não fosse acreditar no tal romance entre Jimin e eu que o Park tentou vender ao me beijar na frente da minha casa e depois entrar junto comigo na mesma, porém, chegar ao ponto de fazer aquela insinuação para tentar descobrir se eu sabia sobre ele e o seu trabalho sujo era, no mínimo, um abuso com a minha cara — porque sim, era isso que ele estava tentando fazer e isso estava nítido como água diante dos meus olhos. 

Kim Seokjin estava tentando me intimidar. 

Uma pena que ele deveria ter escolhido um outro dia para fazer isso, porque hoje eu saí de casa com os meus lindíssimos Louboutin nos pés e com uma imensa vontade de mandar para aquele lugar quem tentasse atrapalhar o meu meio dia de paz e sossego.  

— Você não acha que está sendo um pouco inconveniente, Seokjin-ssi? — eu disse, séria. — Tendo você me visto antes ou não, esse ainda é o nosso primeiro encontro. Não é muito delicado fazer perguntas sobre a vida pessoal de alguém logo após se apresentar. 

O Kim nitidamente não esperava por aquela resposta, mas tudo o que fez foi erguer uma sobrancelha. Ao seu lado, Hoseok poderia apalpar a tensão que havia entre nós caso quisesse, mas manteve-se quieto e com os olhos levemente arregalados. 

— Você tem razão, me desculpe. — Seokjin admitiu, ainda com a voz de quem estava determinado a me desestabilizar. Grandes coisas, eu diria facilmente. — Não podemos começar com o pé esquerdo por minha causa, afinal, estaremos trabalhando juntos nos próximos dias. 

Juntos?  

Eu bem que disse que aquilo tinha cheiro de algo que estava prestes a dar errado e eu poderia senti-lo há quilômetros de distância. 

Eu deveria ter corrido enquanto ainda era tempo. 

 

*** 

 

— É o que?! — Jimin indagou, vulgo berrou, levantando-se do sofá como se algo repentinamente tivesse espetado o seu traseiro.  

Isso porque eu nem tinha contado toda a história. 

— Isso mesmo que você ouviu, Park. — eu disse. — Anda correndo por aí um boato sobre um superfaturamento no último lançamento da Maximum e quem veio me pedir pessoalmente ajuda para cuidar disso foi ninguém mais, ninguém menos, que Kim Seokjin. E o pior de tudo é que já era tarde demais para negar, então eu tive que concordar em trabalharmos juntos para resolver isso.  

— E o que ele disse? — ele perguntou, aproximando-se. Nós já estávamos em casa e eu estava de pé não muito longe do sofá enquanto tentava manter a postura tranquila. — Não, isso não é o mais importante. Como ele chegou até você? 

— Bem, se ele anda seguindo você e nos viu juntos, ele obviamente já deve ter investigado toda a minha vida, inclusive o fato de que eu trabalho na empresa, não acha? — céus, eu só queria tomar um banho e trocar aqueles saltos por uma pantufa. — Mas enfim, quem nos apresentou foi o seu primo.  

Enquanto eu coçava as minhas têmporas, vi Jimin franzir o cenho. Ele parecia confuso e desconfiado, duas coisas que nunca seriam boas para a minha pessoa quando ele resolvia misturá-las. 

— Você conhece o Hoseok?  

Droga. 

Às vezes eu me perguntava aonde eu enfiava toda a formalidade que a minha avó um dia me ensinou a usar. Digo, eu poderia ter me referido a Hoseok como Hoseok-ssi, Sr. Jung, Chefe Jung... Eram infinitas as possibilidades, mas eu tive que escolher justamente a mais despreocupada e informal. Eu tinha estampado na minha cara que conhecia Hoseok de outros carnavais, mas não poderia contar para Jimin como tínhamos nos encontrado pela primeira vez nem no meu leito de morte. 

Não que eu tivesse medo daquele tampinha, mas ele certamente tinha temperamento suficiente para tentar jantar o meu fígado caso descobrisse que eu praticamente usei o seu primo para conseguir informações sobre ele.  

— Sim. — afirmei. Vamos, Soojin, pense. — Nós trabalhamos no mesmo andar, oras. É claro que eu já o encontrei outras vezes. 

Obrigada por me colocar e me tirar dessa fria ao mesmo tempo, Jung Hoseok. 

A que ponto chegamos? 

— Por que você está mentindo para mim? — perguntou, sério. — E nem tente mentir em cima da mentira, porque você sempre pisca excessivamente quando mente e não consegue nem disfarçar isso. 

— Que absurdo! De onde você tirou essa ideia?  

Querem saber o pior dessa história? Infelizmente, ele estava parcialmente certo. Digo, eu não piscava daquele jeito sempre que mentira, mas sim sempre que ficava nervosa — e, por algum motivo, eu não conseguia não ficar nervosa quando mentia para Jimin.  

Senhor, por que não me sondas quando eu preciso? 

— Você parece que está escondendo um pecado, Jeon Soojin. — ele me acusou. 

Pronto, lá estávamos nós caminhando para mais uma discussão, o que significava que não iria demorar muito para eu falar algo que não deveria e... 

— Yah, que tipo de pessoa você acha que eu sou? — indaguei, ofendida. — Não faço nada demais no primeiro encontro.  

E aí está.  

Eu não tinha sequer conseguido terminar de completar o meu pensamento e lá estava a minha boca ignorando o filtro que eu supostamente tenho no meu cérebro e dizendo coisas que não deveriam, sob hipótese alguma, serem ditas.  

Como, por exemplo, o fato de que eu e Hoseok tivemos um maldito encontro.  

— Encontro? Do tipo encontro? De saírem juntos? — Jimin estava perplexo. De repente, algo pareceu lhe ocorrer, o que o fez arregalar duas vezes mais os seus olhos. — Yah, não me diga que no Dia dos Namorados, quando eu me mudei para cá, você... 

— E o que diabos você tem a ver com isso? — eu o interrompi antes que ele pudesse completar sua fala e aquela situação virasse um desastre ainda maior. Desta vez, era eu quem falava mais alto. — Que interesse todo é esse na minha vida pessoal, Park Jimin?  

Bem, parando para pensar bem, eu não estava errada. Por que raios eu estava tão preocupada com o que Jimin acharia do fato de eu ter saído com o seu primo? Grandes coisas, ele não tinha nada a ver com isso. Jimin era... o meu inquilino, basicamente. Um inquilino um tanto problemático e não pediu licença para alugar um quarto na minha casa, mas não era mais do que isso. Tudo bem, ele até me dava caronas diárias, me trazia meu café favorito, tinha ouvido em silêncio sobre todo o meu passado hoje mais cedo e...  

Isso são coisas que um inquilino deveria fazer, certo?  

Tudo isso é perfeitamente normal, claro.  

Eu tentei manter essa certeza quando Jimin se calou e recuou um par de passos, mas suas ações não estavam me ajudando muito. Na verdade, analisando melhor, ele não tinha ajudado muito durante o dia inteiro

Talvez aquela fosse a hora de tirar aquela história a limpo. Talvez não fosse também, mas dizer e fazer as coisas certas nos momentos certos não era exatamente o meu forte, então eu já estava acostumada. 

— Você tem agido estranho o dia inteiro. — iniciei, o acusando. — Fez cara feia para o Taehyung, que nos ajudou com a maior boa vontade desse mundo, e saiu de lá às pressas inventando uma reunião do nada. Agora, está fazendo todo esse drama por causa de um único encontro entre Hoseok e eu. 

— Um único encontro? — me interrompeu, desacreditado. — Você diz isso com tanta naturalidade que... 

— Park Jimin, você está com ciúmes de mim?  

E essa é a versão mais direta e repentina que você, caro leitor, irá presenciar de Jeon Soojin; o suficiente para não permitir que Park Jimin fosse capaz de pensar duas vezes antes de responder a plenos pulmões um firme: 

— Estou!  

Aquilo sim era direto e repentino o suficiente para me fazer congelar exatamente do jeito e no lugar onde eu estava. Jimin estava com ciúmes? Aquilo era impossível de todas as maneiras existentes nesse universo, dado o fato de que nós nem tínhamos aquele tipo de relacionamento.  

Afinal, que maldito tipo de relacionamento nós realmente tínhamos? 

Patrão e empregada, locador e locatário, sonâmbulo e vítima de um sonâmbulo... Homem e mulher?  

Não, claro que não. 

De repente, o Park voltou a dar alguns passos para frente, aproximando-se mais do que a distância segura que deveria existir entre nós. Ele parecia sério demais para estar brincado e o momento também não era muito propício para esse tipo de coisa, o que fez o meu coração pular uma batida. Depois de falhar, o bastardo bateu duas vezes mais rápido, em especial quando Jimin inclinou-se para frente, igualando a altura de nossos narizes e ficando perto o suficiente para que eu pudesse sentir sua respiração quente contra a minha.  

Eu precisava me mexer, mas aparentemente havia algum defeito nas minhas sinapses que não me deixava fazê-lo.  

— Era isso que você esperava que eu respondesse? — Jimin finalmente quebrou o silêncio, inclinando a cabeça para o lado e dando um leve sorriso de canto.  

Não, isso não pode ser sério. Park Jimin não acabou de me fazer de trouxa com apenas uma palavra, bagunçando todos os meus miolos já fracos e debilitados apenas por diversão, certo?  

Ele não era nem louco de fazer uma coisa dessas. 

Quando ele se afastou quase tendo uma síncope de tanto gargalhar devido à minha falta de reação, eu constatei que ele era sim louco naquele nível. 

Louco o suficiente para brincar com Jeon Soojin e achar que era possível sair ileso dessa. 

Falsa confissão ou não, Jimin iria me pagar por aquilo e seria exatamente agora, aproveitando que eu já estava espumando de raiva. Ele achava mesmo que era o único que sabia mexer com os pensamentos alheios daquele modo? 

Pois bem, ele estava achando mais do que errado.  

Sem pensar duas vezes, eu o puxei pela gravata azul marinho, exatamente como o restante do seu terno, e o coloquei a no máximo cinco centímetros de distância do meu rosto. Ele arregalou os olhos no mesmo instante e, de tão surpreso, sequer pensou em tentar se afastar ou exclamar alguma reclamação. 

Ótimo, era exatamente petrificado que eu o queria. 

— E por que eu não esperaria? — indaguei, praticamente sussurrando. De propósito, fiz meus olhos correrem dos seus lábios até encontrarem os seus olhos esbugalhados, me controlando internamente para não rir da sua expressão tonta. E ainda faltava a cartada final. — Olha como você está agora, Park Jimin. Nem consegue negar que tem sentimentos por mim, não é mesmo? 

Oh, céus, eu tinha acabado de garantir minha passagem só de ida para o inferno na primeira classe, sem contar que não saberia como encará-lo depois daquilo tudo. Talvez eu nunca mais conseguisse sequer fitá-lo depois dessa atitude ousada — para não dizer fora de controle — e precisasse fugir da minha própria casa e me esconder em algum outro lugar muito distante, como as profundezas do Oceano Pacífico, por exemplo.  

Pois bem, eu cavaria um buraco e me esconderia nele para o resto da vida se fosse preciso, mas o faria com todo o orgulho e felicidade do mundo.  

Porque nenhum Park Jimin nesse mundo brincava com Jeon Soojin daquele jeito e saía sem, pelo menos, alguns arranhões psicológicos. 


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Espero não ter matado vocês do coração nesse capítulo, pois no próximo terá uma surpresa muito especial para vocês lá rsrsrs. Fiquem vivos até lá e, por favor, não me matem também.

Até ♥