Meu querido sonâmbulo escrita por Cellis


Capítulo 15
Meu querido cunhadinho




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Sinceramente, eu não sou o tipo de pessoa que tem um sono muito leve ou facilmente perturbável — tirando o meu despertador no último volume, são pouquíssimas as coisas capazes de me acordar e ainda mais raras são aquelas que me tiram o sono no meio da noite. Eu confesso que nem sempre fui assim, já que dormir era uma honra a qual eu não parecia ter direito na minha adolescência e nos anos seguintes também, mas acho que hoje uma vida um pouco mais estabilizada me permite ter boas e profundas horas de sono, para a minha alegria. 

Estabilizada até a chegada de Park Jimin na minha vida, obviamente. Depois de sua primeira invasão à minha residência, foram raras as noites as quais eu não passei fitando a porta do jeito mais paranoico possível, esperando que algum sonâmbulo tarado e maluco entrasse por ali. As coisas melhoraram depois que ele se mudou, eu admito, mas isso só durou até a nossa conversa de ontem à noite. Quando coloquei a minha cabeça no travesseiro e encontrei a posição perfeita para iniciar o meu soninho, todas aquelas teorias da conspiração que Jimin tinha me apresentado começaram a ocupar a minha mente. Com os olhos mais arregalados do que os de uma coruja em uma rave, eu passei a noite inteira olhando para o teto e repensando cada detalhe daquela história sem pé, cabeça ou um tronco no geral. 

Teria o tio de Jimin realmente encomendado a morte dos pais dele? Do próprio irmão? E se aquele fosse o caso, se a intenção era realmente ficar com o patrimônio do irmão, então por que diabos ele forjaria um documento que bloqueava a herança de Jimin somente até os seus trinta anos? 

Por que não roubar todo o dinheiro de uma vez? 

Foram essas e mais uma dúzia de outras perguntas sem respostas que haviam me deixado de cabelos em pé durante a noite — literalmente, pois quando me olhei no espelho naquela manhã cheguei a me assustar com o ninho de passarinhos que habitava a minha cabeça. Em algum momento já próximo do nascer do Sol, eu me perguntei como Jimin conseguia viver com aquilo tudo. Digo, se aquelas perguntas já estavam fazendo de mim uma louca agoniada em apenas um dia, imagino o que vinham fazendo com ele durante todos aqueles anos de desconfiança.  

Eu detestava ter que admitir isso, mas Jimin tinha lá os seus motivos para ser o sonâmbulo que invadira o meu quarto no meio da noite. O que não significava que eu não fosse acertá-lo com a minha frigideira se ele fizesse aquilo de novo, claro.  

E por falar no diabo... 

— Bom dia. — eu ouvi assim que desci o último degrau da escada, já pronta para ir trabalhar. 

Um bom dia simples, sem nenhum sarcástico “vírgula Jeon no final, o que me soou um tanto estranho. Virando-me na direção da sala, encontrei Jimin sentado no mesmo lugar da manhã anterior e com os olhos fixos no seu celular, parecendo concentrado em sabe-se lá o que ele estava lendo. O terno de hoje era azul marinho e aparentava ser ainda mais caro do que o de ontem, o que obviamente deixava Jimin muito mais elegante e com cara daqueles homens de negócio que a gente só encontra nas novelas. 

Sinceramente, aquela era uma visão que eu não me importava de encontrar logo pela manhã. 

Espera, que diabo de pensamento é esse, Jeon Soojin? Foco! 

— Você pareceu gostar bastante do cappuccino que eu trouxe ontem, então eu comprei o mesmo hoje. — disse, ainda fitando o celular. Franzi o cenho, estranhando aquela versão normal e até mesmo amigável de Jimin, e me aproximei dele a passos desconfiados. Ele só ergueu a cabeça para me fitar quando eu me abaixei para pegar o café sobre a mesa de centro da sala e, ao fazê-lo, arregalou os olhos. — O que diabos aconteceu com você? Foi atropelada no meio da madrugada? 

aquele, senhoras e senhores, era o Park Jimin que eu conhecia. 

Bufei.  

Até parece que ele conseguiria evoluir de um completo cavalo para um verdadeiro cavalheiro da noite para o dia. 

— Isso é culpa sua. — rebati, apanhando o café sobre a mesa com certo rancor. — Eu não consegui dormir depois de tudo que você me contou ontem. Sempre que não durmo bem, fico parecendo um panda por causa das minhas olheiras e não há maquiagem nesse mundo que dê jeito nisso. 

Jimin me encarou, parecendo compreensivo.  

— Bem, você que cismou que queria saber de tudo. — disse, dando de ombros. 

Compreensivo uma ova. Respirei fundo, bebendo um longo gole do meu cappuccino — pelo menos aquilo o abusado tinha feito de bom para compensar o estresse que ele já estava me causando às oito da manhã — para controlar meus instintos assassinos. 

De repente, lembrei-me de algo que havia me ocorrido durante a minha madrugada reflexiva. 

— O documento que o seu pai supostamente deixou bloqueando a sua herança... Com quem está? — indaguei.  

Mesmo não fazendo ideia do porquê daquela pergunta, Jimin não pensou duas vezes antes de me responder. 

— O original está com o advogado da família, mas eu tenho uma cópia. Por quê? 

— Posso dar uma olhada? — eu perguntei sem respondê-lo, bebericando meu café. — Eu sei que você já deve ter olhado todos esses documentos uma centena de vezes, mas, sabe, as vezes esse pode ser o problema. Um olhar mais fresco pode encontrar algo que você ainda não reparou.  

Na minha cabeça, a chave para toda aquela situação tinha que estar naquele tal documento. Digo, era possível que o pai de Jimin fosse um lunático e que realmente tenha deixado um pedaço de papel impedindo o próprio filho de receber sua herança; mas, convenhamos, aquele era o cenário menos provável de todos. Até um erro no cartório ou um filho bastardo no meio da história que tivesse o direito à metade do patrimônio seria mais aceitável do que aquela bizarrice, então tudo me fazia acreditar que começar pela parte mais inaceitável da história era o melhor a se fazer. 

Começar com os dois pés na cara, para os leigos. 

— Você pode estar certa. — Jimin finalmente respondeu, levantando-se.  

Não demorou muito para que ele voltasse pelas escadas com um envelope amarelado em mãos. Eu já tinha terminado o meu cappuccino e, por sorte, nós tínhamos algum tempo sobrando antes do trabalho para que eu pudesse ler o que quer que me aguardasse com calma. Eu tinha me sentado na poltrona e, após me entregar o envelope, Jimin voltou a se sentar exatamente no mesmo lugar de antes. 

Nota: daqui a pouco o meu sofá terá a marca do seu traseiro naquela almofada em específico. 

Abri o envelope e, de dentro dele, puxei um par de folhas grampeadas uma na outra. O documento fora redigido naquelas fontes antigas, como se tivesse sido preparado por uma máquina de escrever, mas a data no fim da última página já era da época em que não se encontrava mais das mesmas por aí.  

— Quantos anos você tinha quando isso foi escrito? — indaguei, relendo o documento.  

Sim, a data estava no final da página e eu sabia o ano que Jimin tinha nascido, mas daí a fazer as contas já são outras conversas — vulgo exatas demais para a minha pessoa.  

— Uns dois ou três, eu acho. — ele respondeu, pensativo. — Por quê? 

— Então foi no ano que vocês se mudaram para Seul? — continuei perguntando, tentando levar minhas ideias mirabolantes para algum lugar.  

— Como você sabe... 

— Vou levar isso como um sim. — eu o interrompi antes que tivesse que dar maiores explicações sobre de onde vinha todo aquele meu conhecimento. — O que não entra na minha cabeça é porque o seu pai faria um documento desses quando ele estava só começando a Maximum... Digo, ele registrou os papéis em Busan e logo depois vocês se mudaram, se nós formos seguir a ordem cronológica das coisas. Ele não tinha nem como saber que a empresa viraria esse conglomerado enorme.  

— Você realmente sabe muito sobre mim. — Jimin comentou no meio do meu raciocínio. — Sabe que isso é assustador, não é? 

Quando ergui a cabeça para fitá-lo, me deparei com um Park de pé ao meu lado que, curvado, tinha a respiração perto demais do meu precioso cangote. Pigarreei, me perguntando porque aquela situação de repente me parecia tão desconfortável, e me remexi na poltrona na tentativa de afastá-lo. 

Tentativa falha, já que ele parecia mais concentrado no documento nas minhas mãos do que nos poucos centímetros que nos separavam.  

— Eu apenas fiz uma pesquisa, oras. Precisava saber quem eu estava colocando debaixo do meu teto. —  rebati, ainda inquieta. Céus, Jimin, você já deve ter lido essas palavras uma centena de vezes, então por que tanto interesse nelas justamente agora? — Você já tentou pedir informação nesse cartório?  

— Sim, uma vez. Mas ele fica bem no interior de Busan e, sinceramente, o pessoal lá não é muito a favor de sair dando informações desse tipo para quem é de fora. — respondeu, bufando. — Ninguém lá me disse uma vírgula sequer.  

Olhando com um pouco mais de atenção para aquele endereço no fim da página, sob o nome do cartório, o lugar me pareceu um tanto familiar. Quando Jimin comentou ser no interior da cidade, uma luz se acendeu sobre a minha cabeça feito os desenhos animados da década passada. 

Era isso! 

— Mas vão me dizer. — eu disse, me levantando num único impulso determinado.  

Com o susto, Jimin finalmente deu alguns passos para trás e se endireitou.  

— Como assim? — perguntou confuso.  

— Invente alguma desculpa boa o suficiente para não descontarem o meu dia de trabalho e ligue o carro, Park Jimin. — ordenei, não contendo um sorriso orgulhoso de canto. — Nós vamos para Busan.  

 

*** 

 

— Deixe-me ver se entendi direito... — Jimin balbuciou, alternando os olhares entre a estrada e a minha digníssima pessoa. — Você me fez ligar para o escritório inventando uma viagem de negócios de última hora e dirigir mais de duras horas até onde Judas perdeu as botas em Busan porque você acha que conhece alguém nesse tal cartório que pode nos ajudar? 

Levei alguns segundos para organizar todas aquelas informações na minha cabeça e, quando finalmente o fiz, fitei Jimin sem ter para onde correr — literalmente, eu digo, pois estávamos há horas presos dentro do seu carro e saltar de um veículo em movimento não era uma opção exatamente viável. 

— Bem, tecnicamente sim. — afirmei. — Mas veja bem, eu tenho quase certeza de que ele trabalha nesse cartório. Quando a mãe dele trabalhava lá, ele vivia dizendo que seguiria os seus passos e essas coisas. 

— Primeiramente, pelo o que você me contou, isso já tem uns dez anos. — Jimin rebateu e, olhando com atenção, eu já podia ver a fumaça saindo de suas ventas. — Segundo, quem diabos é esse ele? Você sequer me disse um nome ou quem esse tal de ele é, o que me passa ainda menos confiança nessa sua ideia maluca. 

— Yah, maluca é a... — iniciei, porém achei melhor para o resquício de boa imagem que me restava não terminar a frase. Ao invés disso, cruzei os braços e fitei a estrada com o peito inflado. — Não interessa quem ele é. 

Jimin bufou, provavelmente se amaldiçoando mentalmente por não poder tirar os olhos do trajeto para me fitar incrédulo.  

— Quantos anos você tem? — murmurou irônico, soando mais como uma criança emburrada. 

Criança. A resposta para aquela pergunta estava pronta na ponta da minha língua, envolta em veneno de sucuri.  

— Cinco a mais do que você, então respeite a sua noona

Ah, mas como eu estive esperando por aquela oportunidade.  

Noonaabreviação originada da frase “me respeita sua criança mal-educada". O melhor vocábulo da língua coreana, eu diria com toda a certeza. 

Talvez não para o Park, que finalmente tirou os olhos da estrada para me fitar com ambos arregalados. Abriu e fechou a boca algumas vezes, provavelmente lutando contra si mesmo sobre a hipótese de usar ou não o honorífico. Ele parecia estar no meio de uma pane mental, o suficiente para quase errar o caminho. 

— Direita! — eu exclamei, com certeza o assustando. Ele seguiu a minha orientação, murmurando algo que eu não pude compreender. — Aigoo, se não fosse por essa noona aqui você teria errado completamente o caminho. O que você faria sem mim, dongsaeng

Eu tinha me virado completamente para ele e, sem esforço algum, forçava a minha voz e gesticulava o suficiente para irritá-lo. Aquilo poderia resultar num catastrófico acidente de carro? Bem, talvez, mas eu jamais perderia a chance de me divertir daquele modo às custas de Park Jimin. 

— Por tudo que há de mais sagrado nesse mundo, pare com isso. — ele praticamente implorou, agora evitando a todo e qualquer custo olhar na minha direção.  

Meus níveis de veneno tinham sido elevados com sucesso. Aquilo era o suficiente, pelo menos por enquanto.  

Segurando uma risada um tanto maligna, eu ignorei seu pedido desesperado e apontei para um prédio cinzento de três andares.  

— É ali. — eu disse, ainda que a enorme placa com os dizeres Terceiro Cartório Regional de Busan falasse por si só e dispensasse aquele tipo de apresentação. 

Ainda psicologicamente abalado com o que acabara de acontecer, Jimin estacionou o carro em silêncio e saltou do veículo primeiro do que eu. Era provável que ele ainda não acreditasse que aquilo poderia dar certo, contudo, eu não ligo realmente para o que Jimin pensa ou deixa de pensar — eu tinha quase certeza de que daria e era isso que importava. 

Reunindo toda a confiança que habitava o meu ser, eu entrei primeiro no prédio, seguida pelo Park, e não demorei muito para localizar o balcão de informações. Atrás dele estava uma jovem sorridente e de vestes simples, o que combinava com os ares daquele lugar. Sinceramente, eu gostava de toda aquela simpatia do interior e vez ou outra sentia falta daquilo em Seul, ainda que eu tivesse certeza que enlouqueceria se tivesse que viver com toda aquela calmaria.  

— Bom dia. — a jovem disse, sorrindo. — Em que posso ajudá-la? 

— Bom dia. — eu respondi, tentando ser igualmente simpática. Sua expressão mudou ao ouvir apenas aquelas duas palavras, o que significava que ela já tinha notado a minha falta de sotaque. — Isso vai parecer estranho, mas eu estou procurando por alguém que possa trabalhar aqui. Seu nome é... 

— Noona?!  

Mas que diabos... Jimin tinha resolvido sem mais nem menos começar a me respeitar? E por que raios a voz dele estava uns dois tons mais grave?  

Virei-me para o lado e, ao contrário do que eu esperava, o dono daquela voz não era o Park — na verdade, esse estava do meu outro lado. Um rapaz muito bonito e que aparentava ser alguns anos mais novo do que eu me encarava e, quando me viu, seu sorriso aumentou ainda mais. 

Aquele sorriso era o mesmo de uma década atrás, quadrado e inocente. 

— Taehyung–ah! — eu exclamei, sorrindo aberto e involuntariamente.  

Taehyung trazia consigo um par de pastas, contudo, quando teve a confirmação de que aquela era realmente eu, ele as largou no chão e correu na minha direção — intenso e desastrado, como sempre. Era como se ele ainda fosse o mesmo pestinha de sete anos e, por isso, a única reação do meu corpo foi abrir os braços e esperar o impacto. Dito e feito. Mesmo quase me derrubando no chão, o abraço dele ainda era um dos melhores e aquilo também não tinha mudado depois de tantos anos. 

— Noona, como você veio parar aqui? — ele perguntou, se afastando o suficiente para me olhar da cabeça aos pés. — Uau, você está linda! Já faz tanto tempo que eu nem consigo me lembrar se você sempre foi bonita assim ou se essa é uma benção da puberdade.  

Soquei seu braço, brincando.  

— Eu estou linda? — rebati, fingindo estar chocada. — Yah, quantos corações você já partiu com esse rosto de modelo?  

Cafona, eu sei, porém Kim Taehyung era um dos poucos seres humanos capazes de despertar aquele meu lado. Ele riu e fez um V com os dedos em um dos olhos, uma pose que ele costumava fazer desde criança quando gostava de um elogio. Eu ri e estava prestes a lhe dizer alguma coisa quando, de repente, nosso reencontro foi interrompido por um limpar extremamente forçado de garganta. 

No meio de toda aquela euforia, eu tinha literalmente esquecido que Jimin estava logo ali, atrás de nós, esperando por algumas respostas.  

Estraga prazeres. 

Dei alguns passos para o lado, abrindo caminho entre os dois. Jimin se aproximou com uma cara nada amigável, o que me fez querer socá-lo por agir assim com Taehyung. Eles nem se conheciam, então por que diabos o Park estava fazendo aquela cara de poucos amigos antes mesmo que eu pudesse apresentá-los? 

Resolvi ignorá-lo, pelo menos por agora. 

— Taehyung–ah, esse é Park Jimin. — eu disse, correndo meu indicador de um para o outro. — Jimin, esse é Kim Taehyung. 

Sim, eu tinha pulado a parte dos rótulos. Digamos que não era exatamente fácil apresentar Jimin como o sonâmbulo que mora na minha casa/meu chefe, muito menos Taehyung como o garoto que um dia já foi meu irmão. Para efeitos de agilizar as coisas, era melhor que ninguém soubesse de nada além do necessário.  

Taehyung curvou-se animado e respeitosamente na direção de Jimin e, em seguida, o mesmo fez uma reverência curta e manteve a expressão séria.  

O que diabos tinha de errado com o Park? 

Uma coisa era certa: ele teria que se entender comigo mais tarde. No mínimo, explicaria com detalhes o porquê daquela mudança de humor repentina justamente ao encontrar a única pessoa que possa lhe dar alguma pista sobre seu pai por enquanto.  

Fitei os cabelos castanhos de Taehyung que quase cobriam os seus olhos de tão grandes, pigarreando. Ele tinha ganhado algum senso de estilo, eu confesso, pois mesmo estando no interior não se impedia de usar uma calça preta, blusa gola alta cinza e um sobretudo branco que lhe deixavam ainda mais bonito e excessivamente elegante para o ambiente — sinceramente, se eu não conhecesse o Kim há tanto tempo e não conseguisse vê-lo como nada mais do que meu irmãozinho mais novo, eu estaria babando por ele naquele momento. Taehyung tinha me passado em altura e, mesmo que eu jamais fosse admitir aquilo em voz alta, em beleza e simpatia também.  

— Tae, eu sei que já faz um bom tempo desde a última vez que nos vimos, mas é que hoje eu vim aqui para lhe pedir um favor...  

Sinceramente, eu não sabia como terminar aquela frase. Fazia uma década que eu não contactava Taehyung para, de repente, aparecer do nada feito uma pedinte precisando de dinheiro.  

Eu deveria ter pensando em alguma desculpa fenomenal no meio do caminho ao invés de ter passado noventa por cento do tempo discutindo com Jimin. 

— Deixa-me adivinhar. — ele disse, travesso. — Seu namorado precisa de alguma coisa? 

— Não! — eu exclamei mais alto do que o necessário, atraindo a atenção das poucas pessoas ao nosso redor. Tentei me recompor logo em seguida, abaixando meu tom de voz. — Digo, ele realmente precisa de uma coisa e você pode ajudar, mas nós não somos namorados.  

— Não são? — o Kim indagou, franzindo o cenho. — Então por que ele...  

Taehyung não conseguiu terminar de falar, pois, no meio do processo, senti um braço envolver meu corpo e toda e qualquer ação foi interrompida naquele momento. Aproximando-se de mim, Jimin abraçou-me de lado e pousou sua mão na minha cintura, o que quase me fez berrar de susto. 

— Nós somos casados. — ele disse, fitando-me com a sua expressão mais maligna.  

Espera, o que?! 

— O que diabos você está fazendo? — sussurrei para ele, tentando me soltar do seu braço.  

Tentativa falha, eu devo ressaltar. Ao invés de afastar Jimin, eu o fiz a cascavel sorrir ainda mais.  

— Você nunca viu essa cena antes? — indagou, sussurrando de volta. — Considere isso como a minha vingança, Jeon.  

Filho de uma... 

Ele estava se referindo ao dia na loja de materiais de reforma, quando eu fingi que erámos casados por causa de um ótimo desconto. Diabos, além de ter sido por um bom motivo, ele já não tinha se vingado o suficiente com toda aquela cena no dia?  

O quanto de rancor cabia naquele ser humano minúsculo?  

Pelo menos era óbvio que Taehyung não acreditaria naquilo e... 

— Aigoo! Por que não me disse isso antes, noona? — o Kim disse, animado. Começou a se agitar para sair andando, sem me dar uma minúscula chance de desmentir aquela palhaçada. — Vamos, vou levá-los até a minha sala e lá você pode me pedir qualquer coisa, contanto que me conte tudo sobre isso! Quero saber tudo sobre o meu cunhadinho. Vamos! 

Sinceramente, eu queria matar Taehyung por ser tão hiperativo ao ponto de simplesmente me dar as costas e sair caminhando animadamente sem me deixar dizer um ai. Quando pensei em falar alguma coisa, ele já estava longe.  

Mas, mais ainda e mais do que nunca, quem eu realmente gostaria de estar assassinando com as minhas próprias mãos naquele momento era o famigerado Park Jimin


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Me contem!
Até ♥