Total Drama escrita por Ero Hime


Capítulo 2
Apenas amigos


Notas iniciais do capítulo

OLÁÁÁÁ ATUALIZAÇÃOZINHA DA KAGEHINA
Obrigada a todas as visualizações, acompanhamentos e a Deby Costa que deixou um comentário super incentivador! ♥
Espero que gostem ♥



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Kageyama olhou para seu relógio novamente, resmungando. Reprimiu um bocejo e seus olhos encheram de água. Era sábado, e ele não estava nos melhores dos humores. Não tinha conseguido dormir na noite passada, remoendo de ansiedade, e, quando seu despertador tocou, mal tinha cochilado. Ainda assim, vestiu suas melhores roupas e pegou o ônibus tão cedo quanto pode. Agora, esperava na frente da estação, verificando a hora e se perguntando se ele quem tinha chego com antecedência demais.

No dia anterior, Hinata o tinha convidado para sair. Não era exatamente um encontro – ele só queria companhia para cortar o cabelo e comprar novos tênis de vôlei –, mas, de qualquer maneira, Kageyama sequer cogitou recusar, mesmo que significasse sacrificar sua manhã de sono. Não teria conseguido dormir nem se quisesse; passou a noite toda criando expectativas, suando de nervosismo e ensaiando frases prontas.

Claro que toda a situação parecia despropositada – Hinata estava atrasado. Tobio procurava por ele a cada nova linha que estacionava, frustrando-se quando seus olhos não encontravam o cabelo ruivo flamejante que começara a cair sobre sua visão. Seu estômago revirou ao pensar que ele poderia ter lhe dado um bolo.

Infelizmente, um dos problemas de estar apaixonado era a supervalorização de qualquer coisa que Hinata fizesse. A última semana passou como uma tortura, principalmente depois de descobrir sobre aquela coisa estúpida de desinteresse. Era angustiante não poder tocá-lo, abraçá-lo e beijá-lo como gostaria. No vestiário, enrolava até o último instante, apenas para poder ficarem mais tempo juntos – e vê-lo sem camisa era realmente um bônus generoso –. Assim como as pequenas demonstrações de afeto deixavam-no nas nuvens, Kageyama nem conseguia imaginar as coisas ruins. Pensar que Hinata poderia tê-lo deixado esperando era apenas doloroso demais.

Estava cansado do seu coração estúpido palpitar cada vez que Hinata chegava perigosamente perto, ou derreter-se quando ele sorria aquele sorriso brilhante e despreocupado – por isso tinha decidido se declarar.

Claro, ele não seria idiota — faria isso no fim do dia. Tinha uma lista de atividades cuidadosamente planejada, que ajudaria a amolecer Hinata e considerá-lo como seu namorado. E então, quando fossem se despedir, ele lhe entregaria seus sentimentos e o convenceria do ótimo casal que fariam juntos. Isso acabaria com todos seus problemas, e teria, finalmente, um bom motivo para explicar aos outros membros do time porque ruborizava quando Hinata o tocava inesperadamente – de fato, teria um bom motivo para ele mesmo tocá-lo inesperadamente, sempre que quisesse –.

Passou a noite elaborando seus passos, e por isso – entre outras razões – não tinha pregado os olhos. Sua mente trabalhava rápido, cogitando todas as possibilidades, todavia, sentia-se parcialmente confiante.

Estava prestes a puxar o celular e mandar uma mensagem para o bocó, quando ergueu os olhos e o viu correndo em sua direção. Como se fosse atraído por sua presença, o avistou imediatamente, acompanhando-o correr pela plataforma. À medida que se aproximou, parou a alguns centímetros, apoiando contra as pernas e respirando ofegante. Kageyama rolou os olhos, aproveitando para verificar como ele ficava bem usando camisetas coloridas. Finalmente, arrumou a postura, e suas bochechas estavam vermelhas, assim como sua boca, entreaberta.

— Me... desculpa...! – arfou, quase sem voz. Kageyama gesticulou, indiferente.

— Sem problemas. – arrumou a bolsa-carteiro atravessada em seu ombro – Podemos ir? – apontou para o portão que dava acesso à rua principal. Hinata assentiu várias vezes, parecendo revigorado.

Caminharam pelas escadas em silêncio. De soslaio, Tobio guardava em sua memória cada pequeno aspecto de sua aparência. Odiava o fato dele ser tão baixo, porque o tornava mais abraçável. Seus braços encaixavam-se perfeitamente na curvatura de suas omoplatas, quando o envolvia para provocá-lo. Parecia feito para ser assim.

— Por que se atrasou? – perguntou, finalmente, quando alcançaram a calçada. Hinata andava balançando os braços, dando a impressão de estar bastante feliz.

— Perdi hora. – respondeu, com um sorriso amarelo – Demorei para dormir porque estava nervoso, e não ouvi meu despertador. – falou, rápido demais, entrelaçando os dedos. Kageyama abriu um sorriso largo demais para sua própria dignidade.

— Hinata idiota. – murmurou, e o ruivo o fitou com sua expressão ensolarada.

Miyagi não era grande o suficiente para que tivessem que andar muito até chegarem a um bom cabeleireiro. Hinata reclamou o caminho todo, afastando as mechas para longe dos olhos; Kageyama permaneceu quieto, ouvindo-o falar – não só porque que achava que a voz de Hinata era a coisa mais irritantemente doce que existia, mas também porque seu estado contínuo de sonolência parcial o impedia de dar longas respostas –. Quando chegaram, o salão estava quase deserto, e Hinata aguardou por pouco tempo. A maneira que ele balançava os pés, esperando, só podia ser descrita como adorável.

Tobio ficou sentado pacientemente. Através do grande espelho, Hinata procurava por sua aprovação, e ele assentia silenciosamente, recebendo um largo sorriso como resposta. O chão ficou cheio de mechas laranjas, e, quando terminou, seu cabelo estava cortado para todos os lados, com uma franja e comprimento intacto. Todo o processo não demorou vinte minutos, então tinham o dia todo pela frente.

— E então, Kageyama? Gostou? – perguntou, ansioso, enquanto caminhavam até a loja de artigos esportivos. O levantador pensava em comprar uma bola nova para sua coleção, além de pensar, obviamente, em como Hinata estava bonito.

— Sim, ficou ótimo. – respondeu de imediato, sincero.

— Que bom. – sorriu, sustentando o olhar. Kageyama engoliu em seco, com as palmas suando.

A loja de esportes era enorme — os dois garotos ficaram igualmente entusiasmados quando entraram no primeiro piso, cercados de prateleiras de bolas –. Tobio gostava da maneira que ele e Hinata dividiam tantos interesses em comum. O ruivo saiu correndo na frente, e ele, meio praguejando, meio rindo, tentou segui-lo para evitar que se perdesse.

— Oy, Hinata! – chamou – Espera!

— Vamos logo, Kageyama! – riu, subindo os degraus. Estendeu o braço, tateando o ar, até que alcançou a mão do levantador. Seu rosto ficou inexpressivo, e percebeu que os dedos de Hinata eram realmente finos e macios. Não teve tempo para processar, porque ele voltou a correr, levando-o a reboque. Não percebeu como Tobio transpirava, ou como seu sorriso estava bobo.

Pararam ao chegar no terceiro andar, onde fileiras de tênis esportivos estavam expostos. Kageyama tentou disfarçar a decepção quando Hinata soltou sua mão, procurando pelos sapatos do seu tamanho com uma expressão fascinada. Enquanto admirava, o moreno se sentou, observando-o – era bom em observar, na maioria das vezes –.

— O que acha deste aqui? – exibiu um modelo vermelho com faixas pretas. Fez uma careta e balançou a cabeça.

— Chamativo demais. Se bem que combina com você. – acrescentou, provocador, e o ruivo lhe deu a língua, voltando para procurar mais opções.

Tobio curvou o pescoço, acompanhando as linhas de sua estatura. Como alguém tão baixo podia ter ombros tão largos? Gostava quando ele usava a jaqueta do time, porque, caramba, ele ficava lindo. Quanto mais o tempo passava, mais características ele encontrava, e mais se apaixonava. Parecia patético, mas não conseguia evitar. Distraído, não reparou que Hinata chamava sua atenção, até que sentiu os dedos formigando em seu braço. Olhou para cima, assustado, e se deparou com as duas amêndoas o contemplando avidamente.

— Está viajando ou o quê? – caçoou – Esquece. Eu não encontrei um para mim ainda, mas... – fez uma pausa, tirando a outra mão de trás das costas – Tchanam! Olha isso! – estendeu, como um troféu. O moreno se empertigou, arqueando a sobrancelha. Hinata segurava um par de tênis espetaculares, preto e com molas. Seus olhos se arregalaram e ele saltou, entusiasmado.

— Uau, que incríveis! – exclamou, e Hinata fez sua cara de vitória – Mas acho que eles ficam um pouco grandes em você. – apontou, considerando que eram 40 e Hinata usava 36. Ele bufou, descrente, mas ainda com um sorriso.

— Ouviu o que eu disse antes? – ele não tinha ouvido – Não são para mim, Kageyama lerdo. São para você! – anunciou, alegre, e Tobio engasgou.

— Bem, eu realmente gostei do modelo. – retrucou, franco – Mas não trouxe dinheiro para comprar tênis hoje. – ainda estava confuso. O ruivo fez uma careta e rolou os olhos.

— É um presente. – os soltou em suas mãos, e saiu para continuar a olhá-los, deixando um Kageyama embargado e sem palavras.

Segurou os tênis, analisando-os com deslumbre. Poderia tentar discutir e dizer que não aceitaria, mas seria inútil – Hinata era mais teimoso que ele. Suspirou, sentindo um sentimento morno aquecê-lo. Era claro, claro como água. Como poderia dizer que Hinata não sentia o mesmo que ele? Quando seu coração saltava, ele sorria tão exultante, seguravam as mãos e se divertiam juntos? Tinham de ficar juntos. Estava mais confiante do que nunca para sua declaração.

Demoraram mais uma hora inteira na loja, com Hinata indeciso entre dois modelos basicamente iguais – Kageyama se convenceu que apenas aguentou porque gostava mesmo dele –. Comprou um branco, parecido com o antigo, e também uma bola nova; depois do almoço, iriam para o parque testá-la.

Hinata o persuadir a comer em uma lanchonete que servia sanduíches com queijo extra. Eles dividiram um copo de refrigerante e conversaram sobre qualquer coisa. Nunca faltava assunto entre eles, e, se acontecesse, o ruivo começava a contar piadas e histórias engraçadas. Kageyama riu como nunca antes, embora fosse conhecido por sua personalidade introvertida. Anotou mentalmente para se lembrar daquele dia como o primeiro encontro perfeito.

No fim, parecia óbvio onde acabariam. Em uma das quadras mais afastadas, ficaram trocando manchetes com a bola nova, que quicava perfeitamente. Kageyama ralhava quando Hinata se distraía, contudo, estava realmente feliz por estarem ali. Passaram o dia inteiro juntos, e, por vezes, o menor agarrava sua mão para arrastá-lo, e aquilo era realmente legal.

— Oy, Hinata? – estendeu os braços acima da cabeça para levantar em um toque.

— O que foi? – ele devolveu com uma manchete, flexionando as pernas.

— Tem alguém que você goste? – perguntou, com naturalidade. Hinata franziu a testa, tentando se concentrar na bola.

— Não sei, acho que não. – Kageyama rolou os olhos mentalmente diante de tanta simplicidade – E você? Está gostando de alguém?

— Estou. – sentiu apenas alguns tremores de euforia.

Uh, que demais! Quem, quem, quem? Eu conheço? É da nossa escola? – perguntou, uma atrás da outra.

— Bom, é você.

Hinata segurou a bola, encarando-o.

— Como?

— Eu estou apaixonado por você. – deu de ombros, se aproximando dele.

O ruivo permaneceu inexpressivo, abrindo e fechando a boca algumas vezes. Kageyama parou a poucos metros, tentando escapar da luz do sol – e analisando, secretamente, em como as sardas dele ficavam deveras bonitas daquele ângulo –. Esperou pacientemente até que Hinata saísse do choque. Lentamente, suas bochechas se curvaram em um sorriso trêmulo, e ele riu nervosamente.

— Uau, bela piada, Kageyama. – seus ombros se moveram com a risada trêmula. O levantador não o imitou.

— Estou falando sério. – manteve o rosto sério – Estou apaixonado por você, Hinata.

Se não estivesse com tantas expectativas, teria se divertido com a sequência de expressões que cruzaram sua feição. Incredulidade, confusão e assombro foram algumas delas. Ele apertava a bola, desviando o olhar para os cantos ao seu lado, e gotículas de suor escorreram por sua testa. Kageyama permaneceu tranquilo.

— B-Bem, eu estou li-lisonjeado. – gaguejou, e Tobio ergueu uma sobrancelha – Você tem certeza? – que tipo de pergunta era aquela?

— Acho que tenho plena ciência dos meus sentimentos por você. – retrucou, um pouco impaciente – Estou apaixonado por você, e quero sair com você. Quero namorar você. – insistiu, firme. Hinata parecia ter as pernas bambas, fixando-o arregalado.

— K-Kageyama... – murmurou desconcertado, assumindo encantadores tons de vermelho – Eu agradeço muito, mas nós somos só amigos.

Só amigos.

Só amigos.

Bem, certamente Kageyama não esperava por aquilo. Deixou os ombros caírem, abruptamente, e entreabriu a boca, atordoado. Encarou Hinata como se ele tivesse dito algo em uma língua desconhecida.

— Que? – torceu para ter entendido errado.

— Eu te vejo só como um amigo. – sorriu amarelo. Kageyama o mirou paralisado.

— Só amigo? – repetiu, exasperado – M-Mas e tudo? E hoje? N-Nós saímos, e fomos comprar coisas juntos, e almoçamos! – agora sua garganta estava fechada. Hinata baixou os olhos, como se fosse culpado de algo.

— Bom, eu te considero muito amigo. – torceu os dedos, como fazia quando estava nervoso – Eu sinto muito, Kageyama, mas, mesmo que eu queira sair com você – o coração do levantador falhou uma batida – isso poderia estragar nossa amizade, e eu realmente não quero isso. É melhor continuar do jeito que estamos.

Encolheu os ombros, pegando sua bolsa e saindo pelo portão da quadra, olhando para trás quando estava na esquina. Desapareceu na multidão, o sol já se pondo. Kageyama permaneceu parado, em estado de torpor, as palavras ressoando em seu ouvido. Esteve convencido de que Hinata sentia o mesmo por ele, que aquele encontro tinha demonstrado isso. Quer dizer, agiram basicamente como um casal!

E o que ele queria dizer com estragar a amizade? Tobio simplesmente não conseguia entender. Em sua cabeça, era simples, estupidamente simples. Tudo que ele queria era estar com Hinata, da mesma maneira que todos os dias, e poder abraçá-lo quando quisesse. Mas tudo parecia girar de um drama excessivamente complexo para ele.

Acabou por sair do transe, frustrado. Bagunçou o cabelo e foi até sua bolsa, pegando-a junta da sacola com os tênis novos que ganhou de presente. Alguma coisa não estava certa. Sozinho, com calma, conseguiria pensar em uma solução, e no que aquilo significava. Não importava o que Hinata dissesse, ele sabia o que o garoto sentia. E sabia que não deixaria de estar apaixonado. Teria apenas que simplificar toda a situação que seu pequeno corvo complicava.


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