Total Drama escrita por Ero Hime


Capítulo 1
Jogo do desinteresse


Notas iniciais do capítulo

Todo dia uma eu prometendo não postar fic nova enquanto não terminar as outras, e todo dia uma eu falhando miseravelmente
MAS AQUI ESTOU
Eu SEMPRE quis escrever KageHina, e Haikyuu é meu anime preferido do mundo inteiro, então eu juro que não resisti
No começo era pra ser uma one super fofa, mas eu fui montar o roteiro e já tem doze capítulos planejados socorro rindo de nervoso
ENFIMMM espero que gostem!!! É uma clichêzinha e, apesar do nome, não vai ter drama dramático não!! É mais um drama divertido, que todo mundo sabe que eu amo ♥
Eu tirei a ideia desse capítulo especificamente de um filme que eu tava vendo de bobeira, achei muito legal e apliquei!
Um beijão pra todo mundo que tá lendo isso aqui ♥



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Kageyama estava apaixonado. Isso era um fato. Ele estava apaixonado, e tinha certeza disso, tanta certeza quanto vôlei era seu esporte preferido – o que definitivamente queria dizer alguma coisa –. Não foi uma conclusão qualquer tomada aleatoriamente. Ah, não. Kageyama passou tempo considerável analisando seus próprios sentimentos, estudando-os categoricamente até chegar ao irremediável resultado.

Ele estava apaixonado. Era isso.

Kageyama não se desesperou diante da situação. Em sua concepção, era algo simples. Ele estava apaixonado, e queria ficar com ele. Queria seu objeto de desejo, de felicidade, aquele que conseguia irritá-la na mesma proporção que conseguia fazer as palmas de suas mãos suarem de nervosismo. De fato, tinha uma visão errônea das circunstâncias – não entendia porque seus colegas faziam tanto drama sobre aquilo. Não lhe parecia um problema estar apaixonado, mesmo que fosse por quem era.

Talvez o verdadeiro obstáculo fosse ele estar apaixonado por Hinata.

O levantador admitia que não poderia ter escolhido pessoa pior para se apaixonar – não foi verdadeiramente uma escolha, havia uma licença poética para a dramaticidade –. Hinata era, no menor dos seus problemas, lerdo. E, no maior deles, burro. Ele jamais perceberia com facilidade os sentimentos que Kageyama nutria por ele. Quer dizer, ele percebia que Hinata os correspondia.

Eles tinham uma ligação que nenhum dos outros tinham. Quando jogavam juntos, era como se a quadra se desfizesse, e o universo se condensasse apenas neles. Seus levantamentos para Hinata eram perfeitos, e ele conseguia sentir sua aura, onde quer que ele estivesse – para Kageyama, estava bem óbvio o que sentia –. E havia os olhares. Os toques. As provocações. Os vislumbres rápidos. As caretas emburradas quando não tinha atenção o suficiente. Hinata era como uma criança carente, e Kageyama satisfazia-se, com prazer, em mimá-lo como uma.

Mas o fato era que o menor nunca perceberia sozinho. Kageyama duvidava que outros tipos de pensamentos, que não fossem sobre vôlei, passassem em sua mente pequena e limitada. Então, ele teria que fazê-lo enxergar, para que pudessem ficar juntos, e resolver aquele incômodo que o atormentava sempre que via alguém bagunçando seu cabelo e arrancando seus sorrisos. Kageyama queria aqueles sorrisos para ele.

Fechou seu armário com um pouco mais força do que o necessário, arrumando a jaqueta do time enquanto jogava a mochila sobre os ombros. Não se importou em tirar do rosto a máscara mau humorada, afugentando cumprimentos educados de bom dia que seus colegas animados demais insistiam em lhe dar. Como se não conhecessem sua personalidade altamente empolgada pela manhã – ainda mais a caminho da aula de português, onde, por acaso, estava tomando bomba.

Cruzou o corredor iluminado da Karasuno, procurando, ansioso, por um par de olhos amêndoas em especial, acompanhados de fios ruivos que caíam perfeitamente ao redor de seu rosto. Limitou um suspiro estupidamente apaixonado.

— O que é isso, Kageyama, suspirando igual um velho logo de manhã! – o levantador teria disposto uma série de palavrões e possivelmente um olhar feroz para quem quer que o tivesse provocado na porta da sala, mas não era uma pessoa qualquer. Era o próprio. Ele cruzou seus ombros, trombando-os propositalmente, com a mesma jaqueta do time caindo ligeiramente maior em seu corpo. O moreno conteve um ciciar, desfazendo a careta raivosa por um olhar quase amigável.

— Bom dia, Hinata. – como o próprio sol, ele se erguia, incendiando todo seu peito. O sorriso que abriu em sua direção poderia curar o câncer.

— Vamos sentar logo, ranzinza!

Kageyama percebeu. Ele percebeu muito claramente, cristalino como água. Aquele brilho refletido nos olhos castanhos-claros. Hinata gostava dele, e não somente como levantador, muito menos apenas como amigo. Estava ali. Ele só não entendia porque não colocavam aquilo em pratos limpos, e ficavam logo juntos.

Antes que pudesse sugerir que conversassem, outros primeiranistas empurraram-no pelas costas, para entrar. Tomado novamente pela sua velha rabugice, teve que se contentar e se sentar junto de Hinata, nas carteiras mais ao fundo. Era incômodo, e ao mesmo aliviante. Como oxigênio, ele se enchia de Hinata, inspirando seu perfume, compartilhando seu calor. Mas nunca conseguiria ser tão simpático como ele, popular como ele. E aquelas pessoas todas cercando-o não deixavam seu humor exatamente melhor.

Literatura e Gramática era uma das poucas matérias que faziam juntos. Ambos iam mal em seus exames, e ficavam, respectivamente, nas turmas A e B – o que apenas comprovava, para Kageyama, o casal perfeito que eles formavam –. O garoto apenas não conseguia entender o que todas aquelas nomenclaturas significavam, e era igualmente ruim em interpretação de texto.

Passou a tamborilar sua caneta na mesa, apoiando a cabeça contra o outro braço, esperando que os ponteiros do relógio tivessem misericórdia e passassem mais rápido. A única coisa pela qual esperava ansiosamente eram os treinos depois do almoço – para poder jogar vôlei com Hinata.

Enquanto isso, desviou o olhar para o baixinho, que anotava furiosamente os dizeres da lousa. Mordia o lábio inferior, compenetrado, e Kageyama resistiu ao impulso de afastar com a ponta dos dedos uma mecha teimosa que caía sobre sua visão. Desde os traços delicados até a altura vergonhosamente baixo, ele era apaixonado por todas suas características. Enquanto pensava sobre o assunto, em uma de suas muitas noites em claro, ele tentou entender quando chegou naquele ponto. Os primeiros meses no ensino médio se resumiram a entrar no clube de vôlei, apenas. Teve sorte de conseguir ser aceito como titular ainda como primeiranista. Achava que nada superaria aquela satisfação – isso até levantar para o cara irritantemente obstinado que gritava demais, dizendo ser o novo ás. Foi como magia. Seus dedos longos percorreram a circunferência da bola, quase como se a guiasse até a palma estendida do ruivo, que, por um milagre, já estava muito acima da rede, esperando por ele. Nada superou aquela sensação.

Desde então, os dias de Kageyama eram resumidos a vôlei e Hinata. A implicância inicial e convenientemente natural apenas fez com que confiasse mais rápido naquela desagradável criatura de um metro e cinquenta, e o fato de caminharem juntos até a estação, depois do treino, atenuou essa relação. O levantador não saberia dizer quando começou a reparar em como os olhos de Hinata tinham um brilho especial, ou como seu coração parecia explodir sempre que ele o tocava, mesmo que para provocar. Simplesmente aconteceu.

Era frustrante se dar conta de seus sentimentos e não poder fazer nada a respeito. Naquela manhã, ele queria segurar a mão de Hinata, beijar cada extensão de seu rosto, abraçá-lo pelos ombros, caminhar consigo até a sala. Queria passar cada pequeno instante tocando-o, saciando sua fome dele. Em sua mente, era tão simples quanto um mais um – talvez fosse por isso que ele preferisse matemática.

— Psiu, Kageyama. Ei, Kageyama! – sentiu cutucões nas costelas, tirando-o de seus devaneios. Virou-se, abaixando para ouvir a voz sussurrada e inquieta de Hinata.

— O que? – retrucou, fitando seus lábios se moverem, desconcentrando-o.

— Você anotou essa última parte? Eu me distrai e a professora apagou. – na opinião de Tobio, não havia nada mais fofo do que o bico que se formou em sua boca, os olhos pedintes e a expressão absurdamente angelical em seu rosto.

— Claro, eu te passo depois. – a quem ele queria enganar, seu caderno estava mais branco do que nunca. Hinata abriu um sorriso gigante, brilhante.

— Obrigado, Kageyama! – seus olhos se encontraram, e tudo desapareceu para Kageyama. Em momentos como aquele, ele tinha certeza de que era correspondido. Até Hinata corar e se virar para frente, quebrando o contato.

Não importava. Com um suspiro, ele se aprumou, anotando mentalmente para pegar a matéria com Yamaguchi depois. Ele sequer viu as horas passarem, só se dando conta quando o primeiro sinal tocou, e todos se levantaram, transitando entre a sala e puxando seus lanches. Mesmo de estômago embrulhado, ele colocou um pote com bolinhos em cima da mesa – não os pretendia comer.

Gwa, bolinhos! Posso pegar um? – ali estava o motivo. Hinata ficou na frente de sua carteira, suas pernas se tocando e gerando uma eletricidade gostosa. Kageyama assentiu, dando de ombros.

— Pode pegar quantos quiser. – o ruivo reproduziu alguns sons ininteligíveis, gesticulando muito e jogando dois em sua boca, inchando as bochechas como um esquilo.

— Você é o melhor! – falou, enquanto mastigava. Tobio ergueu uma sobrancelha, fitando-o sugestivamente.

— Obrigado. Posso dizer o mesmo.

Hinata assumiu curiosos tons de laranja, engolindo rapidamente e sustentando seu olhar por alguns segundos, antes de se virar de costas e imersar em uma conversa qualquer com os garotos do lado. Imediatamente Kageyama fechou a cara, cruzando os braços. Ele agia com desinteresse, mas, em sua cabeça, ele sabia a verdade – conseguir sentir. Era só questão de tempo, e de convencê-lo.

Sozinho e emburrado, tudo que lhe restou foi observar as costas do ruivo, que se enturmava divertidamente. Lutou, como um cavalheiro, para esquadrinhar apenas suas costas cobertas pela jaqueta, em vez de descer um pouco e analisar como sua linda bunda ficava destacada naqueles jeans. Não, Kageyama era distinto, jamais faria isso – Deus o livre todos os preciosos momentos no vestiário, antes do treino –.

Houve alguma coisa entre o intervalo e o almoço – algo como mais capítulos do novo romance de época que estavam analisando em Literatura, e talvez exercícios para o estudo livre –, mas a cabeça de Tobio era um incrível monólogo de HinataHinataHinata e os novos sinais que Sugawara lhe passou, no dia anterior, para usar com os outros atacantes. Foi assim que acabou se atrasando para arrumar seus materiais, enquanto todos já saíam, afoitos, em busca dos melhores tacos na terça-feira especial.

Grunhindo, Kageyama se ergueu, jogando livros fechados e cadernos intactos para dentro, onde a queda foi suavizada por seu uniforme limpo de treino. Jogou a alça pelo braço, um tanto frustrado por ter se distraído tanto. Contudo, quando moveu os olhos para cima, avistou uma cabeleira flamejante e um sorriso capaz de fazer as estrelas parecerem sem graça. Hinata o esperava no batente, encostado casualmente como um James Dean ruivo e muito – muito – mais baixo. No entanto, foi o suficiente para espantar de Kageyama todo vestígio de mau humor.

— Você é mesmo lerdo, Kageyama. – ele riu, passando a caminhar ao seu lado, mesmo quando todos seus outros amigos já tinham ido. Tobio colocou a mão no bolso, com o coração em disparo.

Tinha uma personalidade difícil, ele sabia – Tsukishima não o deixava esquecer também –. Mesmo assim, ele era incapaz de manter sua pose grosseira por muito tempo quando estava ao lado de Hinata. Era como se toda sua energia sufocante fosse transmitida e capturada por suas células. Seus ombros relaxavam, sua expressão se suavizava. Até mesmo um sorriso se formava.

Enquanto andavam, Hinata tagarelava sobre algo, e, por vezes, movia seus olhos para seu rosto, capturando seu olhar e sorrindo. Quando Kageyama retribuía, ele desviava rapidamente, voltando a se concentrar em seus pés. Era inevitável não se frustrar um pouco – ainda mais porque ele gostava de admirar os belos olhos de Hinata sempre que podia.

Chegaram no refeitório – o lugar que Kageyama mais odiava naquele inferno, porque era impossível que os outros atletas se comportassem como seres providos de inteligente racional. E também porque ele sempre ficava sem leite. Hinata, por outro lado, cumprimentou cada uma das mesas, sociável como era. O moreno o acompanhou em silêncio, como seu chaveiro, portando um semblante confortavelmente carrancudo.

Em vez de se sentarem com seus outros colegas primeiranistas – como Hinata ocasionalmente fazia –, iam direto para a mesa do clube do vôlei. Não estranharam ao chegar no meio de uma competição de comida entre Nishinoya e Tanaka.

— Vocês demoraram! – o líbero reclamou, lutando para engolir mais cachorros-quentes do que conseguia. Tanaka engasgou com um pedaço de pão, e Suga bateu pacientemente em suas costas, enquanto Daichi passava um sermão.

— Kageyama que foi lerdo hoje! Parece uma tartaruga. – Hinata provocou, se sentando no canto e deslizando para dar lugar ao moreno.

— Hinata idiota. – resmungou.

— Nem comecem, vocês dois. – Daichi alertou, com toda sua pose de capitão.

Kageyama grunhiu, sem responder. Não entendia porque Hinata tinha que provocá-lo sempre que estavam perto de outras pessoas. Seu instinto natural sempre o fazia retrucar, e começavam uma discussão totalmente despropositada. Era inevitável ser intenso perto dele. Parecia proposital, para fazê-los brigarem, agir como rivais.

Almoçaram como sempre faziam desde o começo do ano – com a mínima diferença de que agora Kageyama fazia de tudo para que suas mãos tocassem as de Hinata o máximo que pudesse –. Tanaka venceu a competição de comer, e Tsukishima fez algum comentário sarcástico, provocando o careca. Antes que começassem a brigar, Sugawara interferiu, poupando Daichi de ter algumas veias saltadas.

Levaram suas bandejas, com o lugar já esvaziando. A caminho do ginásio, Hinata passou por Kageyama, empurrando-o pelos ombros e rindo com fendas nos olhos. O moreno resmungou, indo atrás dele e puxando-o pelos ombros, tentando lhe segurar em um abraço – embora disfarçado –. O ruivo se debateu, xingando, mas, por um breve momento, Kageyama sentiu-o relaxar entre seus braços, antes de escorregar por baixo e sair correndo na frente. Ele voltou-se para trás, com um grande sorriso, e Tobio não se preocupou em tê-lo irritado. Apenas o seguiu, o coração titubeante e as mãos formigando.

No vestiário, os segundanistas já estavam correndo para o ginásio, e os veteranos desistiram de contê-los, aproveitando sua euforia para fazê-los montar o equipamento. Mais afastados, Kageyama e Hinata trocavam de roupa, e o levantador resistiu para não encarar o torso pequeno e bem definido do ruivo.

— Oy, Hinata. – chamou, com a voz baixa. Em momentos como aqueles, era como apenas eles dois, perdidos em seu próprio mundinho.

— O que? – respondeu, distraído, enquanto vestia sua camiseta. Voltou o rosto para cima, encarando-o sem pudor.

— Por que você me provoca quando estamos com os outros? – franziu a testa, erguendo a mão para afastar um cílio de sua bochecha. Hinata não percebeu que ele descansou o dedo ali, e, se percebeu, não fez nada para mudar.

— Ora, Kageyama. – deu uma risadinha – É para eles pensarem que a gente se odeia. – explicou como se fosse algo óbvio, confundindo Tobio ainda mais.

— Mas você não me odeia, não é? – precisou confirmar, apenas para a saúde de seu coração. Hinata rolou os olhos diante do questionamento.

— Claro que não. – seu sussurro era firme, inclinado para frente. Kageyama quis beijá-lo, mais do que as outras vezes.

— Então por quê? – em sua cabeça, não fazia sentido. Seu braço, a essa altura, era o que prendia Hinata entre os armários, e o estreito quarto começou a ficar abafado.

— Se chama jogo do desinteresse, bocó. É para deixar tudo mais interessante. – com o indicador, tocou a ponta do nariz de Kageyama, em um novo tipo de provocação. Sem reação, Kageyama o assistiu se afastar, jurando ter visto um sorriso totalmente pretensioso em seu rosto convencido.

Aquele idiota.

Tobio suspirou, rosnando sozinho, praguejando por ficar com as pernas bambas e o coração na garganta, prestes a saltar pela sua boca. Hinata era um provocadorzinho atrevido, e sua missão era, claramente, enlouquecê-lo. Nem parou para pensar que aquilo acabava de tornar tudo mais difícil, porque ele não gostava de jogos, e não estava nem um pouco desinteressado. Teria mesmo que entrar na onda de Hinata?

Aquilo era tão complicado.


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