1 de setembro escrita por SundaeCaramelo


Capítulo 1
Olhos âmbar


Notas iniciais do capítulo

* Tonks foi referida como 'Dora" o tempo todo nessa fic porque não achei justo descrevê-la como Tonks considerando que ela está casada e agora o sobrenome é Lupin, né? :v

Espero que gostem! Bjs de caramelo!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/770853/chapter/1

— TEDDY! Pela milésima vez, SAI LOGO DESSA CAMA!

E foi assim, ouvindo os nada carinhosos berros de sua mãe, que um sonolento Teddy Lupin abriu os olhos naquele 1 de setembro.

É, não ia ter mais como enrolar: precisava se levantar.

Com um bocejo, ele afastou as cobertas sem muito ânimo e ficou encarando fixamente o malão no chão do quarto, até se lembrar do que aquele malão significava.

Pulou da cama. Era dia de ir para Hogwarts!

Pegou as roupas separadas no dia anterior e correu para o banheiro, tão rápido que deu uma topada com o quadril no batente da porta, o que resultou num grito de dor.

— Tudo bem aí? - a voz levemente rouca do pai perguntou lá de baixo.

— Aham. - respondeu o garoto, fechando-se no cômodo.

Quinze minutos depois, saiu. Teria voltado a correr, em direção ao quarto para calçar os sapatos, mas Remus encontrou-o no corredor.

— Oi, pai.

— Oi. - ele sorriu, em parte porque o cabelo úmido do filho estava tão despenteado que lembrava o de James. Na verdade, um pouco pior.

— Mamãe está muito brava por eu ter ignorado três das quatro vezes que ela me mandou levantar?

Remus riu.

— Não. Bom, mais ou menos. É que não queremos que você se atrase. - pensou melhor. - Mas acho que dá para esperar mais um tempinho. Vem cá.

E puxou o menino de volta para dentro do banheiro. Abriu a gaveta, pegou um pente e ajeitou-lhe os cabelos.

Quando terminou, deixou o pente em cima da pia  e  segurou os ombros  do filho, para virá-lo de frente para o espelho.

— Pronto. Agora está menos parecido com o leão da Grifinória. - Remus brincou.

— Mas e se eu for para a Grifinória? Tenho que estar combinando. - Teddy deu um sorriso travesso que lembrava muito o sorriso da mãe.

— Não precisa exagerar. - respondeu o pai.

Ficaram um tempo observando o próprio reflexo, ambos reparando as pequenas similaridades existentes em suas aparências.

Era incrível como os traços do garoto pareciam uma harmonia perfeita dos traços dos pais. Tinha a metamorfomagia de Nymphadora, e por isso os cabelos coloridos sempre remetiam aos dela. Contudo, eram espessos como os do pai e caíam emoldurando seu rosto do mesmo modo que os de Remus. Os lábios finos também eram dele, ao passo que o formato do nariz era dela.

Enquanto Remus fitava todas essas semelhanças e procurava por outras mais, Teddy deteve-se nos olhos de seu progenitor.

Âmbar era uma cor bonita e interessante.

Teddy costumava deixar seus olhos sempre azuis, para combinarem com o cabelo. Naquele momento, porém, decidiu que os deixaria âmbar. Ficavam mais parecidos com os do pai.

— REMUS, VOCÊ TAMBÉM? DESÇAM LOGO VOCÊS DOIS, ANTES QUE A GENTE TENHA QUE TOMAR CAFÉ NO CAMINHO! - Dora gritou outra vez lá da cozinha, chamando-lhes a atenção.

Os dois entreolharam-se e concluíram que era melhor descerem logo mesmo.

— Finalmente, Teddy! - exclamou a bruxa de cabelos rosados quando o filho adentrou a cozinha.

— Desculpa, mãe. Eu meio que esqueci. - ele tentou justificar-se enquanto puxava uma cadeira para se sentar.

— Esqueceu? - ela riu. - Céus, Teddy! Por que você puxou a lerdeza ao invés da responsabilidade do seu pai?

— Porque ele puxou a inconsequência da mãe. – intrometeu-se Remus, que entrara depois.

— Ah, cale a boca você. - respondeu ela, dando um tapinha no ombro do marido.

Ele enlaçou-a pela cintura para mais trazê-la mais para perto de si e deu-lhe um beijo antes de sentar-se.

— Calei. - disse, com um olhar apaixonado. Ela sorriu.

— Ai, que nojo vocês! - reclamou Teddy, cortando o clima.

— É mesmo? – disse Dora, de modo irônico, inclinando-se em seguida para beijar Remus novamente.

Teddy bufou e revirou os olhos, ao passo que seus cabelos ficavam verde escuros. Então deu uma mordida em sua torrada, enquanto os pais riam de sua reação.

Mal haviam começado a comer, a campainha tocou.

— Eu falei para vocês virem logo! Já deve ser o Harry! – Dora fez questão de reclamar apontando para Remus e Teddy antes de abrir a porta e confirmar suas suspeitas.

Menos de cinco minutos depois, Harry Potter adentrava o cômodo.

— Bom dia, gente. Como vão? – ele cumprimentou de modo genérico, acenando com a mão.

— Bom dia, Harry. – disse Remus. – Um pouquinho atrasados, mas bem, de modo geral. Sente-se aí. Como vão vocês?

— Bem também, obrigado. – e foi até Teddy para fazer um high-five.-  E aí, pirralho? Ansioso para o primeiro dia em Hogwarts?

Harry sentou-se ao lado do menino. Antes que este pudesse responder, porém, Dora o fez por ele, aparecendo com Ginny em seu encalço:

— Considerando que ele até se esqueceu que dia é hoje e demorou um tempão para levantar da cama, eu diria que não.

Ginny não conteve o riso.

— É sério isso? – Harry virou-se para o afilhado de olhos arregalados.

— Olha, em minha defesa, eu fiquei acordado até muito tarde ontem folheando aquele livro de quadribol que você me deu, então a culpa por eu ter demorado a acordar e esquecido da escola é indiretamente sua.

— Ah, então é por isso, senhor Teddy? – Remus ergueu uma sobrancelha, como se estivesse brigando, mas por seu tom de voz e leve sorriso dava para perceber que não estava.

— Remus, está falando de quê? Você também é outro que tem essa mania de ficar lendo até tarde.  – Dora argumentou, sorrindo para o marido.

— Bom, se o livro que eu te dei está atrapalhando sua vida acho que é justo que você me devolva, não? – Harry fez questão de implicar, com um sorriso maroto.

— Não, não, estou bem assim, valeu. – respondeu o menino depressa.

Ginny sentou-se ao lado de Teddy, cumprimentou-o bagunçando de leve seus cabelos (agora novamente azuis) e comentou:

— Às vezes você me lembra meus irmãos.

— Que bom, eles são legais. Quer dizer, tirando aquele Percy, ele é meio emburrado da vida. Outro dia me perguntou por que eu deixava meu cabelo colorido ao invés de preferir uma “cor mais normal”. Porque eu gosto, ué! Cara chato!

— Teddy... – começou Remus, soando severo.

Ginny porém, riu e respondeu baixo, com ar cúmplice:

— Eu até concordo com você.

Teddy sorriu e deu um gole em seu achocolatado, o que lembrou à Dora uma coisa:

— Gente, podem comer. – ela olhou para Harry e Ginny, que até agora não haviam tocado em nada que estava sobre a mesa. – Não se preocupem, não tem nenhuma torrada queimada hoje.

—Nenhuma?

— Pois é! – afirmou a metamorfomaga. Notando o olhar de incredulidade do casal, porém, foi obrigada a confessar: - Foi Remus quem fez a maioria.

— Imaginei que fosse por isso. – Harry alfinetou, olhando para o ex-professor.

— Deem um desconto, ela está evoluindo. No começo do casamento, eu precisava escolher entre uma torrada queimada e um pedaço de carvão. – ele relatou, causando risos em todos.

— Ah, eu nunca me dei bem com essa torradeira mesmo. - ela deu de ombros.

— De qualquer forma, não vamos querer nada não, acabamos de tomar café também. – explicou Ginny. – Além disso, acho que não vai dar tempo.

Harry deu uma olhada no relógio da parede.

— Caramba, é melhor irmos! Teddy, tudo pronto lá em cima?

O garoto assentiu. Em seguida, Harry subiu com ele para ajudá-lo com as bagagens.

Quinze minutos depois, estavam todos dentro do carro seguindo para a King’s Cross.

No caminho até a estação, conversaram sobre como estavam as coisas no Ministério, sobre a pequena Lily Luna, que estava crescendo muito rápido e, segundo Harry, a cada dia mais parecida com a mãe e sobre a implicância mútua que vinha nascendo entre James Sirius e Albus Severus (surgiu assim a teoria de que era mal do nome), como irmãos costumam fazer. Falaram também de Hermione e Rony, mas o assunto principal mesmo era Hogwarts (e o que Teddy estava achando de tudo isso).

— E aí, já sabe em que casa quer ficar?  - indagou Harry ao afilhado, assim que chegaram.

— Não sei ao certo, mas queria que fosse a casa de um dos meus pais.

Remus, que andava logo atrás de mãos dadas com a esposa (entretida em uma conversa com Ginny), deu um sorriso ao ouvir aquilo.

Na hora de atravessar a parede para chegar à plataforma, Ginny e Harry afastaram-se para que Teddy pudesse passar com os pais ao lado.

O garoto não entendeu muito bem o porquê daquilo, para ele não fazia tanta diferença assim atravessar ao lado de Harry ou ao lado dos pais mesmo, mas não contestou.

Para o casal, no entanto, foi importante. Estavam ali, afinal. Depois de uma guerra, depois de tantas dificuldades enfrentadas, lá estavam eles, prestes a ver o filho embarcar no Expresso de Hogwarts.

Apesar de todos os problemas ao longo de todos aqueles anos, tinham conseguido formar uma família.

Quando chegaram à plataforma, várias crianças já estavam embarcando e a locomotiva expelia fumaça. De fato, estavam um pouquinho atrasados.

A despedida teria de ser rápida. Harry e Ginny se adiantaram.

— Espero que se divirta e faça boas amizades. – disse ele.

— Não se preocupe, você vai se adaptar logo, logo e curtir muito. – disse ela.

— Qualquer coisa, conte conosco. – disseram juntos.

Então o abraçaram, também juntos. E, num último adendo, pediram que Teddy mandasse lembranças a Neville.

Saíram para dar passagem aos pais.

— Bom, - começou Remus, abaixando-se para ficar na altura do filho. – Hogwarts será quase sua nova casa.

— ...não importa para qual casa você for. – Dora fez o trocadilho, abaixando-se também. -  – Fique tranquilo (embora eu ache que você já está) e aproveite, está bem?

— Mantenha-se vivo e fora de encrencas.

—...Mas sem deixar de lado a diversão, claro. – Dora deu uma piscadela.

Teddy deu um sorriso travesso ao escutar a última frase, o que fez Remus acrescentar:

— Só que sem exageros. Não queremos receber um berrador da Minerva... ela é bem brava quando quer.

— Pois é, segure a onda. – concordou a mãe.

— Tá bom, tá bom. – Teddy respondeu, um tanto impaciente.

Antes que ele pudesse protestar, Dora puxou o filho para um abraço apertado e o encheu de beijos.

O vermelho invadiu as bochechas e os cabelos do menino devido ao constrangimento daquele momento tão meloso na frente daqueles que seriam seus futuros colegas de escola.  Entretanto, lá no fundinho de seu coração, sentiu um certo alento. Não era como se não gostasse dos carinhos da mãe.

Mas também já estava passando um pouco da conta.

— Mãe, eu não tô conseguindo respirar. – protestou ele, fazendo-a rir.

Dora se afastou, depositou um beijo no topo da cabeça de Teddy e abriu espaço para Remus.

— Filho, vai dar tudo certo. E você sabe que sempre pode contar comigo e com sua mãe para qualquer coisa, não sabe?

Ele assentiu. Foi a vez de Remus abraçá-lo.

Não foi um abraço tão longo nem tão apertado quanto o da mãe. No entanto, transmitiu tanto carinho quanto.

 Ao se afastar, assim como a esposa havia feito, ele deu um beijo no topo da cabeça do menino.

Dora aproximou-se novamente de Teddy com um suspiro.

Por alguns segundos, ficou calada. Alisou as vestes dele, depois os cabelos e segurou o rosto do menino nas mãos.

E foi aí que notou algo de diferente: os olhos. Ela lançou um olhar de esguelha ao marido, apenas para encontrar no rosto dele olhos exatamente iguais. Não apenas na cor e no formato; ambos carregavam a mesma gentileza, a mesma doçura.

Dora limitou-se a sorrir. Finalmente, disse:

 – Você é o nosso maior orgulho.

Teddy sorriu também, um sorriso igual ao da mãe.

Atrás dele, o trem apitou novamente. Estava na hora de ir.

Os pais levantaram-se.

— Nós te amamos demais, Teddy. – disseram em uníssono (o que vivia acontecendo, pois eram um casal com muita sincronia).

— Eu também amo vocês.

E Teddy jogou-se nos braços de ambos para um último abraço rápido.

— Escrevo assim que puder! – anunciou, enquanto corria para entrar no vagão.

Abraçados e com sorrisos nos rostos, Remus e Nymphadora Lupin observaram o filho afastar-se aos poucos.

— Eu te amo. – disse ele bem baixinho no ouvido dela.

— Eu também. – ela respondeu.

O pontinho azul que ficava cada vez menor a medida que se misturava na multidão acenou para eles uma última vez exatamente antes de sumir no interior da locomotiva.

E mesmo que sabendo que estavam muito longe para que Teddy pudesse ver, eles acenaram de volta.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí, gostaram?
Por favor, comentem!
Bjs de caramelo!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "1 de setembro" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.