A Lenda do Ano Novo escrita por teffy-chan


Capítulo 1
Capítulo Único - A Lenda é Verdadeira




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Era dia 31 de dezembro, o que significava que os moradores de Konoha estavam mais agitados do que de costume devido ao ano novo. Principalmente os mais jovens.

Os genins recém-formados na Academia não puderam festejar o Natal juntos, pois a maioria comemorou a data com suas famílias, mas receberam permissão para passarem o ano novo juntos.

A Academia estava vazia devido às festas de fim de ano, então Naruto teve a brilhante ideia de fazer a festa lá, sem que nenhum adulto soubesse, é claro. De alguma forma ele conseguiu convencer todos os seus antigos companheiros de classe a participarem da “festa secreta”.

Alguns estavam preocupados em serem pegos pelos adultos, outros nem tanto. E uma pessoa em particular tinha um motivo pessoal para ter aceitado participar daquela festa.

Kiba ouviu de sua mãe uma vez sobre uma tradição de ano novo sobre duas pessoas se beijarem embaixo do visco. Segundo sua mãe, quando isso acontece, as duas pessoas que se beijavam teriam sorte e felicidade no ano vindouro.

Mas não era sorte que Kiba desejava. Era mais do que isso. Se conseguisse enfeitar a sala com um pouco de visco e beijar Shino embaixo dele, talvez conseguisse obter a felicidade de ficar com a pessoa pela qual estava apaixonado. Pensando bem, talvez precisasse de sorte para isso acontecer também.

Se não funcionasse… como explicaria a Shino que o tinha beijado por um motivo desses? Mesmo que ele conhecesse essa tradição de fim de ano, não sabia como o amigo poderia reagir a isso. Mas por outro lado, aquela era uma chance perfeita para Kiba beijá-lo. Se o visco não funcionasse, ele poderia aproveitar a oportunidade e se declarar de uma vez. Sim, estava decidido. Ele não podia perder essa chance!

Todos tinham combinado de trazer alguma coisa para ajudar na decoração, na comida e nas bebidas e se encontrarem mais tarde na Academia em segredo. Como os excelentes ninjas que eram, conseguiram entrar furtivamente no local sem serem vistos para começarem sua festa particular e ilegal.

Como combinado, todos contribuíram com alguma coisa, a maioria trazendo comida e bebida. Kiba, obviamente, trouxe o seu precioso visco.

— Mas o que é isso? — Naruto se aproximou do amigo ao ver a contribuição de Kiba — Por que você trouxe mato?

— Isso não é mato, é visco! — Kiba corrigiu.

— Ah, tanto faz — Naruto deu de ombros — Não dá para comer isso.

— Isso não é de comer, seu idiota! É para a decoração! — o garoto exclamou.

— E você quer decorar a nossa festa com mato?

— Já disse que é…

— O visco faz parte de uma tradição de ano novo, Naruto — Shino interrompeu, surgindo sabe-se lá de onde — Ele geralmente é pendurado no teto e na parede como decoração. Também existe uma lenda sobre ele.

Kiba encarava o garoto espantado enquanto ele explicava a tradição para Naruto. Como Shino conseguia falar sobre aquilo com tanta naturalidade? Ele estava morrendo e vergonha de explicar para que servia o visco e Naruto começar a caçoar dele, mas Shino falava sobre o assunto de forma tão calma… como tudo o que ele fazia, aliás.

Kiba costumava ser energético o tempo todo, mas quando estava com Shino, controlava melhor seus impulsos. Era como a calmaria do mar depois da tempestade que ele era. Por essas e outras razões que Kiba gostava tanto dele.

— E para que serve essa planta afinal? Qual é a lenda sobre ela? — Naruto continuava insistindo no assunto. A essa altura os outros amigos tinham se aproximado para ouvir a explicação também.

— Sério que você não conhece? — Sasuke o encarou surpreso — Era alguma idiotice sobre duas pessoas ficarem juntas e felizes para sempre caso se beijem debaixo disso. Satisfeito? — ele poupou o garoto de dar explicações — Agora volte ao trabalho, ainda não terminamos a decoração.

— Ei, você não manda em mim! — Naruto deixou Kiba em paz e direcionou sua irritação para Sasuke.

— Kiba — Hinata chamou timidamente — Por que você trouxe uma planta como essa? Você sabia o significado disso, não é?

— O que? — ele encarou a amiga, sem saber o que responder. Shino ainda estava perto dele. Kiba não via como poderia responder àquela pergunta de um modo que não parecesse suspeito — Sim, mas… bom, é que… veja bem, Hinata, não é como se eu quisesse usar, quero dizer… 

— Ah, e que diferença faz? — uma voz estridente o interrompeu — Não acredito que vou dizer isso, mas você é um gênio, Kiba! — Ino exclamou, exibindo um largo sorriso — Ao menos uma vez na vida fez alguma coisa boa!

— Como é que é?!

— É verdade, você fez um ótimo trabalho trazendo esse visco, Kiba! — Sakura apertou a mão dele vigorosamente e saiu correndo. Ino foi atrás dela.

— Acho que eu não devia ter trazido isso — Kiba comentou encarando a planta.

— Não é culpa sua. O Sasuke é que não deveria ter explicado para que o visco servia daquela forma, ele vai se arrepender depois — Shino sentenciou — Mas afinal, por que você trouxe visco? — ele repetiu a pergunta de Hinata, que já tinha se afastado deles.

— Ah… bom… — Kiba virou o rosto para o lado, embaraçado. Shino conhecia a lenda. Nesse caso iria no mínimo deduzir que Kiba gostava de alguém, ainda que não percebesse que este alguém era ele — Bem, é porque é ano novo, certo? Faz parte da tradição — ele deu uma risada nervosa.

— Sei… — Shino não pareceu acreditar, mas também não fez mais perguntas — Bem, é melhor pendurar isso então. E use pontos estratégicos. Parece que o pessoal adorou a sua ideia.

E adoraram mesmo. Metade das pessoas ali presentes começaram a criar planos maquiavélicos para manter seus alvos próximos do visco quando desse meia-noite e beijá-los com sucesso. Sakura e Ino estavam brigando como sempre por causa de Sasuke, que se arrependeu de ter contado a história do visco de forma equivocada, assim como Shino previu. Até Hinata havia pensado em uma forma de manter Naruto embaixo do visco (atraindo-o com comida), mas não sabia se teria coragem suficiente para beijá-lo.

Enquanto isso, aqueles que não possuíam nenhum interesse romântico por ninguém acabaram cuidando da decoração sozinhos. Chouji tinha se refugiado em um canto e estava comendo escondido antes da hora, mas Shikamaru o encontrou e usou seu Jutsu Possessão da Sombra para obrigá-lo a trabalhar. Quando finalmente pararam de discutir, Ino e Sakura começaram a competir para ver quem terminava de arrumar a mesa primeiro. Hinata foi ajudar Naruto a terminar de limpar a sala, chegando a usar seu Byakugan para ver através dos móveis e encontrar os locais onde ainda tinha sujeira. Eles encontraram também alguns insetos e Naruto quase apanhou ao tentar pisar em um besouro que pertencia a Shino. Sasuke reclamava em um canto por ter que montar a árvore de Natal sozinho, pois o Natal já tinha passado. Quando Kiba terminou de pendurar o visco, foi ajudar Shino a pendurar uma faixa que dizia “Feliz Ano Novo”, substituindo os insetos nesta tarefa.

— Onde você aprendeu sobre a lenda do visco? — Shino perguntou, lhe estendendo uma ponta da faixa.

— Minha mãe me contou sobre ela algum tempo atrás — Kiba respondeu o mais naturalmente que pode — Mas a história que eu ouvi… ela não funciona daquele jeito que o Sasuke falou.

— Existem várias versões da história — Shino contou — Uma delas é que a lenda se originou do fato de que escandinavos associavam a tal planta com Frigga, a rainha do amor. Os que se beijavam embaixo do visco tinham a promessa de felicidade e sorte no ano vindouro.

— Sim, isso mesmo! Foi essa lenda que minha mãe me contou — Kiba exclamou enquanto amarrava a fita.

— No entanto existe uma versão mais popular — Shino prosseguiu — Dizem também, em uma versão mais difundida e um tanto distorcida, que a história está conectada com a lenda de Freya, deusa do amor, beleza e fertilidade. De acordo com a lenda, um homem tem que beijar qualquer pessoa encontrada acidentalmente sob um ramo de visco pendurado no teto. Isso geralmente é visto como promessa de casamento, felicidade e longevidade.  

Kiba o encarava assombrado mesmo após o garoto concluir a explicação. Nunca tinha ouvido aquela versão da história. Realmente era mais romântica. Estava ao mesmo tempo impressionado que Shino soubesse de tudo isso e preocupado com o que o amigo poderia pensar dele por ter trazido uma planta com tantos significados para a festa. Só voltou para a realidade quando ouviu Akamaru latindo alto ao seu lado, chamando sua atenção.

— Puxa… você é incrível mesmo, Shino. Sabe de tantas coisas — Kiba comentou, dando um laço na fita — Onde aprendeu tudo isso?

Shino não respondeu. Apenas se afastou alguns passos para admirar o trabalho que tinham feito. A faixa estava um pouco torta, mas, considerando que a toalha de mesa também estava torta e um pouco manchada de suco como resultado da competição de Sakura e Ino, boa parte da comida já tinha sido devorada por Chouji e os bonecos de neve falsos que seriam usados como decoração só foram montados pela metade porque Shikamaru achava complicado montar todos, isso não tinha importância.

Apesar dos contratempos, todos se divertiram bastante. Eles comeram, beberam e Chouji levou bronca porque estava devorando a maior parte da comida. Depois ligaram uma máquina de karaokê que Ino trouxe, sabe-se lá como. Kiba cogitou cantar para Shino e se declarar para ele em forma de serenata, mas logo descartou a ideia. Apesar de ter muita confiança em si mesmo, não conseguiria fazer isso com tantas pessoas ao redor olhando. Então apenas observou enquanto os amigos começavam uma competição desafinada onde Ino obrigou até Shikamaru a cantar contra sua vontade.

Geralmente Kiba se divertiria mais em festas como essa. Em um dia comum. Em um fim de ano como qualquer outro, ele devoraria aquele banquete delicioso que os amigos trouxeram. Talvez até disputasse com Chouji e Naruto quem aguentava comer mais. E depois iria competir no karaokê para ver quem cantava melhor. Mas aquele não era um fim de ano comum.

Ele pretendia se declarar para Shino quando o relógio batesse meia-noite. A cada segundo que passava, mais o ano novo se aproximava, e mais nervoso ele ficava. Será que conseguiria reunir coragem para beijar Shino debaixo do visco? Bem, antes de mais nada ele precisaria se posicionar debaixo de um visco para fazer isso, não podia se esquecer deste detalhe… porém, o mais importante: Como Shino reagiria? O garoto conhecia a lenda sobre a tradição de ano novo, até melhor do que ele. Se Kiba o beijasse, Shino saberia muito bem quais eram suas verdadeiras intenções para com ele. Ora, mas não era essa a ideia? Kiba queria se declarar! Ele precisava fazer isso… precisava reunir coragem…

— Ei, não acha que a sala está um pouco vazia? — Shino aproximou-se dele, despertando Kiba de seus pensamentos.

— O que? — Kiba quase pulou para trás com o susto. Olhou ao redor e viu que o garoto tinha razão. A maioria dos amigos tinha desaparecido misteriosamente — É verdade… onde estão todos?

— Só perceberam agora? É quase meia-noite — Shikamaru aproximou-se deles com cara de sono — O Sasuke também demorou a perceber. Parece que a Ino e a Sakura estavam planejando beijá-lo debaixo do visco, então ele ativou o poder do Sharingan para prever os movimentos delas e fugiu — ele apontou para uma janela quebrada. Caminhou em direção a ela e passou a contemplar o céu, bocejando e murmurando alguma coisa sobre desejar ser uma nuvem.

— O Naruto também não está aqui — Kiba observou.

— A Hinata pediu para falar com ele em particular — Chouji informou com a boca cheia de salgadinhos, sentado perto dali — Isso já tem alguns minutos. Eu não sei para onde eles foram.

Kiba estava completamente pasmo. Hinata era a pessoa mais tímida que ele conhecia e ainda assim conseguiu tomar iniciativa. Se ela conseguiu pedir para ficar com Naruto à sós e fazer sabe Deus o que, então ele também conseguia! Iria se declarar para Shino, custe o que custar!

— Ei, vocês vão comer isso? — Chouji apontou para um enorme pedaço de torta em cima da mesa.

— Não. Pode ficar — Shino respondeu e o amigo avançou feliz em direção à torta.

O garoto mal se afastou deles e o relógio bateu meia-noite. O ano novo enfim tinha chegado. Kiba olhou para cima o mais disfarçadamente que pode e viu que havia um visgo bem acima deles. Perfeito. Agora só precisava beijar Shino e se declarar. Isso mesmo. Precisava beijá-lo e cumprir a tradição de ano novo. Precisava reunir coragem depressa… antes que fosse tarde demais…

Já era tarde demais. Kiba não conseguiu reunir coragem suficiente para beijar Shino. Ao invés disso, foi Shino quem o beijou. Ele enlaçou a cintura do garoto com uma das mãos, segurando seu rosto com a outra enquanto o trazia para mais perto. Foi um beijo rápido, típico de uma tradição de ano novo, então eles se separaram logo. Mas foi o suficiente para fazer Kiba compreender a situação, ainda que lentamente. Ele encarou o garoto, levando os dedos aos lábios, sem saber muito bem o que falar.

— Shino… você…

— Kiba, lembra que você me perguntou como eu sabia tanto sobre a lenda do visco no ano novo? — o garoto interrompeu o balbuciar dele — É porque eu pesquisei sobre isso, especialmente para essa data. Como eu te contei antes, um beijo debaixo do visco no ano novo pode ter muitos significados. E o significado desse beijo é totalmente romântico — ele acariciou o rosto do garoto de leve — Eu te amo, Kiba. Não sabia muito bem como te dizer isso, mas… quando você trouxe esse visco eu senti que era um sinal para te contar. Fiquei receoso de fazer isso com tanta gente por perto, mas como a maioria foi embora — ele deu uma rápida olhada ao redor da sala. Shikamaru havia adormecido perto da janela e Chouji devorava a ceia de ano novo, alheio a tudo que acontecia ao seu redor — Bem, achei que era a chance perfeita.

— Seu trapaceiro… você roubou minha ideia. Eu é que ia me declarar para você debaixo do visco.

Antes que Shino pudesse ter qualquer reação, Kiba atirou os braços ao redor do pescoço dele, puxando-o para outro beijo. Agora que sabia que era correspondido Shino não se conteve. Enlaçou a cintura de Kiba com as duas mãos, uma delas subindo e descendo por suas costas ocasionalmente, explorando o corpo do garoto. Kiba agarrou os cabelos dele e o trouxe para mais perto de si, arranhando-o de leve com as garras. Desceu uma das mãos até o ombro de Shino, seriamente tentado a desabotoar aquele longo casaco. No entanto, antes que se decidisse se iria ou não desabotoá-lo, ouviu um estrondo na sala. Os dois se separaram imediatamente, quase pulando para longe um do outro. Olharam ao redor e viram que os amigos tinham voltado sabe-se lá de onde. Naruto exibia uma expressão confusa e Hinata estava com o rosto mais corado do que de costume. Sakura e Ino estavam descabeladas e com alguns arranhões nos braços. Sasuke estava absolutamente furioso com alguma coisa. Talvez uma das duas tivesse conseguido o que queria. Shikamaru reclamava por ter sido acordado pelo barulho que os amigos estavam fazendo. Chouji lamentava que a comida tivesse acabado (ele comeu tudo).

— Esse é o ano novo mais confuso que eu já tive em toda a minha vida — Kiba comentou, franzindo as sobrancelhas enquanto observava a balburdia que os amigos faziam.

— O meu também — Shino concordou — Mas também é o melhor ano novo que eu já tive — Shino segurou a mão dele discretamente, pois estavam em um canto mais afastado da sala — Feliz ano novo Kiba.

— Feliz ano novo Shino.


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Notas finais do capítulo

Consegui cumprir mais um desafio, weee~
Eu estava louca de vontade para escrever uma fic onde tivesse uma cena com visco. Pretendia fazer isso no Natal, mas minha ansiedade é grande e esse desafio foi perfeito para acalmá-la kkkkkkk Eu espero que vocês tenham gostado ♥
Deixem reviews por favor e façam uma autora feliz! *-*