Segredo escrita por Nyuu D


Capítulo 1
único




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Tezuka já havia deixado claro: ninguém precisa saber.

Como assim? É um ultraje. Quem em sã consciência quer esconder Atobe Keigo? Todos querem mostrá-lo. Exibi-lo. Atobe era um verdadeiro troféu humano.

Pensando bem, talvez o problema fosse esse.

— Não quero que pensem que estou te usando — disse Tezuka quando questionado.

— Usando por quê? Eu não interfiro nas suas vitórias em quadra.

— Porque você é rico. E famoso, aparentemente.

Atobe vinha fazendo sucesso nas redes sociais ultimamente, é verdade. Quando quis postar uma foto com Tezuka no Instagram, ele se recusou, dizendo que não “precisava disso”. Ora, disso o quê? Ele só queria mostrar como o amor dos dois era lindo. E como eram bonitos juntos. Isso era bem verdade.

— Mas se for assim, todo mundo tem um interesse escuso comigo.

Tezuka revirou os olhos discretamente, mas Atobe o flagrou.

— Você tem? — Insistiu Atobe.

Tezuka lançou um olhar irritado.

— Por que você não pode me respeitar? Eu não quero que fiquem fofocando sobre minha vida pessoal por aí...

— É a minha vida também. — Atobe interrompeu. — E eu quero que saibam que estamos juntos. Como resolvemos esse impasse?

Eles ficaram em silêncio.

Naquele momento, estavam no pátio da mansão Atobe, em frente à piscina. Tezuka não gostava muito de ir lá, mas pelo menos tinha muita privacidade. Atobe estava com uma roupa fresca para o verão avassalador, e insistiu que Tezuka emprestasse uma de suas bermudas, fazendo com que ele ficasse com uma combinação esquisita de camisa de manga comprida e bermuda de piscina.

Atobe o encarou e suspirou.

— Quer uma regata?

— Não — Tezuka arregaçou as mangas. — Estou bem.

— Eu não quero ser a sensação do momento com você, eu só quero... não ter que esconder. Parece que você sente vergonha de mim.

Tezuka não respondeu de imediato porque, na verdade, ele tinha um pouco de razão. Sentia vergonha, sim. Atobe era extravagante, chamativo e nem sempre aparecia de uma forma positiva. Por ser muito bonito, sempre atraiu atenção das pessoas para si e acabou se tornando uma espécie de celebridade adolescente na Hyotei, atingindo outras escolas depois do torneio nacional em Tóquio. Por isso começou com a história das redes sociais, e tinha tantas “curtidas” que passou a receber ofertas de marcas esportivas para divulgação... e essa bola de neve o tornou um social influencer virtual.

De todo modo, ele ainda passava por besta às vezes, por ser exibido e quase ingênuo. Tezuka ficava constrangido, sim. Mas era vergonha alheia, e não própria. Talvez as duas coisas se misturassem.

Sentiu-se mal. Encarou os olhos azuis de Atobe e pegou nas mãos dele.

— Desculpe — disse Tezuka. — Eu não quis passar essa impressão. Mas você sabe que vão falar que estou sendo interesseiro.

— Por quê?! Você não precisa da minha influência para fazer as coisas por si mesmo.

— Mas vão pensar...

— O que importa o que vão pensar? — Atobe afastou as mãos de Tezuka e esfregou os cabelos. — Se eu vivesse para o que vão pensar de mim, estaria todo dia enfiado dentro do meu quarto. Eu vivo como acho certo. Acha que não sei que pensam que sou um babaca metido, ahn? Eu leio os comentários.

— Mas você não é.

— Obrigado — falou Atobe com sinceridade. — E então se acharem que você é interesseiro, o que importa? Você não é.

Tezuka ajeitou os óculos e ficou olhando a água da piscina. Não era, mesmo. Se fosse, estaria vivendo de uma forma bem diferente: Atobe já havia se oferecido para reformar sua casa, comprar móveis novos, arrumar o carro de seu avô, dentre outras coisas. Algumas, Tezuka não podia controlar, como a compra de roupas e uma raquete de tênis caríssima quando as cordas da antiga arrebentaram numa partida. Ele aceitava porque Atobe fazia de coração, e certamente faria todas as outras, mas tinha que impor limites.

— Se eu fosse, estaria nadando em ouro agora.

Atobe riu, e Tezuka ficou feliz por fazê-lo rir.

— Estaria usando armações de óculos muito mais modernas do que essa.

Tezuka sorriu.

— Está bem, você tem razão. Acho que... podemos contar nosso segredo.

O rosto de Atobe se iluminou e ele sacou o celular do bolso.

— Você nunca tira fotos comigo. Acho que é o momento adequado.

Tezuka suspirou, quase se arrependendo por ter cedido. Atobe começou a dedilhar no celular e Tezuka ficou olhando o que ele estava fazendo, sem entender muita coisa. Ele abriu a câmera e mirou para o próprio rosto.

— Vem, dá um sorriso.

Tezuka encarou aquela figura se admirado na câmera frontal do aparelho celular de alta tecnologia e sorriu, porque afinal, era o homem de sua vida. Inclinou-se para abraçá-lo e dar um beijo, mas foi interrompido pelo barulho da foto sendo tirada. E também por Atobe se afastando para olhar a selfie.

— Nossa! — Atobe riu sozinho. — Ficou lindo. Olha.

Tezuka olhou a foto e teve a impressão que Atobe já sabia o que ia acontecer quando puxou aquele celular para uma foto. Ergueu o olhar para o rapaz e meneou a cabeça. Tinha que admitir, havia ficado bonita. E quase espontânea.

— Você é um profissional.

— Eu sei — Atobe mordeu a língua com um sorriso e se inclinou para um beijo longo e barulhento na bochecha de Tezuka. Em seguida, olhou para o telefone e começou a digitar. — Não posso nem te marcar, porque você não tem Instagram.

— Quem sabe um dia desses eu faça um.

— Vou postar. A legenda... posso fazer uma gracinha? Ahn? Hum... “parece que nosso segredo vazou”! É isso. Postei.

Atobe rolou a página para atualizá-la.

— Olha, o Fuji já curtiu. — Disse ele, dando o celular para Tezuka ver.

Tezuka pegou o telefone e olhou a foto de novo. Queria guardá-la. Sorriu com a expressão doce de Atobe. Depois, pensou que deveria ficar ofendido por não ter ganhado o beijo que queria quando chegou perto dele, mas no fim das contas, o sorriso de Atobe era o suficiente. Podia cobrar aquele beijo mais tarde.


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