Preto|Branco escrita por Sensei Oji Mestre Nyah Fanfic


Capítulo 4
Flagelo


Notas iniciais do capítulo

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O ambiente no gabinete do capitão Broward ficou tenso, porque um policial negro matou um traficante negro rendido. Crawford, um policial ruivo, denunciou o parceiro para o chefe. Beringer sorriu ao ver o colega delatando os fatos.

O representante da corregedoria, também negro, ficou abismado com a brutalidade do policial. Este, porém, acusou Crawford de ter sido ele o assassino. 

— Eu posso provar, Crawford. Você matou aquele homem por puro ódio racial.

— Isso é mentira! Quem fez isso foi você. Pegou a vítima, levou-a para um beco e atirou. A pistola dele é prova suficiente.

Broward lamentou ao policial Crawford, pois as balas não correspondiam a arma de Thomas.

— Não pode ser. Ele usou uma arma própria, então.

— Ai, Crawford. Vocês homens brancos são tão cheios de explicações. Tenho duas testemunhas que podem provar.

Um mendigo e um gangster mentiram no depoimento. Ambos eram negros e foram pagos por Sasha. Crawford foi totalmente destruído quando ele mostrou uma foto do armário do ruivo contendo uma suposta suástica.

— Isso não é suástica, e sim uma cruz oriental. Minha religião é oriental. Vocês acham que a droga do Hitler criou o símbolo?

Momentos depois, Sasha saía sorridente. Crawford foi afastado até terminar todas as investigações. Ficou sentado na mesa da colega policial, uma loira.

— Por acaso você está me cantando, Zachary?

— Por favor, chame a mim de Zack com K. Sabe, eu sempre tive olhos para você, policial Poter. Sempre preferi as branquinhas.

— Ah vá? Você é casado...

— Posso me divorciar amanhã mesmo. Aquela minha mulher não me satisfaz mais. Quero carne nova. E você também tá afim de mim, eu sei. Sou bonito, sou forte, másculo e policial.

— Você deu um tapa na minha bunda.

— Não gostou? Vai chamar a polícia? Eu deveria ter dado mais forte.

Broward chamou o policial de volta ao gabinete.

— Pelo seu serviço prestado à NYPD, você está sendo promovido ao cargo de sargento. Não precisa da farda para trabalhar, terá um carro à paisana e será um detetive.

Winona Poter viu Zack sair da sala e chegar até ela. Gabou-se por ter conseguido a promoção.

— Minha esposa vai trabalhar e fica nisso até as quatro. Tenho o resto da tarde sozinho naquele apartamento.

 

Dentro do quarto do casal, Winona tirou a farda e ficou apenas de sutiã. Beringer viu aquilo sentado na cama.

— Beleza — ele retirou a calça dela, deixando-a de calcinha. Ele passava a mão no corpo de Winona como se fosse a última coisa prazerosa na Terra.

Ele retirou toda a roupa. Nus, ambos se deitaram e transaram na cama em que Brittany dormia.

Passado muitos minutos, o homem acendeu um cigarro e ficou pensando ainda deitado.

— Nunca tive uma transa tão boa assim. Porém, me sinto culpada. Estou sendo a amante.

— Não se sinta assim, meu amor. A minha esposa há muito tempo não dá conta do recado. Já você é perfeita, bonita, branquinha... a minha preferida.

Ela o beijou como se fosse o último homem da face da Terra.

...

Passaram dois dias depois que Zach conheceu um amigo de Beringer. Apesar de ser um neonazista, Adolf era inofensivo. Uma alma perdida na demagogia de uma ideologia reacionária e fracassada.

O jovem universitário ficou com tanta raiva da sua universidade de jornalismo que pediu para trancá-la. Coincidentemente viu o seu suposto amigo no mesmo dia que trancou, por isso dali em diante teve tempo de sobra pra ajudá-lo no retorno para Nova Iorque.

Nas estradas do Texas, Zach dirigia o carro Mustang 1980. Apesar de ser uma velharia, o veículo conseguiu perfeitamente rodar quilômetros.

— Tá me olhando assim por quê?

— Nada... é que estou te achando diferente. Você parece mais gentil do que da última vez.

— Besteira. Tento ser o mais amigável possível.

Adolf ficou vermelho de vergonha, preferindo voltar a sua atenção para a estrada. Viu no retrovisor uma moto policial buzinando.

— Droga. A polícia vai me prender. Estou sendo procurado.

— Pisa fundo.

O homem não obedeceu a ordem de parada e pisou no acelerador. A moto ligou a sirene.

— Por isso ando prevenido — disse o jovem, sacando uma pistola da mochila.

— Porra! Não vai atirar nele com isso, vai?

— Viva a segunda emenda, camarada. — Willard pôs metade do corpo de fora e atirou contra a moto. Um dos tiros atingiu o pneu dianteiro a ponto do policial cair.

— Conseguiu!

— IHAAA. Tenho uma boa mira, rapá. É isso aí. 

O policial ligou para a central e deu as características do veículo, porém não fez a descrição dos ocupantes por não chegar a vê-los com mais detalhes.

 

RESTAURANTE BELL

 

Uma viatura parou no estacionamento de um restaurante de beira de estrada. Dois policiais desceram do carro e foram verificar cada um dos automóveis.

— Parece que encontramos o nosso veículo.

— Nada. O dono deve ter abandonado.

Um caminhão saiu do estacionamento e pegou a estrada. O velho motorista ajudou a dupla de amigos numa carona em direção ao estado da Geórgia.

— Obrigado, senhor — agradeceu Adolf.

— Não me agradeçam, rapazes. Vocês me lembram meus filhos que morreram por causa de um assalto em Dallas.

— Sinto muito — disse Zach.

 

Passaram-se alguns dias desde que Zach e Adolf foram ajudados por um motorista bom samaritano. Driblando as autoridades policiais, conseguiram dois quartos num motel vagabundo.

— Trouxe comida pra gente. Dessa vez vai ter marmita.

— Antes marmita do que morrer de fome.

Adolf sentou ao lado do colega e o viu comer.

— Que foi?

— Nada... nada mesmo.

— Eu queria saber que tipo de marca era aquela no seu braço? Quando nos conhecemos estava muito mais evidente.

— Nada importante.

— Alguém te bateu, não foi? Adolf? Responde ao seu amigo.

O mais novo se aproximou do mais velho e tentou dar um selinho. Zach se afastou antes, mas não o repreendeu.

— Pode me bater! — ele pegou o cinto da sua calça, deu para o Zach, retirou a camisa e ficou preparado para levar o castigo.

— O que significa isso? Não vou te bater!

— Não pode ser. Um ariano como eu, teria qualquer garota que eu quisesse, mas não passo de um boiola. Esse é o motivo dos meus hematomas. Tenho uma tendência homossexual, mas eu queria ser normal. Meus amigos da irmandade texana descobriram e eu sempre sou marcado para lembrar a não me desviar.

 

Austin, Texas 

3 meses antes...

Na casa de um amigo neonazista da irmandade, Adolf foi praticamente forçado a fazer sexo com uma das integrantes. A ariana o levou o rapaz de 20 anos para um dos quartos do andar superior, abriu o zíper dele para iniciar um sexo oral.

— Espera. Melhor a gente ir pra cama primeiro.

— Claro, gato.

A donzela retirou a blusa e a calça. Mostrou a lingerie vermelha ao jovem. Um pouco nervoso tentou fazer sexo com ela, mas no momento H não teve coragem.

— Você é um broxa, otário. — indignou-se.

— Não, eu não...

O assunto caiu nos ouvidos dos colegas que fizeram um ritual para descobrir suas tendências homossexuais. Ao confirmar a sua verdadeira natureza, os colegas iniciaram um processo de flagelação para espantar tais tendências, pois para eles era inconcebível ter um gay na KKK. Desde então, uma vez por mês, Adolf era espancado pelos outros membros do clã.

 

— Isso é um absurdo!

— Como disse?

— Eu não sou gay, mas jamais vou espancar uma pessoa simplesmente por causa da sua orientação sexual. Nós somos amigos, não é?

Os olhos de Adolf lacrimejaram. Pediu um abraço ao amigo. 

 

Nova Iorque

Victor limpava os pratos do restaurante em que trabalhava quando seu celular tocou. Relutante de início, pois o número era desconhecido, o lavador parou a obrigação a fim de retornar a ligação.

— Quem é?

— É o tal Victor Cherokee?

— Ele mesmo.

— Sou um dos integrantes da irmandade do sul. A gente se conheceu meses atrás, lembra? Adolf Willard. A gente vestiu a roupa branca...

— Sim, sim. O que cê quer?

— Um amigo seu chamado Sasha Beringer está comigo numa viagem desde o Texas. Precisamos que venha nos buscar em Nova Jersey.

Victor teve um momento de confusão. Antes uma ligação do próprio Sasha falando que estava em Boston, agora isso.

Samantha foi buscar Emily na escolinha do bairro quando viu um homem moreno parado uns vinte metros da entrada. A princípio não desconfiou, mas assim que pegou a filha e voltou a pé, viu o sujeito a seguindo pela mesma calçada.

Ao entrar em casa, colocou a filha no quarto, pegou um revólver e viu pela janela superior. O sujeito estranho desapareceu. Batidas na porta vieram de uma vez que Sam levou um baita susto.

— Sou eu, prima!

— Já vai. Cara chato.

Victor, atônito, entrou rapidamente e avisou a ela que recebera a ligação de Adolf Willard avisando sobre o paradeiro de Sasha Beringer.

— Mamãe... — a mocinha ruiva, parecia uma bonequinha de porcelana de tão clarinha, apareceu na sala.

— Meu amor. Ainda vou fazer o seu lanche. Titio Victor veio nos fazer companhia.

— Companhia? — indagou o homem.

— Filha, vai na cozinha. Daqui a pouco a mamãe faz um sanduíche daquele bem caprichado.

— Eba!

— Antes de você chegar, um cara ficou me seguindo desde a escolinha da Emily. Pensei que fosse coincidência, mas era um sujeito estranho e conhecido.

— Eu te disse. Aquele bichão poderoso já está mostrando suas garras. Será que vamos ter que nos mudar?

— Não tem nada a ver com esse tal cara aí que te prensou semana passada. Acontece que o cara que tava me seguindo se parecia com aquele policial que te prendeu dois anos atrás.

Victor pegou a arma e saiu de casa. Não havia ninguém na rua.

Ao longe, a figura de Sasha num carro observando bem de longe o amigo. Será muito perigoso convencer a um racista que um racista está preso no corpo de um negro, sobretudo o carrasco policial. Mas tudo tem o seu tempo.

...

Perturbado por ter a sua vida destruída por um cientista, Sasha teve dificuldade em manter aquela mentira por mais tempo. Viver enclausurado num casamento que nem era dele tornou-se torturante. Tentou ao máximo dissociar seu corpo da sua mente, mas era praticamente impossível. Durante dias ficou seguindo Sam na parte sul em Long Island. Fez de Winona Poter a sua amante.

— Maldito Zachary Scott Thomas. Tinha que nascer um tição? Seu maldito — falou ao espelho.

Sem nenhuma consideração pela família de Zach, ele fez as malas, limpou a sua conta no banco e saiu do apartamento com Winona numa moto.

— Por que demorou, gato?

— Precisava ficar um tempo naquele lugar e descarregar a minha raiva.

As malas foram levadas para um novo endereço por um Uber. A moto Harley-Davidson foi montada pelos dois.

— Segura firme, gostosa — botou o capacete.

— Ei! Zach! Aonde você vai? Quem é essa mulher? — falou a mãe de Brittany.

Sem conhecer Bárbara O'Neal, saiu em disparada com a sua moto e sua nova mulher.

 

Num hotel velho no interior do estado de NJ, a dupla de amigos estava pronta para chegar na fronteira com NI pelo rio Hudson. Não seria uma façanha fácil, haja vista o rosto novo de Zach era a de um fugitivo da lei.

Adolf suspirou ao ver o colega sair do banho somente de toalha. Ver o corpo atlético daquele homem era tentador, principalmente para um gay enrustido por causa da ideologia.

— Queria que você fosse gay. Seria meu sonho de princeso.

— Não podemos ter tudo o que queremos, não é?

— Pois é. Eu fico me perguntando se meus colegas ouvissem essas ousadias minhas, o que fariam comigo? Provavelmente me matariam.

— Acontece que eles não estão aqui agora e você está seguro. Eu sou o seu amigo agora.

Adolf viu o colega se vestir. Levantou-se eficou muito perto dele.

— Você era o pior deles.

— Como assim, cara?

— Quem começou o ritual de flagelação em mim foi você.

— Eu... eu estava fora de mim... não deveria ter feito aquilo...

Adolf gargalhou. Pegou uma cadeira, sentou-se com as pernas cruzadas e questionou quem era realmente o homem à sua frente.

— Do que está falando?

— Você confirmou a mentira que eu contei. A gente nunca se conheceu no Texas e o ritual foi dias depois de nos encontrarmos na Carolina do Sul. Eu sabia que você não era o Sasha, apesar da aparência aterradoramente igual. Quem é você?

Zach foi descoberto.

...

Boston

Strannix trabalhava no seu escritório quando um dos seus parceiros do laboratório entrou de supetão. Pediu para o cientista ligar a televisão.

— O senador Shappiro Nelson de Massachussets renunciou hoje pela manhã ao cargo. Uma investigação do FBI apontou crimes sexuais feitos pelo senador democrata contra duas adolescentes. O senador era professor na universidade Riverside de Boston em 2011 quando aconteceu os atos libidinosos. Hoje, numa coletiva de imprensa, o político liberal preferiu renunciar do que ser cassado pelos seus pares. O republicanos iniciaram com a investigação adicional, mas por causa da renúncia de Nelson, o caso foi arquivado. Aqui é Brenda Snipes da Canal Fox.

Sem a ajuda de Nelson, o sonho de James acerca da legalização do transplante de consciência foi destruído. Com a renúncia do senador, sua carreira e seu legado estarão ameaçados. Se o FBI investigar qualquer coisa da BioCorp ou Nelson revelar as conversas que tiveram, será seu fim. Preparou-se mentalmente para ordenar aos seus subordinados que executassem as duas cobaias.


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