por nós, quer-nos, oprime-nos escrita por houdini


Capítulo 4
IV: por nós, busque-nos.


Notas iniciais do capítulo

Quarto fragmento, boa leitura!



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p o r n ó s, q u e r n o s, o p r i m e n o s — IV

Emídio pôs-se a ir à igreja na manhã seguinte, ainda absorto com os sinais tão claros que Calisto lhe deu — e que, ao mesmo tempo, são tão indistinguíveis quanto a obra de um pintor que se recusa a trabalhar com os preceitos da arte clássica.

Assim, procurando não fritar o cérebro enquanto pensa naquilo, ele sacode a cabeça; tenta se concentrar na ocorrência especial daquele dia: o comunicado do bispo Germano, que volta àquela cidade junto a mais alguns sacerdotes para trazer boas notícias sobre as buscas aos praticantes de bruxaria nos arredores de Coimbra.

Por algum motivo, ao invés de se sentir feliz, é como se alguma coisa começasse a pesar em seu estômago quando ele escuta o homem comentar sobre o sucesso da missão deles. Haviam apreendido vários adoradores do Diabo naquela sessão — assim como a família que apareceu no jornal — e, agora, estão satisfeitos.

Gritos e mais gritos de adoração se espalham pela construção sagrada, ainda mais quando é dito que, naquele dia, haverá a execução de um deles. Emídio não sorri; se levanta de onde está quando a missa, prosseguida pelo padre Hemitério, acaba, e ruma para casa.

Como o esperado, ele encontra o lugar vazio.

Após fechar a porta, Emídio vai até a cozinha, procurando um talvez, mas não há rastros de que alguém passou por ali desde que saiu; só silêncios. Silêncios desconcertantes e desconfortáveis.

Por fim, apoiando-se a um último filamento de esperança, ele decide entrar no quarto de Calisto com o objetivo de descobrir se há algo ali que lhe diga para onde o amigo foi.

Mesmo morando juntos, são raras as vezes que Emídio entra ali, mais por querer manter a privacidade que o outro tanto zela — ou zelava — do que por qualquer outra coisa. Contudo, aquela é uma situação urgente; é preciso fazê-lo.

Lá, o rapaz revira tudo o que encontra pela frente — pois nada lhe assombra mais do que o sentimento de nunca mais poder ver Calisto. Ele precisa de uma certeza, mas todas as coisas parecem vãs quando tudo o que encontra são objetos comuns. Obviamente, o que importa o seu amigo havia levado, mas Emídio não quer acreditar inteiramente nessa verdade.

E está certo em não o fazer, porque, embaixo do colchão de sua cama, Emídio encontra um papel. Nele, está transcrito o que parece ser uma receita; para que, não sabe.

A natureza daquele procedimento o deixa atordoado, entretanto, de uma coisa o futuro padre tem certeza: Calisto voltará para buscá-lo.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler!



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