Estava no jardim da minha mãe, mas não a “mãe” que me criou. A minha mãe do passado, que carregava o meu “eu” ainda bebê. Meus avós, que eu nunca tinha conhecido, estavam atrás dela. Meu pai, que também só conheci graças a essa viagem no tempo, estava em um canto mais afastado.

A luta contra Cell finalmente tinha terminado. Estava na hora de eu voltar para casa.

Tinha conseguido salvar aquele mundo, mas tinha consciência de que o mundo de onde eu vim não sofreria nenhuma alteração com isso. Apenas impedi que a mesma tragédia que eu vivi se repetisse neste mundo. Felizmente deu tudo certo. Graças à ajuda de todos, consegui impedir que meu pai morresse. Meu mestre Gohan também não precisará morrer por minha causa nesse mundo. Ainda que Goku tenha falecido de novo durante a batalha, consegui evitar a morte dos meus amigos nesse mundo. Para que o meu “eu” do passado não precise passar pelas mesmas coisas que eu passei.

Olhei fixamente para o bebê que minha mãe segurava. O meu outro “eu”. Essa versão de mim tem sorte. Não precisará viver em um mundo repleto de caos. Poderá viver não apenas ao lado da mãe, mas também do pai. Irá conhecê-lo e crescer ao lado dele. Terá vários amigos.

Aproximei-me alguns passos e afaguei a cabeça de minha versão bebê, o que era uma coisa muito bizarra. Quase dava uma pontinha de inveja do mundo maravilhoso em que este meu outro “eu” iria crescer. Um mundo onde você não precisa viver com medo de ser atacado a qualquer momento, de perder seus entes queridos, de ter a sua casa destruída, de ficar sem suprimentos e acabar passando fome… o mundo dele era completamente diferente do meu. Com Cell derrotado, aquele seria um mundo onde não teria ninguém tentando explodir a cidade nem matar as pessoas. Um mundo feliz.

O bebê segurou meu dedo com suas pequenas mãozinhas e começou a rir, como se soubesse o que eu estava pensando. Talvez soubesse, visto que éramos a mesma pessoa.

Despedi-me da minha mãe e dos meus avós. Até meu pai foi falar comigo antes de eu entrar na máquina do tempo. Antes de partir, dei uma última olhada para o meu pai e depois para o meu “eu” bebê. Ele ainda estava rindo e acenava para mim. Ao menos um de nós merecia ser feliz. Meu mundo estava arruinado e eu precisava voltar para consertar o que restou dele, mas o mundo do “eu” bebê foi salvo. Ele precisava ser feliz, por nós dois. Precisava cuidar da mamãe e aproveitar ao máximo o tempo ao lado do papai por mim, e também ao lado de Gohan e dos outros. Afinal, ele foi aquele que ficou.