— Tente escrever agora. — Cassiopeia ofereceu o diário escuro a Jorge, sentindo-o olhar para ela com uma expressão de forte incerteza em resposta.

— Você tem certeza que isso não vai tentar sugar minha alma em troca de energia? — Ele questionou, sem sequer tocar no objeto.

Ela revirou os olhos pelo que pareceu ser a centésima vez. 

— Não, Jorge. Você não confia em mim?

Na frente dos dois adolescentes havia dois diários: o que ela lhe oferecera e um cinza que a menina tinha para si. Durante semanas Cassiopeia trabalhou em encantá-los e aquele era o produto final. Com eles, eles poderiam se comunicar durante as férias sem que outros pudessem até mesmo acessar o objeto.

Ele hesitou, mas puxou uma pena entre eles e escreveu uma série de nomes aleatórios no papel.

Quando ele terminou, Cassiopeia abriu seu próprio diário sob seus olhos, e as sobrancelhas vermelhas do rapaz se ergueram quando ele percebeu que tinha realmente funcionado e suas palavras estavam bem ali.

— Viu? — Ela sorriu. — E é a prova de bisbilhoteiros. Se alguém que não é você tentar abri-lo, ele se trancará. Se a pessoa conseguir de qualquer maneira, ele aparecerá como páginas vazias. E, se eles tentarem ler suas páginas ou escrever nelas, o diário desaparecerá até que você esteja seguro e possa recuperá-lo.

Jorge abriu a boca, surpreso, mas, além disso, ficou muito, muito impressionado. Ele não conseguia nem falar nada, sua mandíbula estava fora de controle.

— Cas, você é um gênio! — Ele finalmente conseguiu exclamar. — Eu pensei que não seria capaz de falar com você durante todo o verão e você veio com isso! Isso foi… Cara… Isso é brilhante.

A garota sentiu as bochechas quentes e vermelhas de vergonha.

— Agora podemos conversar, certo? — Ela o olhou timidamente.

Mas e se ele não quisesse falar com ela?

Jorge abriu um enorme sorriso.

— Podemos passar a noite inteira conversando até hoje se você quiser! — Exclamou ele. — É muito melhor do que se esconder o tempo todo!

Cassiopeia finalmente refletiu seu sorriso, mas soltou um longo suspiro logo em seguida.

— Nós temos que ir — Ela o lembrou. — É tarde e a última tarefa é amanhã.

Ele não protestou e se levantou.

— Você está animada? — Ele se inclinou sobre a mesa, enquanto a menina pegou seu diário e lhe entregou o dele.

— Com o verão? — Ela franziu a testa.

— Não. — Ele balançou a cabeça. — A última tarefa!

Cassiopeia negou rapidamente com uma sacudida de cabeça que fez o cabelo dela cair um pouco para fora de onde estava preso, e ajustou o lápis que mantinha os fios loiros juntos em um coque.

— Estou pronta para este torneio acabar. — Ela apontou. — Eu continuo com um mau pressentimento, desde que ele começou eu tenho medo de alguma coisa acontecer.

Era a primeira vez que ela mencionava isso para Jorge. Havia algo acontecendo ou prestes a acontecer; ela não sabia o que era, mas definitivamente não queria estar lá para descobrir.

— Você se preocupa demais. — Ele revirou os olhos. — É apenas uma coisa divertida, ninguém está se machucando de verdade, os juízes estão aqui para ter certeza disso.

Mas ela apenas balançou a cabeça novamente.

— Eu não vou assistir. — Cassiopeia reafirmou. — Divirta-se com seu irmão lá, você pode me contar os detalhes mais tarde.

George apenas assentiu, sabendo que não deveria discutir com ela.

— Tenha uma boa noite, então. — Ele esfregou seu próprio cotovelo em um movimento nervoso. — Uh… Durma bem.

Ele queria abraçá-la, mas não sabia se eles tinham essa liberdade.

Sem pensar e sentindo-se ousada, Cassiopeia caminhou até ele e usou a mesa para nivelar seu peso antes de dar um beijo em sua bochecha, dando-lhe um pequeno sorriso logo em seguida.

— Boa noite, Jorge.