Amor em Pigmentos escrita por Kaline Bogard


Capítulo 6
Um partidão desses, bixo


Notas iniciais do capítulo

Kiba segue firme na sedução xD



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— Essa cor parece deliciosa!! Olha!! Você não... — a frase empolgada perdeu um pouco do ímpeto, quando Kiba se deu conta do que dizia — Me desculpa, Shino. Esqueci que…

— Hn — o rapaz recusou o pedido de desculpas.

Eles estavam sentados na lanchonete perto do Conselho onde, após uma breve espera, receberam os pedidos. Sanduíches naturais, suco de tomate para Kiba e chá de pêssego para Shino.

O Ômega nunca tinha visto as cores dos alimentos! Tudo se tornava tão mais apetitoso quando não era apenas cinza. Aquele suco tinha uma cor vibrante que o encantou.

Precisava conhecer todos os nomes daquelas cores!

Shino estava se divertindo um bocado com as atitudes exageradas de quem descobre algo incrível. Mesmo que não pudesse ver por si só, as emoções do… companheiro transbordavam e o atingiam graças ao vínculo. Não era estruturado e estável, mas a ligação poderosa de Almas Gêmeas destinadas, que só ouviu falar até então, embora fosse impossível não reconhecer os sinais que muitos shifters sonhavam encontrar.

E a cada instante que passava perto de Kiba sentia o vínculo se fortalecendo, as emoções dele, que não enxergava com perfeição, sentia sem margem de erro. Como se a natureza corrigisse o defeito em seus olhos lhe dando uma percepção mais acurada através dos demais sentidos.

Assistiu as reações com curiosidade. Não estava acostumado a tanto movimento próximo ao seu limite pessoal. Inuzuka Kiba era uma figura cheia de gestos, vozes, entonações, parecia ter a necessidade de comunicar-se de todas as formas possíveis! Era tão natural e espontâneo, que fascinou o Alpha.

— Não vai comer? — Kiba apontou o sanduíche intocado no prato de Shino. Tinha metade nas próprias mãos, as bochechas estavam infladas de comida. Era uma visão de sombras, contornos em preto e branco, mas trouxe suavidade ao coração do Alpha.

— Fique a vontade — empurrou o prato na direção do garoto.

— Não pode desperdiçar comida! — Kiba riu.

Shino concordou com um aceno de cabeça. Ouviu os sons pouco educados da mastigação barulhenta, que foi diminuindo de voracidade até que Kiba engoliu e suspirou — Eu… Eu…

O Alpha esperou o restante, interessado no que o garoto queria dizer. Como a hesitação se estendeu, incentivou:

— Você…?

Kiba olhou em volta, analisando o lugar quase vazio àquela hora. O momento de happy hour já passara, trabalhadores foram embora. Era a calma do espaço de tempo antes de começar o verdadeiro fluxo de clientes da noite.

— To feliz pra caralho, sabe? Naquele dia, na detenção… Eu vi as cores pela primeira vez, foi isso que antecipou meu cio. Depois eu fiquei pensando. E achei que meu companheiro destinado era outro. Pensei que seria uma merda conviver com alguém que perde o controle junto com outros Alphas e… Hum… você sabe…

— Você só está impressionado por causa das cores e porque eu te ajudei. Não me conhece direito.

— Mas eu quero! Você não quer me conhecer também? Eu sou um Ômega forte pra caralho. Sou meio inteligente e esperto. Um partidão.

Shino ergueu as duas sobrancelhas. Não podia se lembrar de nenhum outro Ômega dando em cima de si daquele jeito.

Estava iniciando na vida docente. Um companheiro não fazia parte dos seus planos atuais. Por outro lado, sentia a alegria pura emanando daquela criatura inquieta. Não via cores, mas o que fluía pelo vínculo cada vez mais forte era uma miríade de incontáveis emoções, que tingiam seu mundo sombrio de um modo muito peculiar.

Era tão único que, de repente, não quis deixar pra lá.

— Você pode me conhecer melhor enquanto eu te conheço melhor. Sem pressão e sem expectativas.

Kiba sorriu largo.

— Pra mim tá ótimo! — isso, aparentemente, devolveu-lhe a fome, pois voltou a devorar o sanduíche até que não sobrasse sequer um farelinho.

—--

A separação se deu depois da promessa de um reencontro. Combinaram de se encontrar de novo no domingo para um passeio mais adequado.

Kiba aproveitou a sensação de ver em cores o quanto pode, mas a dado momento, o cinza voltou gradualmente, a medida que seguiam os caminhos em direções opostas.

Não permitiu que isso o abatesse. Amou cada cor na medida em as foi conhecendo. Mas amou, acima de tudo, saber que seu companheiro destinado era uma pessoa tão legal!

Em casa, levou uma bronca da mãe. Tinha saído na aventura imaginando que voltaria rápido, por isso não escreveu nenhum bilhete. Depois esticou para o lanche partilhado e perdeu a noção do tempo.

Ouviu em silêncio, embora louco pra contar as novidades!

Coisa que fez logo após o banho, ao sentar-se para comer com Hana e Tsume.

— Encontrei minha Alma Gêmea! — declarou efusivo, sugando uma porção de macarrão tipo lamen.

Tanto a mãe quanto a irmã paralisaram-se no ato de comer, passando a prestar a atenção na narrativa detalhada que se seguiu. Kiba narrou a ida até o Conselho na intenção de devolver o casaco e subsequente reencontro. Terminou contando sobre a ida à lanchonete e o combinado para domingo.

— Isso explica muita coisa — Tsume sussurrou pensativa. Seu filhote era extremamente infantil e imaturo. A última pessoa na face de Konoha de quem se esperaria uma antecipação no cio natural. Entretanto, se pensar que houve o chamado de sua Alma Gêmea, a simples presença do Alpha que seria seu companheiro destinado, a resposta era apropriada para um Ômega ofertar. Mesmo que esse Ômega se comportasse como um moleque a maior parte do tempo. Estava comprovado a veracidade sobre o companheiro destinado estar na detenção na semana passada. Não que Tsume desconfiasse do próprio filho, mas o conhecia bem. Kiba era dado a dramas e exageros bem convenientes em certas ocasiões.

— Você viu as cores de novo? — Hana incentivou o assunto.

— Sim! — Kiba sorriu largo, estendendo a tchawan para que a mãe lhe desse mais arroz branco — Foi incrível pra cara… ca.

Corrigiu-se a tempo, olhando fugidio para a mãe.

— Hn — Tsume devolveu a segunda dose do jantar com um olhar ameaçador. Seu caçula sabia o quanto odiava falta de modos à mesa e mesmo assim Kiba se arriscava!

— E como é um mundo de cores? — Hana retomou o tema, não apenas para aliviar a barra do irmãozinho, mas para saber mais sobre a informação de conto de fadas.

— Não sei descrever, Hana-nee. Não sei o nome das cores! Mas foi tudo foda pra cara… ai! — daquela vez não teve jeito. Levou um tabefe na nuca que doeu na hora. Ele se empolgava demais com as coisas! E esquecia das regras da mãe.

Hana sentiu uma pontadinha de remorso. Quis ajudar a situação, mas apenas piorou!

— Não se empolga muito com essa história de Alma Gêmea — Tsume falou de mau humor — Quero conhecer esse Alpha aí. Não criei filho pra entregar pra qualquer um. Nem com historinha de coisa colorida.

Kiba fez um bico, ofendido pelo castigo. Não se preocupou com a exigência da mãe. Pelo pouco contato que teve com Shino deduziu fácil que Tsume o aceitaria.

—--

Depois do jantar Kiba correu pro quarto e ligou o notebook. Notou que Naruto estava online e abriu um chat pra conversar com o amigo.

Resumiu pra ele o que tinha acontecido, alternando as abas no navegador para buscar informações sobre cores. Encontrou um site que catalogava amostras coloridas, dando o nome de cada tom. Obviamente, naquele momento Kiba só via espectros de cinza. Não adiantava nada ver a classificação. Porém adicionou o website aos favoritos, para usá-lo quando estivesse perto de Shino. Se tivesse um celular mais moderno, o levaria. Seu aparelho era velho e funcionava mal. Ficava a maior parte do tempo em casa, já que falhava até para receber chamadas.

Com Naruto o nível era outro. Kiba podia recontar sua aventura lançando mão de todos os palavrões que expressassem seus sentimentos (digitando, claro. Vai que sua mãe passa no corredor e ouve? Capaz de nem dormir direito de tanto que lhe acertaria com chineladas).

O melhor amigo não decepcionou: devolveu palavrões seguidos de muitos pontos de exclamação, dando muita ênfase a como Kiba era um arrombado sortudo pra caralho.

Reações que divertiam Kiba!

Ele sentia-se muito eufórico. O que lhe aconteceu foi… incrível! Nunca pensou que seria capaz de enxergar um mundo banhado de cores! E então… o medo de que seu companheiro fosse do pior naipe de Alpha.

Não podia negar a afirmação grosseira de Naruto: era sortudo. Muito sortudo!

— Vou conquistá-lo com o meu jeito de ser! — decretou enquanto ajeitava o futon para dormir. Akamaru latiu lá fora, dando a impressão de concordar com Kiba.

O garoto aproximou-se da janela e abriu uma brechinha. Viu o cachorro correndo pelo quintal, saltitando feliz.

— Boa noite! — gritou para ele, que devolveu outro latido. Observou o céu negro da noite. Foi impossível não fantasiar sobre as cores que a lua teria. E as estrelas! Seriam da cor do seu suco de tomate? Ou da cor das folhas de alface que recheavam os sanduiches?

Não…

As estrelas brilhavam de um jeito lindo e… sutil.

Por algum motivo, talvez uma veia piegas que ele sequer imaginou ter, pensou em Shino, no tom da pele perfeita que o Alpha exibia. Um tom pálido, homogêneo e discreto…

Observou as estrelas novamente. Talvez não fossem daquela cor, conquanto o paralelo fosse romanticamente verdadeiro. Elas iluminavam o negrume do céu e tornavam a noite mais bonita. Shino entrou em sua vida não apenas para salvá-lo, mas para tirá-lo do mundo tingido de cinza e apresentar toda a beleza que o destino reservava para poucos.


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Notas finais do capítulo

Um partidão desses, bixo. Eu sentava... SOCORRO, to brincando, Shino! Não precisa mandar essa horda de baratas!!



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