Memento Mori escrita por EsterNW


Capítulo 5
4.0 - Star shot


Notas iniciais do capítulo

Hallo hallo, pessoas! Prontos para mais um cap? Vamos dar uma de Buzz Lightyear e ir ao infinito e além no cap de hoje -q
Boa leitura ;)



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“Luz das estrelas,

Eu vou perseguir a luz das estrelas

Até o fim da minha vida.

Eu não sei mais se isso vale a pena.”

— Starlight, Muse

 

Atmosfera do planeta Telos, algum lugar no tempo.

A nave finalmente deixou a atmosfera de Telos, partindo para o planeta... Qual era mesmo o nome da galáxia que deveriam ir para trocar aqueles diamantes? Clara até se esquecera, de tão entediada que estava. Apertando botões, puxando alavancas, ativando velocidade de dobra dois e... Não, não era nada, apenas o espaço sideral e o vácuo. Não que ela não gostasse de viajar por entre as estrelas, o problema era apenas que estava cansada.

Quando disse que queria viajar e ver estrelas, Clara não imaginou que iria parar em uma espécie de navio cargueiro, por falta de uma expressão atual melhor. Seu trabalho era apenas ir até o planeta indicado, pegar o que precisava e ir embora para entregar ao destinatário.

— O que é isso? — Cyron, o comandante, questionou retoricamente ao ver uma luz de alerta vermelho piscando.

— Parece que temos problemas na área das máquinas... — Clara afirmou, esticando o pescoço para perto do rapaz loiro. — Eu...

— Eu vou resolver — Petrius afirmou antes dela.

Mas claro, ele era o engenheiro da nave, logo, era ele quem deveria cuidar desse tipo de problemas, não ela.

Sua esperança de acabar com o tédio esvaiu-se em menos de um minuto. Clara suspirou e voltou a encarar o visor enorme da tela, mostrando apenas a escuridão do espaço e a claridade das estrelas. Talvez jogar um pouco de conversa fora para passar o tempo não fosse uma ideia ruim...

— Andem logo! — Ouviu a voz de Petrius trovejar e logo o engenheiro empurrou dois desconhecidos porta adentro da área de comando.

— Não empurre! — A moça estranha reclamou, olhando com ferocidade para Petrius.

Okay, não era bem isso que Clara esperava quando pensou em acabar com o tédio. Brevemente ela observou uma das duplas mais estranhas que já vira em sua vida, com uma moça morena e vestida com... Aquilo era pele de animal? Couro? Bem, que fosse. De qualquer forma não cobriam tanto assim de seu corpo, porém, o que mais chamava atenção era sua postura quase como um animal selvagem pronto para dar o bote a qualquer instante. Em contraparte com ela, o homem que a acompanhava não poderia estar mais despreocupado, observando a nave enquanto Clara analisava aquele cachecol enorme e colorido que chegava a se arrastar pelo chão. Será que ele não tropeçava naquilo? O estranho pousou os olhos azuis sobre Clara e Cyron, abrindo um sorriso enorme em seguida. Talvez ele tentasse soar simpático, mas apenas conseguiu deixar a pilota ligeiramente desconfiada com aquele sorriso. Céus...

— Olá, eu sou o Doutor! E vocês... — O sujeito ia se aproximando, talvez para um aperto de mão, quando Petrius esticou o braço, barrando seu caminho.

— Ei, ei, Doutor ou qualquer que seja seu nome. Vocês ainda não responderam a minha pergunta: o que estavam fazendo na nossa nave e por que sabotaram nosso motor? — O engenheiro semicerrou um pouco os olhos, adquirindo o que Clara já conhecia como sua postura desconfiada, perscrutando por possíveis mentiras. E tinha que admitir, mas ele era bom nisso.

— Não fomos nós que sabotamos sua nave, já dissemos! — A voz da jovem selvagem retumbou pela área de comando, mostrando que ela realmente não estava para brincadeira. Bem, nem eles, Clara pensou.

— Leela... — O Doutor segurou gentilmente o braço da companheira, em uma tentativa de acalmá-la e de deixar para ele a parte diplomática. — Bem, acreditariam se disséssemos que acabamos de chegar? Infelizmente não vimos quem sabotou o motor de vocês, mas eu posso ajudá-los a consertar — ele começou a falar com rapidez, interrompendo qualquer linha de pensamento deles. — A propósito, onde estamos? Essa zona estelar me parece familiar. — O senhor do tempo fixou os olhos arregalados no enorme visor à frente, com a nave que ainda avançava, tendo sido deixada no piloto automático por Clara.

O Doutor tinha certeza que conhecia aquela curva com a estrela anã azul de algum lugar, mas de onde? Ou melhor, de quando? Ele tinha certeza que passara por ali não havia tanto tempo assim...

— Espera que acreditemos que vocês simplesmente apareceram do nada bem na nossa nave? — Petrius pressionou, perdendo a pouca paciência que tinha. — Digam a verdade, vocês são clandestinos, querem roubar nossos diamantes! — O temperamento do engenheiro explodiu de vez, com Clara levantando-se na intenção de acalmá-lo.

— Nós não somos ladrões, já dissemos! Nós viemos na Tardis — Leela soltou como se fosse a coisa mais óbvia entrar por naves alheias através de uma Tardis. Aliás, o que era uma Tardis? Foi o que a tripulação da nave pensou ao trocarem rápidos olhares confusos.

— Uma cabine azul, um pouco mais alta do que essa porta... — O Doutor apontou para onde eles haviam entrado, talvez tentando explicar-se, visto os olhares confusos que recebeu da pequena tripulação. A descrição do que quer que fosse que eles chamavam de Tardis pareceu não adiantar.

— Chega! — Petrius explodiu em seu temperamento curto e Clara viu-se obrigada a intervir.

— Por que não damos tempo para eles pensarem em dizer a verdade? E enquanto isso consertamos o problema no motor — a pilota orientou em tom diplomático, colocando uma mão sobre o ombro do engenheiro na tentativa de acalmá-lo. Petrius ainda fuzilava os dois estranhos como se seus olhos fossem duas armas de raio laser.

— Clara está certa, Petrius — Cyron finalmente tomou a frente de comandante, dando a palavra final. — Deixemos esses dois trancados em um dos quartos vagos até chegarmos em Xyra. Lá decidiremos o que fazer com eles e não teremos mais problemas com sabotadores.

Com a sentença final, Leela protestou mais uma vez, contudo, seu plano de ação estava um pouco limitado, pois, afinal de contas, sua faca havia sido confiscada por Petrius ainda na área das máquinas. O Doutor pareceu não se importar tanto, puxando assunto sobre qualquer coisa enquanto o trio saía pela mesma porta pela qual entraram.

— Eu não quero uma jelly baby! — Petrius exclamou, já virando o corredor junto da dupla estranha, gerando riso em Clara e no comandante.

— Eu vou junto deles, por via das dúvidas — Cyron disse para Clara com um sorriso de canto e saiu logo atrás, deixando-a sozinha para voltar a pilotar a nave.

Segundo os controles, ainda seguiam a rota definida, com o alerta continuando presente para um problema nos motores, coisa que Petrius deveria consertar mais tarde. Não demorando muito para que seu tédio ou um de seus companheiros de tripulação retornasse, um novo alerta piscou, também da área das máquinas. Se o Doutor e Leela não estavam lá, então quem... Sem pensar duas vezes, Clara sequer tirou o piloto automático do controle e correu para onde o sinal vermelho a guiava. Não sem antes avisar o comandante pelo comunicador da nave, é claro.

— Cyron, creio termos mais clandestinos a bordo. Vou até a área das máquinas ver o que tem de errado.

Com isso, passou pelas portas automáticas e saiu, sequer ouvindo a resposta de seu comandante, dizendo para que não fosse. Cyron parecia não ser um dos melhores comandantes que tiveram, afinal de contas, nem seus próprios subordinados davam ouvidos às suas ordens às vezes.

Clara atravessou e virou vários corredores brancos e esterilizados, que davam certa impressão que o dono daquela nave tivesse alguma mania de limpeza, com a luz vermelha piscando em alguns pontos. Já chegando em seu destino, apressou o passo e apertou o botão, fazendo com que a porta abrisse automaticamente.

Adentrou o ambiente quente e silencioso, caminhando e procurando com atenção pelo tal defeito. Dobrando as mangas do macacão, sentindo o ar abafado, aproximou-se de uma confusão de canos metalizados, de onde saía uma fumaça que subia em direção ao teto, alcançado o sistema de ventilação e sumindo, além de um chiado baixo, sendo audível apenas com certa proximidade.

— Mas o que...

Clara analisou o local por onde a fumaça vazava, tendo certeza que quem quer que tenha feito aquilo, deveria ter uma força considerável para rachar um metal daquele jeito. Nenhum dos dois estranhos parecia ter tal capacidade...

— Não resista — uma voz metálica, com certa sonoridade computadorizada, soltou de algum canto próximo, sobressaltando a pilota.

Clara endireitou-se num pulo e ficou de costas para a tubulação. Seus olhos varriam a sala e ela sentia ainda mais abafado lá embaixo, quase sufocante até, junto da tensão ao ouvir passos pesados marchando em sua direção. Sem pensar, começou a afastar-se lentamente em direção à saída, querendo não ser percebida pelo que quer fosse aquilo.

— Não resista — a voz robótica repetiu novamente e finalmente apareceu em seu campo de visão.

Clara segurou o grito na garganta, assustando-se com aquele ser prateado, enorme, revestido completamente de metal e, como coroa de toda aquela bizarrice, usava um capacete com uma expressão congelada, marcada no metal, onde deveria ser o rosto. Como se máquinas fossem capazes de se expressar. Se tivesse tempo, com certeza a garota teria comparado o ser a uma versão modernosa de um Frankenstein. Desprovida de tempo para qualquer comparação ou outras metáforas, Clara correu o máximo que podia para a saída, com os passos marchando atrás de si.

Visualizando seu escape, a pilota forçou as pernas ainda mais, fechando a porta no momento exato em que o ser de metal disparava um tiro direto de seu capacete. Contudo, nada conseguiu se não atingir o material da porta.

Clara respirava pesado, encostando as costas contra a parede e repassando aquela imagem em sua mente. De onde tinha saído aquilo?!

A moça sobressaltou-se ao ouvir pancadas contra a porta. Realmente, agora ela tinha certeza de quem tinha tanta força para destruir aqueles tubos de metal. Tamanha era a força dos socos do ser metálico, que começava a formar pequenos sulcos no metal. A jovem afastou-se lentamente, assustada e temerosa que aquele Frankenstein de lata escapasse. Ou pior, será que ele destruiria ainda mais o motor, derrubando a nave?

— Clara, cuidado — Petrius berrou do fundo do corredor e a pilota viu o Doutor e Leela correndo como dois raios em sua direção.

Logo atrás vinham Cyron e Petrius, com sua barriga ainda doendo da cotovelada que levara de Leela. Os dois estavam quase comendo poeira da dupla estranha.

— Telos! Vocês estavam em Telos? — O Doutor já chegou jogando perguntas sobre Clara, provavelmente tendo ouvido a informação ou do comandante ou do engenheiro da nave.

— Tem um monstro metálico preso na área das máquinas! — Clara exclamou e apontou para a porta que logo viria abaixo, toda cheia de marcas de punhos fechados.

— Cyberman... — o senhor do tempo sussurrou, tendo ligado os pontos daquele mistério há alguns minutos atrás.

— O que são cyberman? — Leela questionou para ele, vendo o Doutor tentar selar de alguma forma aquela porta com sua chave de fenda sônica.

— Cyberman são... Eram humanos do planeta de Mondas, que modificaram a si mesmos, transformando-se em máquinas desprovidas de toda e qualquer emoção. Eles tomaram Telos como colônia e escravizaram seus habitantes... Era por isso que eu reconhecia essa galáxia! Eu já estive aqui antes, com Harry e Sarah... Mas, ao que parece, estamos no passado, antes dos cyberman invadirem… — O fato era que aquele cybermen a bordo da nave era um dos primeiros a viajar para Telos, em uma missão de reconhecimento do planeta. O inesperado, porém, era que ele tivesse entrado na nave de alguma forma.

Todos deram um pulo para trás quando a porta veio ao chão, não adiantando de praticamente nada a tentativa do Doutor de selá-la.

— Não resistam — a voz metálica repetia inexpressivamente. Cyron, Petrius e Leela arquejaram ao verem a figura enorme aparecer na soleira da porta. O Doutor empurrou Clara para trás, tentando afastá-la da criatura. — Resistir é inútil.

— Bem, sou obrigado a discordar de você — O Doutor comentou com certa ironia fora de hora.

O cybermen continuava a se erguer inexpressivo e imóvel como somente um robô seria capaz. Apesar de tudo, talvez ele não tivesse apreciado o humor do senhor do tempo, ou então, considerou-o como resistência.

— Cuidado! — Clara berrou ao ver o ponto central da alça do capacete do cybermen se acender.

Mais rápido do que ela achava que fosse capaz, e com toda a força que tinha em seus braços, jogou o Doutor para o lado, todavia, não fora capaz de seguir suas intenções, recebendo na lateral de seu pequeno corpo a descarga vinda com toda a força do cybermen.

Sem demonstrar qualquer sinal de dor em seu rosto ou gritar, Clara foi diretamente de encontro ao chão, tendo sua vida consumida pela descarga do tiro em questão de um piscar de olhos de seus companheiros.

Leela correu para acudir a pilota, porém, qualquer esforço seu não adiantaria de mais nada. O Doutor olhou para o cybermen com fúria, que sequer era percebida pelo ser metálico, incapaz de processar emoções.

E foi viajando pelas estrelas que Clara encontrou seu fim mais uma vez, chocando-se com a Morte novamente pelo meio do caminho. Graças a ter seu caminho cruzado com uma pilota desconhecida, o Doutor escapou da morte mais uma vez, levando junto duas pessoas que ele sequer conhecia.


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Notas finais do capítulo

Starlight, Muse: https://youtu.be/NQZr1E4FeKY

* O planeta Telos é extremamente rico em minerais, como o diamante (motivo pelo qual a tripulação da Clara foi até lá). Alguns dos habitantes do planeta não suportavam as altas temperaturas da superfície, portanto, criaram cidades subterrâneas, com um excelente sistema de refrigeramento. Após a destruição de Mondas, os cybermen invadiram Telos para usar esse sistema de refrigeramento com o objetivo de deixar reposições para o exército cybermen em animação suspensa, como visto no arco Attack of the Cybermen, com o 6° Doutor.
No caso do capítulo de hoje, imaginei que a frota cybermen mandou alguns poucos com o objetivo de "reconhecer terreno" e um deles entrou na nave da Clara.

**A ocasião que o Doutor cita, de já ter visitado Telos, é no arco Revenge of the Cybermen, com o 4° Doutor, Sarah-Jane Smith e Harry Sullivan.

Pra quem quiser ver como eram esses cybermen: https://encrypted-tbn3.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcQbeuTyvLPXkWDNP86Rc7ViSxfJaD28o5BQyoP3XxaQ3F1pw61QC6ZI9z0H

Ufa, acho que já deu de notas xD Então, o que acharam do capítulo? Um pouco diferente dos anteriores, mas quero sempre surpreender vocês ♥
Até semana que vem, povo o/