“Não se esqueça da morte

Não se esqueça da sua amiga Morte

Não se esqueça de que você irá morrer.”

— Pro Memoria, Ghost

Clara Oswald atravessou a porta, aceitando seu destino como certeiro. O barulho em volta nada mais era do que um ruído para seus ouvidos, como se fosse uma televisão com defeito. Talvez o problema fosse ela, com um contador zerado na nuca e um piado de corvo que parecia retumbar pelos ouvidos, aproximando-se com um bater de asas suaves, marcando seus últimos segundos.

Apesar de tudo, ela tentava ser corajosa, como sempre fora. Fosse como Clara Oswald, a professora de Coal Hill School e viajante do tempo nas horas vagas, fosse como um dos seus ecos. Não importava qual fosse a versão de Clara, sua marca era sempre a coragem frente à morte.

E, dessa vez, não seria diferente. Clara deixaria que sua velha amiga a levasse.

— Deixe-me ser corajosa — seus murmúrios de afirmação para si mesma eram tentativas de nublar aquele piado cada vez mais incessante conforme os segundos escorregavam e seu tempo de vida escorria. Seu tempo, este, já zerado.

O corvo finalmente tornou-se visível para seus olhos, carregando a morte junto de si e trazendo a escuridão da inconsciência em suas garras negras.

Clara fechou os olhos, pronta para sentir a dor do enlace mortal, quando o tempo parou. Literalmente.

Olhou para os lados, vendo tudo e todos congelados. O piado incessante que marcava seus últimos segundos, estava calado. O mensageiro negro da morte fora adiado.

O Doutor poderia tentar, mas, no fundo, bem no fundo de seu ser, ele sabia que não poderia ir contra o inevitável. Quando a morte chegava, não adiantava correr ou se esconder. Ela te encontraria e, mesmo no fim do universo, ela não te pouparia. Seria como um inimigo, pronto para te pegar quando você cair. Sempre à espreita e aguardando pelos seus maiores momentos de fraqueza.

Paciente, esperaria o quanto fosse necessário para chegar até você.