O Despertar dos Sentimentos escrita por Luana de Mello


Capítulo 27
O Elo Entre Irmãos




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Pov. Hinata

Depois de nos separar do restante das Divisões de Batalha, nos encaminhamos ao norte do País do Trovão, que é de onde enfrentaremos o inimigo. Ao meu redor, todos estão muito agitados e apreensivos, observam tudo atentamente; essa tensão de guerra deixa todos assim, não sabemos quando o inimigo pode nos atacar, nem como vai fazer isso, tudo isso nos deixa com os nervos a flor da pele, porquê aqui não podemos errar, um passo em falso e você morre. É diferente da Academia, que o Iruka-sensei nos dava outra chance, ou nos ensinava o jeito certo de fazer alguma coisa, aqui não é assim, o inimigo vai tentar descobrir nossas fraquezas e vai usar todos os artifícios possíveis para nos vencer. Olho com desgosto para as duas garotas de antes, elas parecem não ver a gravidade da situação, continuam marchando aos cochichos; o pior é que elas não só se colocam em risco, como também nos colocam em risco, o que elas estão fazendo tira a atenção de outros ninjas, e também não ajudam porquê não prestam atenção ao que acontece. Frustrada com a situação, suspiro baixo, não posso me deixar levar por esses sentimentos, aqui preciso manter a calma constante. Noto Neji me encarando o tempo todo, esperando por alguma evidência que eu não esteja bem, ele parece preocupado, afinal faz quase duas horas que não paramos de marchar; mas por incrível que pareça eu estou bem, não tive nenhum mal estar ou coisa do tipo, parece que até meu filho entende melhor o que é uma guerra, do que aquelas duas. Vejo pela visão periférica quando Shino e Kiba e Akamaru se aproximando da fileira em que eu e meu irmão marchamos, eles pedem licença aos outros ninjas e se posicionam ao nosso lado; fico feliz de ter meus companheiros de time comigo. Eles me olham tensos, não entendo o motivo, mas espero que digam alguma coisa.

— Sabe Hinata, o seu cheiro mudou, eu e o Akamaru percebemos isso. - Kiba começa sem jeito.

Mas que droga Akamaru! Com tantos ninjas aqui, eu pensei que seria uma grande quantidade de Chakra e que seria complicado de distinguir, mas eu acabei subestimando o faro dos Inuzuka.

— Eu sei. - digo simplesmente - Não se preocupe, estou ciente da mudança.

— Mas que droga Hinata! - Kiba explode e Akamaru ladra feroz - O que pensa que está fazendo? Você sabe disso Neji?

— Sim Kiba-kun meu irmão e meu pai sabem, já disse para não se preocupar. - respondo séria - Sei que estou correndo um grande risco, mas eu não tinha escolha, você sabe melhor que ninguém o quanto os membros do conselho são retrógrados.

— Mas que grande merda! - Kiba xinga - O Naruto sabe?

— Sabe, só não sabe que estamos aqui e que estamos em guerra, ele ainda pensa que estou na vila. - respondo calma.

— E como ele reagiu? - Shino pergunta preocupado pela primeira vez.

Sei exatamente o que os dois estão pensando agora, que o Naruto me abandonou a própria sorte, que é um canalha da pior espécie e que estou aqui por isso, mas quando vou responder, é Neji quem toma a frente da conversa.

— Bom vejamos, primeiro aquele pateta chegou no clã no maior estilo Jiraya do mundo, correu abraçar minha irmã, chorou muito e depois ficou muito pálido quando viu nosso pai e desatou a falar sem parar. - Neji conta rindo muito e vejo meus dois amigos relaxarem.

— Neji, ele não é um pateta, só estava feliz e por isso estava chorando. - o repreendo.

— Eu sei irmãzinha, mas eu vou tirar uma com a cara dele o resto da vida por isso. - ele responde matreiro.

— Espera ai um segundo, o Naruto esteve na vila? - Shino pergunta mais uma vez em alerta.

— Sim, ele estava preocupado comigo e disse que se eu não contasse o que estava acontecendo, ele iria voltar para a vila. - conto baixinho - Então escrevi a ele contando, só não esperava que ele fosse fugir do Capitão Yamato e aparecer no meio da nossa sala, saindo da boca de um sapo do Monte Myōboku.

Vejo a expressão preocupada dos rapazes se dissipar um pouco, mas ela só some por completo quando meu irmão fala de novo.

— Não se preocupem, ele não desgrudou da Hinata um segundo, não viu nada da vila. - Neji conta.

— Mesmo assim, você não devia estar aqui, sabe que podia ter conversado com a senhora Tsunade sem envolver o clã, ela adora o Naruto, não ia negar um pedido seu. - Kiba recomeça quando achei que tudo estava resolvido - Como pensa que vai lutar nesse estado?!

— Estou bem Kiba-kun, de verdade, não vou ficar parada enquanto outros lutam pelo meu noivo! - digo resoluta e Kiba arregala os olhos espantado.

— Ela não vai mudar de ideia, ficou tão cabeça dura quanto o Naruto. - Neji diz sorrindo - é por isso que não saio de perto dela nem por um segundo.

— Então nós também não vamos, se é tudo que podemos fazer agora, nós te protegeremos! - Shino declara decidido.

Olho com carinho e surpresa para os meus amigos, que sempre estiveram comigo nos bons e maus momentos, que nunca deixaram de me incentivar e apoiar, mesmo quando tudo parecia perdido, mesmo quando eu mesma me desacreditava; Kiba e Shino sempre me apoiaram, sempre me disseram que eu devia confessar meus sentimentos ao Naruto, me ajudaram a treinar para estar forte ao lado dele. Quero protestar e dizer que não é preciso, mas vendo seus olhares sei que não vai adiantar. Continuamos assim então, nós quatro e Akamaru, que em dado momento começa a rosnar baixinho, e devido aos anos de time oito, eu fico instantaneamente em alerta, Neji também percebe e se posiciona um pouco mais a minha frente e vejo Shino se movimentar atrás de mim, enquanto Kiba fica ao meu lada. O Comandante Kitsuchi faz um sinal e toda a Divisão para, ele parece concentrado em alguma coisa, vejo seu rosto se contorcer um pouco, então ele olha a multidão de ninjas, e seus olhos pousam em mim e no meu irmão, ele faz um sinal para que nos aproximemos e respondemos de pronto. Não precisamos perguntar o que ele quer que façamos, nos posicionamos e juntos falamos.

— Byakugan! - minha visão muda, meus sentidos aumentam consideravelmente e eu engasgo com o que vemos.

— Ali bem a frente. - Neji aponta - Milhares de criaturas, não são humanos. Estão se aproximando por debaixo da terra.

Imediatamente o Comandante se posiciona a frente com sua filha e os dois desenterram milhares de criaturas do subsolo, várias criaturas brancas assim que caem já começam a correr em nossa direção. Olho para nossos companheiros que ainda estão bem assustados e nem se prepararam para se defender. Me desespero quando vejo o quanto eles são rápidos, olho para Neji que entende e se afasta um pouco, não dará tempo de usar o Hakke Kuhekisho, preciso acrescer mais Chakra nesse Jutsu e só vai atingir um ponto da área por vez.

— Kitsuchi-sama?! - chamo exasperada e ele me olha, sabe que estou pedindo permissão e concorda ainda atordoado - Preciso que se afastem um pouco.

Dito isto me posiciono mais a frente de todos, Neji fica mais atrás contrariado, ele sabe o que vou fazer. Desde que vi a explosão de criaturas, comecei a modelar o Chakra para que tomasse sua forma mais flexível para que o ataque se forme mais rapidamente. Aproveito que as criaturas correm desavisadas para nossa direção, e que algumas ainda caem da cratera que Ktsuchi fez; quando estou pronta tomo uma distancia maior dos outros e me preparo.

— Hakkeshou Gutten. - faço o Jutsu e uma enorme esfera de lâminas de Chakra me rodeia, formando assim meu Jutsu supremo, a Esfera Celestial, ela rotaciona e se expande atingindo as criaturas que estão ao meu redor, as que estão caindo e as poucas que passaram por trás. Só torço para ter dado tempo dos outros se prepararem.

O Jutsu demora para se dissipar, dada a extensão do seu alcance; dessa vez ele atingiu uma área bem maior, já que eu estava modelando o Chakra desde o começo, e também porquê adicionei a essa técnica um pouco da Rotação dos Oito Trigramas, tornando assim, seu efeito mais devastador. Ouço a ordem de ataque de Kitsuchi e o grito de guerra dos meus companheiros, em instantes Neji pula ao meu lado, na cratera que acabei de formar, ele me olha impressionado, Kiba e Shino nos alcançam em seguida eufóricos para o combate. Mais e mais criaturas saem do subsolo e correm para o ataque, nosso companheiros os atacam determinados, mais deles vem em nossa direção, Kiba e Akamaru já se lançam no oponente, os insetos de Shino estão por todos os lados. Vemos uma grande quantidade de criaturas reunidas a nossa frente, Neji me olha sugestivo e eu entendo, concordo com ele e juntos nos posicionamos.

— Hakke Kuhekisho. -  reunimos uma enorme quantidade de Chakra nas palmas das mãos, e fazemos o Jutsu juntos, uma potente rajada de vento atinge em cheio o amontoado de criaturas, os lançando longe.

Vários estilos de lutas e Jutsus são vistos por todos os lados, todos os Shinobis atacam com vontade as forças inimigas. Quanto mais criaturas saem do subsolo, mais determinados ficamos. Nossa missão aqui, é parar essas criaturas, antes que cheguem ao Quartel General, ou a qualquer ponto das Cinco Grandes Nações. Decido economizar um pouco meu Chakra agora, então utilizo apenas meu Taijutsu, saco minha Kunai e desfiro vários golpes no inimigo. Neji nunca sai do meu lado. Esses anos de treinamento juntos me fizeram ter consciência de sua presença, por isso eu saberia de sua proximidade, mesmo sem usar o Byakugan. Mais a frente vejo Kiba e Akamaru usando o Tsuuga, enquanto Shino se mantem atrás de nós usando o Mushidama. 

Assim vamos lutando e ganhando área, vejo Kitsuchi lutando bravamente com vários inimigos, e isso incentiva as tropas a prosseguirem. Não importa quantos inimigos apareçam, ele derrota um a um; sempre ouvi dizer sobre a força do filho do Sandaime Tsuchikage, mas ver é outra coisa, ele têm uma força monstruosa, como jamais vi algum Shinobi ter. Alguns dos ninjas que falaram comigo hoje mais cedo, também lutam com muito empenho, vejo cada um dos meus companheiros lutando sem medo, correndo até o inimigo e o atacando com tudo que têm. Mas apesar de todo nosso esforço, noto que já temos algumas baixas, noto também que alguns ninjas já mostram sinais de fadiga, embora o número de criaturas tenha diminuído. Olho para o meu irmão que me encara muito sério e logo sua expressão se torna severa.

Por mais que eu e Neji não nos dessemos muito bem na nossa primeira infância, quando finalmente nos entendemos, criamos um vínculo muito forte, eu não o considero meu primo, o considero meu irmão de coração, e sei que para ele é a mesma coisa. Desde aquela época a anos atrás, quando Naruto mudou o jeito de Neji pensar, nós fomos construindo uma amizade e uma relação idêntica a que tenho com Hanabi, sabemos o jeito de pensar e agir de cada um, com os anos aprendemos a identificar quando o outro não está bem; sei exatamente quando Neji está bravo ou frustrado, e qualquer mudança no meu estado de espírito, ele sabe também. Foi assim que meu irmão desconfiou do meus estado a algumas semanas e contou ao nosso pai, ele sabia que tinha algo de diferente em mim, e acabou descobrindo a minha gravidez. Neji me entende muito bem, acho que a única pessoa no mundo capaz de me entender melhor que ele é Naruto, então nesse exato momento ele sabe o que quero fazer e se posiciona a minha frente para me impedir.

— Não Hinata, é arriscado demais! - ele repreende bravo - Você não pode.

— Você pode me dar cobertura irmão. - digo baixinho.

— Não Hinata! E se te acontece alguma coisa? E se acontece alguma coisa com esse moleque. - fala apontando para minha barriga - Eu prometi ao Naruto que cuidaria de você enquanto ele está fora, não me perdoaria se quebrar essa promessa, já engoli a contra gosto você ter vindo para cá.

— Eu estou bem irmão, sabe disso, você pode ver. - digo olhando em seus olhos - Já recuperei meu Chakra, sei que posso fazer isso.

Ele me olha apavorado enquanto a luta segue ferozmente ao nosso redor, ouço gritos de dor, pedidos de socorro e isso me angustia mais ainda.

— Hinata, o que nosso pai vai dizer se te acontece alguma coisa? - ele diz angustiado.

Essa também foi uma grande mudança, depois que os dois se acertaram e que papai tomou para si o restante da criação de Neji, os dois se aproximaram muito nos últimos anos, e papai passou a tratá-lo como um filho, e depois que Neji deixou suas barreiras caírem, passou a tratar Hiashi como um segundo pai; mas levou tempo até conseguir chama-lo assim, sem reservas ou vergonha do que os outros pensariam.

— Olha ao nosso redor meu irmão, nossos companheiros estão sofrendo, e se eu posso ajudar eu vou ajudar. - digo convicta - Não volto atrás Neji e você sabe disso, mas preciso da sua ajuda, mas farei mesmo se não me ajudar, você me conhece.

Neji suspira resignado e se posiciona a minha frente, juntos nos direcionamos para a concentração principal das criaturas, ao nos verem indo até lá, Kiba e Shino se juntam a nós. Os três vão aniquilando qualquer inimigo que se aproxime, e eu vou trabalhando meu Chakra, concentrada apenas nisso, condenso cada pequena molécula, deixou de passar Chakra pelos outros Tenketsus, concentrando todo o fluxo apenas nos meus braços. Preciso ter muito cuidado com meu controle de Chakra, se eu dosar um pouco a mais para o Jutsu, meu bebê correrá sério risco de vida. Me concentro ao máximo no meu fluxo, nem um pouco a mais, nem um pouco a menos. Os rapazes vão dando conta de qualquer criatura que se aproxima, o que agradeço muito, já que se eu estivesse sozinha não poderia fazer isso de forma correta; nada mais é como antes, que eu apenas podia fazer um Jutsu e se não desse certo, eu só ficaria fadigada e teria que descansar, agora é muito diferente, não posso simplesmente fazer um Jutsu que pode consumir todo meu Chakra, e esse é exatamente um desses. Sakura me explicou que eu teria que controlar muito a quantidade que uso, para não prejudicar o bebê, e qualquer esforço a mais seria fatal. Concentrada, sabendo que a vida dos meus companheiros e do meu filho dependem de tudo que eu fizer agora, eu me posiciono no centro da força inimiga, o Byakugan ativo, a postura correta, olho para Neji que entende que estou pronta; ele se afasta e faz sinal que os outros devem se afastar também. Noto quando alguns ninjas tento chegar até aqui para me ajudar e meu irmão os impede de passar, só escuto ele dizer que é perigoso chegar perto de mim agora. As criaturas me vendo sozinha e vulnerável, avançam todas para mim, como esperava, mas já é tarde para elas.

— Shugo Hakke Rokujyuu Yonshou - pequenas lâminas de Chakra se formam, finas como extensões dos meus braços, eu os movimento precisamente, com muita flexibilidade de um lado ao outro e rapidamente, formando assim um circulo bem afiado ao meu redor.

Lembro da primeira vez que mostrei esse Jutsu aos meus companheiros de equipe, foi na mesma missão para capturar o besouro Bikochu, lembro que o usei porquê alguns ninjas inimigos estavam ferindo Naruto e tinham prendido Kiba e Shino; me lembro de ver o olhar admirado do pequeno Naruto, e quando eu quase cai exausta, foram seus braços que me amparam. Foi a primeira vez que me senti verdadeiramente forte, ali eu descobri que somos capazes de tudo por quem amamos, e que só por eles somos mais fortes. Eu nem imaginava que isso se provaria verdade, anos mais tarde, quando eu estava decidida a morrer por ele naquela luta; não sei de onde tirei forças para me por em pé, nem como consegui dar tantos passos, mas quando olhei para o meu amado preso como um animal, eu sabia que não podia ficar parada, e mesmo contra todas as expectativas, eu fiz o que era certo. Bem como estou fazendo agora, pelo bem dos meus companheiros, pelo bem do mundo em que meu filho vai crescer, pelo bem do homem que amo a vida toda, eu tenho que ser forte; sinto meus braços ardendo, minha respiração está entrecortada, mas não paro, não posso parar. Eu já cheguei até aqui, desistir não é uma opção, decidida, me empenho mais nos movimentos e aumento a velocidade e intensidade das lâminas de Chakra. Vejo diversos pedaços das criaturas se amontoando ao redor de mim, vou indo assim até sentir a quantidade de Chakra no meu ventre querer diminuir, então paro o Jutsu exausta e antes que meus joelhos caim no chão, sou amparada por Akamaru. Vejo o momento em que os meus companheiros chegam onde estou e acabam com o restante das criaturas, ouço seus brados de euforia, uns apoiando os outros. Quando Neji chega até mim, seus olhos me analisam preocupados, mas ele suspira aliviado quando percebe que estamos bem. Sinto quando Kiba me coloca em cima do Akamaru e tento sair imediatamente.

— Agora descansa Hina, o Akamaru vai cuidar de você. - Kiba diz sério.

— Eu já tinha ouvido dizer que os Hyuugas eram Shinobis magníficos. - diz Kitsuchi se aproximando de onde estamos - E também ouvi dizer que a noiva do Uzumaki era corajosa, mas não sabia que era tão forte! Você nos deu uma grande vantagem hoje Hyuuga, merece descansar um pouco.

— Obrigada Kitsuchi-sama. - digo espantada de olhos arregalados, eu nem sonhava que ele saberia quem sou.

Ele se afasta ditando ordens aos demais, e vejo todos marchando para dentro da floresta, para não ficarmos muito expostos em campo aberto. Sentir os movimentos do Akamaru enquanto ele corre não ajuda na minha concentração, acabo ficando com muito sono, e mais tarde quando ele começa a correr de verdade eu fico muito enjoada, Kami-sama como é que o Kiba não vomita tudo que come? Assim que chegamos a um local mais seguro, eu desço de suas costas sem ouvir os protestos dos outros, e já me sinto recuperada novamente, pego meu cantil e tomo alguns goles generosos de água, então me prontifico para ficar vigiando a retaguarda, e quando Neji se dá conta já estou ao seu lado com o Byakugan ativo.

— Nem perca tempo irmão, eu não vou sair daqui. - digo apenas isso.

— Kami-sama que ajude o Naruto quando vocês se casarem, eu tenho muita pena do coitado irmãzinha. - Neji retruca.

Permanecemos assim até o cair da noite, sem mais nenhum movimento suspeito ou qualquer atividade. Em dado momento percebo que Neji começa a piscar diversas vezes os olhos e sei que ele está exausto, me preocupo um pouco e tento o convencer a ir até a ala médica, mas ele é tão teimoso e insiste em ficar ali comigo. Muito frustrada eu apenas aplico nele um Ninjutsu médico básico, já que também não estou em condições de fazer algo mais eficaz por um tempo. Ainda irritada com a teimosia do meu irmão, eu pego uma barra de cereal e lhe alcanço, e abro uma para mim; estou realmente faminta, mas não tive tempo de comer nada o dia todo, então decido aproveitar essa breve calmaria para me alimentar, não é nem de longe a refeição mais nutritiva que eu preciso agora, mas vai ter que servir. Enquanto estamos a postos, somos notificados do que acontece nas outras Divisões de Batalha, e dessa vez eu fico muito temerosa de que não consigamos vencer, todos eles enfrentaram os exércitos de Zetsus brancos, que agora sabemos que são as criaturas. E mais assustador que isso é saber que esses Zetsus são capazes de nos copiar, até mesmo nossos Chakras, e estão usando isso para atacar nossos aliados. Tenho medo pelo nosso pai, por não ter noticias dele, meu coração aperta de preocupação, queria também saber noticias dos nossos amigos. Me sinto sufocada pela grandiosidade do que estamos vivendo, vi tantas pessoas morrer hoje e nem podemos enterrar nossos mortos, não podemos lhes dar um funeral decente ou chorar suas perdas. Enquanto estávamos em ação foi fácil não pensar nisso, mas agora, enquanto estou aqui de vigília aguardando uma criatura daquelas pular em mim e tentar me matar, não tem como não pensar. Mas isso é a guerra, é devastador, cruel demais, não deixa espaço para gentileza ou compreensão; não permite fraqueza e muito menos nos deixa voltar atrás. Vendo isso tudo que aconteceu hoje, eu entendo porquê temos que encontrar um jeito de viver em paz, não podemos mais continuar guerreando entre nós mesmos, ou não teremos futuro algum. Só espero que todos que estão aqui hoje, tenham conseguido entender isso, e espero sinceramente que quando isso acabar, todas as vilas continuem unidas e nunca mais voltem ao que eram antes. Olho para o meu irmão e lhe seguro a mão, e agora vejo o quanto minha família é valiosa para mim, penso em Hanabi em casa cuidando de tudo por nós, no nosso pai lutando na costa e em Naruto que é o maior motivo da nossa união, em meu filho tão pequeno em meu ventre e já está no meio de uma guerra; é por isso que tenho que batalhar, que tenho que lutar até o fim, para garantir que meu filho e o filho de outras pessoas tenham um mundo melhor para viver. Inconscientemente levo minha outra mão até o meu ventre, e quando faço isso, sinto um pequeno movimento dentro de mim, é como se fosse um leve farfalhar de asas; sou inundada por uma emoção tão grande, sinto um amor tão grande por esse pequeno ser que já me enche de coragem, e se mostra desde agora tão parecido com o pai, que me dá forças, mesmo quando não sei de onde tirar.

— Não se preocupe irmã, nós vamos vencer e esse moleque vai crescer em um mundo bem melhor! - Neji diz ao meu lado.

É quase como se ele lesse meus pensamentos e confirmasse aquilo que eu preciso ouvir, e eu apenas concordo sentindo meu pequeno Shinobi se mexer, enquanto ainda está seguro dentro de mim.


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