O Despertar dos Sentimentos escrita por Luana de Mello


Capítulo 25
O Outro Lado da Moeda




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Depois de passar por aquela maldita cachoeira, eu me sito mais confiante, me sinto capaz de qualquer coisa, sem temores e de coração leve; fazia anos que não me sentia assim, bem comigo mesmo, acho que só agora fui aceitar o que sou e aprendi a me orgulhar disso, afinal não é qualquer pessoa que teria uma Bijuu selada em seu corpo, que suportaria a pressão e a responsabilidade que é. Me sinto feliz, motivado, igual me sentia quando ainda era uma criança inocente, que não entendia as maldades que as pessoas faziam ou diziam. Nunca tinha percebido, mas naquela época, quando eu tinha três ou quatro anos, eu não ligava se não tinha ninguém comigo; na verdade eu achava o máximo não ter um adulto sempre me dizendo o que fazer, me sentia o maior garoto do mundo. Apenas quando entrei para a academia, que senti a falta que um pai e uma mãe fazem; aprendi o quanto as pessoas podem ser malvadas e preconceituosas, mesmo naquela época eu sabia que não era bem quisto, mesmo sem saber o porquê. Agora, tanto tempo depois, essas coisas me parecem tão sem importância, não me machucam mais.
— Então qual o próximo passo? - pergunto a Bee ancioso para começar.
— Agora nós vamos entrar na cachoeira, seu tolo idiota, yeh! - ele responde cheio de animação.
— Bem, eu vou indo, boa sorte Naruto! - Motoi diz e se afasta indo em direção a cabana.
Em silencio, eu e Yamato seguimos Killer Bee, depois que vi ele enfrentar aquela lula por duas vezes, não tenho mais dúvidas de que ele sabe o que está fazendo; pode ser um cara estranho, mas sabe. Estou decidido a passar em mais essa etapa. Quando passamos pela enorme queda d'água, nos deparamos em uma enorme caverna, mas não uma gruta qualquer na rocha; ela é esculpida e cheia de detalhes, mais parece um grande salão escondido, está repleta de estatuas quebradas, não quebradas inteiramente, mas sem as cabeças, o que achei bem curioso. É tão estranho, todo lugar em que tenho que treinar, tem alguma estatua macabra com alguma história que eu não gosto nem um pouco, espero que não seja assim dessa vez. De um dos lados ha alguns blocos de concreto largados, mais algumas estatuas a frente, mas nenhuma porta, e isso é mais curioso ainda. Olho para Yamato para ver se ele percebeu algo que eu não tenha visto, mas ele me parece tão perdido quanto eu, então decido esperar e ver o que o tio polvo vai fazer. Ele para e me olha, e fico sem entender, não sei o que tenho que fazer.
— E agora? - pergunto.
— Agora você coloca sua cabeça na boca dessa estatua, se você se livrou do seu ódio, uma porta vai se abrir. - ele responde - Se não, você vai perder a cabeça, yeh!
— O que?! - eu e Yamato exclamamos juntos.
— Estão vendo essas estatuas? Foram todos os Jinchuurikis que falharam, se você falhou antes, vai se juntar a elas. - ele explica naturalmente.
Essa informação era tudo que eu não precisava, não sabia que existia a possibilidade de falhar no outro teste. Abalado e de pernas bambas, me aproximo da estatua e fico de joelhos a sua frente, engulo a seco e respiro fundo; decidido a não voltar atrás, coloco a cabeça na boca da estatua, a única coisa que vejo é uma alavanca, mas não sinto nada,  espero mais alguns segundos e  nada ainda, é então que me dou conta que foi só uma pegadinha do tio polvo. Sinto tanto alivio, que nem me irrito pela brincadeira idiota, mas ai lembro que o Capitão Yamato não sabe de nada ainda; acho que chegou a hora de me vingar de todas as vezes que ele me assustou. Finjo que a estatua está me arrancando a cabeça, tremo e grito, depois puxo minha jaqueta por cima dos ombros para esconder minha cabeça e deixo o corpo tombar no chão. Só ouço os gritos de pavor do Capitão Yamato, e por fim não me aguento e começo a rir no lugar.
— Isso lá é brincadeira que se faça Naruto?! - ele ralha.
— Mandou bem, seu tolo idiota, eu fiz a mesma coisa com meu irmão! - Bee fala. 
Ele vai até a boca da estatua e puxa a alavanca, uma porta grande se abra na parede ao lado; muito curioso eu entro na sala, que é enorme por sinal, com uma luz forte, como se estivéssemos a alguns metros do sol. Não há mais nada, apenas essa luz por onde eu olhar, parece nem existir paredes, de tão uniforme que é a iluminação. Ouço quando o tio polvo fecha a sala novamente, e me viro para ver o que faremos a seguir, ele se aproxima com toda a calma do mundo.
— Naruto, você sabe qual o selo que foi usado em você? - Bee pergunta.
— Selo? - rebato confuso.
— é um Selo de Oito Trigramas do Clã Uzumaki. - Yamato responde.
— Bom, você tem a chave? - Bee pergunta.
Dessa vez eu sei o que é e imediatamente invoco Gerotora, o sapo pergaminho aparece ali com a sua cotidiana cara de tédio.
— Certo, nessa faze Naruto você vai precisar da chave, você vai entrar no seu subconsciente e vai abrir o selo que prende a Kyuubi e é então que a verdadeira batalha vai começar. - Bee vai explicando - Você sabe o que acontece se o Chakra da raposa te dominar por completo?
— A nove caudas vai me dominar e conseguir sair, o sapo velhote explicou que é como um cabo de guerra. - respondo.
— Sim, e nesse cabo de guerra, você deve conseguir extrair o Chakra da raposa e fundi-lo ao seu. Mas isso não é fácil, você tem que fazer na medida certa, ou a nove caudas vai subjugar você! - ele prossegue.
— Espera um instante ai, vocês estão falando de libertar a Kyuubi??! - Yamato pergunta exasperado.
— Sim, mas não se preocupe, essa sala é especial, foi feita exatamente para prender uma Bijuu, caso algo saia errado. E também você vai ajudar, vai usar seu Mokuton no Naruto e vai mante-lo calmo. - por fim termina.
Quando Yamato posiciona seus Totens de madeira, eu me sento bem no meio do circulo, na posição de meditação que o Ero-Sennin ensinou. Sinto um frio na barriga, todo meu futuro depende de como vou me sair agora, não é como um campo de treinamento, que se eu errar, posso começar de novo; não, isso é real, é a Kyuubi, a Bijuu de nove caudas que dizimou minha aldeia e matou meus  pais. Me concentro ao máximo, deixo minha mente livre de qualquer pensamento, mantenho a respiração regular e no momento seguinte já estou no meu subconsciente. Sinto a presença opressora da Kyuubi, seu Chakra é tão denso que é quase palpável.
— Naruto?!! O que fez com seu outro eu? - a raposa pergunta.

— Estou bem aqui na sua frente. - respondo com calma.
— Ah entendo, você veio tentar roubar meu Chakra, vai se arrepender disso. - a raposa debocha.
Não ligo, não posso me distrair com discussões sem sentido, preciso me manter focado. Concentro meu Chakra na ponta dos dedos e abro o selo em minha barriga; as grades  que prendiam a raposa se abrem, e a Kyuubi se liberta do selo. Ela rugi, seu rugido é tão forte e poderoso que faz o chão tremer, me afasto um pouco e como meu corpo real está parado, consigo reunir energia da natureza e entrar no modo Sennin.
— Senpo: Chou Oodama Rasengan! - Miro a Kyuubi que se defende com as caudas.
A raposa rebate o ataque e me faz recuar um pouco. Então acumula muito Chakra e forma uma esfera pequena, a engole e eu sei que será um ataque poderoso. Quando a Kyuubi lança seu ataque, os tentáculos do Hachibi o param. Aproveito a distração para esconder alguns clones das sombras; me preparo para mais um ataque, preparo meu Chakra para extrair o Chakra da Kyuubi, e quando ela vai me atacar, os meus clones seguram suas caudas e a viram de barriga para cima, deixando assim seu torso vulnerável para mais um Rasengan de Senjutsu. Enquanto a Kyuubi tenta se defender do ataque, meu Chakra começa extrair o Chakra da Bijuu, bem como um cabo de guerra. Mas a raposa é muito forte e resiste, mesmo depois desses dois ataques., também é muito rápida, é difícil me manter longe de suas garras. Quanto mais eu puxo, mais ela resiste, e puxa de volta; sinto seu ódio encher minha alma, é sufocante e desesperador. Não consigo controlar, não posso respirar, é grande demais, não posso sozinho!
— Tudo bem, você pode ficar aqui se quiser, Naruto! - ouço uma voz doce e melodiosa.
Abro os olhos e não vejo mais a Kyuubi ou meu subconsciente, estou em um lugar iluminado e bonito, igual ao que eu encontrei meu pai. Mas a raposa não me engana, está fazendo esse truque barato para eu me distrair e ela roubar minha alma.
— Então? Já descobriu quem eu sou? - pergunta.
— Você não me engana Kyubbi, se fazendo passar por uma mulher?!! Que truque mais barato! - reclamo e a vejo se contorcer de tanto rir.
— E essa risada nem é de verdade, pode parar com isso! Eu não v...  - nem termino a frase e ganho um cascudo.
—  Você entendeu errado, ttebane! - grita.
Então eu paraliso, só existe uma pessoa que poderia falar assim, e eu sei exatamente quem seria. Meu coração pula tanto no peito, que chega doer. Não espero para confirmar, apenas abraço a pessoa que mais sonhei em conhecer em toda minha vida. Todos esses anos imaginei como minha mãe seria, mas ela é muito mais bonita do que pensei; seus cabelos vermelhos e brilhantes tão compridos, que ultrapassam da cintura, os olhos de um azul escuro que nunca vi igual, e o rosto gentil que sempre sonhei. Queria ficar ali o resto da vida, é uma emoção tão grande que nem sei como ainda estou em pé. Deixo algumas lágrimas caírem, não me importo, eu finalmente conheço minha mãe.
— Então você descobriu, Naruto. - ela afirma.
— Mãe, eu esperei tanto tempo para te ver. - digo com a voz embargada - quando encontrei o pai, não tivemos muito tempo.
— Minato garantiu que eu tivesse mais tempo com você, ele sabia que precisaria da minha ajuda, quando fosse controlar o poder da Kyuubi. - minha mãe diz.
— Eu tenho tanta coisa para te perguntar, tanta coisa para contar. - digo quase sem folego.
— Eu sei, também tenho algumas coisas para te contar. Mas antes vamos cuidar da Kyuubi. - ela responde.
Não sei ao certo o que quer dizer, mas sinto o Chakra da nove caudas se acalmar. Depois que minha mãe volta sua atenção para mim, eu decido perguntar o que mais queria saber agora.
— Então, como conheceu meu pai?? - pergunto animado.
Depois de ouvir toda a história dos dois, eu fiquei emocionado, mais do que já estava. Ouvir minha mãe falar, é como ouvir o canto do mais belo pássaro, aquece o coração. Descobri que sou muito parecido com ela, meu temperamento, meu jeito hiperativo, e os trocadilhos nas frases. Fico encantado com o modo como ela fala, admirado de saber como minha mãe era destemida; mas também fico com medo do seu gênio, bem que o Shikamaru me avisou que mães são assustadoras.
— Eu acho seu cabelo muito bonito mãe, queria ter o cabelo vermelho assim. - digo convicto.
— Você é o segundo homem que elogia meus cabelos. - ela responde pensativa.
— Quem foi o primeiro? - pergunto curioso.
— Seu pai, é claro! - ela responde - Sabe Naruto, somente quem elogia meus cabelos, merece ouvir essas preciosas palavras, você quer ouvir?
Acinto pensando que palavras são essas.
— Eu te amo! - minha mãe fala com a voz carregada de emoção - Então o que acontece quando se junta o Relâmpago Amarelo e a Pimenta Ardente?
— Você cria o Hokage Laranja de Konoha. - respondo com a voz embargada.
Depois de ouvir o que sempre quis ouvir da minha mãe, eu me sinto mais feliz, mais forte, me sinto capaz de tudo. Decidido, volto a me concentrar na Kyuubi. Volto a juntar energia da natureza e entro novamente no Modo Sennin, faço os multiclones da sombras, cada um com seu Rasengan; cada Rasengan tendo energia da natureza, quadriplicando seu tamanho normal e acertam a raposa em cheio, não dou tempo dele se recuperar e lanço um Rasenshuriken de Senjutsu, enfim consigo extrair o Chakra da Kyuubi. É uma energia tão poderosa, como nunca senti igual, a Kyuubi, mesmo depois de ter o Chakra extraído, consegue fazer mais um ataque; mas selo a raposa novamente, antes que o lance. Isso só mostra o quanto ele é poderoso.
Me concentro em ouvir o que minha mãe quer me contar sobre aquele dia, o dia dez de outubro, o dia que nasci. Ouço tudo atentamente, mas minha cabeça gira, criando mais perguntas. Será que esse mascarado que atacou a vila e lutou com meu pai, é o mesmo mascarado que atacou a reunião dos cinco Kages e nos declarou guerra? Será que é o mesmo Madara Uchiha? Tenho tantas perguntas, que minha cabeça dói. Ouvir o modo como meus pais morreram me doeu tanto, que não consegui esconder minha tristeza. Os dois se sacrificaram por mim, pela vila e ainda se preocuparam com meu futuro e fizeram o que estava a seu alcance para garantir que eu ficaria bem. Lembro todas as vezes que pensei que eles tinham me abandonado, que não me amavam, que me achavam um monstro, como todos os outros. Agora me sinto culpado por pensar assim; meu pai e minha mãe me amaram até o último segundo, não pensaram duas vezes antes de dar suas vidas no lugar da minha. Agora eu finalmente entendo o que Hiashi-sama quis dizer, amar um filho é algo mais grandioso que a própria morte, não conhece barreiras ou limites, é o maior amor do mundo.
— No fim, só queríamos te proteger. - minha mãe fala - Eu queria tanto ter tido mais tempo com você meu filho, ter ouvido suas primeiras palavras, ter visto seus primeiros passos, queria ter te levado no seu primeiro dia da Academia. São tantas coisas que me foram arrancadas, foram tantas coisas que te foram negadas. No fim eu só pude rezar a Kami que te reservasse um futuro brilhante e te enviasse alguém especial, que fosse cuidar de você! Que tivesse bons amigos, que não sofresse!
— Ah mãe, parece que sua oração deu certo afinal. - digo dividido entre a alegria e a tristeza - Eu tenho bons amigos, não são muitos, mas são os melhores de todos. Tive muito medo quando era mais novo, não entendia muitas coisas, mas tudo foi mudando e ficando melhor. Eu perdi o Ero-Sennin também, mas ele não morreu em vão, morreu protegendo a vila.
— Ero-Sennin? - minha mãe pergunta confusa.
— Eu esqueci, dattebayo! O Jiraya-sensei. - explico e vejo tristeza em seu olhar - Nesse dia meus amigos me ajudaram. Eu também aprendi muito, não fui o número um da turma, mas me esforcei muito para chegar até aqui. Lutei por cada uma das minhas conquistas, nunca foi fácil, mas eu não desisti. E também, Kami me mandou alguém especial como a senhora pediu, uma garota linda mãe, forte e corajosa, que foi capaz de arriscar a vida para salvar a minha, acho que as duas se dariam bem juntas.
— É mesmo?? Me conta mais, ttebane! - ela pede.
— Ah mãe, Hinata é a garota mais gentil e amorosa que poderia encontrar, teve toda a paciência do mundo, para esperar que eu correspondesse seus sentimentos. - conto feliz por poder ter esse momento com minha mãe - Nós crescemos juntos, estudamos juntos, mas eu demorei a perceber e quase a perdi. Ela me amou desde sempre, esteve comigo quando precisei. Quando eu terminar meu treinamento aqui, vou voltar para a vila e vamos nos casar, e teremos uma família!
— Sabe mãe, eu me orgulho tanto de ser seu filho e do papai, sei que me amaram mais que tudo e fizeram todo o possível para garantir o meu bem — digo entre lágrimas — quando meu filho nascer eu vou contar a ele, o quão incríveis, corajosos e fortes foram seus avós!
Minha mãe tem uma expressão de espanto no rosto, então me abre um lindo sorriso, e me abraça apertado, e meu coração dói, porquê sei o que vem a seguir, deixo as lágrimas caírem livremente.
— Agora posso encontrar seu pai tranquila, por que sei que você estará bem Naruto! — ela afaga meu rosto — Ouviu isso Minato? Nós seremos avós.  Vamos cuidar de vocês Naruto.
Sinto minha mãe ir sumindo dos meus braços, e a dor de saber que não a verei mais é enorme.
— Mamãe, papai, eu amo vocês!


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Notas finais do capítulo

Olá pessoal, mais um capítulo quentinho, espero que gostem e que consigam sentir a emoção que quis passar! Bjuss e até o próximo.



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