O Despertar dos Sentimentos escrita por Luana de Mello


Capítulo 19
Partida




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Pov. Hinata.

Esse dia amanheceu tão cinzento quanto meu estado de espírito, os últimos dois dias têm sido assim, melancólicos. Naruto parte hoje em busca do tal polvo, que o ajudará a controlar o poder da raposa, e não se sabe ao certo quanto tempo isso pode levar. Por mais que tenhamos passado cada segundo possível juntos, não posso deixar de me abater, sabendo que ficarei um bom tempo sem vê-lo novamente; e não é como antes, quando ele partiu com Jiraya-sama, daquela vez eu o amava em segredo sem sonhar ser correspondida, agora é totalmente diferente. Sinto meu coração apertar e doer a cada minuto que passa, eu não quero chorar, quero me manter forte, mas é tão difícil.

— Hina, eu vou aprender bem rápido, eu prometo! Eu não quero ficar longe de você. - ele fala tentando me animar.

— Está tudo bem Naruto-kun! Leve o tempo que precisar, e quando voltar eu vou estar aqui te esperando. - digo com a voz embargada.

Naruto me abraça apertado, sinto quando ele derrama algumas lágrimas e tento ao máximo não acompanhá-lo, mas não consigo, falho miseravelmente em tentar ser forte.

— Promete que vai se cuidar e se alimentar nas horas certas? - peço olhando em seus olhos.

— Prometo meu amor! - ele responde carinhosamente - E também vou dar um jeito de nos falarmos todos os dias.

Lhe dou um último beijo, e nele tento transmitir todo meu amor e carinho. Nos afastamos contra vontade, e assim o vejo partir com Capitão Yamato, Gai-sensei e Aoba. Sinto tanta aflição com esse separação, que não consigo controlar os soluços que me escapam, mal vi o caminho que estava tomando, só percebi quando cheguei em casa. Me esgueiro pela casa até meu quarto, fico não sei quanto tempo lá, só saio quando Natsu vem me chamar para jantar. Tento parecer apresentável, mas é impossível, meu rosto está todo inchado e vermelho.

— Filha, o que aconteceu? - meu pai pergunta assim que me vê.

— Você e o Naruto brigaram irmã? - Neji pergunta, e só de ouvir seu nome, recomeço a chorar.

— Filha...? - meu pai pede preocupado.

— Está tudo bem. - digo entre soluços - É só que ele foi para a missão hoje e eu não sei quando volta.

— Calma irmã, o Naruto é idiota, mas não é burro a ponto de não voltar. - Neji fala tentando me animar.

— Eu sei que ele vai voltar, e sei também que é para o bem dele, mas não consigo evitar ficar assim. - digo baixinho, envergonhada pelo meu descontrole.

Meu pai me abraça e fica assim até eu me acalmar. Eu realmente não sei o que me deu, claro que Naruto pode demorar a voltar, mas ele vai voltar. Mas eu não estou tendo muito controle das minhas emoções, nas horas mais absurdas, simplesmente me altero e fico fora de mim. Depois que estou mais calma, nós jantamos, Hanabi que até então esteve calada, quando eu saio da mesa, ela vem junto comigo para o meu quarto. Fiquei feliz de ter companhia nessa noite assim eu não volto a chorar. Apesar de ser mais nova, Hanabi as vezes tem o mesmo instinto de proteção que tenho para com ela. Nós duas nos deitamos e ficamos abraçadas até pegar no sono.

...

Quando os primeiros raios de sol aparecem eu saio da cama. Decido que vou me manter forte até Naruto voltar, vou me focar nos meus preparativos para a guerra e treinar muito mais para merecer estar ao lado dele. Pego umas frutas na cozinha, deixo um bilhete para meu pai avisando onde estaria, e parto para a floresta. Não tem ninguém nas ruas, ainda é muito cedo, vou devagar até a floresta, enquanto caminho, como algumas frutas; lembro do dia em que Naruto me trouxe frutas de café da manhã, ele sempre é tão atencioso, é fascinante saber que já temos um elo tão forte, repleto de lembranças lindas. Deixo minha mochila a um canto, e me posiciono no centro do meu antigo campo de treinamento. Começo o treinamento com a Rotação, aumentando a velocidade e a densidade do Chakra. Quando estou satisfeita com os resultados, passo para a minha técnica, o Giro Celestial. Me concentro ao máximo, formo as finas linhas de Chakra e executo os movimentos em velocidade máxima, formando assim uma defesa absoluta e um ataque poderoso ao mesmo tempo. Decido então que está na hora de ir para o próximo estágio desse Jutsu, a Esfera Celestial, pego um tronco de árvore para usar, o lanço no ar e realizo os movimentos, as finas linhas de Chakra formam lâminas afiadas, a velocidade cria uma esfera muito maior que a da Rotação, movo meus braços ininterruptamente, e quando acabo o tronco está fatiado em minúsculos pedaços. Estou exausta, mas satisfeita com meus resultados, deixei algumas pequenas crateras no chão. Quando estou indo em direção a minha mochila, ouço alguém se aproximar.

— Eu disse tio, não dava para chegar mais perto. - escuto a voz de Neji.

— Hinata, minha filha, foi você que criou esse Jutsu? - meu pai pergunta abismado.

— Oi pai, irmão. Eu só estava aperfeiçoando alguns detalhes. - digo indo em sua direção - Eu criei o Giro Celestial a partir da Rotação, depois fiz uma variação mais forte que é a Esfera Celestial.

Respondo sua pergunta, mesmo achando que não seja nada de mais, mas fico feliz de ver meu pai satisfeito comigo.

— Mas isso foi magnífico, um Jutsu só seu! - ele fala animado.

— Mas o que os dois fazem aqui? - pergunto depois de beber água.

— Bom, é que esse carinha estava atrás de você - Neji fala risonho - e acabou pulando em cima da Hanabi, você tinha que ver, ela gritou tanto.

Meu pai e Neji se contorcem de tanto rir, mas eu ainda estou a procura da pessoa que Neji falou.

— Aqui em baixo Hinata-sama. - ouço uma vozinha esganiçada me chamando.

— Amachan! - digo finalmente vendo o sapinho - O que faz aqui?

— Tanho uma carta do mestre para te entregar. - responde ele.

— Mestre? - meu pai repete confuso.

— Amachan chama Naruto assim pai. - explico já pegando o pergaminho - mas você pode esperar até eu responder Amachan?

— O mestre disse para eu te entregar esse pergaminho também, Hinata-sama deve escrever seu nome com seu sangue e deixar suas digitais, e então sempre que precisar de um sapo mensageiro, basta chamar fazendo os selos para invocar, mas lembre-se de usar a mesma mão do contrato e deve ter seu sangue nela. -  o pequeno sapo explica.

Faço como o sapinho disse, mordo o polegar como já vi Naruto fazer, escrevo meu nome e deixo minhas digitais. Para testar se fiz tudo certo, faço os selos e tento invocar um sapo. Uma nuvem de fumaça aparece e nela está um sapinho verde e amarelo, ele parece contente por ser chamado.

— Me chamou? - pergunta.

— Eu estava fazendo um teste - digo feliz por conseguir - sou Hyuuga Hinata.

— Ah, você é a noiva do mestre. - ele responde me reconhecendo - sou Gamahin, quando precisar me chame.

Os dois sapinhos desaparecem e eu fico louca para ler a carta de Naruto, mas preciso ir para casa para que possa escrever uma resposta. Antes que eu me levante, sinto meus olhos escurecendo e só sinto meu pai me segurar.

— Filha você está bem? - pede preocupado.

— Sim estou, acho que eu devia ter tomado um café decente. - digo me pondo em pé.

— Treinar desse jeito de barriga vazia não é aconselhável irmã. - Neji me repreende.

Depois de me desculpar pela minha falha, sigo com eles de volta para o clã, já é perto do meio dia e eu sinto uma fome enorme. Nos almoçamos todos juntos, e meu pai fez questão de contar aos outros membros do clã sobre meus Jutsus e também que agora posso invocar sapos mensageiros, Hanabi ainda estava irritada por causa da aparição do sapinho, então se assusta ao saber que veria mais deles em breve. Eu mal prestei atenção, só queria subir para o quarto e ler minha carta, assim que terminei o almoço, pedi licença e corri escada a cima. Mal fechei a porta e me atirei na cama, afoita para ler.

Hinata, meu amor!

Você não sabe o quanto estou sentindo sua falta, durante nossa caminhada eu me distrai inúmeras vezes pensando em ti. Durante a noite foi mais complicado ainda, dormir longe de você; pelo menos ai na vila eu sabia que iria te ver de manhã, mas agora nem meu travesseiro eu tenho, para me lembrar seu cheiro. Mas vou me focar em aprender tudo rápido para poder voltar para ti. A pequena aldeia que passamos era bem simples e humilde, mas tinha uma vista tão linda Hina, eu pensei em te trazer aqui um dia; você vai adorar, no alto da montanha tem uma cachoeira imensa, pensei que talvez você pudesse fazer para mim, aquela dança na água que fez anos atrás. Essa noite quando fomos acampar, eu tive um único consolo, eu podia pelo menos admirar a lua, que estava tão linda quanto seus olhos, era como ter você perto de mim. Espero que seu pai não se importe de eu enviar sapos até você, mas esse foi o jeito que achei de pelo menos nos falarmos. Gai-sensei é uma figura Hina, ele passa o tempo todo falando do poder da juventude, já Aoba e Yamato são tão quietos, acho que somos um grupo equilibrado, já que como você diz, eu sou muito hiperativo. Hoje vamos tentar chegar mais rápido ao porto, a maior razão para isso é que quero voltar logo para casa, e o outro motivo é que não podemos ficar andando muito por ai, segundo Yamato a Akatsuki poderia tentar me capturar no caminho. Mas não quero falar deles, como prometi eu tenho me alimentado direito e tomado muito cuidado. Sei que não faz muito que me despedi de você, mas acontece que eu não consigo ficar longe de ti Hina, essa missão está sendo a pior da minha vida; só concordei em ir porque sei que se eu perder o controle, posso acabar te machucando, então vou dar meu máximo nessa missão. Me fala Hina, Amachan te explicou direitinho sobre a invocação? Pensei que seria uma boa ideia, assim você pode me escrever sempre que quiser. Como está sendo seu dia minha linda? Você parecia tão tristinha ontem, eu quase desisti de vir quando vi seu rosto. Se você me pedir Hina, eu volto correndo, é só você falar. Acho que estou sendo egoísta e pensando só em mim, eu sei também que posso ajudar muito a vila se conseguir controlar o poder da raposa, principalmente agora com essa guerra se aproximando. Promete para mim Hina que vai se cuidar? Que não vai se arriscar ou se por em perigo? Eu sei que parece bobo, mas eu sinto um aperto no peito toda vez que penso no assunto. Acho que deve ser efeito da saudade, eu sinto tanta falta de te abraçar Hina, de te beijar, de te amar, acho que estou perdendo toda minha sanidade. Só quero que você fique bem, você é meu maior tesouro, a minha vida. Aguardo sua resposta, te amo eternamente.

Uzumaki Naruto.

Depois de ler suas palavras, foi impossível não chorar de novo, mas dessa vez com um misto de alegria e saudade. Tento me recompor, mas não consigo, Naruto descreveu nele, exatamente o que se passa comigo. Uma saudade enorme e inexplicável se apossa de mim, e eu apenas fico deitada tentando extravasar em lágrimas tudo que me consome. Depois de vários minutos, consigo me acalmar, busco rapidamente por pergaminho e tinta ou lápis, qualquer coisa. Estou tão atrapalhada que derrubo tudo no chão, decido arrumar tudo e levo mais quinze minutos nisso. Finalmente consigo parar para escrever, penso por onde começar, mas travo; sou tentada a pedir que ele volte, mas me freio antes de concluir esse pensamento. Não posso ser egoísta a esse ponto, é para o bem dele, Naruto jamais iria se não fosse importante. Deixo minhas mesquinhices de lado e trato de escrever. Relato meu dia, a conversa do meu pai com o clã, o susto de Hanabi, tudo. Quando acabo, invoco Gamahin e peço que ele entregue o pergaminho a Naruto. Quando desço para jantar, já estou bem mais calma e satisfeita comigo mesma. Estou certa de que tudo vai melhorar, e depois terei tempo mais que suficiente para matar a saudade que sinto dele, do meu amado.


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