Linha Tênue escrita por Killme


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Está aqui! Espero que gostem porque fiz com muito carinho!
BOA LEITURA!



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― Você deve estar brincando comigo ― disse a minha irmã pelo telefone, podia imaginar ela cruzando os braços em frente ao peito.

Minha mãe olhou de realce para mim e logo bufou. Tenho a leve impressão que ambas não gostaram muito da ideia de cursar a minha faculdade em Virginia e não aqui em Califórnia junto com Alice. Particularmente não dou muita importância para isso, mas o fato de estar cansada das mesmas pessoas dessa cidade é algo que chega a incomodar bastante.

Esme, minha mãe, que ora olhava para o livro em suas mãos e ora olhava para mim sem muito afeto jogou-se em minha cama, na qual antes estava sentada. ― Sabe que acho doce a sua ideia de morar com a sua avó, mas ir para o outro lado do país por causa de um homem é algo que não posso apoiar, ― ao falar isso sinto um aperto no coração e ao outro lado da linha escuto minha irmã engolir seco. Sim, definitivamente isso ainda afeta a gente ― eu amo minhas duas filhas e não posso deixar ambas ficarem longe uma da outra por causa de uma infeliz situação do passado.

Posso entender o lado dela, eu não estou querendo fugir da situação, mentira, muito menos da minha irmã, talvez.

 Eu amo a Alice e sei que o que aconteceu não foi culpa de nenhuma de nós, e sim de um bastardo que quis brincar de ser Hugh Hefner. Mas encarar uma faculdade lotada de gente a qual já cansei de ver, e possivelmente ele também, não era algo que eu estava pronta para fazer. Alice era muito melhor em superar esse tipo de situação. Tinha sido meu primeiro amor, droga!

― Eu amo a Alice e ficar longe dela e de você não é algo que me deixa feliz, acreditem ― falei com toda a sinceridade que existia em meu corpo ― mas é difícil, ainda é recente para mim.

― E você acha que para mim não? ― Alice finalmente falou pelo telefone ― Mas perder você por causa dessa merda toda não é uma opção. Não é fácil para mim também, Bella.

Bufei.

Realmente eu vou ter muito trabalho em convencer essas duas se eu realmente quiser ir pra Virginia.

― Eu vou me mudar, não morrer.

― Vai ser quase a mesma coisa, não vou deixar isso acontecer. Está decidido ― droga, quando Alice coloca algo na cabeça, corre. ― Olha eu volto na sexta-feira e eu vou tirar essa estupidez da sua cabeça. Vai ter uma festa pelo fim das férias oferecida pelas atléticas da faculdade e a gente vai.

Merda.

― Não estou afim ― falei.

― Não perguntei, docinho. Eu afirmei que a gente vai ― olhei para minha mãe e mesmo tentando esconder atrás do livro podia ver pelos seus ombros se movimentando que estava rindo sorrateiramente. Eu mereço. ― A gente se vê daqui uns dias, te amo e mamãe não deixa ela fugir escondido à noite. Beijinhos!

E a maldita desligou me deixando com a maior cara de tacho.

― Acho que alguém vai enfrentar a louca perseverança da Alice, ― entre risinhos minha mãe se levantou da cama fechando seu livro vindo na minha direção ― pense direito no que vai fazer. A vovó Liz adoraria ter você com ela, mas eu sei que essa sua vontade está sendo influenciada por tristes motivos e emoções enraizadas em ódio e medo.

Sem querer baixei o olhar para meus pés, se tinha algo bom na Esme era como ela conhece e entende suas filhas, isso era um fato lindo e irritante ao mesmo tempo nela.

Com doçura ela colocou seu dedo indicador no meu queixo e levantou, me encarando com olhos cheios de aflição e carinho. ― Você é mais forte que isso, Bella ― com isso beijou minha testa e se virou saindo do quarto. ― Boa noite, amanhã terá panquecas no café da manhã ― e com isso finalizou e fechou a porta saindo do quarto.

Suspirei pesadamente sabendo que ela tinha razão. Larguei meu celular sobre a minha penteadeira e me deitei na cama olhando para o teto. Definitivamente tenho muito que pensar e pouco tempo para fazer isso.

Esfreguei meus olhos me sentindo esgotada com tudo que aconteceu ultimamente, física e mentalmente. Voltei a encarar o escuro forro do meu quarto, me sentindo mais sozinha e confusa do que nunca.

Um frio tomou meu corpo inteiro. O que acontecia seguido agora, aqui dentro dessas paredes.

Lembranças de merda.

Eu odeio esse quarto, com todas as fibras do meu ser. Não querendo ser melodramática, mas é verdade. Houve um tempo em que não era assim, mas houve um tempo no qual eu confiava nas pessoas. Hoje é diferente. Nas horas mais claras do dia essas quatro paredes não são tão ruins, mas agora, a meia-noite, está tudo escuro, desolado e sufocante. Eu podia sentir o nó subindo pela minha garganta, cheio de lembranças que machucavam e as quais quero esquecer. Esme e Alice até tinham tentado decorar ele para mim depois do acontecido, eu senti uma pontada de culpa por detestar ele mesmo quando ambas penaram para me fazer sentir melhor dentro.

Me levantei e fui direto as portas que me levam a sacada do meu penoso quarto, abri e pude sentir o ar marítimo gelado batendo em minhas maças. Não podia evitar, esse verão tinha sido difícil e mesmo com as continuas tentativas frustradas de ajuda da Esme e Alice para me distrair e me fazer sentir melhor era difícil para elas também, especialmente para minha irmã já que isso afetou à ambas, mesmo para ela que não passou a metade das coisas que eu, é algo que magoa.

Levantei meu olhar e encarei a lua, cheia hoje. Ela deixava a areia da praia mais clara com a luz que emitia, era uma noite linda fora do maldito quarto. Admito que se me mudar para Virginia vou sentir uma falta danada dessa casa à beira da praia, afinal é a casa mais linda e acolhedora do mundo aonde me criei. Afinal nem sempre foi tão melancólica.

Afastei os pensamentos.

Decidi que era uma boa hora para caminhar pela praia e com isso subi no beiral da sacada que dava em cima de um pergolado cheio de flores que a Esme adorava, e deixava minha decida mais segura e rápida, já que meu quarto era no primeiro pavimento, desci por ele e já estava no chão na frente da porta da cozinha que ficava no térreo da casa. Prontamente sai e logo estava sentindo a areia nos pés.

Caminhei sem muito alarde, é bastante tarde e não pretendo ir muito longe, não estando nada a fim de ser assaltada ou encontrar algum casal aleatório tentando realizar o fetiche de transar na praia. Nojo.

As ondas eram tranquilas deixando o espaço livre para escutar um que outro grilo escondido em algum gramado curto perto cantar. A areia parecia algodão sob meus pés e o céu estrelado maravilhoso acompanhavam minha melancolia. Sim, nada melodramática.

Sentei em um lugar qualquer e deixei os barulhos tranquilos me embriagarem, me deixando sonolenta e relaxada.

Isso se não fosse o fato de um grito rouco afogado ecoar pela praia e eu não ver de aonde surgiu. Olhei para todos os cantos e não via nada nem ninguém, tenho a plena certeza que ainda não estou demente.

Eu acho.

Minhas dúvidas foram respondidas quando eu vi um maluco sendo arrastado por uma onda não muito grande, bem pequena na verdade, até a beira da praia. Só sendo muito ruim para acabar sendo jogado fora da prancha se surf com um mar tão calmo como esse. O ser estava desnorteado e com certeza tinha tomado um caldo, já que tossia. A prancha dele acabou vindo dar sob meus pés, peguei ela e me levantei. Geralmente não me importo, mas nesse caso fiquei com uma puta pena do pobre cara. Ou não era de Los Angeles ou tinha vivido no cativeiro pela vida toda e está descobrindo o mar agora.

― Ei, você está bem? ― Fui chegando perto do cara. Era um homem branco que nem assombração, com um cabelo de cor estranha, parecia musgo sob a luz da lua, provavelmente da minha idade e estava sussurrando coisas, com certeza só para ele mesmo, estava de quatro encarando a areia.

Se estou ficado doida pelo menos não serei a única. Pelo menos não falo sozinha. Ainda.

Ele se assustou ao me ouvir e quando me viu sorriu amarelo. Depois do desastre com a prancha e o mar, eu também ficaria com vergonha. ― Me diz que você não viu. Você viu?

Eu assenti respondendo à pergunta. ― O vexame com o mar? Vi tudinho.

Ele bufou e deixou a cabeça cair. Eu sorri de leve com a vergonha alheia.

― Na minha legitima defensa, conheço a Califórnia há dois dias e já sei que sou um desastre com o surf ― ele riu sem graça e foi se levantado, sorriu ao me ver melhor e estendeu a mão ― Edward Cullen.

― Isabella Swan ― apertei a mão dele, fazendo uma pequena careta ao pronunciar meu nome completo.

Algo raro aconteceu, senti um leve formigamento na palma da minha mão, afastei um pouco rápido demais a mão de volta. Vai de ré, Satanás.

Esse formigamento em trouxe lembranças nada amigáveis, coisas que queria esquecer ou simplesmente conseguir deixar no passado. Achei estranho, não que eu não fique lembrando bastante essas merdas, mas nunca tinha acontecido desse jeito. Não foi porque eu quis, foi involuntário. Como um flash sombrio. Voltei ao mundo real quando escutei um pigarreio.

― Prazer, Isabella ― ele ignorou meu raro momento e sorriu torto ― Você é da...

― Prazer, tenho que ir. Até logo ― falei rapidamente já me virando para sair. Não estou muito afim de ficar perdendo meu tempo com outro homem, ainda mais um estranho.

Pude escutar de relance ele sussurrar um “maluca”, meu sangue queimou. Ora lá, até parece que vou deixar um idiota que acabou de ser arrastado feito jaca podre por um mar calmo que nem uma piscina me chamar de maluca. Ia me virar, mas no mesmo momento senti uma pancada na minha cara e quem ficou feito jacá podre na areia fui eu. O desgraçado me atingiu com a prancha dele.

Eu mato.

― Você quer me matar?! Seu desgraçado! ― Berrei a todo pulmão.

 ― Oh, meu Deus! Eu estava me virando para ir embora, foi sem querer ― ele se defendeu. Se abaixando, eu acho, para checar que estava tudo bem comigo, depositando sua mão levemente no meu braço direito, formigamento. Dei um tapa na mão dele e rapidamente tirou.

Perto de mim pude sentir ele se levantar bufando.

Consegui abrir meus olhos e vi ele vindo estender a mão para mi, rapidamente levantei a perna e chutei a mão dele. ― Você é maluca?! Eu ia ajudar você, sua varrida!

AH! Eu mereço, maldita sorte que tenho para conhecer garotos patetas!

― Porque eu iria precisar da tua ajuda, animal?! ― Falei entre dentes.

― Porque você é uma tapada? ― Falou em tom de pergunta.

Grunhi. Levantei a bunda da areia e respirei contando até 3000. Não quero fazer a Esme ter que me buscar na cadeia por homicídio, eu acho. Me virei para sair e fui embora ignorando ele me chamar e voltei para minha casa de aonde não deveria ter saído.

Grunhi entre dentes jogando praga em todos os garotos idiotas de Los Angeles, que aparentemente eram muitos.

Passei a mão pela região dolorida do meu rosto, auch! Tenho muita sorte. Definitivamente essa pancada ficara horrível pela manhã.

Fui chegando perto de casa, entrei pela cozinha mesmo e fui para a geladeira atrás de algo frio para colocar na testa, a única coisa que encontrei foi um saco de ervilha congelado. Droga, vai isso mesmo.

Caminhei pela sala passando pela estante cheia de fotos que a Esme tinha como santuário, uma particularmente sempre chama a minha atenção. Peguei ela entre minhas mãos e sorri com a lembrança, erámos Emmett, Alice e eu quando crianças sendo abraçados pela Esme. De repente algo sombrio me atingiu, essa foto foi tirada no primeiro ano morando com a Esme, dois anos depois da morte dos meus pais. Ela demorou muito para conseguir nossa custodia, meus pais tinham deixado o poder para uma madrinha europeia, até a irmã da minha mãe conseguir demorou um ano. Desde então, Esme passou de simplesmente uma tia a nossa mãe e anjo da guarda e junto com ela o energúmeno do Emmett virou quase um irmão para nós duas. Ambos são maravilhosos.

Sorri saudosa depositando a foto para o mesmo lugar que a tirei. Definitivamente as nossas vidas dariam uma novela. Ri com a ideia.

 Morrendo de preguiça e dolorida deitei no sofá da sala mesmo, já prevendo que amanhã minhas costas iriam explodir em dor. Não demorou muito para o gelado relaxar a dor pulsante na minha testa e com isso relaxar meu corpo inteiro. Senti algo esfregar meu pé, olhei e eram meu pequeno Aro, nosso gatinho. Sorri e peguei ele, deitando-o junto comigo, como sempre super cheiroso.

A claridade de lua entrando pelas portas de vidro da sala e o ronronar do Aro deixou o ambiente muito mais confortável, me fazendo cair no sono aos poucos, segando meus sentidos. Me aninhei no sofá e finalmente consegui dormir, sendo tomada pelos meus pesadelos novamente.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam? Me contem nos comentarios, não basta repetir como isso é importante para estimular o autor não sí na minhas como em todas as fic!
Obrigado por me acompanhar! Sabado posto primeiro capitulo, vlw flw!



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