Segundo Turno escrita por juniper


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Estamos em eleições mais tensas que o de costume, então vamos espairecer um pouco

História não revisada, por favor me avisem se encontrarem qualquer erro!



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Camisa vermelha, título de eleitor e carteira de identidade em mãos, comprovante de votação do primeiro turno no bolso e Maria Eduarda estava pronta para enfrentar as eleições.

Votaria quase ao lado de casa, mas não deixou para ir logo cedo. Preferiu esperar o horário do almoço, visto que haveria menos gente, menos confusão.

Por volta do meio-dia, espiou pela janela da sala e constatou que, de fato, sua suposição estava correta. Muitas pessoas afastavam-se do local de votação ou deliciavam-se com a comida de vendedores ambulantes por perto.

A hora era agora.

Saiu de casa a passos largos, mas não sem antes bater na madeira da porta de casa treze vezes — já era quase uma tradição. Duda sentia o coração na garganta e a mão que segurava o documento tremia. No entanto, não se deixou abalar. Faria aquilo pela democracia.

Apesar de ter votado no mesmo lugar apenas três semanas antes, checou o número da seção uma, duas, três vezes, e ainda perguntou a um mesário onde votaria mais uma vez, para ter certeza.

Nandinho me ajude, pensou a menina.

Assim que achou a sala em que iria votar, viu a pequena fila que ainda existia na frente da mesma. Pôde até reconhecer algumas pessoas, como a Dona Carminha, da lanchonete no fim da rua, que vestia uma camisa do Brasil, Seu Antônio, que tinha feito cena no primeiro turno com bandeira do PSOL, e… Ah, não.

Logo em frente a uma senhora de vestido roxo, um rapaz de fios rebeldes e olhos cansados esperava pela sua vez de votar. Ele usava uma camisa Polo branca, jeans surrados e a mesma velha expressão de tédio no rosto.

João Pedro era última pessoa que Eduarda queria encontrar ali. Não por serem ex-namorados, ela não tinha nada contra o dito cujo no que dizia respeito ao relacionamento em si. Talvez até tivesse algum sentimento restante por ele, mas a verdade era que a garota não falava com ele desde as eleições anteriores, quando o rapaz declarou voto em Aécio. Sempre que o via na rua, pegava um atalho e fingia que nem tinha visto.

Eduarda decidiu, então, fazer exatamente isso, suspirando de alívio quando o viu entrando na sala de votação.

Agora que parava para pensar, será que Pedro era Bolsominion? Não, ele não parecia ser dessa vibe, talvez fosse um daqueles que votava em “José Branco” e “João Nulo”… Sim, aquilo era realmente o mais provável.

Eduarda só parou de dar atenção a suas teorias quando sentiu um peso colidir contra seu corpo. A familiar fragrância da Natura invadiu suas narinas e só percebeu na roubada em que havia se metido quando ouviu aquela voz rouca:

— Foi mal.

Os olhos verdes do rapaz encontraram-se com os castanhos de Maria e os dois se deram conta do quão perto estavam, afastando-se um do outro um pouco rápido demais.

— Não tem problema! — disse a moça, oferecendo-lhe um sorriso. — Opa, Pedrinho, há quanto tempo, hein? Votou em João Nulo?

No mesmo momento, arrependeu-se da pergunta. Maldita boca que fala tudo o que pensa… No entanto, foi surpreendida por uma gargalhada.

— Realmente, o Pedrinho de quatro anos atrás provavelmente votaria nulo mesmo.

Afinal ele é Bolsominion…

— Mas dessa vez não pode ser assim, não é? — completou. — Julinho tá na escola agora, você acha mesmo que eu vou aceitar meu irmão estudar…

Ele vai falar de kit gay, né?

— …à distância? é louca, o moleque mal para quieto numa cadeira pra almoçar, até parece que ele vai ficar seis horas com a bunda sentada na cadeira. Tem que ser Haddad mesmo.

— Oi? — Eduarda soltou, em surpresa, mas, antes que pudesse obter alguma resposta, chegou sua vez.

Apresentou os documentos aos mesários e aproximou-se da urna. No seu estado, o governador já havia sido eleito no primeiro turno, portanto votaria apenas para presidente.

Seus dedos não hesitaram ao digitar os números “1” e “3”, fazendo com que surgisse as fotos de Nandinho e Manu.

Lindíssimos.

Após apertar a tecla “confirma”, ouviu a musiquinha que sinalizava o fim da sua missão — o que era reforçado pela palavra “fim” em letras maiúsculas no visor.

Ao sair da sala, deparou-se novamente com Pedro, que parecia esperá-la do lado de fora.

— E aí, deu tudo certo?

Duda acenou que sim com a cabeça.

— Você tava me esperando? — falava enquanto caminhava em direção à saída.

— Talvez. Quer dizer… — hesitou, mas logo começou a segui-la e optou por mudar o seu discurso. — Sim, eu tava Eu…

— E tu votou no PT? — interrompeu-o. — Putz grilla, eu achava que tu ia começar a falar em kit gay aqui, já ia te dar um tapa na cara…

— De novo. — Pedro murmurou.

— …E nunca mais falava contigo.

— Tô ligado. — ele disse, em meio a um sorriso. — Tu não mudou nada mesmo, hein?

Maria Eduarda ficou vermelha até a ponta da orelha.

— E isso é bom. — continuou. — Senti tua falta.

Ela não sabia como responder àquilo. Na verdade, seus sentimentos não tinham ido embora, mesmo que o rapaz tivesse apoiado maluco com helicóptero de cocaína. Depois de alguns segundos — que mais pareceram horas — de silêncio, Duda fez uma proposta:

— Quer ir lá pra casa e ficar pra assistir as apurações dos votos?

Os olhos cansados de João Pedro ficaram duas vezes maiores e sua boca abriu levemente.

— S-sim! — gaguejou. — Claro que eu quero.

Ela sorriu e agarrou-o pelo braço, puxando-o consigo para fora dali. Pedro reclamou, mas seguiu-a mesmo assim. Ainda teriam que passar no mercado pra comprar uma cerveja. Precisariam, não só para assistirem às apurações do segundo turno, mas também para um bom início de segundo turno no relacionamento.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Vamos torcer por um bom resultado



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