Venha Comigo. vol 2: Onde Está o Doutor escrita por Cassiano Souza


Capítulo 6
Indo


Notas iniciais do capítulo

Capítulo lembrete, e revelativo, muito menos cômico e mais tenso. BOA LEITURA.



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Já chegando na casa de Sophie, Grace estacionava o carro, e logo, corria apressada para a garagem, que de sua porta não muito fechada, entrava ela se agachando:

— Odeio ter de fazer isso!

— Finalmente você chegou! - Sophie e Mark já se encontravam em espera.

— Sim, e temos muito o que conversar. - Terminava de fechar a porta. – Um velho chato quer a gente.

— Poderia ser mais exata? - Pede Mark. – O que temos para oferecer a ele?

— Você me disse sobre... Radiação temporal, no telefone. - Lembra Sophie.

— Sim, Sophie. - Confirma Grace. – É isso que ele quer, a radiação residual do tempo que está impregnada em nossa estrutura marerial.

— Você fica mais estranha a cada dia. - Diz Mark.

— Vírus da TARDIS. Mas enfim, ele precisa dessa radiação, não sei para o quê, mas com certeza para algo de ruim.

— E todos nós temos? - Pergunta Sophie.

— Acho que sim, todos viajamos no tempo, não foi mesmo?

— E é por isso que eu tenho certeza de que foram os alienígenas, Grace. - Diz Mark.

— Não sei, mas sei que não é da Terra. Mas dá na mesma.

— Veja só, inúmeros avistamentos de OVNIs por todo o estado, por todo o país, e também pelo mundo, e tudo intensificado nas últimas décadas, que foi onde o número de desaparecimentos aumentou.

— Isso é verdade. - Confirma Sophie. – Quando eu era criança e morava na Carolina do Norte, uma amiga de infância sempre dizia que estava incorreto em ela ser filha única como eu. Eu perguntei o porquê, mas ela não sabia dizer, ela só dizia que se lembrava das brigas que tinha com o irmão, e até das coisas que aprontavam, porém admitia nunca ter tido algum. Olhando nos olhos dela eu sei que era verdade, e 30 anos depois, foi a minha vez de ficar sozinha.

— Mas hoje descobriremos o que está acontecendo de uma vez por todas, teve mais uma pessoa que ligou para mim. - Diz Grace.

— E era do bem pelo menos?

— Segundo ela sim.

— Ela?

— Sim, era uma senhora, mas não me falou o seu nome. Mas disse que poderia me esclarecer tudo o que está acontecendo. Revelar para nós a verdade.

— E confia nela? - Questiona Mark.

— E em quem mais confiaríamos? Não temos aliados, luz do fim do túnel, e nem cartazes descentes. No entanto, talvez ela mereça um voto de confiança, ela também conhece o Doutor.

— O seu amigo alienígena?! - Indaga Sophie.

— Sim, Sophie, e isso me fez ficar muito feliz! Tenho certeza de que não estou louca agora.

— Mas só uma pessoa consegue se lembrar de alguém desaparecido! - Afirma Mark.

— É, mas acho que as regras do jogo estão mudando, Félix também se lembra, e sabe sobre o Doutor.

— Isso quebra a nossa compreensão.

— A minha já se quebrou há muito tempo.

— Então estamos perto das respostas. - Comenta Mark, sorrindo esperançoso.

— Não consigo sorrir como você, ter as respostas não significa que conseguiremos salva-los.

— Pode não significar, mas apenas saber que a Jenny está bem, é tudo o que importa para mim, tudo o que importa.

— Mas, Grace. - Indaga Sophie. - Se eles querem a radiação, então virão até a gente! O que faremos?

— Eu irei ir até eles. - Responde a ruiva. 

— Nós não iremos deixar! Vão machuca-la. - Diz Mark.

— Eles pegaram um amigo, se eu não for... Bem, tem uma arma apontada para a cabeça dele agora.

— Mas aí conseguirão o que querem, e você nem sabe o que é!

— Não temos escolha! E só eu posso fazer isso, acho que não sabem de vocês.

— Como podem não saber? A rádio vive reclamando da gente! - Nota Sophie.

— Sophie...

E imediatamente em meio à conversa, o telefone de Grace toca.

— Ah, vejam só. Alô, Félix. - Atendia o telefone.

— Olá. 40 minutos já se passaram, e nada de você até o momento.

— Você disse duas horas.

— Sim, mas sou velho, tenho tanto direito de ser impaciente quanto um escocês tem direito de reclamar.

— Ainda preciso pensar melhor em ir ou não aí.

— “Ou não” está brincando comigo? - Apontava um revolver para a testa de Tim. 

— Não é brincadeira.

— E o que é? Se esqueceu do seu amigo?

— Não esqueci, mas queria saber por que essa radiação é tão importante para você.

— Não se faça de desentendida! Irá dizer que não se lembra?

— Não! Quer dizer... Sim! Bem, suponho que algo aconteceu comigo, você, e o Doutor, não foi mesmo?

— Você é estranha.

— Vírus da TARDIS, é o que eu sempre digo. Mas, continuando, preciso de tempo.

— "Tempo"?! Se você não vier até mim nos próximos... 30 minutos, então o seu vigia irá pega-la à força. Estou tentando não chamar atenção, e não machucar ninguém, entretanto você não está colaborando.

— Você pôs um vigia atrás de mim? - Olhando pela janela, notava um homem bem vestido de frente de um carro preto. – Por que precisa disso?! Nem a minha mãe era assim.

— É para ter certeza de que virá, ele a-acompanha desde a sua vizinhança. Está armado e preparado para correr, então é só colaborar, para o seu bem, e para o bem do... Tim.

Grace não queria de forma alguma ir até Félix, mas, o que fazer? O seu amigo estava em perigo, e a sua salvação dependia inteiramente da colaboração dela. Mas, colaborando, algo até então desconhecido e com certeza terrível iria acontecer. Então, o que fazer?

— Tudo bem, eu estou indo. - Conformou-se a doutora.

— Será mesmo? Espero que sim.

— Eu vou. Mas agora... Você terá que me contar outra coisa, algo muito importante.

— O quê?

E encerra a ligação.

— Rha! Desliguei na cara dele.

— Você irá mesmo? - Pergunta Mark, preocupado.

— Sim. Porém, não agora.

— Irá enrolar? Tem um vigia atrás de você! - Lembrou Sophie.

— Calma mamãe Sophie! Eu irei até eles, só que antes irei até a secretária do Doutor. 

— E essa já não é você?!

— Pois é, eu também achei que fosse. Mas ela terá as respostas, e ela também está contra o Félix, talvez esta seja a nossa luz no fim do túnel.

— Mas e nós? Não vamos junto?

— Não.

— Não vamos te deixar sozinha!

— Vão, vão ter que deixar! Parece que sabem apenas sobre mim, então é melhor que vocês e os outros fiquem de fora, assim eles se tornam dependentes de mim.

— Mas você sabe que pode ser perigoso! Por que não chama a polícia?

— Só pioraria tudo, foi uma exigência do Félix. Tenho que ir sozinha, e parem de me olhar com essa cara. - Os olhares de Sophie e Mark eram de pura relutância, parecia que Grace não se implorava em se arriscar, era uma pessoa realmente corajosa. – Foi o medo que me afastou do Doutor no começo, eu não entendia a sua coragem, mas foi um dia dando uma chance a ele... Que eu entendi por que as coisas acabam acabando ou não, tudo depende de coragem, para correr ou lutar. E eu irei lutar.

— E nós devemos correr? - Indaga Mark.

— Neste momento, sim. E sem discussões! Quero que vão para casas de parentes distantes. Avisem para os outros também, e não chamem atenção.

— Tudo bem, mas tome cuidado. - Sophie abraça Grace. – Boa sorte.

— Obrigada.

— É, você venceu. - Mark lhe dá outro abraço. – Apenas tente não levar um tiro.

— Tentarei, e na verdade existe uma quantidade incrível de tiros que eu já escapei, sabiam?

— Fique com isso. - Mark lhe entregava o aparelho que usavam de prova, era o aparelho misterioso que eles haviam encontrado antigamente em um círculo.

— Mas isto é a nossa prova contundente!

— Sim, e quero que você o-leve.

— Nem sabemos o que ele é direito, e se o Félix se apossar dele?

— Quero que você descubra o que é, e além disso, e se ele tiver alguma utilidade? Poderá te ajudar.

— Certo. - Olhou para Mark e Sophie, que continuavam encarando amedrontados. – Já pedi para pararem! Iremos conseguir, eu prometo. Então... Tchau!

Se agachou a médica saindo pela porta da garagem.

— Grace?! - Chamou Sophie, depressa.

— Oi! Mãe! - Respondeu emburrada.

— É assim também a sua vida com o Doutor? Perigo e brutalidade? Não tem medo de morrer?!

— Não contei? Morri no primeiro dia.

***

Pegando o seu carro e ignorando de nariz em pé ao seu vigia, partia Grace apressada rumo à mulher misteriosa, mas, com o vigia em perseguição constante em outro carro, bem atrás dela. Da casa de Sophie até o local onde a mulher estaria não era muito longe, mas, enquanto Grace acelerava, o vigia acelerava, e para cada rua que ela entrava, ele também entrava.

— Senhor Félix? - O vigia contatava o chefe.

— Sim. - Respondeu o próprio. 

— Ela não está indo para o ponto, está seguindo para outro caminho.

— O que ela pensa que está fazendo?!

— Não sei, senhor.

— Não foi uma pergunta direta, idiota! Mas continue o seu trabalho.

— Sim, senhor.

E já saindo pelas beiradas da cidade após 30 minutos de volante, partiam em uma perseguição feroz, Grace e o seu vigia, pela rodovia que cortava a região de Sharp Park, uma área de recriação ambiental. Mas, não precisavam ir tão longe, o encontro de Grace seria apenas no primeiro posto de gasolina ali próximo. E com o seu carro, o vigia tentava empurrar Grace para fora da pista, tentando sempre permanecer em sua frente e deixando pouco espaço para ela prosseguir. Com isso, ela permanecia muito longe de seguir em frente, e o vigia para o seu carro bem na frente do meio do caminho, impossibilitando a passagem de qualquer outro veículo. Mas, logicamente e no impulso da situação, Grace saía para fora e corria a pé até o posto, já estava muito perto, mas assim, também fazia o seu perseguidor.

— Pare!

— Não!

— Será melhor para você!

— Mas e para o mundo? Me conte os planos do seu chefe primeiro!

— Não me obrigue a usar a violência!

— Socorro! - O posto estava completamente vazio, não havia ninguém nas lanchonetes, estacionamento, ou trabalhando nas bombas. – Cadê todo mundo?! Por que isso só acontece comigo? Será que todos que viajam com o Doutor tem que se ferrar no final?

— Você está sozinha, e com uma arma apontada em sua direção, não há escolhas. Venha comigo.

— Não! Não irei, e você não irá atirar.

— E quem te garante isso? Isto parece mais um posto fantasma. Mas o meu trabalho não é mata-la, porém, mesmo assim, ainda posso atirar em você.

— Atire, estou atrás das bombas de gasolina, aí nós dois somos explodidos.

— Então você não é tão boba? Vamos logo, pare com isso.

— Vocês precisam da minha radiação, mas se eu não for... Vocês não terão. Então... São dependentes de mim. Atire.

O vigia continuava relutante. Grace insiste:

— Eu não irei, então é melhor atirar, querido.

— Não precisa, posso te pegar à força.

— Que romântico, mas juro, quero mais agitação! - Responde outra voz, feminina e madura.

E em seguida, inúmeros disparos atingiam o chão envolta do vigia, alguém estava disparando com uma metralhadora talvez.

— Quem é você?! - Questiona o homem, pulando. – Pare com isso!

— Correr primeiro, perguntar depois, estou te poupando. Vá embora! - Exigiu a mulher misteriosa. 

— Isso não ficará assim! - Correu em fuga.

— Lá vai ele, é sempre assim que eles fazem. Você está bem? - Perguntou para Grace.

— Estamos perto das bombas! E você tem uma metralhadora?! - Notou a ruiva. 

— Eu e armas, longa história. Mas estamos na América, o que há de errado?

— Que estereótipo! E você, pelo sotaque é britânica, bebe chá todo dia?

— Bebo, algum problema?

— Não.

— Então se dê por satisfeita, e você chegou atrasada.

— Era você a senhora misteriosa?

— "Senhora misteriosa"?! Não gostei do título, foi bem clichê. Mas sim, era eu.

— Obrigada por me ajudar. Sou a Grace. Qual o seu nome?

— O meu nome é bem curto, mas na verdade não, não gosto dele! Mas tenho um apelido bem simples. Por que não me chama de Dodo? Todo mundo chama.

— Por quê?

— Porque esse é o meu apelido!

— Ok... O meu é Xena, mas não conte ao Doutor.

— Não contarei, mas para você tenho muito. E agora, vamos andando. O tempo corre, coisas se aproximam, e está quase na hora do almoço! - Partiam em direção a uma van.

— Mas e o meu carro?

— Deixe ele pra trás!

— Não é justo! É a segunda vez que tenho de fazer isso! Outro dia foi na lua. E onde estão todos daqui?

— Ganharam na loteria, você acredita?

— Não, e tudo só fica cada vez mais estranho. Preciso saber de uma vez por todas. - Paravam frente ao veículo. – A senhora disse que tem a explicação do que está acontecendo com as pessoas, e sei que algo aconteceu comigo. Quero saber agora, por que as pessoas estão sumindo do mundo?

— Não irei negar, é triste, horrível e bem improvável, mas... A culpa é toda sua.

— Não. - Disse decepcionada.

— Sim. - Afirmou simples. 

Simplesmente, era esta a revelação que Grace tanto buscava, segundo Dodo, era ela a responsável por todo o erro que cercava a vida de muitos no mundo, e assim, simplesmente permaneceu boquiaberta. Ela não sabia o que pensar.

 

 


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Notas finais do capítulo

Então... A Dodo da história não é mais aquela jovem dos anos 60, já é uma senhora! E pelos meus cálculos ela tem nos anos 2000 uns 58 pra 59 anos, porque a atriz nasceu em 1941, é Jackie Lane o nome dela. E a atriz hoje em dia e a personagem nesse contexto estão usando óculos, e continua com o cabelo curto.
Pensei em trazer ao invés da Dodo a Sarah Jane ou uma personagem original, mas não queria trazer a Sarah Jane agora, e tive medo de uma personagem original, então pensei em valorizar outro alguém da série clássica. Pesquisei muitos, mas tinha uma aí... Que tinha um certo fundo no universo expandido bem interessante, algo bem forte e que com certeza eu não poderia perder! E verá nos próximos capítulos, ela tem uma história ótima. Porém mesmo com um fundo fantástico, ela ainda é muito pouca explorada, e não entendo o porquê! Até com poucas falas ela era incrível, esta foi uma personagem que eu me fasscinei desde o primeiro episódio que eu vi ela, The Ark, e outros como The Gunfighters, The Savages e até no arco que ela teve o seu fim, The War Machines. E foi aí que ela e o Doutor mentiram que ela era secretária dele, e aí a WOTAN se interessou pela Dodo, e se apossou da mente dela, acreditando que ela fosse a secretária do 1. E mesmo sendo engraçada, esperta e atrevida, até agora é uma das personagens mais pouco exploradas do universo da série como um todo, acho que até Adric ganha dela.
Pois é, pra quem não gosta da Dodo... Perdão! Ou abandone a história :(
E isso de todos terem ganho na loteria, tirei da série mesmo, o Doutor sempre faz isso. Não sabemos como, mas de alguma forma ele faz as pessoas ficarem ricas de uma hora para a outra, e de alguma forma que não importa como, a Dodo também conseguiu fazer. Podemos ver isso nos episódios School Reunion, A Christmas Carol, o Doutor sempre faz isso quando quer se livrar de alguém! E aqui a Dodo fez isso para se livrar de testemunhas e vitimas da possível perseguição que ela imaginava que a Grace poderia sofrer.
Quanto a forma que a história está acontecendo, era exatamente assim que eu queria ela! Algo menos conspiratório quanto o primeiro volume e o mais “realista” possível, mais terrestre e menos alienígena, (embora isto ainda seja Doctor Who, então temos sim coisas alienígenas por aí) e incluindo várias futilidades humanas. E talvez este formato não esteja tão interessante se você gostar muito de alienígenas conspiradores, mas eu quero me desafiar, quero escrever todos os tipos de plots possíveis! E estou sim satisfeito com esse, até o momento.
E para avisar, estes locais que eu cito nos capítulos são todos reais, mas só não sei se existe um posto de gasolina ali próximo kkkk