Venha Comigo. vol 2: Onde Está o Doutor escrita por Cassiano Souza


Capítulo 5
Mais perto


Notas iniciais do capítulo

Já estamos começando a entrar no meio da história, outro capítulo bastante rico em informações, e bem mais legal, eu achei. BOA LEITURA! : )



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Após o nada esperado encontro com a polícia, Grace, Mark e Sophie acabam sendo rendidos, tendo os seus equipamentos apreendidos, e é o trio levado até uma delegacia local. Porém, qual crime haviam feito? Pode não ser crime buscar por avistamentos de OVNIs, mas é crime invadir propriedade privada, pois, um agro-grifo enorme tinha prejudicado aquela plantação e o seu proprietário queria o responsável. Com o trio já atrás das grades, o delegado encarava murmurando do corredor, enquanto Grace, discutia furiosa tentando ser ouvida:

— Me soltem! - Gritou. – Onde por acaso está a democracia? Esta é mesmo a maior potência mundial? Onde está a lei? Qual foi o nosso crime? Encontrar alienígenas? Eu conheço um alienígena! Ou acham que nós estávamos roubando milho?

— Tem certeza de que ela não é uma maluca? - Pergunta o delegado a um policial.

— Sim, senhor. - Responde o policial. 

— É bom que você esteja certo.

— E vocês aí me olhando? Por que não me respondem? Nós temos direitos ou não? - Continua Grace. - É nessas horas que a chave sônica devia estar aqui, e aqueles grampos só funcionam nos filmes.

— Grace, discutir pode piorar a nossa situação. - Avisa Sophie.

— Sophie, calma, eu já fui presa várias vezes, na verdade, é incrível o meu número de prisões! Mas sempre consegui escapar, então é só gritar... Eu irei processa-los!

— Calada! - Exige o delegado. – Você grita muito. É isso que chamam de TPM?

— Viram? Funcionou. E não ouse falar em TPM, você nem sabe o que significa!

— Vocês não estão presos, não precisa de tanto escândalo.

— Ah, nós não estamos presos? E essas grades em nossa frente, é efeito de alguma droga?

— Se você está dizendo. O que acontece é que vocês invadiram uma propriedade privada, e sendo ela local de um crime.

— Mas não fomos nós os culpados. - Diz Mark. – Nós apenas fomos ver o círculo, e...

— E o quê? Achar homenzinhos de Marte?

— Eu não sei se eles são de Marte, mas e se forem? - Questiona Grace. – Qual o problema? Temos direito de acreditar no que quisermos.

O delegado soluçava começando a rir. Ele era totalmente descrente sobre este tipo de assunto, e então escutar aquela afirmação vindo de uma mulher que parecia ser tão séria... Era realmente muito difícil manter a postura.

— É, ninguém nunca vai acreditar em nós. - Conforma-se Mark, bastante abatido.

— Então nunca teremos apoio, nunca teremos uma pista, nunca teremos aquela tão falada luz no fim do túnel? - Indaga Sophie

— Acalmem-se os dois. - Pede Grace. – Eles realmente não podem nos prender, apesar de que... Eu não possa chamar isso de liberdade.

— Cansei de rir. - O delegado ajeitava a gravata. – Talvez vocês sejam inocentes mesmo, talvez sejam outros os arruaceiros que nós estávamos procurando.

— Como assim?

— Adolescentes fantasiados.

— Adolescentes fantasiados?!

— Sim! E usando mascaras horríveis, assustando as pessoas e dando prejuízo aos agricultores, fazendo aqueles círculos idiotas!

— Mascaras horríveis? E como eram?

— Feias! Horrorosas! Por que isso lhe importa?

— Porque, delegado, elas talvez não sejam mascaras. Já vi muito disso, parece mesmo uma fantasia e próteses de silicone, mas é tudo real! Deviam ser os alienígenas, e podem ser eles que estejam levando as pessoas.

— A Grace está certa. - Apóia Mark.

— Vocês acreditam mesmo nisso? - Pergunta o delegado, boquiaberto.

— Sim. - Confirma Grace.

— Então não posso prender gente com essa mentalidade, é crime, nós somos a lei. Solte estes loucos perturbados, Robert.

E o policial Robert cumpria a ordem.

— Mas você ouviu o que eu disse sobre os desaparecimentos das pessoas? - Insiste Grace ao delegado. 

— Ouvi. E o que eu tenho a dizer para você, doutora Holloway, é que isto também é só mais um dos seus delírios.

— E vocês investigaram pelo menos?

— Nas últimas décadas esta besteira veio se propagando cada vez mais, e então inúmeras investigações foram montadas. CIA, FBI e a polícia em geral, todos trabalhando juntos e secretamente. E sabe o que descobrimos?

— Eu não sei, mas responda olhando nos olhos desta mão. - Apontava para Sophie. – Fale agora.

O delegado tentava não encarar:

— A minha mão me espancava. - Avisou seco. — E o que descobrimos foi que estas tais pessoas "desaparecidas", abduzidas, ou seja lá o que for, nunca existiram. É só uma invenção das suas cabeças. Como pretendem encontrar alguém que nem ao menos deixou um rastro na areia? Vocês são idiotas.

Ouvindo dia após dia que tudo o que eles acreditavam era apenas uma enorme e estupida ilusão, Grace e os outros se sentiam agora como talvez os teóricos heliocêntricos da idade média, ou como uma das pinturas do pobre Vincent, ninguém acreditava ou lhes dava atenção, não havia a quem pedir ajuda ou muito menos a tão famosa luz no final do túnel.

— Já terminou? - Indaga Grace cabisbaixa.

— Já, mas se qualquer outro caso envolvendo o seu grupo idiota for registrado novamente, todos serão presos. Estão proibidos de entrarem nas propriedades dos outros em busca de “alienígenas”.

— Faremos o possível. - Diz Sophie. – Obrigada.

— E os meus equipamentos? - Pergunta Mark.

— Os seus equipamentos estão apreendidos, não quero vê-los novamente.

— Isso não é justo! Você não pode fazer isso.

— “Não posso”? Chame um advogado e verá quem está com a razão, existe um monte de queixas sobre o seu grupo de bêbados.

— Já podemos ir agora? - Pergunta Grace, entristecida.

— É o que eu mais quero. O seu carro está lá fora.

— A verdade também.

E partiam para fora da delegacia, e o delegado não entende o significado da frase.

— Como iremos continuar agora? - Pergunta Sophie, já chegando no carro. – Não podemos continuar, não podemos procurar por respostas, não podemos mais fazer nada. O que faremos? Desistir?

— Eu já pensei, mas eu não. - Diz Mark, se recostando no veiculo.

— A escolha é sua, Sophie. - Responde Grace, vendo Sophie tando não chorar. – Nós não iremos te forçar a continuar, mas, desistir disso... É o mesmo que teria sido abandonar a Suzane embaixo de uma ponte.

— Você teve que voltar 16 anos da sua vida e ver que os seus 16 anos de família haviam ido embora, mas é exatamente por isso que estamos lutando, para recuperar os dias perdidos. Já estamos no escuro. Você não quer entrar nas trevas por completo, quer?

— Não. - Responde a mãe.

— O Mark está certo, como aquele dia em que fomos comer lasanha em sua casa. - Relembra Grace. – Você nos mostrou o quarto vazio que a Suze deixou. E sei que você não o-quer vazio. Então se quiser o que tinha de volta, terá que continuar nessa estrada, faça chuva ou faça sol.

— Por que vocês se importam comigo?

— Porque conhecemos a sua dor. E sinceramente, se nós não nos importarmos ninguém mais se importará.

— Se eu parar de tentar desistir vocês param me olham com essa cara?

— Com certeza.

E riam tentando se esquecer das suas adversidades e decepções, porque a cada adversidade, mais uma decepção era gerada, e isso, só ia pesando cada vez mais nas costas daqueles que se lembravam.

— 4:20 da manhã, e alguns quilômetros até em casa. - Comenta Grace, olhando num relógio de pulso. – Que tal a gente ir andando?

— Você quer dizer de carro, não é? - Pergunta Mark.

— Por que, prefere ir a pé?

— Não, senhora.

— Então vamos lá, estou com saudades de um móvel chamado cama. Acreditam que no planeta 34 não existe?!

— Não?!

— Não, conto no caminho.

***

E já chegando em casa às 6:50 da manhã, e após também já ter deixado Mark e Sophie em seus devidos lares, Grace, agora chegando à porta notava algo de estranho. A porta havia sido arrombada.

— Está aberta?! Eu tranquei ela! Eu não acredito.

E entrando preocupada, se deparava com uma enorme bagunça. Todos os seus moveis estavam revirados pelo chão, jogados e espalhados por toda a casa, e até roupas intimas estavam ali.

— Quem fez isso?! - Grita irritada ao ambiente. – Saio por uma noite, e um furacão vem me visitar! O que queriam?

Correu para o quarto, mas, notava que dinheiro ou joias não haviam sido roubados, nenhum objeto importante havia sido. E imediatamente, Grace ligava para a polícia. Porém, o que os investigadores haviam constatado era que era muito difícil dizer. Não haviam impressões digitais ou outras pistas, era muito complicado apontar um responsável. Nenhum furto muito grave havia acontecido, apenas lençóis e cobertores haviam sumido. Mas, o que isso significaria? E sem respostas e totalmente assustada, tentava Grace agora se acalmar, tomando café na casa de Alice.

— Eu estou dizendo, alguém ou alguma coisa quer mudar o mundo, e aquilo que fizeram em minha casa é a prova disso.

— Roubando cobertores?! - Indaga Alice, limpando a mesa. – Como isso mudaria a sua vida?

— Não estou falando de cobertores.

— E do que é então?

— Você não acreditaria.

— Hum... É sobre aquele cara que estava procurando? Talvez o Brian tenha ficado com ciúmes, e tentou te prejudicar.

— Não, não foi isso. Mas você e o Roodh não ouviram nada?

— Nada. Estávamos ocupados. - Diz Roodh, do sofá, vendo TV.

— Muito ocupados?

— Muito.

— Mas mesmo assim não ouviram o arrombamento de uma porta e de uma geladeira caindo?!

— Não.

— O que estavam fazendo?

— Coisas.

— Que tipo de coisas?

O casal não consegue responder, mas, Grace acabava de entender tudo:

— Tudo bem, é melhor mudarmos de assunto.

— Certo, quer mais torradas? - Oferece Alice.

— Não, já estou satisfeita, obrigada.

E de um dos bolsos do seu casaco, o telefone de Grace começa a tocar.

— Uhu... Veja só Grace, será que não é o seu amor “alienígena”?

— Ele não é meu amor! - E atendia a ligação. – Alô.

— Olá. Senhorita Grace Holloway? - Era uma voz masculina.

— Sim. Quem fala?

— O meu nome não importa. Passarei para o senhor Félix apenas.

— Félix?! Nunca ouvi falar, espero que não seja um trote.

— É senhor Félix pra você! - Diz uma outra voz, tomando a ligação, mas, uma voz bem mais velha. – E não, isto não é nenhum trote.

— Mas eu ainda posso desligar na sua cara.

— Desligue, e mataremos o seu namorado idiota.

— Namorado idiota?! O Brian?

— Eu não sei o nome dele, não pergunto o nome de pessoas insignificantes.

— Você é muito exibido, sabia? Quem é esse namorado?

E o senhor Félix posicionava o telefone na escuta de Tim:

— Grace? Eles me sequestraram! Queriam uma coisa, mas disseram que eu não tenho.

— Esse é o Tim! Ele não é meu namorado! Tim, você disse a eles que era meu namorado?!

— Não! É por causa do nosso cabelo, mas eu gostaria de ser o seu, se... Você quisesse.

— Ah... Este não é o melhor momento!

— Com certeza não! - Interrompe Félix, tomando o telefone. – Como vê, eu estou com o seu... Seja lá o que for. Então, sugiro que faça o que eu lhe ordenar, se ainda quiser vê-lo vivo.

— Se você fizer alguma coisa com ele ou qualquer outro que seja, eu irei chamar a polícia.

— Chame, existe uma arma apontada para a cabeça do seu amiguinho agora.

— Foram vocês que reviraram a minha casa? O que queriam? Sei que não eram os lençóis.

— Radiação temporal.

— Radiação temporal?! Como você conhece esse tipo de coisa?

— Graças ao extraterrestre chamado Doutor, ele tagarelava bastante. Você não se lembra?

— Você também conhece o Doutor?! Como você pode se lembrar? Não é assim que funciona! Ou você é um dos alienígenas?

— Eu sou humano de carne e osso, assim como você, minha querida.

— E para que precisa dessa radiação? Algum plano maligno? Eu não irei dá-la de mãos beijadas.

— Nos encontre próximo ao parque Lands End Labyrinth. Estaremos te esperando, mas você só tem duas horas, não se atrase e não faça nenhuma gracinha, como chamar a polícia. Não quero matar o... Tim.

— Eu preciso pensar.

— Pense, mas pense bem. Apenas vindo até nós não terá o seu amigo em um saco preto. - Passava o telefone a Tim. – Diga as suas talvez últimas palavras.

— Grace, boa sorte, e me desculpe por estar te fazendo passar por isso. - Declara Tim. 

— Não foi a sua culpa. - Nega Grace. – E me faça uma coisa, fique calmo, nós daremos um jeito nisso.

— Parem de ser românticos! - Félix encerrava a ligação.

— Dá pra acreditar?! Ele desligou na minha cara. E eles não precisavam ter derrubado a minha geladeira!

— Isso tudo que vocês falaram foi sério? - Apavorou-se Alice. 

— Sim, Alice, e por isso se eu não voltar em três horas eu quero que você ligue para a polícia, e conte tudo o que ouviu.

Grace partia apresada para fora.

— Aonde você vai?

— Impedir um super vilão, resgatar o Tim, e entender para onde foi o Doutor!

— Não é só isso, você ainda não me contou, quem é Tim? É bonito?

— Não é a melhor hora! Mas, sim, é muito!

***

E já no seu carro, Grace ligava agora para Sophie, mais coisas estavam sendo acrescentadas na história.

— Sophie?

— Sim. Olá Grace, o que foi?

— Estamos em perigo. Nós viajamos no tempo, todos devemos ter radiação temporal.

— Radiação temporal? E isso é tão ruim assim?

— Um sujeito mal intencionado precisa de nós, precisa da radiação. Avise para todos.

— Tudo bem, mas você parece estar muito nervosa.

— Precisamos nos encontrar, pode ser na sua garagem? Estou indo pra aí. Podemos estar mais perto da verdade agora.

— Tudo bem, pode vir. Ligarei para o Mark. Até mais.

— Tchau.

E segundos após encerrar esta ligação, outra ligação acontecia para Grace.

— Eu quero dirigir, sabia?! Felix. - Dizia já no telefone.

— Eu também adoro dirigir, amo. Mas o meu nome não é Félix. - Responde uma voz feminina, meio engraçada e parecendo já um pouco velha. – E por favor, não encerre esta ligação! Precisamos nos encontrar urgentemente.

— Ah não, outro individuo misterioso. Você é do bem pelo menos?

— É claro que sim! Demorei para te contatar, precisava do momento certo, não podia me exceder aos planos de Félix.

— E você me conhece?! Sinceramente eu estou cansada disso. Quem é você?

— Bem, digamos que eu sou a secretária do Doutor.

— O quê?! Desde quando?!

— Bom, foi uma mentira que nós inventamos, mas eu acabei não me dando muito bem no final. Enfim, preciso de você, tem que vir aqui.

— Não, não poso confiar em você. Pode ser outro mal caráter, o que eu farei agora será encontrar os meus amigos.

— Eu preciso de você, não podemos perder tempo!

— Não estou perdendo tempo! Até mais!

— Espere! Deixe eu te falar mais uma coisa.

— Seja rápida.

— Se você quiser entender tudo o que está acontecendo, me encontre em um posto de gasolina perto da primeira entrada de Sharp Park.

— Não sei se posso confiar em você.

— Tudo bem, mas se mudar de ideia... Estarei lá.

— Ok, até mais. Talvez.

— Até mais, doutora.

Grace, simplesmente não sabia com quem estava falando, aquela senhora parecia conhece-la muito bem, mas, mesmo assim, ela nunca havia escutado aquela voz, nem aquela e nem a do também misterioso senhor Félix. Desde que Grace estava com o Doutor as coisas já eram muito estranhas, mas, até com ele desaparecendo completamente de sua vida parecia que isso não iria mudar. E ligando a chave, engatando a marcha, pisando no acelerador, e virando o volante, partia Grace para se reunir com os outros não esquecidos.

 


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Notas finais do capítulo

Aquela parte que o delegado fala que o carro está lá fora e a Grace diz que a verdade também, foi uma referência a Arquivo X, naquela parte após a abertura, onde fica uma frase dizendo “a verdade está lá fora”, ou pelo menos é assim na versão dublada. E isso que o delegado disse sobre a mãe dele também foi uma referência, de um filme, mas não me lembro o nome, é que tinha um cara que tinha sequestrado uma mãe, aí ela pergunta o que ele acharia se fizessem isso com a mãe dele, e ele diz que a mãe dele espancava ele.
E os lençóis e cobertores foram roubados porque o Felix pensou que como a radiação está no corpo da Grace, ela acabaria ficando impregnada nestes objetos, mas não ficou, espero que tenham entendido.
O termo agro-grifo não se escreve assim, se escreve assim (Agro Grifo), mas prefiro escrever do outro jeito, ok.
Alguma dúvida ou observação?