Venha Comigo. vol 2: Onde Está o Doutor escrita por Cassiano Souza
Notas iniciais do capítulo
Agora entenderemos melhor a história, e conheceremos “outros”. BOA LEITURA :)
Chagando em casa após o jantar que teve com Tim, Grace corria para um dos seus utensílios mais importantes e preciosos que a raça humana já havia inventado; o seu computador. Seria agora por meio dele que a busca pela verdade continuaria. E pesquisando pelo tal grupo Os Que se Lembram, os constantes sons dos clics do mouse e do teclado lhe tornavam companhia. Em horas e mais horas de pesquisas sobre informações pejorativas sobre eles, Grace já estava cansada de ver tantas más línguas. Agora, o que ela desejava era apenas entrar em contato, e tentar entender pessoas que talvez estivessem sofrendo com o seu mesmo problema. E enviando uma solicitação de contato pelo site oficial do grupo, Grace então esperaria ansiosa pela confirmação e confiança que eles poderiam lhe dar.
Indo dormir cheia de confiança, e de manhã cedo já acordando e se preparando para o trabalho, partia para o hospital. Mas nada demais, apenas algumas consultas, diagnósticos e as fofocas da Marys.
— Sim, Grace, a Thani queria o Danny, mas o Danny quer o Julius. E o Julius me pediu em casamento!
— Ele terá que decidir.
— Foi o que eu disse.
E terminado mais um plantão, Grace voltava depressa e ansiosa para casa, queria saber muito sobre a confirmação. Então já checando em sua caixa de E-mails, vislumbrava o que tanto lhe roubava suspiros, a confirmação de visita e o endereço do local de encontro. Agora, já sabendo onde poderia se reunir com o grupo, partia Grace para o pier 39, um dos muitos piers da cidade, e um imenso ponto comercial repleto de lojas, restaurantes e mercados. Mas, o local exato seria um simples e antigo galpão, aparentemente abandonado. E em frente dos seus enferrujados portões, um jovem encapuzado permanecia a espera.
— Oi. - Cumprimentou a ruiva. – Eu enviei uma solicitação de visita. É aqui onde o grupo dos que se lembram se reúne?
— Também busca a verdade?
— Busco.
— Então seja bem vinda, Grace Holloway.
— Não foi com você que eu conversei no protesto?
— É. O meu nome é Mark. Venha conhecer os outros.
Logo, se dirigiam para dentro, onde uma quantidade relativamente impressionante de 25 pessoas se reuniam em um círculo de cadeiras.
— Pessoal. Essa é a Grace. - Apresentava-a a todos.
— Oi, Grace. - Diziam muitos.
— Olá. - Correspondeu sorrindo torto.
— Ela será um novo membro do grupo agora. - Anuncia Mark.
— Já?! Mas você nem me conhece, nem sabem nada sobre mim.
— Sim, mas ninguém nunca nos ouve. Então quando um novo maluco aparece, ele é bem vindo.
— Obrigada, se isto tiver sido um elogio. Mas isso é tão bom! Me sentia totalmente abandonada até agora.
— Todos nós já passamos por isso. - Dizia uma senhora acima do peso, de talvez 40 anos. – Alguém sempre vai embora de nossa vida. O meu nome é Sophie, eu e Mark somos os organizadores do grupo.
— Então com vocês foi igual, alguém importante sumindo?
— Sim, e por todo o mundo. - Responde Mark.
— Não é só em São Francisco?!
— Claro que não, é global. Temos Rosa do México e Elton do Canadá. Há casos até do outro lado do mundo. Mas, sim, a maioria é daqui da Califórnia. O governo esconde alguma coisa.
— Mas como vocês acham que isso acontece? Nós simplesmente acordamos e alguém sumiu da nossa vida?
Mark transmitia alguns slides:
— Isso ocorre por toda a história. Um dia alguém acorda e descobre que alguém de quem ela gostava muito simplesmente desapareceu. Porém, não qualquer desaparecimento, esta pessoa some e leva todas as coisas que possuía, e todas as coisas que já fez. E só você consegue se lembrar dela, ninguém mais consegue se lembrar dela além de você, e mesmo parecendo que ela não existe... Você sabe que ela existiu.
— É o que eu estou passando. O Doutor, um grande amigo, sumiu.
— Entendemos, todos nós também perdemos alguém.
— Eu perdi a minha filha. - Dizia Sophie.
— E com era o nome dela? - Se aproxima Grace.
— Suzane. Tinha 16 anos.
— Belo nome, e bela idade.
— Mas estes mesmos 16 anos se foram de um dia para o outro, onde eu acordei e nada dela estar ali. Suas roupas, a sua cama, as suas fotos, tudo foi embora.
— Eu sinto muito. Eu não sou mãe, mas eu acho que consigo imaginar o que você deva estar sentindo. E o pai dela, ele não se lembra de nada?
– Nós quase nos separamos. Ele acha que eu sou louca. No entanto, eu sei que não sou, eu sei que nós tínhamos essa filha. O seu quarto é tão grande.
— Era a única?
— Sim, foi por inseminação. E quando eu estou sozinha em casa, eu ainda consigo ouvir seja ela escutando aquelas musicas de rock horríveis ou cantando no chuveiro. Mas, é só coisa da minha cabeça.
— Mas quando você percebeu que ela havia sumido, você também voltou dias atrás?
— Até o ano em que ela nasceu, e convivi 16 anos com o fantasma dela em meus pensamentos.
— Isso é horrível. E todos vocês estão há anos passando por isso?
— Sim. - Responde Mark. – Zalia é a mais velha aqui, tem 75 e procura pelo marido há 40 anos.
— Pessoas deixando de existir... Como acham que elas poderiam? Poderia ser algum fenômeno complicado do espaço-tempo? O Doutor saberia responder.
— Nós temos algumas idéias do que possa ser. Mas você é novata, vai rir da nossa cara.
— Não, vou não. Mas é claro, tudo tem limites, então, por favor, não me fale sobre illuminates, triangulo das bermudas ou círculos nas plantações!
— Bem, sobre os círculos... Acho que não sejam bobagens.
— O que quer dizer?
Mark, então partia para um armário metálico, e retirava uma caixa trancada a cadeado. Destrancando a caixa, retirava um estranho objeto dali. O objeto, era algo bem esquisito, parecia como uma espécie de controle remoto, porém, totalmente diferente de qualquer um que fosse da Terra, e com um certo encaixe sofisticado.
— Ainda acha que somos lunáticos? - Indaga Mark.
— Nunca achei. Mas onde encontraram isso? Não se parece com nada comum.
— Achamos em um círculo, em uma fazenda de trigo.
— Em todos os planetas e épocas em que eu estive eu nunca vi nada parecido. Só sei que não é daqui, pelo menos não em questão de tempo.
Todos a encaravam estranho. Mark recua com os ombros:
— Você disse planetas e épocas?!
— Sim. Mas não me encarem desse jeito! Juro que não sou nenhuma bêbada. Eu tenho uma certa experiência com esse tipo de coisa.
— Você falou várias vezes num “Doutor”, quem é?
— O meu amigo, o meu melhor amigo. Não o homem, mas a pessoa mais incrível que já existiu. - A escutavam cheios de esperança. – Bondade, coragem, compaixão, e... Fúria, esse é o Doutor.
— Mas Doutor quem?
— Dois corações, uma canetinha barulhenta, vários rostos, e dentro de uma caixa azul. Sim, ele é alienígena.
O grupo olhava curioso para Grace, não sabiam se o que ela dizia faria algum sentido ou se ela não era simplesmente uma mentirosa, mas, sabiam que uns aos outros era tudo o que tinham.
— Acho que já tive um amigo imaginário assim, mas ele usava gravata borboleta. - Comenta Sophie.
— Talvez já tenha usado. - Comenta Grace.
— E ele tem super poderes?
— Não, e não precisa disso. Não é isso que o-torna especial.
— Mas o que queremos dizer com esse objeto é que são os alienígenas que estão por trás de tudo. - Diz Mark. – O seu amigo não poderia ser um deles?
— Não, o Doutor não faz essas coisas. Tudo o que ele faz é andar por aí sem rumo, mas é só uma mentira dele, nunca é sem rumo, não para mim. Onde existe dor e sofrimento, é lá que o Doutor sempre vai atender.
— Entretanto, se ele sumiu e ele era mesmo tudo isso, então o que faremos? O que acontece agora?
— Nós acontecemos.
— Você é novata, já está pensando em algo?!
— Estou! Ninguém se importará pelos que se foram, cabe a nós agora resolver isto. Estão comigo, veteranos?
Os veteranos, apenas olhavam apreensivos, nunca haviam conhecido alguém tão determinada e confiante como aquela novata, e que ao mesmo tempo parecia muito estranha com toda aquela conversa. Mas, neste momento...
— Nós estamos com você.
— Mesmo?
— Estamos.
— Jura?!
— Sim!
— Brilhante!
— Porém, Já fomos em várias áreas. Por onde quer começar?
— Me diz você! Peguei a vaga hoje.
— Poderíamos ir nos arredores da cidade ou em alguns pontos da costa. - Apontava Mark para os slides. – Ou quem sabe uma nova plantação. Existem vários casos de avistamentos de OVNIs e OSNIs por toda São Francisco e Califórnia.
— Sabem o que eu penso disso?
— Que é uma bobagem?
— Que estamos atrasados.
E logo após este primeiro encontro, Grace e os outros já se aventuravam em busca de respostas pelos arredores da cidade. Se estes casos curiosos de suas vidas eram coisas de alienígenas, procurariam então algum contato. Visitas a agro-grifos, museus, cemitérios e pontos de avistamentos, esta, seria uma nova fatia à rotina da doutora.
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Tive muitas idéias sobre como seria este segundo volume, e queria muito trazer algo quase como uma espécie de terror psicológico, que seria esta ideia de alguém sumir e ninguém se lembrar dela além de você, e então você se pegar às vezes perguntando “aquilo foi real ou não?”. Então a história poderia ser ao invés do Doutor desaparecer apenas várias pessoas no universo, mas queria dar mais destaque à Grace, ELA MERECE, e então preferi sumir o Doutor.
Se houver ficado sem entender, os OSNIs significam os (objetos submarinhos não identificados) mas não é tão popular quanto os OVNIs.
Alguma duvida? Acho que já expliquei tudo.