Venha Comigo. vol 2: Onde Está o Doutor escrita por Cassiano Souza


Capítulo 1
Março


Notas iniciais do capítulo

Adorei escreve-lo e lê-lo. Tenso e divertido ao mesmo tempo. Mas devo avisar que esta não é uma continuação direta do volume anterior, houveram outras coisas antes disso.
BOA LEITURA.



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Em meio a preguiça matinal, lençóis e edredons, Grace, dormia. Mas, não em sua cama da TARDIS, dormia em sua cama Californiense, estava em casa, em São Francisco. Porém, para atrapalhar esse momento de aconchego, o despertador toca.

— Cala a boca. - Manda, com uma voz de sono, enquanto desligava o aparelho. – Estraga prazeres, eu estava tendo um sonho ótimo. Mas, não me lembro de ter te programado para tocar há esta hora.

Eram 7:30 da manhã. E se levantando, calçando os seus chinelos e saindo do quarto ainda de pijamas, se dirigia para o banheiro, escovava os dentes, e logo, já estava na cozinha, preparando o seu café. Já com uma xícara na mão, e saboreando ao seu café e uma torrada, partia agora para a sala, mas, sentia algo diferente. Na sala, o ar, parecia estar pesado, e o seu sofá, havia sumido.

— Cadê o meu sofá?! - Apenas duas poltronas haviam próximo. – Eu só me lembro disso ter acontecido uma vez, mas foi quando eu terminei com o Brian, foi há séculos. Bem, já vi coisas mais estranhas do que isso, pode ter sido o Doutor, uma vez ele pegou a minha geladeira. - E se lembrando dos trejeitos do amigo, ignorou o caso.

Pegando em cima de uma mesinha de centro o controle da TV, Grace, se acomodava em uma das poltronas:

— Vamos ver qual rara informação útil eu encontro nesses canais de hoje.

Em um canal qualquer, uma chamada de jornal estava passando, e nela, dois apresentadores anunciavam:

— Olá, veja logo a pouco no jornal das nove horas, as seguintes informações. - Diz a ancora.

— Prepare-se, novas taxas de juros para este ano.

— Isso mesmo, Alfe. E vajam também, fenômenos estranhos ao redor do mundo.

— Isso, Jenny. E várias manifestações por toda a cidade envolvendo o grupo Os Que se Lembram.

— E por último, venha ver a nossa matéria sobre as muitas comemorações no dia de hoje, 1 de janeiro do ano 2000. Feliz ano novo!

A chamada acabava, e uma propaganda qualquer começava, mas, não era isso que importava. Grace, permanecia desentendida, pois, para ela, aquele jornal a estava pregando uma peça:

— Por que a mulher do jornal disse 1 de janeiro?! Estamos em 30 de março!

Grace, mudava de canal, no entanto, outros jornais e programas mostravam exatamente a mesma coisa, as comemorações do ano novo. Aquele, não era o período correto de sua vida, poderia ela ter viajado no tempo sem que percebesse?

— Não, não, não, não! Isso não faz sentido! É alguma pegadinha? Odeio pegadinhas! - Em outro canal, a mesma coisa. – Não! Isso já é loucura.

Grace, então corre para a cozinha, lá, havia algo que nunca trairia a sua descrença, era o calendário da geladeira.

— Só você para me entender. Viu, 1 de janeiro do ano 2000!

E se desanima com o que vê, o calendário multi-anual marcava todos os dias de 1999 já rabiscados, e os do ano 2000 inteiramente intactos.

— Todos menos você, o que é isso?!

Correndo para fora de casa, se dirigia Grace pelo gramado, até, a cerca de sua vizinha, gritando “Alice”, que ali junto com o marido podavam o jardim.

— Alice!

— Olá, o que houve? - Correspondeu Alice. 

— Foi aquele seu liquidificador maluco? - Indagou o marido.

— Não, Roodh, eles não são mais bem vindos. O que eu quero saber é, Alice... Que dia é hoje?

— "Que dia é hoje"?! - Estranhou a vizinha. – O quanto você bebeu ontem à noite?

— "Ontem à noite"?! Não bebi nada! Era um dia comum, mas agora tudo está errado. Por acaso é primeiro de janeiro?

— Sim. - Respondeu assustada. – Aliás, feliz ano novo. Acho que foi um porre e tanto. Não foi, Roodh?

— Sim, querida, quem isso te lembra? - Correspondeu Roodh, e os dois morriam de rir. – Mas, era tudo sua culpa.

— Me castigue.

Grace, encarava constrangida:

— Poderiam parar de flertar na minha frente?!

O casal, se cala intimidado.

— Eu vou... Eu vou entrando. - Roodh, parte para casa.

— O que realmente aconteceu com você, Grace, tem certeza de que não está embriagada? - Quis saber Alice. 

— Alice, escute, isso é muito importante, hoje não é hoje.

— Não?!

— Não. Estamos no final de março, ontem não era 1999. Eu sei disso porque eu me lembro, eu estava viajando, estava com o Doutor. Estamos juntos desde fevereiro.

— Viajando com um doutor, é? E o Brian?

— Eu e Brian terminamos há séculos!

— Você foi rápida, até ontem passeavam de carro. Doutor quem, exatamente?

— Não sei, ele nunca disse o seu nome.

— Hum... Ele devia ser incrível, você nem conhece o cara direito e já está apaixonada?

— Não estou apaixonada! Ele nem é um cara de verdade!

— Entendo. - Lamentou. 

— Ele é um alienígena! - Advertiu. – Era um segredo, mas você não vai acreditar mesmo.

— Grace, como você pode acreditar em alienígenas e não acreditar que hoje é o primeiro dia do ano?

— Porque nós estávamos viajando, e não me lembro dele ter me deixado em casa.

Sem os resultados esperados, Grace, voltava para dentro.

— O que a Grace tinha, querida? - Perguntou Roodh. 

— Um cara, deixou ela maluca. Quem isso te lembra?

***

Em casa, e conversando consigo mesma ao lado de um espelho na sala, e andando de um lado para o outro, Grace, tentava desvendar e entender toda a falta de sentido que a sua manhã estava tendo.

— Vamos lá, primeiro, o que está acontecendo? Parece que eu viajei no tempo. Mas, como? O Doutor não está aqui, e não me lembro dele ter me deixado, e nem de eu tê-lo deixado.

Parando pensativa, brotava-lhe uma ideia:

— Provas, preciso de provas. Tenho certeza que não sou uma maluca!

Correndo para o seu quarto, Grace, pegava uma grande caixa em cima de seu guarda-roupa. Caixa essa, onde guardava pequenos objetos de lembranças dos lugares de onde já havia ido com o Doutor. Porém, ao abrir o recipiente, nada do que ela desejava ver estava lá.

— Isso está errado. Fronhas velhas e fofocas de famosos?! Por que eu iria querer isso?! - Joga a caixa pra trás. – O álbum, deve ter algo de querente por lá! - Pensou rápido. 

Puxando uma das gavetas do guarda-roupa, tirava um enorme e pesado álbum dali, aquele era o álbum de suas viagens na TARDIS.

— Por favor... Não me decepcione. - Grace, amedrontada e ansiosa ao mesmo tempo, abria o álbum, e o que ela encontra é: – Dia dos namorados de 98?! 99?! Formatura? Que foto horrível!

Passava de pagina em pagina, e nada de aventuras pelo espaço-tempo, apenas, coisas como... Aniversários, outras comemorações, parentes e amigos. E nesses amigos, nada do Senhor do Tempo.

— Não tem nada aqui. Como não tem nada aqui?! Eu estava viajando, não havia pedido para parar! Mas, mesmo com essas lembranças sumindo, tem algo que não pode ter sumido.

Mesmo com tantas adversidades, havia outra forma de provar para si mesma de que não estava enganada. Grace, vai até um espelho e a olhava de costas, enquanto tirava o cabelo da frente da nuca.

— Tenho uma mancha, uma mancha que só pode estar aqui se eu realmente tiver viajado com o Doutor. Foi no dia em que fomos expulsos do banquete do rei Dunaob. Cuspiu vinho quente em nós.

Quando Grace termina de ajeitar o cabelo, nota que a sua talvez última prova de sanidade, havia lhe traído também, pois, nada de mancha na nuca.

— Não... Não pode ser. - Se vira ao seu reflexo. – Isso está errado! Eu tenho essa mancha, me lembro daquele dia!

Ainda nada conformada, Grace, voltava à sala, e saca o telefone. 

— O psicólogo do hospital, ele talvez tenha uma explicação. Sei que estou certa, mas, e se eu estiver errada? Atende logo.

— Alô, Grace?

— Sim, doutor John?

— Sim, o que deseja?

— Preciso que o senhor avalie o meu quadro psicológico.

— O seu quadro psicológico? Diria que está perfeitamente bem. Por que isso agora?

— Porque coisas estranhas estão acontecendo. - Observou a sala.

— “Coisas estranhas”... Defina "coisas estranhas".

— O Doutor sumiu, as minhas lembranças sumiram e... O meu sofá também.

— Sei.

— Mas não é isso o mais estranho!

— Tudo bem, e o que é então?

— Hoje é primeiro de janeiro. Como ontem pode ter sido outro ano?! Não faz sentido! E eu estava viajando com o Doutor, não me lembro do último lugar que fomos, mas, sei que não era em casa. Vimos tantas coisas, fomos em tantos lugares, enfrentamos Daleks, e até Slitheens!

— Bem, devo admitir, você tem uma imaginação e tanto. Grace, o que houve foi que como ontem a noite 99% da população estava comemorando o novo ano através de bebidas alcoólicas e até viagens a lugares exóticos, e então, somado a uma péssima noite de sono, isso a induziu à um estado de manifestação talvez até visual, do seu imaginário.

Grace, apertava forte o telefone, se não fosse algo tão rígido, já haveria se quebrado, a sua paciência não admitia ouvir aquilo. Com a sua mente, pensava em mil formas de xingar ou convencer o doutor John de que não estava sob nenhum estado psicológico estranho. Ela mesma fez aquela ligação, mas, ela não queria acreditar no que ouvia, ela tinha certeza de que tudo que viveu com o Doutor havia sido real.

— Ou talvez. - Completava o doutor. – Você possa estar sofrendo de um transtorno fictício. É um estado onde o individuo acha que está sob algum transtorno, e então, assume a posição de doente.

— Obrigada, isso ajudou bastante. Tenha um bom dia e até nunca mais! - E desligando na cara, atirou o telefone na porta. – Por que isso está acontecendo? - Sentou-se derrotada, no chão.

O silêncio da solidão, rugiu, até, que uma voz masculina por de trás da porta da frente, indagou, dando quatro batidas: 

— Está tudo bem aí?

Mesmo triste e assustada ao mesmo tempo, Grace, se aproxima curiosa.

 

 


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Notas finais do capítulo

Caso não tenha ficado muito claro, a Grace foi ver as suas lembranças para saber se ela esteve com o Doutor, e assim ter certeza de que não estava em 1 de janeiro, porque eles começam a viajar em fevereiro, sei disso através do HQ do Prisioneiro do Tempo.
E o sofá havia sumido porque no filme quando o Brian deixa a Grace ele leva o sofá em bora e ela só percebe quando chega em casa.
Achei que demoraria mais, pois até ter terminado o carítulo da fic anterior eu ainda não tinha começado a escrever este capítulo.Mas foi fácil, pois esta será uma Fic de capítulos mais curtos, e foi bem divertido escreve-lo, parecia que eu estava vendo algum daqueles filmes dos anos 95/2005 da Sessão da Tarde.
O tal transtorno ficticio existe de verdade, pesquisei sobre, não estou inventando.
Pensei no titulo desse capítulo ser (Feliz ano novo) mas mudei de ideia.