Academia da Pena (Interativa) escrita por Kath Gray


Capítulo 8
Capítulo 5 - Desjejum


Notas iniciais do capítulo

FINALY
I MANAGED TO WRITE SOMETHING

Tantas coisas aconteceram nos últimos tempos... aquele batalhão de trabalhos para a faculdade, professores indecisos, o computador quebrando, eu não conseguindo me dar com o novo TAB de jeito nenhum, cinco dias inteiros de BIG, a reforma de casa, meu total e absoluto bloqueio de escrita e leitura, a minha nova ideia de comic, a realização de que eu não conseguiria desenhá-lo se não me desse com meu TAB e o subsequente retorno do meu desejo de escrever e meu anseio por leitura... Algumas pessoas devem ter visto no grupo do facebook, mas eu até usei essa história em um dos meus trabalhos da facul, sobre o planejamento e design de uma obra audiovisual! Foi bem cansativo, principalmente porque era para ser feito em cinco pessoas e eu fiz sozinha ^^'

Anyways, ainda não consegui revisar, mas consegui terminar as últimas cinco páginas hoje e quis postar o mais rápido possível! Com sorte, o próximo sai mais rápido :x
Enfim, espero que gostem! Se encontrarem algum ato falho, erro de digitação ou algo assim, eu agradeceria se pudessem me avisar para eu consertar o mais rápido possível >,



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Na noite anterior, Evanna tinha voltado direto para o quarto depois de tranquilizar os avós quanto à sua chegada na Academia. Hoje, ela só conseguia pensar na biblioteca.

A biblioteca. Na verdade, ela estava tão curiosa sobre aquele lugar que tinha quase certeza de que tinha sonhado com ela. Não se lembrava direito dos detalhes, mas sentia a imagem flutuando em algum lugar do seu subconsciente, quase ao alcance de seus dedos.

E essa não era a primeira vez. Quantas vezes Eva já não tinha sonhado acordada com ela? Ela e Arlen, imaginando como ela seria e embarcando em longas conversas sobre suas imagens idealizadas e sonhadoras nos fundos da loja.

Não pela primeira vez, Eva desejou que ele pudesse estar ali com ela.

Mas já que isso não era possível, ela estava decidida a frequentá-la o suficiente pelos dois. Leria o máximo possível até o final de sua estadia ali e iria visitá-lo sempre que possível para compartilhar seus achados mais recentes do famoso acervo.

Assim, o único desvio de Eva a caminho de seu objetivo foi uma breve parada diante das tabelas atualizadas das atividades. Naquela tarde haveria uma introdução ao conceito, história e prática da Escrita Imersiva. Só de pensar ela já sentia o entusiasmo tomá-la; fazia sentido que quisessem introduzir o tema rapidamente para que tivessem tempo de aprofundá-lo mais tarde, mas a prontidão com que poderia finalmente aprender sobre tão fascinante e - como ela costumava pensar - impossivelmente distante assunto a fazia sentir-se como se estivesse sonhando. Era simplesmente bom demais para ser verdade!

Evanna Lewis, escritora de Escrita Imersiva. Quanto mais pensava nisso, mais a ideia soava irreal, quase como uma fantasia.

Ao se aproximar da entrada da biblioteca, Evanna sentiu seu estômago revirar. Em seu entusiasmo, esquecera-se completamente do café da manhã. E ontem mesmo ela tinha prometido aos seus avós que cuidaria de si mesma... se eles soubessem que ela tinha esquecido de se alimentar já na primeira manhã, ela nunca mais passaria um dia sem receber um telefonema ou telegrama checando se já tinha comido suas três refeições ou dormido oito horas de sono.

Mas agora que já estava lá, Evanna decidiu só naquele dia ignorar a fome. Se saísse agora, não conseguiria pensar em outra coisa até que voltasse.

Com isso definido, ela abriu a pesada porta e entrou.

O lugar não estava vazio, mas estava decididamente menos cheio do que ela previra. Talvez fosse por causa do horário; sem os rituais familiares diários, as pessoas provavelmente tendiam a ajustar os hábitos de forma mais condizente com seus próprios relógios biológicos. O fato de a maioria dos rostos ali ser de pessoas que ela se lembrava vagamente de ter visto na incursão de ontem reforçava essa ideia, apesar de a própria colega de quarto de Eva, Cassie - como ela descobrira se chamar em sua breve conversa na noite anterior antes de apagarem as luzes - ainda estar no sétimo sono em seu quarto na área dos dormitórios.

Enquanto se dirigia às estantes, Eva se perguntou se Shira estava por ali - como o responsável pela biblioteca, ela certamente gostaria de conversar com ele mais tarde. Porém, ela não o encontrou na mesa em que estava no dia da incursão.

Assim, ela decidiu apenas se aventurar pelas estantes quase labirínticas às cegas e ver o que encontrava. Na verdade, pensando melhor, talvez aquela fosse a melhor forma de ter uma noção do que teria à disposição mais tarde. E, afinal, tempo era o que não lhe faltava.

Seu último pensamento logo se mostrou precipitado quando ela de fato começou a andar pelos corredores. Ela esperava que o lugar fosse grande, mas nem em pensamento poderia ter imaginado algo daquele porte. Quando virava em uma esquina e passava os olhos rapidamente pelas estantes, Eva pensava ter uma vaga noção de seu tamanho, mas quando se via em um dos corredores maiores, percebia que nem chegara a arranhar a superfície do que era a biblioteca da Academia da Pena.

Obras de ficção e não-ficção se alternavam em sessões ordenadas e agrupadas por tema e autor. Os de ficção variavam de romances cotidianos a odisseias futuristas, de guerras sobrenaturais a contos de fadas, de coletâneas de poesias a histórias policiais. Os de não ficção iam de ensaios sobre a psiquê humana e teorias sociológicas a extensos compilados sobre botânica e guias de navegação para iniciantes, de dedicados estudos de linguística a detalhados registros históricos de povos há muito extintos.

Enquanto examinada casualmente a estante voltada para estudos da teoria evolutiva e suas aplicações na escrita de ficção fantástica, Eva começou a virar a esquina para contorná-la quando uma figura surgiu do outro lado e se chocou com ela, fazendo-a perder o equilíbrio.. Evanna sentiu objetos duros caírem em sua direção e, quando foi tentar dar um passo para trás para pegá-los, tropeçou em seu pé e caiu sentada no chão.

— Ah! Me desculpe. Você está bem?

Ela olhou para cima. O rapaz com quem trombara era relativamente alto e esguio e trazia uma pilha de livros nos braços. Sua cabeça se inclinava para o lado para conseguir vê-la através da carga, deixando à mostra uma pele clara e rosada, dois intensos olhos azulados e curtos cabelos castanhos claros que pareciam não ter sido penteados naquela manhã. O rosto lhe parecia vagamente familiar; talvez o tivesse visto na incursão.

 - Não foi nada - respondeu Evanna, juntando os livros que haviam caído em cima dela e se levantando. Na verdade, aquela era a primeira vez em anos em que caía sentada e estava um pouco dolorida, mas massageou a área discretamente com a mão não ocupada. - Desculpe, eu me distraí com os livros e não olhei antes de virar. Precisa de ajuda?

Ela devolveu os livros à pilha que o rapaz carregava ao falar a última parte.

— Estou bem, obrigado - respondeu ele, se ajeitando para acomodar os livros retornados. - Estou acostumado a acordar cedo, e quando cheguei aqui o bibliotecário tinha acabado de receber uma leva de livros que chegaram da restauração, então me ofereci para ajudá-lo a guardá-los.

Evanna olhou ao redor casualmente.

— Você já consegue se encontrar aqui? - perguntou. - Confesso que estou absolutamente perdida, mesmo que só esteja explorando um pouco por agora.

— Ah, eu também me perco, mas Shira conhece essa biblioteca como a palma da mão. - explicou ele. - Ele me indicou os números das estantes e prateleiras; só precisei seguir as indicações.

— Ah! Entendo.

Olhando seu rosto mais de perto, Evanna percebeu que o rapaz tinha uma pequena marca de nascença debaixo do canto de seu olhos direito. Ciente de que encarar poderia ser rude, desviou o olhar de volta para seus olhos.

— Meu nome é Evanna Lewis. Eu cheguei aqui ontem também - ela se apresentou.

— Eu sou Astor. Infelizmente, acho que não consigo estender a mão nesse momento - brincou ele. - Mas é um prazer te conhecer.

— Igualmente. - Eva respondeu no modo automático, mas com sinceridade. - Você acha que Shira precisa de mais ajuda com a leva?

— Acho que não. Já estamos em três - respondeu ele, olhando para trás por cima do ombro. - Meu colega de quarto também está ajudando. Acho que ele está na sessão de poesias em rimas perfeitas.

— Entendi.

Depois de um momento de silêncio, Astor acrescentou:

— Mas se você quiser perguntar de qualquer forma, tenho quase certeza de que ele acabou de voltar pra frente da biblioteca para pegar os últimos livros.

— Talvez eu faça isso. - respondeu Evanna, sorrindo.

Então, Astor se despediu com um aceno de cabeça e continuou andando. Eva acenou com a mão em resposta.

Verdade seja dita, Evanna se esqueceu completamente de Shira. Foi só voltar os olhos para as lombares dos livros que ela praticamente se esqueceu de si mesma; sua mente estava muito ocupada assimilando tudo aquilo da melhor forma possível.

Algum tempo depois, Evanna sentia que já tinha perdido a noção do tempo havia várias horas e decidiu que já não tinha mais como adiar uma pausa. Seu estômago reclamava cada vez com mais frequência, como era de se esperar de alguém que não estava acostumada a ficar tanto tempo sem comer de manhã.

Por fim, um pouco triste, mas consolada pelo fato de que sabia que ainda poderia voltar para a biblioteca quando terminasse, Evanna resolveu ir à cozinha preparar algo para comer.

Mais uma vez, só de pisar lá dentro, ela já sentiu sua cabeça girar. Tantas possibilidades! O que faria?

Com tantos ingredientes à disposição, as ideias mais mirabolantes já saltaram em sua mente, mas ela decidiu que algo mais simples seria melhor para um primeiro dia. Acabou escolhendo um pão que gostava muito de fazer com a avó, em formato de tranças.

Primeiro, ela juntou todos os recipientes, utensílios e ingredientes de que precisava. Então, começou a preparar a massa. A parte de amassar e enrolar era a sua preferida; o movimento cíclico era quase terapêutico.

Ela estava tão distraída que mal notou quando uma pessoa parou para observá-la em suas atividades.

Depois que já tinha amassado o suficiente, ela separou as três tiras distintas e começou a trançá-las. Então, salpicou algumas ervas em cima para dar um pouco mais de tempero e levou a massa à assadeira. A primeira parte estava pronta.

Evanna sorriu consigo mesma em antecipação ao ver o calor das chamas começar a envolver sua massa. Ela já tinha experiência o suficiente com pães para saber que ficaria delicioso.

Somente nesse momento ela notou a outra figura.

— Ah! Olá, Cassie - cumprimentou.

Sua colega de quarto cumprimentou-a com um aceno de mãos e um meio sorriso sonolento. Elas tinham conversado brevemente na noite anterior antes de apagarem as luzes.

— O que você está fazendo? - perguntou ela, curiosa.

— Ah, é um pão temperado. Eu sempre faço ele com meus avós - respondeu. - Tem bastante, se quiser um pedaço quando ficar pronto.

— Hm… - Cassie hesitou, pensativa. Evanna imaginou que fosse porque elas só se conheciam havia poucas horas, já que era óbvio que ela tinha se interessado pelo pão.

— Realmente tem bastante. Com certeza vai acabar sobrando um pouco de qualquer forma. - acrescentou Evanna, convidativa.

Cassie sorriu com o canto da boca.

— Nesse caso, eu acho que vou aceitar.

Evanna sorriu. Como amante de pães e bolos, adorava quando as pessoas apreciavam sua comida, e sua experiência na cozinha lhe dizia que esse seria um desses casos.

As duas se apoiaram nos armários próximos enquanto esperavam o tempo passar. Por alguns minutos, ficaram em silêncio, provavelmente com suas mentes envoltas em pensamentos e antecipação pelo dia que começava, mas então Eva pensou que aquele seria um bom momento para conhecer um pouco mais sua colega de quarto.

Ela pensou por alguns momentos, tentando encontrar um tema interessante para começar uma conversa. Então, uma imagem voltou à sua mente.

— Então, você gosta de livros de história? - perguntou.

Cassie não respondeu por um momento, distraída, mas então percebeu que a pergunta tinha sido para ela.

— Ah. Deu para perceber? - brincou, novamente sorrindo com o canto da boca.

Eva sorriu de volta.

— Um pouco. - respondeu. - Eu confesso que nunca li muito livros do gênero. O que você mais gosta neles?

Cassie pensou um pouco.

— Ah, é meio difícil apontar uma coisa específica. Eu acho que gosto deles desde que comecei a ler. - disse, dando de ombros. - Se eu tivesse que chutar, acho que gosto de livros que são embasados na realidade. Também gosto bastante de obras futuristas - contou. -  É interessante pensar que elas podem estar mostrando o nosso passado. Ou o nosso futuro. Dá uma sensação de realismo.

Eva absorveu cada palavra. Sem que se desse conta, seu sorriso cordial alargou-se um pouco ao ouvir a paixão com que Cassie falava de seus livros preferidos. Mas parando para pensar, não era estranho que as pessoas admitidas em uma academia tão concorrida fossem passionais.

— Entendi. - Eva respondeu. - Mais tarde, você poderia me indicar algum livro bom desses gêneros? Agora fiquei curiosa.

— Com certeza. - Cassie respondeu, alegremente.

As duas ficaram em silêncio por alguns momentos.

— E você? - perguntou Cassie, então. - De que tipo de livro você gosta?

Eva pensou por um momento, mas apenas por força do hábito.

— Eu sempre amei contos infantis. Isso e romances de aventura - respondeu. - Eu gosto da fantasia e do otimismo que eles passam.

— Imagino. - respondeu Cassie. - Nunca foi muito meu estilo de história, mas consigo entender o encanto.

Depois disso, a conversa silenciou. A mente de Evanna tornou a divagar para a biblioteca que a esperava, mas logo foi interrompida por um momento quando o cheiro da massa no forno começou a se espalhar pelo ar.

Quando sentiu que o pão estava pronto, ela colocou as luvas protetoras e retirou a assadeira, colocando-a em cima da mesa.

As duas garotas apreciaram o cheiro e a visão por um momento. Então, ouviram uma voz atrás de si:

— Que cheiro ótimo! Foi você quem fez?

Eva virou-se, surpresa, mas logo reconheceu a dona da voz.

— Oi, Madeleine. - cumprimentou, sorrindo. - Sim, fui eu.

— Maddie. - corrigiu a jovem, com um sorriso brincalhão e os olhos brilhando atrás dos óculos. - Você é bem talentosa!

Eva deu de ombros.

— Só tenho muita prática. - respondeu. - Você pode se juntar a nós, se quiser. Tem bastante para todas.

— É para eu responder com educação ou honestidade? - brincou Maddie.

Evanna riu. Tirou as luvas, deixando-as na mesa ao lado da assadeira, e foi buscar uma faca de pão nas gavetas. Quando voltou, viu que Cassie tinha buscado três pratos de sobremesa, um para cada uma delas.

Evanna começou a cortar a massa, com todo o cuidado para manter o formato caprichado que tinha feito com tanto carinho. Ela serviu a primeira fatia para Cassie, a segunda para Maddie e separou a terceira para si.

Ao receber sua parte, Cassie olhou para Eva, esperando pacientemente que ela se servisse antes que ela própria começasse a comer, mas Maddie tinha outros planos.

— Hmm! Isso está uma delícia! - exclamou.

Ao ouvir isso, Evanna não conseguiu conter um sorriso. Como ela imaginava que acontecia com qualquer amante da culinária, ouvir pessoas elogiando seus pães e doces era uma sensação ótima.

Sem saber como responder, Evanna pegou o próprio pedaço e deu uma mordida. O gosto, é claro, lhe era bem familiar, então ela não ficou surpresa com o sabor salgado rico que inundou seu paladar. A massa era macia e leve, e a casca era saborosa e temperada.

Perfeito.

Nesse momento, ela notou duas pessoas entrando na cozinha pelo canto do olho.

— Astor! - chamou, acenando com a mão. Normalmente ela não era muito de chamar atenção, mas naquele momento ainda estava feliz pela reação de Maddie e Cassie, cuja expressão também era uma de agradável surpresa, e não conseguiu se conter.

O garoto virou-se ao ouvir seu nome. Um pouco surpreso, ele acenou de volta e começou a andar até a mesa. O garoto atrás dele era um pouco mais alto e tinha cabelos ruivos e barba aparada, e vestia uma jaqueta de couro que tinha um pouco mais bolsos do que Eva consideraria usual.

— Olá de novo - cumprimentou Astor. - Então, conseguiu achar Shira?

— Ainda não. Vou tentar encontrá-lo de novo mais tarde - respondeu Eva. Ela indicou as outras duas garotas com um gesto. - Nós estávamos tomando desjejum. Gostariam de um pedaço?

Astor não tinha olhado diretamente para o pão até então, mas estava claro que já o tinha notado, e o cheiro também não era difícil de perceber.

— Não queremos ser um incômodo - disse o garoto ruivo, gesticulando com as mãos.

— Não é incômodo nenhum. Fiz bastante, então ia sobrar de qualquer jeito - Evanna respondeu, embora essa afirmação não fosse permanecer verdadeira por muito tempo se continuasse convidando pessoas. Sua avó ficaria orgulhosa da educação que tinha lhe dado, porém.

— Mesmo? - perguntou Astor, não inteiramente convencido.

— Mesmo.

— Está bem bom - disse Maddie, em uma tentativa de convencê-los. Cassie concordou com a cabeça ao seu lado.

Antes que os dois dissessem qualquer coisa, Evanna cortou mais duas fatias e entregou-lhes na mão.

Eles, é claro, não insistiram em sua recusa.

— Obrigado. - agradeceu Astor, e deu uma mordida.

Como seria de se esperar, as reações dos dois não diferiram muito das de Cassie e Maddie. Evanna não conteve a sensação de orgulho que acendeu em seu peito com a aprovação que recebia. Talvez, se tivesse tempo, pudesse fazer isso nos próximos dias também. Sua habilidade no preparo refeições era limitada, mas no que dizia respeito aos singelos lanches que as intercalavam, ela tinha um bom repertório e bastante experiência.

— Aliás, meu nome é Arthur. - cumprimentou o garoto ruivo, estendendo-lhe a mão e tirando-a momentaneamente de seus pensamentos. - Arthur Smith.

— Evanna Lewis. Prazer. - Eva apertou-lhe a mão. - Você é o colega de quarto que Astor mencionou?

— Eu mesmo. - ele respondeu, com um sorriso largo. - Espero que nos encontremos bastante nos corredores.

— Acho bastante provável. - respondeu Eva, achando graça.

Fatia a fatia, os cinco prosseguiram para terminar de comer o pão. Quando Maddie pegou a última ponta, restou apenas uma questão a ser solucionada: a louça.

— Como você fez a comida, eu e Arthur podemos lavar os pratos - disse Astor, começando a empilhá-los.

— Eu cuido da faca e da assadeira, então - Cassie adiantou-se para pegá-la, mas percebeu que ainda estava quente e retirou a mão rapidamente, a tempo de não queimá-la. Ela deu um sorriso nervoso. - Bom, depois de ela esfriar um pouco, é claro.

— Então, eu passo um pano na mesa - cantarolou Maddie. - Pra tirar a farinha que caiu.

— Agradeço pela ajuda. - respondeu Eva, sorrindo.

Apesar de ela não ter mais o que fazer ali, Evanna resolveu ficar por perto enquanto eles terminavam as tarefas que tinham pego para si. A última, é claro, foi Cassie, mas os outros três também acabaram ficando um pouco mais até que a assadeira estivesse posta na armação para secar. Nesse tempo adicional, eles trocaram ideias sobre o que esperavam da aula introdutória daquela tarde (Maddie se recusou a dar qualquer informação a respeito, achando graça da curiosidade dos recém-chegados) e dos meses e anos seguintes, de forma geral.

Finalmente, o grupo se separou na frente do salão principal. Maddie queria dar uma olhada em algumas das anotações dos antigos formandos para uma ideia de história sua, Astor tinha que pegar algo em seu quarto, Arthur queria dar uma olhada no jardim e Eva queria voltar à biblioteca para continuar seu reconhecimento. Cassie também estava curiosa, já que ainda não tinha tido tempo de ir até lá, e as duas resolveram ir juntas.

Depois desse momento, o tempo parecia tão lento que Eva poderia jurar que, se visse um relógio, seu ponteiro dos segundos não estaria se movendo. A inundação de informações sobrecarregava seus sentidos e sobretudo sua mente, que estava absolutamente eufórica com toda a situação. Ainda assim, Eva nunca antes desejara com tanta vontade que o tempo parasse de verdade, para que ela pudesse apreciar cada segundo para sempre; ela queria se perder no meio da biblioteca e nunca mais sair, presa para toda a eternidade no meio de todos aqueles livros tão fascinantes que pareciam pedir para que os abrisse. Ela estava começando a pensar que alguns anos não seriam tempo suficiente, e desejou que pudesse voltar novamente para visitar depois que tivesse terminado seu período de aprendizado na Academia.

Assim, ela e Cassie continuaram caminhando pelas estantes, ora presas demais dentro de suas próprias mentes, ora ansiosas para compartilhar algum achando particularmente interessante, até que finalmente chegou a hora que aguardavam com tanto anseio.

A hora de sua primeira aula sobre Escrita Imersiva.

 


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