Academia da Pena (Interativa) escrita por Kath Gray


Capítulo 4
Capítulo 2.5 (EXTRA) - 13 Canções: O Conto dos Dois Guerreiros


Notas iniciais do capítulo

Heey!
Bom, como acho que todos sabem, no Nyah você não pode publicar um capítulo apenas de aviso. Por isso, resolvi trazer um texto antigo meu (raras vezes me arrependi tanto de não continuar alguma coisa t~~~t), só para não deixar em branco~
Só queria dizer que estou demorando um pouco para conseguir me aproximar dos personagens das fichas que recebi, e por isso estou demorando mais do que o previsto para concluir o próximo capítulo. Espero que não se incomodem ><'
.
(Aliás, se em algum momento eu perceber que estou demorando demais para postar [talvez um mês seja um bom limite para uma fic casual], vocês preferem que eu simplesmente não poste nada ou que eu traga mais desses textos?
Normalmente, eu pensaria em alguma outra coisa, talvez até uns trechos de preview do que está por vir na história, mas achei que por se tratar de uma fic de escrita de ficção, o contexto combinava bem... tipo, literalmente como se fossem algumas das histórias escritas pelos personagens ou presentes no universo em questão.
Enfim, é só isso, mesmo XD)



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"Por trás de todo herói, há uma lenda.

Por trás de toda lenda, há uma história.

Por trás de toda história, há um lugar.

E por trás de todo lugar, há uma história ainda mais antiga, tão antiga que antecede todas as outras. Uma história que remonta à época de suas origens, envolta em contos de nações, ideais e guerra.

Assim era o reino de Eryland. Famoso pela própria fama, grandioso por sua grandeza, encantador por seus encantos e mágico por sua própria essência.

Gil e Lys nunca haviam visitado as terras além das fronteiras de seu reino. Ele era seu lar, sua casa e sua gaiola, à qual estavam ao mesmo tempo eternamente ligados e confinados.

Os muros que o cercavam eram envoltos em mistério. Aos adultos, que já sabiam o que havia depois dos grandes tijolos de pedra, pouco interessavam aqueles resquícios de um passado distante e infinitamente mais violento do que as disputas que se via nos dias de hoje.

Porém, às crianças, que cresciam rodeadas simultaneamente pelo tedioso dia-a-dia do lado de dentro e emocionantes histórias sobre o lado de fora, mesmo o simples musgo que recobria as rachaduras úmidas da construção tinham cheiro de aventura e infantil ambição.

Militares por sua linhagem, ambos passavam longas horas ao dia treinando e sendo treinados. Em tempos de paz, medidas de guerra tendem a perder força, mas, de todos os professores, o deles era o mais rígido. O povo pode até esquecer dos tempos de maior dificuldade, mas dificilmente pode-se dizer o mesmo de guerreiros.

.

— Ai!

Gil soltou um breve arquejo de surpresa ao cair sentado no gramado. Com uma careta de dor, levou a mão à testa ardida, que logo começaria a inchar.

— Gil! - gritou o pequeno Lys, correndo em sua direção. Implacável e impiedosa, a espada de maneira aproveitou-se daquele momento decisivo de distração e desceu sobre sua cabeça com um baque seco e pontual. O menino deixou cair a própria espada e encolheu-se no chão enquanto apertava a cabeça entre as mãos, tentando segurar o choro e as lágrimas que surgiam em seus olhos.

— Isso dói, professor! - reclamou Gil, tentando disfarçar o próprio tom choroso.

— Quando estiver em uma luta de verdade, seu inimigo não vai pegar leve - apontou Galan, divertido. - Além disso, se eu tenho que treiná-los, o mínimo que posso fazer é treiná-los direito.

— Mas nós não somos guerreiros de verdade! - retrucou o menino, sua vozinha de criança ainda mais aguda pela indignação. Seu orgulho estava seriamente ferido.

— Primeiramente, se você não tivesse me deixado te acertar, não estaria doendo agora. - observou o professor. Gil queria responder, mas não encontrou nenhum argumento. Emburrado, fechou a cara e virou o rosto, cruzando os braços com forçadíssima indiferença.

Lys ainda tentava segurar o choro. Alternando o olhar demoradamente entre os dois aprendizes, Galan soltou um longo suspiro.

— Escute. Talvez vocês ainda não sejam... "guerreiros de verdade", como diz, mas um dia vão ser. Quando esse dia chegar, vocês têm que estar preparados. Gil, você é muito agressivo - disse ele, sério. - Só pensa em atacar e acaba deixando a guarda completamente aberta. Se escrevesse "acerte aqui" em todas as aberturas não haveria mais pele branca suficiente para fazer de alvo. Estava pedindo para levar uma espada na nuca. E, Lys - seu olhar deslizou para o outro garoto. - Quando Gil foi atingido, você se esqueceu completamente da luta. É legal que se preocupe, mas numa luta real isso só faria de você um alvo perfeito. Seria como pendurar um alvo no flanco. Ou nas costas. E você não poderá salvar Gil se estiver morto.

Compreendendo, Lys fez que sim com a cabeça, devagar. Com amuada aceitação, ele esfregou o rosto com o a manga da camisa, secando as lágrimas.

Eles sabiam que tinham sorte de treinar com Galan. O professor era conhecido por todo o reino como um dos líderes militares mais populares, tanto para com o povo quanto com a elite nobre. Tivera uma participação vital na última Grande Guerra e detinha a confiança absoluta de todos que já haviam lutado lado a lado com ele. Nobre e honrado. Forte e corajoso. Um ícone. Um ídolo.

Mas isso não fazia do treinamento menos difícil. Ou das derrotas humilhantes mais aceitáveis.

Uma brisa fresca acariciou o rosto de Galan. Ele ergueu os olhos para o céu; os primeiros traços de escuridão começavam a surgir na linha do horizonte. Naquela noite provavelmente não haveria um longo pôr do sol tingido de laranja, mas sim um breve relance adouradado entre o azul do acinzentado fim-de-tarde e a profunda escuridão da noite.

— Está ficando tarde - disse, guardando a espada de treinamento na bainha. - Lembrem-se do que aprenderam hoje, está bem?

Mas quando virou-se e começou a se afastar, ele sentiu um puxão na túnica.

— Eu... a gente...! - o pequeno Gil lutava com as palavras. Finalmente, ergueu os olhos para encarar o mestre.

— A gente vai ficar forte! - gritou. - Eu e Lys... a gente vai ficar mais forte que você! E vamos te vencer!

Por um momento, Galan ficou surpreso com a súbita explosão de determinação do pupilo.

Então, sorriu.

— E eu estarei esperando! - respondeu, bagunçando os cabelos do pequeno. Gil não percebeu o discreto traço de orgulho em sua voz.

Mais uma vez, ele começou a se afastar. Depois de andar até estar bem longe, ele lançou um último olhar aos dois aprendizes. Lys ainda estava sentado na grama, mas não parecia mais a ponto de chorar. Ele balançava para frente e para trás, com as mãos escondidas nas pernas cruzadas, totalmente atento ao amigo. Gil estava de pé e falava com vontade, provavelmente sobre como ganhariam do professor e se tornariam guerreiros fortes e corajosos que seriam admirados em todo o reino.

Ele não precisava se preocupar. Sorrindo, mais uma vez deu-lhes as costas e pôs-se a andar.

Dessa vez, ele não se virou.

.

Quando não estavam treinando, Gil e Lys frequentemente passavam suas tardes explorando as muralhas que lhes eram tão fascinantes. Seus dedos fortes pelo costume precoce escalavam as irregularidades dos grandes tijolos com facilidade quando queriam sentar no topo da antiga fortaleza para observar o selvagem horizonte que intecalava altos gramados, misteriosas florestas e grandiosos contornos de montanhas distantes. Ao cair da tarde, a visão era magnífica.

Durante as manhãs, divertiam-se brincando na parte oca da fortificação. Nunca havia breu total, graças aos fios de luz que atravessavam as falhas nas junções entre as rochas, mas ainda era difícil enxergar qualquer coisa fora da área iluminada delimitada pelos pedregulhos que não haviam cedido aos avanços do inimigo. Era fácil perderem a noção do tempo enquanto exploravam as enormes falhas em sua estrutura, resultantes de antigos ataques, que agora faziam as vezes de portais, interligando as crianças e um mundo inteiramente novo e desconhecido.

.

Assim começa a história não contada de dois jovens guerreiros, de pouca importância se comparados aos grandes heróis imortalizados pelas lendas e canções, mas que viveram pelos seus próprios fins e sob seus próprios ideais."


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