— Como assim vocês decidiram fazer uma festa de Hallowen? – a voz de Lily subiu duas oitavas. – Ficaram malucos?

Marlene olhou ao redor para se certificar que ninguém estivesse ouvindo a conversa.

— É só uma festinha pequena Lily, com alguns alunos do sétimo ano.

— Isso está totalmente fora de cogitação!

— Não seja tão estraga prazeres, Evans! Vai acontecer uma festa na escola de qualquer modo, nós só vamos fazer uma mais legal e com um pouco de álcool – Sirius sorriu para ela.

— Você achou mesmo que fosse concordar com isso? – a ruiva perguntou olhando para Marlene.

— Por favor, Lily, vai ser legal! Eu prometo cuidar para que tudo ocorra dentro do esperado. Além do mais, é o nosso último ano, só queremos criar boas lembranças.

A loira encarou a melhor amiga com seu típico olhar de cachorro que caiu da mudança

— Se Dumbledore ou a McGonagall descobrirem, eu estarei em problemas Marlene.

— Você sabe que eu jamais prejudicaria você. Eu juro que temos um bom plano. E vão ser poucas pessoas, só aquelas que sabemos que não vão criar problemas.

— O Jay está sabendo disso? – ela encarou o casal com um olhar interessado.

Sirius e Marlene devolveram o olhar com sorrisos idênticos nos lábios, que fizeram a garota corar até o último fio de cabelo.

— O Jay está sabendo disso sim, Evans – Sirius deu ênfase no apelido usado pela garota, falando com uma voz arrastada.  

Marlene mordeu os lábios para evitar a risada e deu uma cotovelada de leve nas costelas do moreno.

— Não a irrite, estamos quase conseguindo convence-la!

 Lily bufou.

— E como é que vocês pretendem fazer isso?

— Nós vamos descer para o salão principal e fazer uma média na comemoração da escola, como sempre, e depois quando o fluxo de pessoas tiver diminuído e os professores não estiverem por perto, iremos para a verdadeira diversão – Sirius explicou sorrindo.

— Onde seria isso? Porque se vocês querem chamar pessoas de outras casas, nosso salão comunal não é uma opção.

— Nós temos um local bom e seguro – Marlene começou. – Há uma sala que James e Sirius conhecem, ela fica em um corredor deserto do Castelo, ninguém costuma ir muito até lá.

Lily a olhou, desconfiada.

— Como você pode ter tanta certeza? Acho que um bando de gente aglomerada vai fazer barulho o suficiente para chamar a atenção do Filch ou de algum outro funcionário.

— Não se usarmos um abaffiato! – Marlene respondeu. – Você disse que o Snape testou algumas vezes o feitiço e não teve erro.

— É, mas apenas em conversas, não em algo como uma festa!

— Relaxa ruiva! Eu os marotos vamos até aquela sala há anos e nunca fomos pegos. Fica em uma das torres, acho que costumava ser os aposentos de um antigo professor ou algo assim. De todo modo, o lugar é completamente abandonado e bom o bastante para uma festinha discreta.

— Vocês tem noção que esse plano idiota tem tudo para dar errado?

— Bom, a possibilidade de sermos pegos torna tudo mais emocionante. – Marlene falou e recebeu um olhar feio de Lily. – Mas é claro que isso não vai acontecer! – ela emendou imediatamente.

— Tá, não é como se vocês fossem me ouvir, de qualquer maneira. Porém, por volta da meia noite eu quero todo mundo começando a ir embora.

Sirius abriu a boca para protestar, no entanto, Marlene foi mais rápida.

— Tudo bem, meia noite parece um bom horário.

***

Marlene olhou-se uma última vez no espelho, contente com o resultado que conseguira com tão pouco tempo. Ficara o resto da tarde inteira após o final das aulas arrumando as coisas para festa. Eles tiveram muito que fazer, já que Sirius se esquecera de mencionar que a sala que ele arranjou estava deserta em todos os sentidos, e não tinha visto qualquer sinal de limpeza há alguns bons anos, ou pelo menos era isso o que ela supunha.

No fim, fora uma correria tão grande que ela tivera apenas vinte minutos para tomar banho e se preparar. Contudo, apesar do pouco tempo, fizera um ótimo trabalho. Seus cabelos estavam soltos e com as ondas naturais dele, pois o máximo que conseguiu fazer foi secá-los. Vestia uma blusa de frio preta, fina e colada ao corpo, por dentro de uma saia de cintura alta na cor vinho, e meia calça e botas de cano baixo pretas. Para completar, fizera uma maquiagem leve, deixando o destaque para os lábios tingidos de vermelho.

— Está bem gótica, mas eu gostei. Combina com você! – Lily sorriu para a loira. – Ficou linda!

— Obrigada, Lily. Você está linda também! – ela retribuiu o sorriso.

Marlene e Lily vestiram suas respectivas capas com o emblema da Grifinória. Tinha ficado combinado de todos irem vestidos assim, para que não chamasse muita atenção e para o caso de que fossem pegos.

As duas se encaminharam cuidadosamente em direção ao local indicado por Sirius, sem enfrentar qualquer problema, para o alivio de Lily, que caminhava olhando de um lado para o outro como se fosse uma foragida de Azkaban.

— Isso mesmo, Lily, continue sendo bem discreta, aposto que ninguém vai desconfiar se nos pegarem agora – Marlene falou com sarcasmo.

— Me desculpe se não estou acostumada a essa vida criminosa de vocês –a ruiva rebateu. 

Ao chegarem próximas a festa, elas puderam comprovar a funcionalidade do abaffiato, pois não conseguiram ouvir um passo sequer de quem estava do lado de dentro da sala. Marlene sentiu seu coração dar uma relaxada, apesar de não ter admitido a Lily, ela também achava que o plano que montaram tinha muitos pontos falhos, o barulho definitivamente era um deles. Ficou feliz por ter dado certo no final.

O local já continha uma considerável quantidade de gente. Se todo mundo já não estivesse ali, faltava pouquíssimas pessoas.

— Tá cheio, não é? – Lily falou apreensiva.

— Sem surtos, Lily! Vamos encontrar as meninas e conseguir um pouco de bebida – Marlene riu da careta que a amiga fez.

Marlene puxou a ruiva por entre os alunos e levou até a mesa dos comes e bebes, encontrando Alice e Dorcas.

— Os garotos já estavam preocupados com medo de ter acontecido alguma coisa com vocês – Alice falou após se cumprimentarem.

— Não, foi tranquilo! Os corredores estão vazios – Marlene respondeu, pegando duas garrafas de cerveja amanteigada, dando uma para Lily.

— Obrigada!

— Vamos começar com algo leve – a loira sorriu.

— Você acabou de chegar e já está querendo embebedar a Lily? – James questionou divertido.

— Ela bem que está precisando – Sirius disse, passando um dos braços ao redor da cintura de Marlene.

Lily revirou os olhos.

— Eu não sei como você aguenta Marlene.

— Nem eu sei, Lily – a garota respondeu rindo.

— É o amor – Alice falou sorridente.

Sirius sorriu e apertou os dedos na cintura de Marlene, que também sorria.

Eles continuaram conversando, animados com o andar da festa, que  estava saindo dentro do esperado, e até Lily teve que reconhecer o bom trabalho que fizeram. Não houve sinal de professores ou qualquer outra pessoa por perto, nem confusões, e as pessoas estavam se divertindo. Acabou sendo realmente uma boa ideia.

Em um determinado momento da noite, Marlene se afastou dos amigos para pegar mais uma dose de firewhiskey, e estava pronta para voltar quando sentiu uma mão tocar de leve meu braço.

— Você tem um minuto? – Valerie, a ex-namorada do Sirius, perguntou.

A loira olhou para a garota um pouco incerta. Ela definitivamente não estava esperando por aquilo.

— Ah, claro...

Ela mal terminara de falar e fora conduzida para um canto um pouco mais distante do fluxo de gente.

A morena parou a olhando, parecendo ponderar, antes de começar a falar:

— Então agora você e o Sirius estão juntos.

Não fora uma pergunta, estava mais para uma afirmação, ainda assim Marlene assentiu hesitante com a cabeça.

Valerie a olhou por alguns instantes, antes de um sorriso pequeno surgir em seus lábios.

— Não sabia que você fazia o tipo garotinha inocente, McKinnon.

— Perdão?!

— Você sabe, cair assim tão facilmente no papinho do Black.

— Desculpe Valerie, mas devido ao seu histórico, acho que você não é exatamente a pessoa mais indicada para me falar algo assim – Marlene respondeu com bom humor.

A outra garota riu e negou com a cabeça.

— Sirius e eu passamos por um longo relacionamento que acabou recentemente, se eu fosse você não criava muitas esperanças a respeito desse lance entre vocês.

— Você poderia me dizer exatamente aonde quer chegar? Não estou entendo muito porque estamos tendo essa conversa.

— Só estou tentando ser gentil, não quero que você seja trocada mais uma vez. Você parece uma garota legal, mas eu acho que está claro para todo mundo que o Sirius ainda é completamente apaixonado por mim.

Marlene a olhou, incrédula.

— Então porque vocês não estão mais juntos? Porque você está aqui me falando essas coisa para começo de conversa?

— Eu e Sirius temos uma história juntos e você está sendo apenas uma distração. Basta que eu abra a minha boca para que ele te largue, e não sou só eu quem acha isso, todo mundo anda comentando – ela rebateu e Marlene deu risada.

Estava se perguntando internamente como foi que Sirius conseguiu passar tanto tempo com alguém assim, ou se ela só estava insegura de mais e por isso estava agindo daquela maneira.

— Você não precisa vir aqui tentar me amedrontar, ou seja lá o que você está tendo fazer. – Marlene começou, olhando-a nos olhos. – Fico grata pela sua preocupação – falou com ironia. – Mas eu mesma não estou preocupada. Se Sirius quisesse estar com você ele já estaria, não tenho motivos para ficar com medo ou algo assim, a escolha é dele. E eu sinceramente não tenho nada contra você Valerie, nunca tive, e não é porque você e Sirius namoraram que agora eu te odeie ou te veja como inimiga. Então você está aqui só perdendo seu tempo. Enfim, e te dando um conselho de coração, ao invés de ficar fazendo cenas patéticas como essa, você deveria ter dado valor a ele quando estavam juntos.

Valerie a olhou quase como se tivesse levado um tapa, no entanto, não disse mais nada. Ficou a encarando com a boca levemente aberta por alguns segundos e depois simplesmente lhe deu as costas e foi embora.

A loira suspirou, ainda sem acreditar no que acabara de acontecer. 

Assim que voltou ao seu caminho original, Marlene viu o olhar de Sirius em si, que balançou a cabeça em um questionamento mudo assim que seus olhos se encontraram, ela apenas balançou a cabeça como se dissesse que não tinha sido nada. 

Ela se aproximou do grupo e mordeu os lábios. Não tinha mais lugar para que ela pudesse se sentar e levada pela indignação dos desaforos que acabara de ouvir, ela resolveu ser um pouco mais ousada e se sentar no colo do “namorado”. Se Valerie estava disposta a odiá-la, que pelo menos tivesse algum motivo para isso.

Sirius soltou uma exclamação surpresa, engasgando com a bebida.

James deu uma gargalhada escandalosa, sendo seguido das outras pessoas presentes.

— Black tá perdendo o jeito – um garoto que Marlene não conhecia falou.

— Não vamos julgar, se fosse eu no lugar dele também teria uma reação parecida – um outro disse, risonho.

— Vão à merda! – Sirius respondeu emburrado.

O grifinório passou os braços ao redor de Marlene, ajeitando-a em seu colo. Ele aproximou o rosto de pescoço dela, deixando um beijo no local antes de sussurrar:

— O que você tá fazendo?

— Agindo como sua namorada?! Mas se você quiser que eu saía, é só falar.

— Eu não disse isso – ele retrucou. – O que a Valerie queria?

— Marcar território, me fazer sentir ameaçada ou insegura, sei lá.

— E o que você fez?

— Proclamei meu amor e deixei claro que lutarei com unhas e dentes!

Sirius gargalhou.

— Você é tão idiota! Eu estou falando sério!

Marlene sorriu.

— Não falei nada de mais, não vamos sair no tapa nem nada do tipo.

— Jura?! A ideia de duas garotas disputando meu coração não é ruim.

Ele disse para irrita-la e ela revirou os olhos.

— Espere por isso sentado – Sirius sorriu.

— Essa semana, hein? A revolta dos ex’s...

— Sim – Marlene bufou. – Nem é real e eu já estou ficando irritada com toda essa gente me dizendo o que fazer, imagina se fosse...

— Vocês pretendem continuar com os cochichos a noite toda? – James questionou com uma das sobrancelhas arqueadas.

Sirius afastou seu rosto do de Marlene para conseguir olhar o amigo.

— Não precisa ficar com ciúmes, Prongs!  Tem Sirius para todo mundo!

***

—Lene acorda, eu preciso de ajuda – Lily pediu, chacoalhando a loira.

— Lily – Marlene gemeu. – Hoje é sábado e eu estou de ressaca, me deixa dormir!

A garota se aconchegou mais na cama.

— É urgente! Seja uma boa amiga e me ajude.

— O que pode ser tão urgente essa hora da madrugada? – ela perguntou com a cara afundada no travesseiro.

— Não é madrugada, Marlene – Lily respondeu, mas não ganhou de volta nem um suspiro sequer – Eu vou a Hogsmeade com o James e preciso da sua ajuda para me arrumar – ela declarou.

Marlene se virou tão de pressa para encarar a amiga que acabou caindo da cama.

— Você vai a um encontro com o James? – falou exasperada, ainda jogada no chão.

— Eu não sei se é bem um encontro – Lily respondeu corada.

— Corta essa! Quando foi que isso aconteceu? Eu não acredito que você não me contou Evans! – Marlene acusou revoltada.

— Ele me convidou ontem. Depois que você e Sirius foram se deitar, a gente ficou mais um tempo no salão comunal conversando e quando fomos nos despedir, ele perguntou se eu gostaria de ir com ele. Eu disse que sim.

— MEU MERLIN! – a loira exclamou com a mão no peito. – Esse momento está mesmo acontecendo, não é um sonho.

Lily suspirou e tacou a blusa que segurava na amiga.

— Para com isso! Levanta logo daí e vem me ajudar! – a ruiva pediu chorosa. – Eu não faço ideia do que vestir.

A ruiva foi obedecida prontamente. Quem olhasse a cena de fora acharia que era Marlene quem estava de encontro marcado devido a sua animação. Não que Lily também não estivesse animada. Ela estava, e muito, mas estava proporcionalmente nervosa.

— Eu passei tanto tempo recusando isso que nem sei como proceder.

— Eu aposto que James está pior, você tem certeza de que ele não entrou em curto quando você aceitou? – a loira perguntou enquanto elas iam direção ao Filch para que ele as liberassem.

E Marlene não estava totalmente errada. Ela e Lily acabaram indo juntas até onde James a aguardava, pois Sirius havia lhe mandado uma coruja falando que estaria junto com o amigo. No momento em que James viu Lily, ele abriu um sorriso bobo que ficou fixo no lugar durante todo o trajeto que elas fizeram até chegar a eles. O que fez com que Marlene soltasse um suspiro, incapaz de conter sua satisfação.

— Pronto, está entregue – a loira sorriu para o casal.

— Bom, então vamos James – Lily falou sem graça, puxando o garoto com a mão para longe de Sirius e Marlene.

— Eles não são uma graça juntos? – a garota falou para Sirius que soltou um riso baixo.

— Você está quase no mesmo nível de animação do James – ele respondeu.

Os dois também se encaminharam para Hogsmeade, porém entraram em um consenso mudo que ir para o xale da Madame Puddifoot, como James e Lily, estava fora de cogitação. Optando pelo já bem conhecido três vassouras. Acabaram nem ficando tanto tempo no estabelecimento, já que Marlene estava dispensando bebidas naquele dia, no fim, resolveram apenas andar pelo vilarejo, para logo depois voltarem para o castelo, por pedido da loira.

O passeio que Marlene achara que seria legal se saiu uma péssima escolha. Os dois estavam cansados de mais por conta da farra do dia anterior. E Marlene ficara irritada, pois se sentiu quase como se estivesse andando sozinha, já que Sirius parecia com a cabeça no mundo da lua.  

No fim das contas, a loira passou a tarde toda jogada em um dos sofás do salão comunal.

— Toma – Sirius falou próximo a ela, lhe oferendo um pequeno frasco. – Vai te ajudar com a ressaca.

Marlene bebeu o liquido sem questionar enquanto ele se sentou no sofá, colocando as pernas dela em seu colo.

— Qual o problema? – ela questionou.

— Não tem problema algum.

— Você passou o dia muito calado – respondeu e ele suspirou.

Ela já estava achando que Sirius não iria falar nada, quando o mesmo disse:

— Valerie, ela me tira do sério!

— Ela falou com você? – Marlene arqueou a sobrancelha.

— Sim, quando você sumiu com a Alice ontem. Ela estava furiosa. – ele bufou. – Não entendo o que ela quer de mim, foi ela quem terminou e agora que eu estou supostamente com alguém, ela se acha no direito de me cobrar qualquer coisa. Eu juro que tentei fazer de tudo para que nós continuássemos juntos e ainda assim ela não quis saber. Por que diabos então ela age desse jeito?

Ele soltou tudo de uma vez, com a voz irritada e gesticulando com as mãos.

— Eu não sei por que ela terminou com você, mas eu acho que ela ainda sente algo. Um sentimento de posse definitivamente existe! – a loira respondeu.

— Ela não tem o direito de falar nada – ele rebateu bravo.

— Eu não disse que tinha – Marlene levantou os braços como se estivesse se rendendo.

— Valerie é tão complicada e eu estou sempre com essa sensação de estar pisando em ovos quando se trata de nós dois, parece que por mais que eu me esforce nunca vai ser o suficiente.

— Mas você a ama – a loira completou.

Ele não disse nada.

— Olha Sirius, parece ser uma situação bem complicada, mas sabe, por mais que você goste dela, você não tem que sempre aceitar tudo, entende? O que eu quero dizer é que você é um cara legal, merece estar com alguém que valorize seu esforço e os seus sentimentos. Não sei se vocês vão voltar ou não algum dia, mas se lembre disso. Não é porque você ama alguém que você tem que aguentar tudo ou viver das migalhas que o outro dá.

— Eu sei – ele suspirou chateado. – Mas não é tão fácil!

— Eu sei que não! 

— De qualquer maneira, obrigado! Você não tinha se incomodar, tendo que ouvir nada disso.

— Não precisa agradecer, não é um incomodo! – ela sorriu solícita. – Eu não estava brincando quando eu disse que eu sou a melhor namorada que alguém poderia ter.

Sirius sorriu, fazendo um carinho nas pernas dela.