Lionheart escrita por Carol


Capítulo 3
Capítulo 3




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Setembro estava chegando ao fim, assim como o primeiro mês de Marlene de volta a Hogwarts, e apesar do dia não estar dos mais bonitos, a garota acordou de muito bom humor naquela manhã. Teria aulas com os professores que mais gostava, e James tinha marcado os testes para o time de quabribol para aquela tarde – o que era o real motivo para sua animação.

— Bom dia – desejou alegre ao se sentar a mesa da Grifinória para o café da manhã, sendo seguida por Lily.

Recebeu cumprimentos dos marotos, que estavam próximos a si. E de Alice e Dorcas, que estavam sentadas de frente para ela e Lily.

— Vocês demoraram – Alice falou.

— A Marlene é muito enrolada – Lily disse rolando os olhos. Os demais murmuraram em concordância.

A loira não respondeu, apenas soltou um resmungo baixo de indignação.

— Por falar nisso, não vai se atrasar para os testes hoje – James advertiu.

— Eu não vou – respondeu na defensiva.

— Como se a gente não te conhecesse McKinnon! – Sirius exclamou sarcástico.

— Pois fique sabendo que quando você chegar, eu já estarei lá há tempos, Black!

— Você não deveria mentir para si mesma assim – o moreno retrucou, dando um pequeno sorriso.

Marlene revirou os olhos e continuou a se servir.

— Para que vocês fazem teste, se continuam no time todo ano? – Dorcas perguntou.

— Porque se eu não os fizer, vão falar que eles estão no time só por serem meus amigos. Tem que ser um processo democrático – James respondeu. – Ainda que todos saibam que eles são os melhores em suas posições.

O garoto sorriu convencido para os amigos, que riram em resposta.

— Estou bem empolgado, a gente tem que ganhar mais uma taça antes de nos formarmos! – Sirius disse sorridente.

— É, mas para isso temos que rezar para que o pessoal que fará os testes seja bom. Não vamos esquecer que perdemos três jogadores este ano – James contrapôs.

— Relaxa Jay, tenho certeza que vai ser tranquilo.

— Marlene tem razão – Sirius falou. – Você está se preocupando atoa.

— Esse é meu papel como capitão, não é?

Marlene, James e Sirius faziam parte do time de quadribol da Grifinória há alguns anos. James havia conseguindo a vaga de artilheiro quando estava em seu terceiro ano na escola, e eleito capitão no sexto. Já Marlene e Sirius entraram para o time um ano depois, no quarto ano, ela como apanhadora e ele como batedor.

— Que horas vai ser o treino, Potter? – Lily perguntou. – Você não se esqueceu de que nós temos que fazer ronda hoje, não é?

— Não, Lily! Marquei para logo após o fim das aulas, teremos terminado antes do jantar.

— Tão responsável – Marlene suspirou, fazendo Remus e Sirius rir.

— Você deveria seguir o exemplo – James rebateu.

— Mas quem disse que eu não sigo? – falou. – Você é minha maior inspiração – ela deu um sorriso zombeteiro.

— Para de implicar e se apresse, Lene. Temos que ir para a aula.

Sirius lançou a ruiva um sorriso malicioso, fazendo Marlene soltar uma gargalhada de sua expressão.

— Uh, ela já está até te defendendo, cara! – Sirius sorriu para James, dando um tapinha em suas costas. – Parece que esse tempo que vocês andam passando juntos serviu para avançar bem a relação, hein Evans?

As garotas riram, e até Remus soltou um sorrisinho.

James teve que se esforçar para continuar sério.

— Cala boca, Padfoot – ele mandou.

— Black, continue comendo. Você fica mais bonito de boca fechada! – Lily o fuzilou com o olhar.

— Ai, Lily! Direto no meu coração – fez uma careta, levando as mãos ao peito. – Se você pretende conquistar o James, deveria começar tratando melhor o seu futuro cunhado.

A ruiva bufou, tacando um pedaço de pão no garoto. Sirius gargalhou.

— Anda logo vocês três – ralhou, olhando duro para as amigas que observavam a cena rindo.

As três garotas não pretendendo testar ainda mais a paciência da ruiva, se puseram a terminar do café da manhã sem mais piadas. Poucos minutos depois, as quatro foram em direção à sala do professor Flitwick para a aula de feitiços, que seria a primeira daquele dia.

***

— Você vem comigo para o campo de quadribol? – Marlene perguntou a Lily, que estava sentada em uma das poltronas do salão comunal, lendo um livro.

A loira já estava devidamente uniformizada com seus trajes de jogo, e com sua vassoura segura em uma das mãos.

— Vou, gosto de torcer mesmo já sabendo que você vai conseguir a posição – a garota respondeu, colocando o livro fechado na mesinha ao lado.

Marlene sorriu e negou com a cabeça.

— A gente não sabe o que nos espera – falou. – Pode ter alunos muito bons e eu perder meu lugar. Não é bom cantar vitória antes do tempo.

— Sua modéstia é bonitinha – a ruiva disse enquanto atravessavam o quadro da mulher gorda.

Elas se direcionaram ao lado de fora do castelo, onde do campo de quadribol ficava localizado. Ao chegarem lá, Lily foi se sentar junto a Dorcas e Alice. As garotas acenaram animadas para Marlene, que retribui a saudação com um pequeno sorriso.

James já estava lá, assim como uma boa quantidade de alunos da Grifinória, que pretendiam disputar uma vaga no time.

— Como eu havia dito, não me atrasei! – ela disse ao aproximar do amigo.

— É, pelo visto Sirius resolveu fazer as honras dessa vez – o garoto soltou com leve irritação na voz – Ele prometeu vir me ajudar a preparar as coisas para os testes, mas desapareceu!

— E ele ainda teve coragem de me encher o saco hoje mais cedo.

Ela fez uma careta de descrença.

— Eu pensei que ele estivesse com você – o garoto soltou em voz baixa.

— Comigo? Por quê? – ela franziu a testa.

— Ah, porque nenhum dos dois tinha chego ainda – desconversou. – Mas olha ele vindo ali.

Marlene olhou na mesma direção que o amigo, observando o moreno se aproximar deles. Quando seus olhares se encontraram, a loira ficou confusa com a maneira que Sirius a fitava.

— Caramba Padfoot, você tinha prometido me ajudar!

— Eu estava te procurando – ele se dirigiu a Marlene, com os olhos fixos na garota.

— Me procurando? – ele assentiu.

Ela o olhou sem entender.

— Por quê?

 – Será que dá para vocês dois conversarem depois? – James perguntou.

A garota manejou a cabeça em consentimento. Se não estivesse tão distraída, teria percebido o pequeno sorriso que James possuía nos lábios.

***

James comandou os testes, dividindo os alunos em grupos para cada posição. Nos testes para goleiros, Oliver Abbott, que já era o goleiro do time, conseguiu a vaga, apesar de ter sido uma disputa bem acirrada. Sirius continuou com uma das vagas de batedor, enquanto William Wright ficou com a outra vaga. Amelie Foster e Grace Mills formariam a artilharia junto a James, e Marlene permanecera com sua vaga de apanhadora.

Mesmo que tivesse ido bem no seu teste, a garota achou muito difícil se manter concentrada quando sentia o olhar de Sirius queimar sob si o tempo todo, deixando-a desconcertada. Ela não fazia ideia do porquê o moreno estava lhe procurando mais cedo, mas só poderia ser algo importante para leva-lo a agir de maneira tão estranha quanto estava sendo, em sua opinião.

Marlene levantou do chão onde estava sentada descansando, com a intenção de ir falar com Sirius e esclarecer o que estava acontecendo. Porém, assim que voltou a olhar para o local onde antes ele estava sentado com James, viu que o mesmo já caminhava ao seu encontro.

— O que há de errado com você, Black? – perguntou quando ele estava perto o bastante. – Tá mais estranho que o normal!

O garoto a olhou por alguns instantes, antes de suspirar.

— Eu não sei bem como dizer isso.

— Isso o que? Caramba Sirius, estou começando a ficar preocupada!

Ele respirou fundo, como se quisesse reunir coragem.

— Olha Marlene, eu nunca tive nada contra você, até me acostumei com a sua presença por causa do Prongs. – ele começou. – Você é bonita e tal, e é legal quando quer. – ela fez uma careta. – Eu fiquei muito surpreso com as coisas que eu li, nunca imaginei que você pudesse escrever aquilo. Mas não vai rolar. Não me leve a mal.

— Mas do que diabos você tá falando? – ela interrompeu seu monólogo.

Ele parecia levemente constrangido.

A loira o observou levar as mãos no bolso de sua calça e de lá tirar um envelope azul claro. Demorou um pouco para que ela raciocinasse o que estava acontecendo, mas assim que o fez, a garota sentiu seu coração falhar uma batida.

Marlene se aproximou do moreno e tomou o papel de suas mãos, apenas para ter a comprovação de que não estava alucinando. Não teve quaisquer dificuldades para reconhecer sua própria letra, indicando que aquela era uma carta dela para o garoto parado a sua frente.

Uma carta que ela havia escrito há anos atrás e que costumava estar muito bem escondida no fundo de seu armário. No seu quarto. Na sua casa.

— O-Onde você conseguiu isso? – perguntou num fio de voz.

— Eu recebi hoje, pouco antes de vir para cá – respondeu confuso.

Ela olhou para ele e então para o envelope em sua mão.

— Não, isso não pode estar acontecendo! – ela sussurrou nervosa.

— Marlene, foram muito legais as coisas que você escreveu, de verdade. Me senti lisonjeado – ele disse tocando de leve seu ombro. – Mas eu nunca te vi dessa maneira, quer dizer, você sempre foi a amiga do James, eu nunca prestei muita atenção, entende? E eu acabei de terminar com a Valerie também, as coisas estão enroladas...

Ela o encarou com os olhos arregalados, como se ele estivesse falando grego. A única coisa que desejava no momento, era que surgisse um buraco onde pudesse se enfiar.

— Eu não te enviei essa carta, não sei como ela foi parar com você!

— Mas tem o seu nome assinado nela.

— Eu a escrevi há anos atrás, era para estar guardada e não com você – ela respondeu examinando o papel em sua mão, como se este fosse te confessar como tudo aquilo havia acontecido.

— Não precisa ficar inventando desculpa – ele disse e ela bufou.

— Eu não estou inventando desculpa nenhuma, Black! – sua voz saíra mais irritada do que pretendia. – Essa merda foi escrita quando a gente tinha, sei lá, uns 12 anos. Tudo o que você leu é um monte de baboseira, e já passou. Eu não quero nada com você!

Ela não queria ter soado grossa, mas estava surtando. Primeiro pela vergonha que estava sentindo, e segundo porque não fazia ideia de como aquilo foi acontecer.

O garoto a analisou, na tentativa de compreender se ela estava mentindo ou não. Quando ele abriu a boca para respondê-la, fora interrompido.

— Lene, será que podemos conversar? – Uma voz que a garota conhecia muito bem soou atrás de si.

 Ela virou e deu de cara com Matthew Cooper, que a olhava de um jeito sério. Entretanto, o que chamou mesmo sua atenção foi o pedaço de papel que o garoto tinha nas mãos.

A loira sentiu seu estomago revirar. Se já era vergonhoso o bastante que Sirius Black tivesse lido uma carta de amor que ela havia escrito, nada se comparava a saber que seu ex, que tinha lhe dado um pé na bunda para ficar com outra, também tinha lido uma das cartas. Onde a garota deixava bem explicito o seu amor e todo o seu sofrimento com o término.

Matthew era um garoto da Corvinal, do mesmo ano de Marlene. Era muito bonito, alto e de ombros largos, tinha os cabelos loiros da mesma cor que os dela, e os olhos cor de mel. Não fora preciso muito para que a garota se sentisse atraída por ele. Eles dois haviam começado a namorar quando estavam no final do quinto ano, e fora o primeiro e único relacionamento sério que ela tivera. Ficaram juntos por seis meses, e o término não tinha sido dos melhores.

— Não vai dar Matt – respondeu virando de costas para ele. – Eu realmente tenho umas coisas para resolver.

Seu coração estava acelerado e suas pernas tremiam levemente. A garota sentia como se fosse desmaiar a qualquer momento.

— É importante, Marlene! – o garoto a segurou pelo braço para impedi-la de se afastar. – Não pretendo tomar muito do seu tempo.

Ela abriu a boca para argumentar, mas sabia que o garoto não desistiria até conseguir falar com ela. Dando um suspiro de frustração, ela o seguiu até um canto mais afastado do gramado, sendo observados por Sirius.

— Pois não? – se fez de desentendida.

— Eu recebi uma carta hoje – ele balançou de leve o envelope em sua mão – Com a sua assinatura, e se dirigia a mim. Tem umas coisas bem... Intensas escritas.

— Ah, isso? – ela comentou como se não fosse nada demais – Bom, eu escrevi há alguns meses. Não é nada de importante.

Ele pareceu levemente afetado pela indiferença dela.

— É claro que é importante! Me senti ainda mais culpado com tudo o que aconteceu depois de lê-la. Eu sinto muito por te magoado dessa maneira – ele falou em voz baixa. – Não fazia ideia de que você ainda se sentia assim.

— Eu não sinto – ela disse, reforçado a negação com a cabeça também.

— Então porque me enviou isso? – ele perguntou confuso.

— Não enviei. Não era para ser entregue, eu escrevi só para mim, mas pelo visto alguém está querendo me pregar uma peça – ela respondeu com a voz levemente irritada.

— Lene, será que dá para você abaixar a guarda? Acho que nós devíamos conversar, porém fica difícil com você assim na defensiva.

— Eu não estou na defensiva – mentiu, é claro que estava. Tinha sido exposta e estava se sentindo nervosa na presença do garoto – Só acho que você está dando importância demais a algo que já passou.

— E você acha que eu não deveria me importar? Ler isso me fez pensar em muita coisa, e repensar muitas outras.

— Esquece isso Matt, é passado! – ela respondeu em voz baixa.

— Como você espera que eu faça isso? Me sinto um imbecil por ter agido como eu agi naquela época – ele falou meio atordoado. – Agi por impulso e não medi as consequências dos meus atos. Acabei estragando algo legal que tínhamos.

Ele a fitava intensamente.

Marlene sentiu suas mãos suarem.

— Isso não faz mais diferença agora – ela disse.

— Sem dúvidas, faz diferença para mim! Por que você está dizendo isso?

Ela olhou para o garoto por alguns instantes. 

Não queria que ele pensasse que ela não havia superado o relacionamento que tiveram, que ela ainda não havia o superado, ou que ainda sofria com o termino. Odiava a vissem vulnerável em qualquer situação.

Ouviu a risada escandalosa de Sirius ao fundo que, ao espiar por cima dos ombros do garoto a sua frente, ela notou que ria de alguma coisa que James falava.

Foi neste momento que a ideia mais idiota que ela poderia ter, passou por sua cabeça.

— Porque eu estou namorando – ela respondeu.

— Quê?

— Eu estou namorando Matt, então o melhor para nós dois é esquecermos essa carta e o conteúdo dela.

Ela conseguiu ser bem convincente. Esses anos de convivência com James tinha que servir de alguma coisa afinal.

— É sério isso? – ele perguntou perplexo. – Porque eu não ando vendo você com ninguém.

— Ah, é algo meio recente.

— Você está mentindo? Porque parece muito que sim!

— O que? Claro que não! – exclamou com falsa indignação na voz. – Por que eu mentiria sobre isso?

— Eu não sei, você está estranha!

— Eu não estou mentindo. Não preciso mentir sobre ter um namorado, ao contrário do que você pensa.

Ela estava sendo ridícula e tinha total noção disso, mas não podia voltar atrás depois de já ter começado com a história.

— Não foi isso que eu quis dizer, Lene. – ele suspirou. – Você me pegou um pouco de surpresa. Estava pensando que talvez a gente... Eu não sei... As coisas que eu li mexeram muito comigo.

Ele deu um passo em sua direção, porém ela recuou um, sentindo-se acanhada.

Matt suspirou, voltando a posição anterior.

— É só que eu não vi você acompanhada de nenhum outro rapaz além do James e o grupinho dele – comentou sem graça.

— E você não se atentou a possibilidade de eu estar saindo com algum deles?

— Quê!? Do que você está falando? – ele levantou levemente a voz.

— Olha Matt, eu realmente preciso ir! – desconversou. – Nós podemos nos falar em outra hora.

Marlene se afastou o mais rápido que conseguiu do loiro, caminhando decidida na direção onde Sirius estava parado com James e mais alguns colegas de time. Sentia o olhar de Matt queimar sob si, por isso não pensou muito antes de realizar as ações seguintes. Achava que seu cérebro devia ter entrado em curto pelo choque pela conversa que tinha acabado de ter com seu ex, ou fora simplesmente a pressão que estava sentindo no momento.

Mas quando ela se aproximou de Sirius, o puxou pelas vestes em sua direção, colando seus lábios aos dele.

Por estar com os olhos fechados, não conseguiu ver o que estava acontecendo em sua volta. Porém era possível ouvir os sussurros desacreditados, e o burburinho que se desenrolou.

Sirius demorou uns segundos para retribuir o beijo, entretanto, no momento que ela pediu passagem para aprofunda-lo, ele a concedeu hesitante. Marlene não conseguiu refrear o arrepio que se estendeu por sua coluna ao sentir a língua do garoto tocar a sua, e ele apertar de leve os dedos em sua cintura, puxando-a para mais perto.

O beijo não durou muito, e quando ela se afastou e abriu os olhos, viu o olhar de interrogação com que o moreno a encarava. Marlene desviou o olhar,  passando a fitar a grama verde aos seus pés.

— Então... Até mais tarde Sirius – se despediu e rapidamente se afastou, sem graça. Antes que qualquer questionamento pudesse ser feito.


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Notas finais do capítulo

Heeey, mais um capítulo!!!!! E agora começa a desenrolar a história dos dois hahah
Espero muito que vocês gostem! Se quiserem, comentem sobre o que estão achando, sugestões e críticas são sempre bem vindas.
E Muito obrigado as pessoas que estão acompanhando ♥
Beijosss!



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