EnGraçadinha escrita por Sweet Madness


Capítulo 1
Patrulha




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Ele finalmente havia jogado Joker no Arkan. Haveria um pouco de paz em Gotham, pois o submundo ficaria perdido sem o príncipe do crime.

Não que estivesse desatento na patrulha aquela noite. Ele era o Batman, afinal, apesar de estar sem o traje, disfarçado de civil comum. Jamais estaria desatento.

E foi por isso que ouviu um choro muito baixo, entrecortado por soluços que ameaçaram esmagar o coração do herói. Deveria ser cauteloso, podia ser mais uma das armações de Arlequina.

Encontrou uma menina pequena, deveria ter seis ou sete anos de idade. Os cabelos loirinhos estavam imundos, cheios de fuligem e óleo. Haviam machucados bastante sérios e ela sequer havia erguido o rosto para ver quem se aproximava. Porém Bruce viu o pequeno corpo ficar totalmente tenso, pronto pra correr.

—Tudo bem, eu não vou te machucar.-Lindos bicolores se ergueram pra ele. Um verde-menta e outro castanho-chocolate. Ambos olhos tinham ranhuras douradas. Eram tão incomuns que prenderam a atenção do herói.-Olá, pequena. Eu sou Bruce.

Se abaixou em frente a menininha, que ergueu mais o rosto. Ela tinha um hematoma na bochecha e um corte no centro do lábio superior. Estava vermelho e inflamado, sem dúvida deixaria uma cicatriz.

—Eu sou Daintiness...

—Daintness? Que nome bonito.

A menininha deu um sorriso orgulhoso e dolorido.

—Papai quem me deu.

Bruce acabou se sentando no chão, Alfred iria matá-lo quando chegasse em casa. Mas isso não importava. Especialmente depois de a menininha ver o que ele havia feito e parar de abraçar as pernas, tentando limpar as lágrimas mas apenas sujando mais seu rostinho ferido.

— Não, querida.-Pegou um lenço que carregava no bolso e limpou o rosto dela com cuidado, ficando longe das feridas inflamadas para não causar dor e ela voltar a se retrair.-Pronto, agora sim. Onde está seu papai?

— Eu não sei...-Ela deu um pequeno soluço, abaixando o rosto.-Os homens das luzes coloridas levaram meu papai...-Provavelmente os capangas do Joker. Ele teve de se impedir de ranger os dentes.-Agora ninguém vai me proteger dela... Ela me odeia.

—Foi ela quem machucou você?

Ela deu mais um soluço e voltou a se encolher. Merda, queria que Alfred estivesse ali. Com certeza o mordomo não teria feito uma pergunta estúpida que fizesse a menina se retrair.

—Foi... Ela me odeia porque papai me ama...

Provavelmente mais uma madrasta louca e ciumenta. Bruce ainda conversou um longo tempo com a menininha, até ganhar a confiança dela. Ao ponto de a pequena lhe esticar os braçinhos quando a convidou para comer uma janta quentinha. Ninguém podia culpa-lo por isso ao ouvir o estômago da menininha roncar alto.

Chegou na mansão Wayne, ainda com a pequenina agarrada ao seu pescoço. Ouviu os passos rápidos de Alfred e agradeceu o mordomo abrir a porta da garagem, ele não queria soltar a menininha, que agora estava enrolada em seu sobretudo.

—Patrão Bruce! Isso lá é hora de...

Ele descobriu a cabeça da menininha, que tinha um dos polegares na boca e algumas pequenas trilhas de lágrimas no rosto. Bruce viu a pose de bronca de Alfred se desmanchar como açúcar na água. Os olhos do mordomo chegaram a brilhar.

—Desculpe o atraso, Alfred.-Pediu, observando a menina fixar os coloridos no mordomo, tirar o dedo da boca machucada e abrir um sorriso triste para ele. Como aquela criança era empatica...-Mas eu tive de buscar a nossa convidada para jantar.

—Olá, pequenina.-O grisalho tirou uma mexa da frente do rosto da garotinha.-Está com frio?

—Oi, Alfie...-Ela deu um pequeno bocejo.-Tio Bruce disse que ia me deixar tomar banho quentinho...

—E que iria comer uma comidinha quentinha também, certo? Se ele não disse, eu estou prometendo. Pode tomar seu banho tranquila, querida. Vão ter roupas limpas e quentinhas esperando você.

—Obrigada, Alfie.

Bruce abriu um sorriso de lado, que chegou a impressionar Alfred, e se foi escada a cima, conversando tranquilamente com a menininha nos braços.

O mordomo foi para a cozinha, onde encontrou Dick e Jason comendo sobremesas.

—O que o pai fez dessa vez, Alfred? Você nem deu uma bronca daquelas nele.

—Seu pai encontrou uma joia, mestre Jason. Acredito que vocês dois ganharam uma irmãzinha.

—Não brinca!-Richard quase se engasgo com o pudim.-Bruce adotou uma menina? Bruce Wayne?

—Pois é.-O mordomo começou a preparar um suave brodo.-Bruce Wayne talvez adote uma menininha.

•~~•


Bruce estava encatado, assistindo a menina mergulhar na banheira, tentando enxaguar os cabelos loiros.

—Daintness... Quantos aninhos você tem?

—Oito! Eu faço aniversário no dia das bruxas! Papai achava isso legal.

—É realmente muito legal, pequena... Há quanto tempo você está longe de casa?-A garotinha fez um bico pensativo, franzindo a sobrancelha fina e loira.-Você não sabe?

—Não... Eu fugi dela depois que levaram meu paizinho...

—Sabe a quanto tempo seu papai foi levado pelos homens das luzes coloridas?

—Não... Eles levaram papai no dia do meu aniversário... Papai foi comprar abóbora para fazer um docinha pra mim... Como ele não voltava eu fui até o mercadinho... E vi os homens das luzes coloridas levarem ele embora... Meu paizinho tinha muitos dodóis...

O homem ficou transtornado. Se eles levaram o pai dela em 31 de outubro, e ela havia fugido da madrasta pouco depois... Então ela vagou sozinha por Gotham durante aproximadamente quatro meses... E pelo visto a madrasta é mais louca do que ele achava. Se havia perseguido a menininha durante todo aquele tempo...

—Venha, querida. Vamos tirar esse shampoo no chuveiro.

—Sim, senhor!

•~~•


Bruce entrou na cozinha, segurando uma mão pequena e machucada. Mas a menininha do outro lado se escondeu no batente, corada.

—O que foi, Daintness?

—Quem são eles?

—São meus filhos. Richard e Jason. Venha, pequena. Deixe-os verem você.

—Mas e se eles não gostarem de mim também?

Alfred deu um olhar cortante para a careta de Bruce, e foi se abaixar perto da menininha, pegando a mão que antes era segura pelo herói.

—Está tudo bem, princesinha. Ninguém vai ser malvado com você. Eu prometo.

Ela deu um sorriso largo, abraçando o mordomo com todo o cuidado do mundo, como se a idade o estivesse tornando frágil. A menininha realmente não conhecia Alfred.

—Obrigada, Alfie!

O mordomo a trouxe pela mãozinha e a ajudou a se acomodar à mesa. Aqueles olhos diferentes vagavam de um Wayne ao outro, e ela sorria simpática para os meninos. Usava um moletom mais antigo de Dick, que ficava enorme nela. Mas ao menos ela parecia confortável e quentinha.

—Oi, Daintness!-Cumprimentou o mais velho.-Eu sou o Dick.

Ela franziu a sobrancelha.

—É apelido de Richard?

— Sim, é apelido de Richard. E o baixinho mal humorado aqui é o Jason.

— Eu não sou mal humorado!-O garoto de onze anos soltou uma respiração pesada.-Oi.


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