Stupid Cupid escrita por Melshmellow


Capítulo 9
Capítulo 8 - A Tale Of a Cupid


Notas iniciais do capítulo

Helloooooo criaturinhas incríveis!! Demorei, mas estou aqui de novo! Vamos direto pro capítulo então.
Enjoy^^



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     — Kai! — o moreno ouviu batidas fortes na porta. — Vaza já daí! — Adaline exclamava sem parar de bater na porta, apenas para pressionar o irmão.

    — Não tô a fim! — o outro respondeu apenas para provocá-la e Meg não pode evitar rir, eles pareciam… irmãos.

    — Temos uma camiseta para você. Sai logo! — Megan se intrometeu e Kai saiu.

    A cupido deu a camiseta na mão do moreno e ele a pegou e vestiu de qualquer jeito, a deixando totalmente amassada.

    — Oh, pelo amor de Eric. — Megan resmungou, puxando a camiseta de Kai para baixo e arrumando os amassados da roupa.

    — Obrigado mamãe.

    — Tão criativo. — Meg debochou.

    — Tudo bem, chega crianças.

    — Ele começou! — Megan exclamou apontando para Kai.

    — Eu comecei? Você que…

    Kai tentou se defender, mas foi interrompido.

    — Ok, chega! Eu não sou a mãe de nenhum de vocês ok? Então parem. — Adaline perdeu a paciência.

    — Por falar nisso… — O herege começou a falar, encarando Meg. — Eu estou em desvantagem aqui. Você sabe tudo sobre mim, e eu não sei nada sobre você, não é Megan? — ele se aproximou da cupido de cabelos coloridos, lentamente. — O que você esconde, garota? Me conte. Conte sobre a sua infância perfeita, sobre o seu tal ex namorado filho de sei lá quem que quebrou seu coração de gelo.

    Megan sentiu seu coração falhar uma batida ao pensar novamente em seu antigo… amor? Óbvio que não, Megan não podia amar. Mas o sentimento que ela havia sentido por ele foi a coisa mais humana que ela já havia sentido em toda a sua vida como cupido. Além de Kai ter se referindo a sua infância como perfeita a fez perceber que ele era exatamente igual a todos os humanos; ignorante e burro.

    — Não é da sua conta, Parker! — ela exclamou com raiva e certa mágoa.

    — Kai, é melhor parar por aí. — Adaline tentou conter o irmão, mas nem Meg nem o herege pareciam que haviam notado sua presença ali, e continuaram.

    — Eu nem ao menos sei o motivo de você parecer tão afetada. — Kai disse, meio confuso. — Você sente tanto quanto eu, Megan! Nada!

    Megan o encarou séria.

    — Talvez eu sinta mais do que você ache, Kai. — e a cupido saiu do cômodo.

    Kai sentiu algo estranho crescendo em seu peito. E novamente o sentimento estava ali. Aquela espécie de pena que ele já havia sentido na outra noite, só que dessa vez parecia mais como… culpa. Mas não seria possível que ele estivesse sentindo culpa, não é? Era um sociopata afinal de contas, e não iria mudar por aquela cupido irritante. Kai pensou em provar, tanto para Megan quanto para si mesmo, que ainda era o mesmo assassino frio de antes, mas se lembrou do acordo. Ele ganha magia, e colabora. O herege bufou.

    Não se preocupe, Kai. Não vai durar muito tempo, ela logo desistirá, e você estará livre, e ela… irá ganhar outra forma de se redimir e continuar a ser a cupido patricinha que sempre fora. Kai pensou. Mas uma vozinha em sua mente ainda dizia que havia aquela outra possibilidade. A de que Megan poderia cair e se tornar humana por causa dele. A mais provável. Mas e se ela cair? E se não a darem uma segunda chance? Ele mordeu o lábio, nervoso. Por que você se importa de qualquer forma? Ele se repreendeu. Era como estar lutando contra seu anjinho e seu demônio mental, como nos desenhos. Mas se ela cair será sua culpa, e quem sabe você possa ajudá-la a se tornar humana, e não morrer. Pode acolhê-la. Dizia uma das vozes e a outra concordou. Sim. E então pode tomar todo o seu sangue, como fez com Crystal, e ficar três vezes mais poderoso que um vampiro normal. E então poderá matar aqueles amadores de Mystic Falls. Megan não estará lá para lhe impedir.

    Kai fechou os olhos com força, expulsando ambas as vozes de sua mente. Ele não precisaria se preocupar com aquilo, pois Megan não cairia, para o bem ou para o mal, ela não cairia. Simples. Foi o que ele tentou se convencer.

    — Kai. Não deveria magoar as pessoas que só querem o ajudar. — Adaline disse parecendo decepcionada.

    Ótimo, mais essa.

    Ele deu um riso forçado.

    — Como poderia eu, magoar uma garota que nem ao menos sente?

    — Você cruzou o limite, Kai. Você sabe que eu sou como ela. — a morena disse, agora em um tom duro. — Nós sentimos, só que é um meio termo. Sentimos em menos intensidade que os humanos, mas em maior que os filhos de Clarisse.

    — É. Essa conversa parece estar ficando meio chata. Então vai me contar do ex namorado cupido da Megan ou eu posso ir? — o herege pergunta irônico e desvia da irmã, tentando sair do cômodo, mas ela o para. — O que? Vai me contar do seu namoradinho?

    A garota imediatamente enrijeceu e o encarou séria. Kai ouviu os batimentos da cupido se acelerando, assim como a respiração da mesma.

    Ele sorriu.

    — Não achei que fosse. — ele se aproximou dela. — Sabe, você se parece muito com nossa irmã, Jo. Se deixa levar pelos sentimentos, bom… meio sentimentos, certo? Eu sinto o cheiro do seu medo, Adaline. Assim como senti o dela no dia do casamento. Ela sentiu minha presença lá dois segundos antes de eu abrir sua barriga e manchar aquele lindo vestido branco de casamento de um ainda mais lindo tom de vermelho.

    — Não tenho medo de você. — a Parker disse mantendo sua expressão fria.

    — Não é o que seu coração diz. — o herege roçou os dedos pelo pescoço da irmã. — Poderia matá-la agora. Mas não vou.

    — Por que não tenta? — ela desafiou, mas Kai ainda ouvia o coração da cupido, ela ainda estava com medo.

    — Não tenho certeza. Chame de resquício de humanidade em minha alma condenada.

    Kai se afastou e se sentou no sofá branco da sala de estar do segundo andar.

    — Eu não ligo para o que você faz, Kai. Mas peça desculpas a Megan.

    — Não. Ela que surtou por motivo nenhum. Eu não fiz nada errado.

    Adaline perdeu a paciência com aquilo.

    — Quer saber? Você pediu pela história de Megan. Então vou contar ela para você. Mas não espere nenhum conto de fadas, irmão.

    Kai sorriu.

    — Vamos descer. — ele disse descendo a escada e indo em direção a cozinha. Ele pegou um pacote de salgadinhos e foi para a sala de estar, se sentando no sofá e passando a comer na maior cara de pau. Adaline o seguiu o caminho todo, e quando ele se sentiu ela o encarou com repreensão. — O que? Quer um pouco?

    A garota negou com a cabeça e revirou os olhos, começando a história.

    — Megan Evelyn Carter era uma descendente de Milles relativamente normal. Ela vivia com sua mãe e seu pai. Ela nasceu em 1929 em algum lugar da América do Norte.”

    “Ela era um criança normal e feliz. Até que, quando ela tinha 10 anos, toda a sua vida desmoronou. Seu pai teve que ir para a guerra por dois anos, e Meg e sua mãe ficaram sozinhas. Como os homens iam à guerra, as mulheres tiveram que passar a trabalhar, e a mãe de Meg trabalhou, e fez a filha trabalhar também, mas óbvio que não era o suficiente, afinal, as duas trabalhando juntas não ganhavam nem a metade do que o pai de Meg ganhava, apenas por ser um homem.”

    “Elas acharam que as coisas se resolveriam quando o pai de Meg voltou, vivo, após dois anos na guerra. Mas, o problema, é que ele estava quebrado e traumatizado pelo que ele viu e fez naqueles campos de batalha. Pouco tempo depois, um pequeno fio de esperança nasceu naquela família. A mãe de Meg estava grávida novamente. E a felicidade encheu aquela casa naqueles 9 meses seguidos. Até o nascimento; Quando o bebê nasceu morto. Meg me disse que se sentiu como se o mundo tivesse se virado contra a sua felicidade.”

    “A mãe de Megan entrou em depressão pós parto. Seu pai se perdeu na bebida. E Meg, ela se trancou em seu quarto e quase nunca saía, e quando o fazia não dizia uma palavra. Um desses dias ela encontrou o corpo da mãe. Os pulsos cortados, sangrando até a morte. Mas ela não fez nada para impedir. Não chorou, não gritou, não pediu ajuda, apenas observou sua mãe se livrando de seu sofrimento. O pai de Megan viu aquilo e culpou a filha pelo suicídio da esposa.”

    “Maus tratos psicológicos não foram suficientes após algum tempo, então o pai de Meg partiu para o físico. Graças a Eric não fora muito tempo que ela passou com o pai após a violência física começar, seu aniversário de 13 anos chegou e ela recebeu a proposta de se tornar cupido, e sabemos o que ela respondeu. Sabe… cupidos devem ser perfeitos. Sem marcas, cicatrizes. Mas Meg quis manter as suas, e fez uma tatuagem no lugar, para que ainda as sentisse ali. Eu nunca soube o motivo disso, mas… É tudo tão complicado, não é? Nem tudo é o que parece.”

    Kai não respondeu. Naquele momento, ele percebeu que a infância de Megan havia sido tão conturbada quanto a sua. E logo aquele sentimento estranho invadiu o herege.

    — Peça desculpas. — foi a última coisa que Adaline disse antes de sair do cômodo e se dirigir às escadas.
    Uma pequena parte de Kai insistia que sua irmã estava certa, que talvez ele devesse pedir desculpas. Ele lutou ao máximo contra essa vontade de falar com Megan, mas no final, cedeu.  

    Ele se levantou do sofá macio e foi em direção ao quarto que ambos dividiam. Ela não estava lá, o moreno olhou por toda casa, mas a garota havia sumido, então ele decidiu esperar que ela chegasse no quarto.

    Kai se deitou, e não percebeu quando acabou caindo no sono.

    Quando acordou, o quarto já estava completamente escuro. Tomado pela noite.
    Ao seu lado se encontravam cachos de um cabelo impossível de não reconhecer. Agora eles estavam bagunçados, as cores se misturando, diferente de quando a cupido se mostrava acordada.
    Megan estava de costas para Kai, por essa razão, ele soube no mesmo momento que ela definitivamente não estava dormindo.
    — Megan? — ele chamou.
    Nenhuma resposta, Meg nem ao menos se moveu.

    — Megan! — ele a chama mais alto. Ele não desistiria tão fácil. — Eu sei que você não está dormindo porque você ronca! — Ele sorriu malignamente, a conhecendo o suficiente para saber que ela não resistiria a se defender dessa.

    E ele estava completamente certo, pois no mesmo segundo, Megan se sentou na cama, e se virou para Kai, exclamando:
    — Eu ronco? Quem foi que teve que levantar no meio da noite para te fazer calar a boca com um feitiço de silêncio? Foi eu!

    O herege riu da reação exagerada da garota.
    — Calma. — Kai disse, soltando uma risada alta. — Espera! Eu ronco? — Kai exclama confuso.
    — Como um porco. — Meg declara, voltando a se deitar, agora virada na direção do moreno.
    — Ok. Desculpe. — Kai disse, sabendo que aquele desculpe, não era apenas sobre o assunto anterior, e sim sobre tudo o que ele havia dito. As palavras “me desculpe” quase nunca saiam de seus lábios sem um tom irônico, mas daquela vez, havia sido uma das frases mais sinceras já ditas em sua vida.

    Após aquilo, ambos se mantiveram em silêncio por alguns minutos, e Kai não conseguia olhar nos olhos de Megan por muito tempo, então direcionava seu olhar para outros lugares, qualquer outro lugar, mas sempre voltava a ela. Megan o encarava de volta, mas sem se importar quando o moreno desviava o olhar para outro lugar, ela apenas continuava olhando em seus olhos, como se estivesse curiosa com suas ações, como se ele fosse uma espécie de alienígena que Meg nunca havia visto.

    Depois de algum tempo, Kai desiste de não olhar nos olhos da cupido, e se deixa encarar os olhos castanhos esverdeados da garota encarando Kai inocentemente.
    Ele logo começou a reparar no rosto de Meg. Vendo que não havia mais o mesmo tanto de maquiagem que ela costumava usar, o que era interessante de o herege observar, afinal ele nunca havia a visto sem maquiagem desde que a conheceu.
    No rosto de Megan limpo de maquiagem, Kai conseguiu ver as pequenas e delicadas sardas que esta possuía, sempre escondidas pela base de rosto. Ele observou os olhos de um tom peculiar ainda direcionados a ele. O longo cabelo bagunçado em uma uma confusão de cores, o nariz empinado, e por fim, os lábios carnudos que a garota possuía, que, naquele momento, não estavam cobertos por camadas de qualquer batom, apenas estavam ali, curvados em um sorriso tímido.
    Após Kai perceber que aquele silêncio parecia estar se tornando inconfortável, ele resolveu quebrá-lo.
    — Acha que deveríamos conversar sobre aquele... tombo de hoje? — ele perguntou a primeira coisa que veio a sua cabeça.
    — Não é relevante. — foi sua única resposta.
    Kai apenas concorda com a cabeça.
    — Então... — Kai tentou parecer indiferente. — Adaline me contou sobre a sua infância.
    — Foi a muito tempo. Não me afeta mais. — Meg responde rápido.
    — Mentira. — o herege afirma da mesma forma, e a cupido bufa.
    — Eu não sou humana. Eu não sinto mais, Kai.

    — De acordo com Adaline e com você, você apenas não sente tanto quanto humanos normais, ninguém pode não ter sentimento algum, ele não iria demonstrar reação a nada. E até eu sinto. Descobri isso hoje, sabia? Me senti… estranho quando magoei você.

    — Grande avanço Kai. Se eu dizer que estou orgulhosa vai estragar o momento? — ele negou com a cabeça, com um sorrisinho. — Eu estou orgulhosa de você, babaca. — Ambos riram. — Abraço?

    — Isso estragaria o momento. — ele respondeu sincero. — Me conte sobre você.
    Meg suspirou.
    — O que quer saber?
    — O que houve com você após se tornar cupido?
    — Eu... apenas vivi. — Megan responde vagamente.
    — Vamos, deve ter acontecido fatos marcantes em sua história. Como conheceu suas amigas? E…

    Ele não continuou ao se lembrar da reação que Meg teve quando ele mencionou seu ex namorado, e ele não tinha certeza se deveria perguntar de novo, afinal, eles não estavam tentando ser amigos?

    Mas Megan havia entendido o que Kai queria dizer com aquelas reticências no final de sua última frase.
    — Eu... — ela deu uma pausa, e ela cogitou em falar, até mudar de ideia, e desistir. Mas logo que olhou para Kai ela soube que ele estava certo e ele estava em desvantagem. Ela sabia tudo sobre ele, e ele não sabia muito sobre ela. — Ok. Tinha esse cara. Logan. Eu fui colocada em uma missão com ele, mas eu era, bom, ainda sou, uma descendente de Milles que havia se tornado cupido, e a maior parte dos filhos de Clarisse tem muito preconceito conosco. Não acham que merecemos o que nos foi dado. Logan era assim, no início.

    Já não gosto dele. Foi a primeira coisa que Kai pensou, mas não ousou interromper a garota que estava se abrindo com ele pela primeira vez.
    "Essa foi a primeira vez que eu havia ido a terra em 30 anos. Eu e Logan entramos em uma escola pública com identidades falsas, para juntar um casal que havia sido destinado. Eles eram... literalmente almas gêmeas, a única coisa que eles precisavam, era um empurrãozinho, pelo fato de brigarem sempre. Nos disfarçamos de adolescentes e entramos em seu grupo de amigos. Pelo fato de Logan e eu brigarmos a cada cinco minutos, foi difícil terminar a missão, mas decidimos que parar de brigar era a melhor opção, afinal como os faríamos pararem de brigar se nem nós conseguíamos? Então tivemos uma ideia, o que faz uma equipe que se odeia trabalhar em conjunto? Um objetivo em comum, assim como tínhamos eu e Logan. Colocamos na cabeça de um professor que ele deveria fazer trabalhos em duplas que ele escolheria. Como planejado, ele colocou nosso casal, Tristan e Ruby, juntos. Mas, como sabíamos que Ruby acabaria fazendo o trabalho sozinha, pois Tristan não ligava para notas, fizemos o professor dizer que o melhor trabalho, ganharia entradas para o show de alguma banda humana... Os Beatle eu acho… E assim, eles encontraram alguma coisa em comum, e se tornaram levemente amigos, assim como Logan e eu. Eu ainda lembro como foi o primeiro beijo de Truby, um dos meus mais orgulhosos trabalhos. Eles haviam acabado de sair do show, eles haviam ganhado as entradas pelo trabalho bem feito, e eu e Logan os observamos com um apetrecho de Logan que nos permitia ficar invisíveis. Tristan e Ruby gritavam e riam alto, dizendo como o show havia sido incrível. Até que eles pararam, trocaram algumas palavras, e se beijaram. Eu e Logan comemoramos em alto e bom som, sabendo que ninguém nos escutaria. Nos abraçamos pela empolgação e quando nós separamos, pude jurar te-lo visto corar, mas era impossível para nós. A nossa vergonha não é tão intensa a ponto de nos fazer corar.”
    "A partir daquele dia, nos tornamos grandes amigos. Até que eu comecei a perceber suas reações, elas eram quase... genuinamente humanas perto de mim. Um dia o confrontei sobre isso, dizendo que ele sentia algo por mim, mas ele negou dizendo que era impossível."
    Kai não pode evitar rir.
    — Nós nos conhecemos a quatro dias e até eu sei que você odeia ser contrariada. Ele deveria saber que te desafiar é pedir para ser vencido, eu sou a única pessoa que pode ganhar um debate com você. O que você fez para prová-lo do contrário? — o herege perguntou sorrindo levemente. Kai se sentia bem em saber que Meg já havia sentido algo por alguém, mas ele não sabia o motivo.
    A cupido riu, ignorando a parte em que ele disse que podia vencê-la em um debate, ou aquilo se tornaria um.
    — Eu... o beijei. — algo se remexeu dentro de Kai, e não era uma boa sensação, ele presumiu que fosse porque ele sabia que aquela história não havia acabado bem. — Ele realmente tinha esses sentimentos. Ou pelo menos eu achei que sim. Após aquilo, entramos em uma relação complicada. Não éramos oficialmente namorados, mas agíamos como tal. A única coisa que nos incomodava era quando éramos apresentados para outras pessoas, e ficávamos como "essa é a minha... minha..." e nunca íamos para frente. Uma vez um dos amigos de Logan fez uma piada bem sem graça, que acabou dando origem ao apelido de Logan para mim. Era algo como "Olá, Minha. Belo nome o seu, à propósito, é um prazer finalmente te conhecer." E Logan passou a me chamar de “Minha”.
    — Como acabou? — Kai perguntou, um pouco rude. Meg suspirou e continuou.
    — Foi totalmente de repente. Num dia ele estava fazendo piadas, e me chamando de “minha”, e no outro ele simplesmente disse que... nada havia sido real. Que havia sido apenas um jogo para brincar com um meio-cupido e fazer lembrar-me que de que eu não era nada. E que então estava acabado, pois ele iria se tornar um guardião. — Megan disse triste, mas nenhum vestígio de lágrimas apareceu em seus olhos.

    Pela primeira vez em sua vida, Kai não sabia o que fazer. Ele sentia que talvez deveria abraçá-la, mas aquele não era ele. Ele queria dizer algo bom, fazer uma piada talvez, mas isso também não saiu. Também queria socar o rosto do tal Logan, mas ele provavelmente nunca chegaria a conhecê-lo, então as únicas palavras que saíram de sua boca foram:

    — O que são guardiões? — que merda de pergunta foi essa seu idiota? Kai pensou.

    — São os únicos de nós que conversam com Clarisse e trazem seus filhos para se tornarem cupidos. Além de fazerem nossas leis. — ela não parecia irritado por Kai ter feito aquela pergunta, e respondeu calmamente.
    — Um babaca não merece um cargo tão importante. — o moreno disse, e Meg sorriu triste.
    — Esse foi o sentimento mais humano que eu senti em toda a minha vida como cupido. Naquele dia, eu chorei. O que é outra coisa impossível para nós. Não quase impossível, é simplesmente uma coisa que não pode acontecer, como um humano voar. Eu havia sentido algo escorrer de meus olhos e escorregar pela minha bochecha. Eu limpei, e vi minha mão suja com algo vermelho, e vi que não eram simples lágrimas, era sangue. Eu fui até um dos nossos doutores, o meu mais confiável, Rory. Ele me disse que nunca havia visto algo assim, e testou meus poderes, para ver se ainda funcionavam, eles ainda funcionavam bem. Mas ele me disse que foi muita sorte eu não ter derramado lágrimas de verdade.
    — O que aconteceria se você tivesse deixado lágrimas de verdade caírem? — Kai perguntou, confuso.
    — Há uma lenda... — Meg começou.
    — Vocês tem muitas lendas. — o herege a cortou suspirando.
    — Essa está mais para profecia. Todos ouvimos isso quando éramos crianças, era como a nossa história do bicho papão.
    — Conhece a história do bicho papão? E não conhece o Bob Esponja? — o moreno exclamou, indignado.
    — Tem coisas humanas tão bobas que chegam a ser famosas. — a garota respondeu, sorrindo divertida. — a profecia diz:
    "No momento em que um filho de Clarisse derrubar uma lágrima humana,
    O reino dos cupidos mergulhará na destruição mundana.
    O caos tomará os três reinos, passado, presente e futuro.
    No dia que essa profecia se cumprir, nosso mundo cairá no poço mais escuro.
    Nossa única salvação não poderá ser comprada, ou forçada.
    Ela pode ser fria por fora, mas por dentro a única coisa que ela quer é ser amada.
    E quando emergirmos da escuridão, estaremos em uma nova era.
    Que te permitirá fazer todas as coisas, que em nenhuma outra você pudera."
    — Era para ser um símbolo de esperança. De que um dia, tudo mudaria para nós, e não iríamos mais pagar pelos erros de nossa líder. — ela explicou. — Mas ficamos tão acostumados a não sentir nada por tanto tempo, principalmente nós, os descendentes de Milles, que tiveram grandes perdas, e foi exatamente esse o motivo de nos tornarmos cupidos, não sentir, que o medo dessa parte de nós, dessa parte humana, é mais forte do que a esperança.

    Surpreendentemente, Kai ouviu a história toda sem interrompê-la, bom, não muitas vezes. E agora ele novamente não sabia o que dizer, então ele apenas se deixou dizer o que ele pensava.
    — Talvez sentir seja uma coisa boa. Quem sabe esteja na hora de você deixar seus traumas para trás de verdade. — ele disse, tentando apoiá-la, a primeira vez que ele tentava ser gentil com alguém.

    Mas Meg não havia achado seu comentário muito acolhedor. Ela o encarou com raiva e o deu um empurrão forte que fez Kai rolar e acabar no chão ao lado da grande cama rosa.

    Ele levantou, irritado.

    — Eu desisto de você! — ele exclamou e saiu do quarto batendo o pé como uma criança mimada.

    


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? Precisei mostrar um pouco mais da história da Meg nesse capítulo pro Kai entender que ela não é tão perfeitinha quando ela se faz parecer.
Anyway... Bjsss.
Comentem o que acharam amores. ♥



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