O encontro tinha sido um desastre. Não completo. Mas, ainda sim um desastre. Então, quando Hinata acordou no quarto desconhecido, na cama desconhecida, ao lado de um Naruto adormecido usando apenas uma cueca boxer azul e ela com uma blusa preta de uma banda de rock clássico; ela quis rir de si mesma. E riu, mas, abafou o som com a mão.

Ela devia ter ouvido Temari sobre o cabelo solto. Pelo menos teria sido melhor do que aquele coque todo complicado e cheio de grampos. Porém, em sua defesa, a Hyuuga nunca imaginara transar no primeiro encontro com um cara que conheceu na internet.

A morena se levantou da cama e revirou os olhos, sorrindo para sua atual situação.

Hinata saiu do quarto e caminhou pelo apartamento procurando pela bolsa. O apartamento era pequeno, mas, aconchegante. Tinha a suíte, um banheiro e uma cozinha conjugada com a sala. A bolsa estava no sofá.

Ela pegou o celular e mandou mensagens para as amigas avisando que estava muitíssimo bem e que contaria sobre o encontro assim que pudesse. Todas tiveram reações diferentes: Tenten mandou emojis de um macaquinho cobrindo os olhos; Temari respondeu com um “eu avisei pra ir de cabelo solto”; Sakura enviou emojis com a carinha safada; já Ino perguntou se Hinata ainda estava na casa do “bendito” e se ele estava sem camisa, se estivesse, mandar uma foto exclusiva da nona maravilha do mundo (a oitava era Gaara).

Hinata riu e se dirigiu para a cozinha na procura de comida, se lembrando do início da noite passada. Provavelmente um dos maiores desastres da sua história de encontros.

Ela olhou nos armários e na geladeira observando quais eram os ingredientes disponíveis para um café da manhã legal. Tinha leite, cereal de chocolate, café solúvel, pão de forma, manteiga e macarrão instantâneo. Como Naruto conseguia ter um corpo daquele comendo só aquilo? A morena sentiu uma leve inveja.

A Hyuuga pegou uma panela e colocou água para esquentar no fogão. Passava manteiga no pão enquanto lembrava-se do estranho jantar com as borboletas no estômago lhe cutucando.

Ela não conseguia acreditar que gostava tanto de um cara depois de apenas um mês de conversa virtual, um encontro esquisito e uma noite de sexo incrível.

Naruto tinha se atrasado 20 minutos e Hinata havia começado a se arrepender de tudo até aquele momento. Foi quando o loiro lhe mandou a mensagem “Desculpe” e a mulher decidiu voltar para casa com a cabeça erguida e esquecer que algum dia baixou um aplicativo de relacionamentos.

“Problema no trânsito...

Devo chegar em dez minutos”, as mensagens recebidas dois segundo depois de Hinata decidir ir embora. Não conseguiu evitar um sorriso.

 Quando o homem finalmente chegou, a mulher perdeu o ar. Como era possível alguém ser tão bonito ao vivo?

Mas, apenas a beleza do casal não bastou. Os dois estavam visivelmente nervosos. O papo foi estranho e sem desenvolvimento. Ela se sentia estúpida por estar tímida e não conseguir puxar um assunto interessante – chegou a falar sobre o clima chuvoso de durante a semana.

Eles pediram o jantar e Hinata deixou-se tomar um pouco de vinho para relaxar. A conversa estava tão descompassada que, quando um puxava assunto, era no exato momento em que o outro colocava comida na boca.

Até que em um dado momento, sem saber exatamente como, Naruto derramou vinho na camisa azul clara. A Hyuuga jurava ter sido o momento mais clichê e constrangedor que acontecera com ela. No entanto, assim que o líquido entornou sobre a roupa do homem, Hinata se levantou e foi ajudá-lo a limpar com o guardanapo de pano. O casal ria como duas crianças pelo acontecido. Então, eles, bem próximos devido à situação, trocaram um olhar que fez as borboletas malditas no estômago de Hinata voarem de forma desenfreada. Olhos azuis profundos, cheios de vida e de histórias pra contar, com um brilho único. Ela sabia ter ficado vermelha e deu um sorriso constrangido.

A mulher continuava se martirizando por se sentir assim por um cara que acabara de conhecer.

Depois que o clima aconteceu tudo passou a ser mais natural e confortável. Naruto chamou-a para dar uma volta e a convenceu a voltar pra casa de carona com ele depois do passeio.

Eles saíram no possante do Uzumaki contrariando todos os princípios de responsabilidade de Hinata. Mas, ela não se sentia ameaçada. Já tinha pesquisado sobre Naruto e descoberto que ele e os homens de suas amigas eram amigos incrivelmente próximos. O loiro até trabalhava na mesma empresa de publicidade que Neji, além de ser praticamente irmão de Sasuke. Caso contrário, ela nunca entraria no carro de um desconhecido.

No fim da noite, Hinata já estava nua na cama de Naruto em uma das melhores noites de sexo de sua vida.

Agora a Hyuuga estava escorada na pia, esperando pães com manteiga na torradeira ficarem prontos e a água ferver para fazer o terrível café solúvel. Se Naruto tinha aquilo, ele devia gostar.

Ela pegou a água fervendo e verteu na caneca de porcelana com o logo da empresa de publicidade estampado. O pão pulou da torradeira e deixando a caneca no balcão, pegou as torradas num prato e colocou outros pães no eletrodoméstico.

— Você ficou...? – a voz rouca soou vinda do rumo do quarto.

Hinata se virou e viu Naruto em pé próximo à entrada da cozinha. Ele usava só uma bermuda azul escura. Ino tinha razão: aquele homem era uma concentração de perdição muito grande por centímetro quadrado. Ainda mais quando sorria. E ele estava sorrindo.

As borboletas deram piruetas.

— Eu te disse que não costumo fugir depois de transar com um cara de quem gosto.

Hinata se aproximou alguns passos e Naruto a puxou pela cintura. Ele tinha cheiro de creme dental e loção pós-barba. Ela provavelmente estava com o famoso “bafo de dormido”, então, decidiu não falar muito no momento.

— Agradeço por isso. – o homem murmurou com a voz rouca, olhando-a nos olhos e dando um sorriso de lado.

A morena sorriu e desviou o olhar, envergonhada, só então percebendo seus braços apoiados nos braços dele e suas mãos segurando os bíceps – e que bíceps! – bem desenhados.

A Hyuuga se afastou sentindo as bochechas arderem. Aí estava sua natureza tímida acentuada por todos aqueles insetos batendo as asas bonitas em seus órgãos.

— Ééé... Eu fiz um café-da-manhã com o que tinha e só falta colocar o café solúvel na água quente. Eu não gosto, mas, já que tem, você deve gostar. – ela soltou tudo num fôlego só.

Naruto torceu o nariz.

— Não gosto de café solúvel. Comprei pra minha mãe testar uma receita da última vez que ela veio aqui. Mas, tem leite.

Ele andou pela cozinha nem um pouco preocupado com o abdômen exposto.

— Tudo bem. – Hinata respondeu baixinho lembrando não estar usando vestes muito comportadas também.

O Uzumaki colocou a caixinha de leite no balcão e viu que a mulher o encarava com timidez.

— Sabe, - ele passou os orbes azuis por todo o corpo da Hyuuga. – você ficou muito bem com essa camiseta. Embora, eu ache que Sex Pistols não faça muito o estilo de música que você curte.

Hinata olhou pra baixo, analisando a peça de roupa. Ela sabia que usava apenas aquela camiseta e a calcinha, mas, não tinha notado ter ficado tão curto. Resolveu mandar a vergonha ir passear e abriu um sorriso convencido.

— Realmente eu prefiro uma coisa mais no estilo One Direction e Ariana Grande, mas, agradeço o elogio. Estava até pensando em ficar com ela...

A Hyuuga se aproximou da torradeira com outro prato já em mãos para pegar os pães torrados.

— Pra devolver outro dia, quem sabe... – falou despretensiosa, como quem não quer nada.

Mas, na verdade as borboletas em seu corpo tinham congelado esperando uma resposta.

Foi quando ela sentiu Naruto envolvendo sua cintura por trás. Ele afundou o rosto na curvatura do pescoço dela e soltou um suspiro que fez Hinata arrepiar. Ela sentiu o sorriso contra sua pele.

— Se isso for um convite pro segundo encontro, pode levar quantas camisas você quiser.

Hinata sorriu como uma menininha boba.

E as borboletas retomaram o número de ballet com infinitos grand jeté’s.