Naruto pegou seu último chiclete. Ela estava atrasada seis minutos.

“Nossa. Seis minutos. Ninguém chega exatamente na hora.”

Deem um desconto, vai. Ele estava nervoso.

O Uzumaki decidiu que a única forma de tirar sua atenção do relógio seria conferindo (de novo) se tudo no apartamento estava certo.

O loiro se levantou e começou a olhar cada ponto do lugar: ele foi até seu quarto e ajeitou os travesseiros pela milésima vez naquele dia; conferiu se as velas aromatizadas estavam todas acesas e em um lugar seguro onde não pudessem causar um incêndio.

Naruto saiu do quarto e foi para o banheiro. O vaso sanitário estava fechado; as toalhas brancas estavam penduradas e nem a torneira da pia ou o chuveiro estavam pingando.

E assim, foi conferindo cada canto do pequeno apartamento. E cada coisa conferida que estava em seu devido lugar, ele foi soltando o ar preso nos pulmões.

Depois de todo o trajeto pela casa, sua primeira ação foi virar os olhos para o relógio de parede da cozinha.

Dois minutos?!

Tinha feito tudo aquilo e só tinham se passado dois míseros minutos?!

Naruto quis chorar.

Não aguentava mais aquela ansiedade. Estava acabando com ele.

O som da campainha ecoou pelo imóvel e o Uzumaki paralisou, assim como prendeu a respiração e o coração falhou uma batida. Estava odiando ficar tão nervoso.

Ele correu até a cozinha e jogou o chiclete na lixeira, se arrependendo logo depois ao pensar que poderia não ser ela na porta.

Naruto respirou fundo e se dirigiu à entrada do apartamento. Contou até dez mentalmente e tomando coragem para encarar nos olhos um possível término. Nem ele estava se reconhecendo mais, nunca fora tão pessimista.

Abriu a porta sentindo o frio do metal da maçaneta na mão.

— Oi, amor! – a mulher a sua frente exclamou sorrindo e entrando no apartamento depois de lhe dar um breve selinho.

Por um instante toda a ansiedade e qualquer outro sentimento deram lugar à paixão que Naruto Uzumaki sentia por Hinata Hyuuga.

Não. Paixão não.

O significado da palavra “paixão” era muito efêmero para descrever o que o loiro sentia.

Ele estava completa e irrevogavelmente louco de amores pela morena.

E esses pensamentos deram lugar novamente à ansiedade, ao nervosismo e ao medo de perdê-la naquela noite.

— Eu trouxe a sobremesa. – Hinata anunciou com um sorriso tímido estendendo uma caixa decorada. – Sei que falou que queria o jantar todo por sua conta, mas, preferi ajudar com uma coisinha.

Hinata realmente era perfeita. Ela sabia que estava esquecendo alguma coisa. E ela tinha justamente trago o que faltava.

Naruto pegou a caixa e sentiu a embalagem um pouco fria, certamente era algo para se por na geladeira.

— É torta de limão. – informou praticamente lendo os pensamentos do homem.

— Nossa Hina. Você é demais! – o Uzumaki sorriu abertamente.

— Esqueceu da sobremesa? – indagou sorrindo irônica.

— Sim. – respondeu prontamente se dirigindo para a cozinha sendo seguido por ela. – É mais porque eu não sei cozinhar nada de doce. Sendo assim...

Riu envergonhado, tentando se manter descontraído.

Ele viu Hinata se sentar num dos bancos da bancada, cruzando as pernas expostas pelo vestido azul-claro de saia rodada e cheio de desenhos florais. Os cabelos estavam presos num rabo-de-cavalo alto e os olhos destacados por uma maquiagem leve. Naruto não entendia nada de maquiagem, mas, achava a namorada linda quando ela fazia aquela decoração preta ao redor dos olhos. Lembrava-se vagamente de chamar delineador.

— Então você cozinhou nosso jantar? – ouviu a morena puxar conversa enquanto guardava a caixa na geladeira.

— Cozinhei. – ele se virou segurando uma jarra de vidro cheia de suco de laranja. – Não é um jantar que se diga “Oh meu Deus! Que jantar!” – fingiu espanto sorrindo. – mas, já é alguma coisa.

— Tenho certeza de o que for, deve estar ótimo.

— E está. Sem querer me gabar, mas é minha especialidade.

Naruto colocou a jarra sobre a bancada que dividia a cozinha da sala. Na bancada, duas peças de um jogo americano estavam postas lado a lado; pratos, taças e talheres, além dos guardanapos, estavam postos todos conforme a etiqueta. Tudo tão perfeito e meticuloso que nem parecia ter sido preparado por Naruto.

— Naruto. – Hinata começou calma e com um sorriso doce no rosto, mas, o Uzumaki a interrompeu.

— Eu sei que você prefere não beber, então fiz suco de laranja natural.

— Naruto-

— O jantar é só macarrão. Só que antes de servir, vou finalizar o molho. Preferi assim para que quando você chegasse, não estaria frio. Enquanto isso-

— Naruto. – a Hyuuga falou com propriedade chamando a atenção de um jeito doce e com um sorriso meigo. – Se acalma! Tá tudo bem. Não precisa ficar nervoso.

— Quem está nervoso? Eu não estou nervoso. Estou super... zen. – sorriu amarelo.

Hinata se aproximou até ele sentir a respiração dela em seu rosto. Teve que olhar para baixo e notou ela erguer levemente os pés devido à diferença de altura. O perfume de lírios emanava da pele dela e invadia suas narinas em um doce afago.

A morena pôs a mão direita na bochecha dele em uma carícia delicada.

— Você está nervoso. – concluiu com um sorriso singelo, o olhando nos olhos.

— Não estou, não. – disse devagar e baixo acompanhando o sussurrar da namorada.

— Você não tem que ficar. – ela negou brevemente com a cabeça. – Eu estou aqui. Com você.

E então ela juntou os lábios macios nos dele.

Deuses! Como Hinata era maravilhosa!

Naruto se esqueceu completamente de toda a preocupação que um dia sentiu. Ficou imediatamente aliviado com qualquer coisa que sentira durante a semana toda por causa daquele jantar.

O beijo casto durou apenas alguns segundos. Mas, bastou para o Uzumaki se lembrar de todos os motivos que o fizeram ficar apaixonado pela Hyuuga.

— Eu te amo, Naruto. E isso não vai mudar em cinco minutos ou em duas horas ou em três dias. Eu quero estar sempre ao seu lado. – Hinata declarou corando levemente nas bochechas pálidas, ainda com o sorriso no rosto.

E céus! Como Naruto amava aquele sorriso!

E como aquele sorriso o acalmava. O homem viu a sinceridade estampada nos olhos perolados e delicados de sua amada e acreditou em todas as palavras ditas.

— A menos que o que estiver naquela panela esteja péssimo! Então, estará tudo acabado. – a morena riu se afastando alguns passos do loiro.

Ele riu.

— Eu me garanto no macarrão.