Quando Naruto tinha 12 anos, ele se apaixonou pela primeira vez. Era a menina mais bonita da escola, e todos os garotos queriam algo com ela. Mas, Naruto queria algo sério. Queria que os dois fossem um casal; namorados. Daqueles que andavam de mãos dadas pra todo mundo ver e iam no cinema pra assistir um filme qualquer como pretexto para poderem se beijar sem ter que encarar a vergonha no rosto um do outro.

Então, no Dia dos Namorados, Naruto de 12 anos, com a ajuda – lê-se avisos – do melhor amigo Sasuke, preparou uma surpresa com uma rosa e dois bombons – ele não ganhava mesada e teve que abrir mão do álbum de figurinhas da Copa.

Na educação física, o Uzumaki pediu a menina em namoro. A resposta foi pior do que ele poderia imaginar. Tudo bem que o loiro imaginou toda uma cena com ela gritando e pulando em cima dele, mostrando a todos que eles estavam juntos.

Mas, pior que dizer “não”, como Sasuke já tinha alertado, a garota soltou:

— Eca. Não. Eu nem te conheço.

Foi a primeira vez em que Naruto teve seu coração quebrado, esmagado e pisoteado no dia dos namorados. E foi também a maior vergonha que ele passou. Todos riram dele. Até quando ele teve as calças abaixadas – felizmente a cueca não foi junto, infelizmente ele usava a cueca de carrinhos de bombeiro – no sétimo ano no refeitório, Naruto sentiu tanta vergonha.

Anos se passaram e o Uzumaki teve vários relacionamentos terminados no terrível e maligno dia dos namorados. Todos, pra ser mais exato. Menos o ultimo.

Naruto e Hinata tinham sobrevivido juntos àquele fatídico dia – que ele descobriu ser o primeiro dela.

Agora, o casal estava no carro. O silencio só não estava completo por causa da música dos anos 90 tocando no rádio. Isso nunca tinha acontecido com Naruto.  Ficar sem assunto não era algo que acontecia com alguma frequência na vida dele. Na verdade nunca acontecia. E a caixinha no bolso do blazer não ajudava.

Ele pensava em como pedir a mão da namorada. Já tinha desistido de fazer algo original, mas, nada de aliança no bolo ou na taça de champanhe. Só precisava de uma declaração de amor memorável. E não estragar tudo falando merda. O que acontecia com frequência.

Eles chegaram ao restaurante, que apesar de não ser muito chique, tinha manobrista e um estacionamento próprio.

Naruto e Hinata desceram do carro e o homem entregou as chaves para o manobrista que não devia ter mais que 18 anos.

Eles entraram no restaurante e foram guiados para a mesa reservada. Enquanto jantavam, Hinata parecia estar tão a vontade e se divertindo com as conversas trocadas entre eles – Naruto tentava não parecer nervoso, fazendo piadas bobas – que o loiro tinha esquecido o quão tenso estava.

Só quando a Hyuuga terminou a sobremesa, que a ansiedade voltou com tudo. Era agora. Ele não podia amarelar. Tinha que arrancar o band-aid rápido...

“Que analogia horrível!”, Naruto pensou.

— Hina. – o homem a chamou e engoliu em seco, ficando sério. – Tenho uma coisa importante pra te falar.

Hinata o encarou nos olhos. As pérolas estavam decoradas com uma maquiagem delicada. Usava delineador. Naruto lembrou-se do nome. O cabelo escuro caia delicadamente sobre os ombros. Os fios estavam completamente soltos e super lisos. E, céus! Como Hinata ficava linda naquele vestido verde escuro!

Ele limpou a garganta quando percebeu estar demorando demais para começar a falar. Naruto secou as mãos suadas na calça e agradeceu por ter decidido tirar a gravata antes de chegar na casa da namorada. Segurou as mãos de Hinata em cima da mesa. As mãos dela estavam quentes, ou talvez, as deles estivessem frias. Não saberia dizer.

— Hinata, durante muito tempo minha vida, a parte amorosa dela, nunca foi lá essas coisas. É verdade, eu fui muito feliz com todas as minhas ex-namoradas, – “NÃO! Não se fala de ex com a atual!”, seu cérebro gritou. – mas, ao seu lado eu sou mais. – conseguiu frear. – Você melhorou quem eu sou; me fez ficar mais maduro e responsável. Fez com que a ideia de construir uma família fosse mais palpável do que nunca. Ter quatro ou cinco mini-Narutos e mini-Hinatas correndo numa casa de quintal grande juntos com um cachorro e dois gatos. Eu sou o cara mais sortudo do mundo por ter uma mulher como você ao meu lado. Hina, você é companheira, doce, sincera, ri das minhas piadas bestas, é linda e muito sexy. Eu não sei se sou merecedor de ter alguém como você comigo, mas, eu só consigo pensar que quero passar o resto da minha vida com você pra tentar descobrir isso. Eu te amo.

O restaurante pareceu ficar em silêncio. Naruto encarou Hinata. Os olhos perolados estavam com lágrimas.

Então o cara que estava na mesa ao lado espirrou e cortou um pouco do clima. Mas, serviu para o loiro perceber que não tinha feito a pergunta de um milhão de dólares.

Ele soltou uma das mãos e a escorregou no bolso, pegando a caixinha branca. Estendeu a peça e a abriu revelando a joia. Um anel de ouro rosé com um diamante maior no centro e outros menores ao redor.

O Uzumaki não ajoelhou. Temia que caso se levantasse, iria direto ao chão, desmaiado.

— Hinata, - engoliu em seco, sentindo todos os seus órgãos congelarem e quererem se livrar do jantar. – quer se casar comigo?