Zeros e Uns escrita por Creeper


Capítulo 17
Capítulo Bônus: Perguntas + Cena Extra


Notas iniciais do capítulo

Olá ♥! Espero que gostem do oficialmente último capítulo da trama de "Zeros e Uns" ;u;!!!
Boa leitura ♥ XD!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/768738/chapter/17

— Por que tem câmeras e microfones aqui? Isso é um auditório? Que dia é hoje? – André perguntou de modo confuso.

— Você vê isso e muito mais, sexta-feira no Globo Repórter! – zombei.

— E quem é você? – Lucas arregalou os olhos.

Pensei, pensei e pensei mais um pouco. Sentei-me na cadeira de estofado vermelho e bebi um gole de minha água.

— É uma pergunta, de fato, deveras complexa... – ajeitei meus óculos. – Que eu levaria horas para responder, mas como o nosso tempo aqui é curto, eu sou eu.

— Você é eu? – Matheus arqueou uma sobrancelha.

— Não, você é você. – respondi.

— Então, eu sou você? – Lucas questionou.

— De certo modo sim. – franzi as sobrancelhas e fiz um biquinho pensativo.

— Espera, que? – André fez uma expressão de indignação.

— Certo, vamos simplificar... Eu sou a Creeper, a narradora de hoje! – balancei a cabeça com desaprovação e agarrei meu caderninho para fazer uma anotação: “Criar personagens menos lerdos”.

Os garotos se entreolharam e deram de ombros, como se não houvesse outra opção, e bem, não havia mesmo. Pigarreei e peguei alguns cartões em cima da mesinha de centro.

— Hoje vocês serão como celebridades! Irão responder perguntas de fãs! – citei animada.

— Fãs? Como assim? – um brilho surgiu no olhar de André.

— Não estou a fim de quebrar a quarta parede, porque eu não quero que vocês façam uma rebelião contra mim, então... Só respondam as perguntas, okay? Nosso tempo é curto, preciso devolver o auditório até quatro da tarde. – olhei para meu relógio e alinhei os cartões, os batendo contra a mesinha.

Lucas semicerrou os olhos e levantou a cabeça, aparentemente desconfiado. André não parava de balançar suas pernas e mover seu torso para frente e para trás na cadeira. E Matheus... Havia dormido sentado, nada novo sob o sol.

Uma profissão que eu nem vou pensar em seguir: apresentadora de Talk Show.

Peguei o primeiro cartão e o li em voz alta, simultaneamente, a pergunta apareceu no telão atrás das cadeiras dos convidados para que a plateia (imaginária) conseguisse entender com mais clareza.

 

Vênus pergunta: Lucas, você se deu bem de primeira com a sua outra mãe?

 

— Hã? – Lucas surpreendeu-se ao ver que a primeira pergunta era para si. – Bem, sim... Confesso que no início fiquei meio enciumado por ela, teoricamente, estar roubando a mamãe... Mas ela se mostrou tão doce e divertida, não tinha como a convivência ser ruim!

Um “onwwwwwwwt” ecoou por todo o auditório, fazendo André questionar de olhos arregalados:

— De onde veio esse som?

 

Vênus pergunta: André, quando sua mãe disse que ia ficar com outra mulher (a mãe do Lucas), você também teve uma boa reação no início?

 

— Assim... Não. – André massageou a nuca em sinal de constrangimento. – Nunca aceitei bem a separação dos meus pais. – suspirou pesadamente e desviou o olhar. – E saber que a mamãe ficaria com alguém que já tinha um filho, me afligiu um pouquinho... – encolheu os ombros. – Atualmente, faz quatro anos que estou nessa nova família e posso dizer que não a trocaria por nada. – sorriu de modo meigo e com as bochechas coradas.

— Que orgulho do meu irmãozinho que não queria que eu existisse... – Lucas brincou, sorrindo para o menor.

 

Vênus pergunta: Matheus, você tem medo/raiva de hospitais? (Já que você não quer fazer exames).

 

— Alguém acorda a criatura, por favor... – bati com a mão na testa ao ver que Matheus ainda dormia.

Lucas deu alguns tapinhas em seu ombro e sussurrou alguma coisa como “você me mata de vergonha”. O garoto acordou, adquirindo uma expressão vaga e uma postura desleixada.

— O que? – ele me fitou despreocupado. Fiz um sinal para que ele olhasse para trás e lesse o que estava no telão. – Medo de hospitais? Pfff, claro que nã...

— Lembrando que quem mentir, leva choque! – sorri de modo maldoso, balançando um controle que estava conectado com as cadeiras dos convidados. Ao apertar um único botão, o mentiroso levaria um “choquinho”.

— Tá, eu tenho. Feliz? – Matheus adquiriu um leve tom rosado em suas bochechas. – Não gosto de pensar nas pessoas me examinando, fazendo perguntas sobre o que eu sinto, tratando qualquer comportamento como indicio de uma doença... – cruzou os braços.

Lucas deu um pequeno risinho ao olhar para o namorado. Ops, eu disse namorado? Bom, quase namorado, quero dizer. Nenhum pedido oficial aconteceu, de qualquer forma.

— Agora, vamos dar as boas-vindas a mais uma convidada! Pode entrar, Paula de Souza! – anunciei empolgada.

A garota de cabelos rosas saiu detrás das cortinas vermelhas, fazendo a plateia (imaginária) vibrar e a receber com palmas e assobios.

— Gente, o que eu tô fazendo aqui? – ela deu um sorriso nervoso ao sentar-se do lado de André. – E como eu vesti isso? Poxa, eu estava de pijama há um segundo atrás... – olhou para o vestido rose que trajava e as sandálias nude em volta de seus pés.

André tentou disfarçar seu olhar impressionado, porém, falhou miseravelmente: seu sorriso bobo e face vermelha o deduravam severamente, afinal, Paula continuava sendo uma das garotas mais bonitas que ele já conheceu.

 

Vênus pergunta: Paulinha, você já teve uma quedinha pelo André ou pelo Lucas?

 

Os três garotos colocaram-se surpresos. André parecia deveras ansioso, Lucas desconfortável e Matheus... Bem, ele lançava um olhar tenso para a garota.

— Bom, claro que eu já tive uma paixãozinha platônica pelo Lucas. Mas acho que era mais por interesse, sabe? As mães dele fazem uns bolos deliciosos... – Paula brincou. – Tenho inveja de o Matheus por poder entrar nessa família e desfrutar das delicias que elas preparam... – fez biquinho.

— Ela sabe que poderia entrar na família de outro jeito. – André resmungou para Lucas, com uma pitada de ciúmes do irmão.

Lucas deu uma risada sem jeito e se encolheu em sua cadeira.

 

Vênus pergunta: Tia Creeper, você está aceitando fanarts?

 

— O que? Mas é claro que estou! Ficarei muito feliz de receber uma fanart, de qualquer um de vocês e com certeza, vou guardar no coração! – sorri de maneira meiga, sentindo um calorzinho em meu peito. – Além de espalhar pelos quatro cantos do mundo... – sussurrei. – Enfim, essas foram as perguntas da Vênus, vulgo minha esposa! Beijos, amor! – beijei a palma de minha mão e soprei na direção da câmera.

Separei os cartões com as perguntas da Vênus e peguei outros.

 

Isah Doll pergunta: André, quando você vai perceber que eu sou o amor da sua vida?

 

André corou violentamente e ficou estático em sua cadeira.

— Ora, ora, parece que o pouca sombra tem uma admiradora... – Matheus zombou.

— E-Eu... É, b-bem... Isso... – o menor ficou embasbacado. Ele respirou fundo e de maneira vacilante olhou para a câmera. – Sei que não nos conhecemos e talvez não venha a acontecer, mas com certeza seria muito legal! E aí, talvez eu pudesse ou não perceber... – falou rapidamente e baixou os olhos para os seus sapatos. – Obrigado e... Hã... Beijo. – fez um estalo com a boca.

— Owwwwwnt! – Paula e os outros dois garotos falaram em conjunto.

 

Isah Doll pergunta: Matheus, com quem foi teu primeiro beijo?

 

Matheus arrepiou-se e escorregou por sua cadeira.

— Foi com minha parceira de quadrilha. Na festa junina do colégio.

— Com a Luiza? – Paula arqueou uma sobrancelha, curiosa.

— Do ano retrasado. – Matheus bufou.

— Brenda?! – a garota perguntou surpresa e observou o garoto assentir lentamente.

— Espera, Brenda, aquela que você fez chorar? – André olhou para o irmão.

— Você fez a Brenda chorar? – Paula voltou-se para Lucas.

— Eu não pensei direito, tá? Só queria arranjar um jeito de me livrar dos valentões que estavam mexendo com o André no banheiro. – Lucas franziu a testa e abaixou a cabeça, parecia receoso.

Os cartões de Isah acabaram rapidamente, logo peguei novos.

 

Luska pergunta: Matheus, você já sentia alguma coisinha pelo Lucas antes de saber que ele era o Sem Saída?

 

— Sentia: vontade de bater nele. – Matheus sorriu de modo cínico. – Achava irritante o modo como ele defendia o pouca sombra e também... Desafiante. Mas como eu só conhecia aquele lado “inquebrável” dele, não tinha como sentir algo a mais.

Lucas deu uma pequena risada e revirou os olhos discretamente.

 

Luska pergunta: Matheus, tem algum hobbie além de escrever?

 

— Olha, na verdade, não... – Matheus pareceu pensativo.

 

Luska pergunta: Lucas, quando você e o André se conheceram, se deram bem logo de cara ou demorou para vocês se adaptarem um com o outro?

 

— Como meu irmão respondeu anteriormente, ele não ficou nem um pouco contente com a notícia de que teria mais alguém para dividir o espaço. André só sabia ficar com a cara enfiada nos videogames e nossas mães me pediam para eu interagir com ele, o que foi difícil, mas com o tempo nos adaptamos e vimos que ter um irmão era genial. – Lucas sorriu de orelha a orelha. – Afinal, aprontávamos juntos, guardávamos segredos, falávamos sobre as mesmas coisas...

André olhou para o irmão de maneira radiante e confirmou tudo o que ele disse.

 

Luska pergunta: Lucas, você gosta de algum filme/série?

 

— Não sou muito fã de séries, mas eu amo filmes! Sem dúvida, os meus favoritos são Coraline e toda a coleção de Piratas do Caribe! – Lucas respondeu animado. – Também tem As Crônicas de Spiderwick, Titanic, Efeito Borboleta... – começou a murmurar.

 

Luska pergunta: Lucas, já pensou em assistir animes?

 

— Já sim, principalmente porque o André fica praticamente empurrando uma tonelada para cima de mim. Só estou esperando minha vontade e algum tempo para assistir algum... – Lucas deu de ombros.

— Ele diz a mesma coisa desde que temos doze anos! Dá um choque nele, tia sei lá das quantas! – André reclamou.

— A pergunta diz se eu pensei, não se eu vou realmente assistir. – Lucas estalou a língua.

 

Luska pergunta: André, qual o seu anime preferido?

 

— Eu responderia Naruto, porque foi ele que me ingressou no mundo dos animes e que sou muito fã até hoje... Mas HunterXHunter ganhou meu coração de otaku! – André sorriu de modo sapeca.

 

Luska pergunta: André, qual seu animal favorito?

 

— Pinguins! Eles são rodeados de grandes mistérios como: possuem penas ou pelos? São aves ou não? Pinguins são injustiçados, ninguém entende a pequena avezinha de smoking... – André cerrou o punho em frente ao rosto e lágrimas falsas desceram de seus olhos.

— Ele só está dizendo isso porque era viciado em Club Penguin. – Lucas dedurou.

— Calado! – André o repreendeu.

Olhei para o relógio em meu pulso, já estava quase dando a hora de dar tchau, mas ainda tinha uma surpresa que eu gostaria de fazer e mais uma única pergunta.

— Luska, filho, você se empolgou demais nas perguntas... – folheei os cartões. – Vamos dar a vez para o Imatths, sim? – balanço a cabeça com leveza.

 

Imatths pergunta: Matheus, quando você e o Lucas vão se assumir?

 

Lucas e Matheus se entreolharam, suas íris brilhavam e suas bochechas estavam salpicadas de rosa. Eles deram as mãos e entrelaçaram os dedos carinhosamente.

— Bom, meu quase namorado ainda está se preparando psicologicamente para me apresentar as suas mães e eu estou tentando amolecer a ideia lá em casa, sem deixar muito na cara. Namoro já é uma coisa complicada, imagina quando se trata de namorar alguém do mesmo sexo... – Matheus explicou calmamente.

— Aposto que Dona Rita e Dona Marta irão amar a novidade! – Paulinha deu um sorriso gentil.

— Esse é o ponto. Elas vão amar até demais, sempre torceram para isso acontecer. – Lucas revirou os olhos e apertou a mão de seu quase namorado.

— E quanto ao pessoal do colégio? E se eles descobrirem antes? – André perguntou de maneira receosa.

— Eu não vou abaixar a cabeça para ninguém. Não quero ter que esconder o relacionamento que tenho com alguém para evitar ser alvo da merda do preconceito. Se alguém vier encher o saco, eu vou meter um socão na boca, não tô nem vendo. – Matheus ameaçou, cerrando os dentes.

— Eu te apoio completamente! Sabe, acho que deveríamos fazer uma manifestação no colégio. Exigir respeito, não apenas dos alunos, mas também dos funcionários! O diretor nunca fez nada para melhorar a situação e acabar com a droga do bullying. – Paula ergueu o punho.

— Ai, que orgulho dos meus nenéns! – juntei minhas mãos e abri um grande sorriso.

— Vocês estão conosco, sim ou claro? – Paula olhou os irmãos.

— Claro que sim! – Lucas riu, levantando a mão entrelaçada a de Matheus, mantendo ambas no ar.

— Então, eu não sou muito bom para debater ou gritar... Que tal irmos fazer alguns cartazes? – André levantou as sobrancelhas.

— Uau, genial! – Paula segurou o pulso do menor e levantou-o. – Bora!

— Agora? – Matheus sorriu.

— Agora! – os quatro afirmaram em uníssono e abandonaram suas cadeiras.

— Espera, o que? Ei... – arregalei os olhos e larguei os cartões. – Vocês... – tentei protestar, entretanto, todos pareciam extremamente decididos quando correram em direção a saída.

Suspirei calmamente e um leve sorriso se desenhou em meus lábios. Aqueles quatro conseguiriam o mundo se quisessem.

— Bom. Parece que acabou. – dei uma risada abafada e levantei-me.

Dei uma última olhada nas cadeiras do auditório e pude jurar que visualizei algumas silhuetas, como se elas houvessem me acompanhado durante uma grande jornada.

— Obrigada. – sussurrei para o vazio e as luzes se apagaram com um estalar de dedos.

 

Mantinha o olhar fixo no chão, chutando algumas pedrinhas que via pelo caminho. Estava um tanto apreensivo, dali há poucos minutos, Matheus estaria em casa para finalmente conhecer minhas mães. Dona Rita deu um grito de empolgação quando lhe contei sobre a visita e ela me mandou imediatamente ir até o mercado comprar refrigerantes e ingredientes para fazer um bolo.

 

Sabe, me sinto um pouco estranho em relação a tudo depois que o incidente de Quod Creature terminou. Parece que ainda há algo errado. Como se aquilo, de fato, nunca tenha acontecido. Mas eu sei que aconteceu, eu mais do que ninguém sei disso. Foi o que aquele cara disse em libras. E, afinal, quem era ele? Por que eu me senti tão familiarizado com sua presença? E mais, por que me parece que há algo incorreto com a linha temporal em que estamos vivendo?

 

Certo, viajei demais.

 

Balancei a cabeça, tentando afastar tais questionamentos e focar apenas na visita de Matheus, isso era o mais importante no momento.

 

Um sorriso bobo surgiu em meus lábios e eu não pude evitar de encolher os ombros com a empolgação. Estava tão disperso que nem reparei no que estava a minha frente e acabei trombando com alguém.

 

— Sinto muito! – falei automaticamente, levantando a cabeça.

 

Meu coração falhou uma batida e senti meu corpo inteiro congelar.

 

— Oh, não, tudo bem! – ele sorriu sem jeito, mostrando seus caninos afiados. – Se machucou? – seu olhar cruzou com o meu. Era diferente, não havia malicia como da última vez.

 

Me arrependi amargamente por ter-lhe provocado no chat do Quod Creature quando reconquistei meu primeiro lugar no ranking. Imaginei que nunca mais fosse vê-lo.

 

— Ei, aconteceu alguma coisa? Você me parece pálido! – o garoto demonstrou preocupação.

 

— Renan? – murmurei pasmo.

 

— Uh, sim? – Renan franziu as sobrancelhas. – Desculpa, nos conhecemos?

 

The End.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

CURTIRAM? EXPLODIRAM? Ou não, nem? Mano, foi um prazer imenso conhecer todos vocês e ter a honra de tê-los me acompanhando ♥, já falei bastante nas notas finais do cap passado, mas ai... Amo vocês, mesmo, saibam que vão ficar guardadinhos no coração da tia Creeper ♥! Obrigada, obrigada, obrigadaaaaaa, muito obrigada por tudo! Eu espero que a gente se encontre em uma próxima XD ♥, seja uma próxima vez, uma próxima história ou uma próxima vida!
Fiquem bem ♥.
Bjjjjs e tchau!
—Tia Creeper.