Zeros e Uns escrita por Creeper


Capítulo 16
Capítulo 14: Números completos


Notas iniciais do capítulo

MANO, MANO, MANO, EU TENHO TANTA COISA PRA FALAR, AAAAAAAAAAA!!!!! A GENTE CHEGOU AO FINAL, CARA, VOCÊS TEM NOÇÃO DO QUÃO EMPOLGADA EU ESTOU??? VELHOOOOOOOOOOOO, QUE EMOÇÃO!!!!!! OK, OK, RESPIRA...
Mano, são DUAS FUCKING HORAS DA MANHÃ e eu não devia nem tá na frente do notebook uma hora dessas, se minha vó levanta, ela me mata kkkkkkkkk!!!
Cara, vou ser sincera, eu não tava com vontade de revisar esse cap, n sei pq, procrastinei como nunca, MAS AQUI ESTÁ, PQ VCS MERECEM!!!!
Velho, velho, velho, isso pode não ter nenhuma relevância pra história, algum de vocês até já sabe, mas... EU CORTEI O CABELO, AAAAAAAAAA, EU TÔ MEGA FELIZ!
MANO, TÔ UM COMBO DE FELICIDADE.
Eu queria agradecer muito, muito, muito, MUITO MESMO, a toda a galera que me acompanhou até aqui, saibam que vocês são muito especiais, que vocês estarão para sempre guardados no meu coração. Pq vcs não são apenas leitores, vocês são uma segunda familia para mim ♥, eu amo muito vocês, vocês podem ter certeza de que se algum dia essa história virar um livro, a dedicatória será inteiramente para vocês.
Todo o apoio, o carinho, a motivação, tudo que vocês me deram... Foi muito especial para mim. Em dias que eu tava angustiada, vocês vinham me salvar. Vocês tornaram 2018 melhor para mim, assim como 2019 está sendo. Não quero parecer bajuladora ou falante demais, mas é a verdade. Obrigada, obrigada por existirem ♥!
Esse capítulo é dedicado a todos vocês! Tenham uma boa leitura ♥!



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Os gritos de André, os móveis sendo arrastados, o alarme agonizante e a percussão em meu cérebro faziam meu estômago se contorcer. O nervosismo me consumia, meu corpo tão frio e paralisado que eu podia me considerar morto.

Impulsivamente, cliquei no atalho nomeado de “Creatio Autem Zona”, por um milagre, os textos eram em português. As minúsculas letras pretas dançavam pela tela azul se eu as encarasse por muito tempo. Rolei a tela para cima e para baixo, tentando encontrar uma palavra chave.

Intento.

 

Isso, intento! Algo ali devia me informar sobre o objetivo deles!

 

Murmurei um parágrafo inteiro, mantendo os olhos semicerrados para que eles não desviassem do foco.

— ... A criação de conspirações que derrubem o governo atual, consequentemente obtendo glória e a oportunidade de construir centros de pesquisas legais que explorem os potenciais das mentes de jovens com algum distúrbio emocional... Aqueles que descartam irrelevâncias em serem cobaias ou que não vejam mais sentido no fenômeno chamado vida... – resmunguei perplexo.

— O que você tá vendo aí?! – André empurrava uma estante para a frente da porta com uma dificuldade considerável. – Acho que eu preciso de uma ajudinha! – gritou de modo sarcástico.

Minha boca estava seca e um nó havia se formado em minha garganta. Usei uma de minhas mãos para cobrir meus olhos e a outra para apoiar-me na mesa. Ódio e decepção correram por meu sangue.

Não se tratava do governo, mas sim de uma organização que queria derrubá-lo. Uma organização que se aproveitou de adolescentes infelizes, os fazendo se sentirem especiais, para depois os sequestrarem e os remeterem a pesquisas.

Me sentia um idiota por ter acreditado naquela ilusão. Como eu podia ser tão ingênuo?

Respirei fundo e engoli em seco, procurando me recompor. Sentia a palma de minha mão sendo umedecida aos poucos, sem saber se tratava-se de lágrimas ou suor.

Levantei a cabeça e arrisquei encarar mais uma daquelas pastas. Encontrei um mapa extremamente confuso, havia grandes pontos vermelhos em alguns estados do país e pequenos pontos azuis que rodeavam os mesmos. Contei de dez em dez e concluí que havia cem pontinhos azuis.

Ampliei a imagem, mais precisamente no estado de São Paulo, obtendo a capacidade de explorar os pontos azuis, um por um. Cliquei em um aleatório e me aterrorizei ao ver imagens de Renan junto de suas informações pessoais, desde o seu nascimento até sua atual idade. Me aventurei por outros pontinhos, descobrindo alguns rostos familiares, os quais havia visto no encontro.

O desespero me atordoava, selecionava pontos aleatórios, até encontrar o meu. Tinha tudo sobre mim ali, desde o meu tipo sanguíneo até minha FCM. Eu não fazia ideia de como haviam conseguido tudo aquilo, mas sabia que precisava destruir todas as informações.

— Lucas, não tem mais coisas para colocar na frente da porta! – André gritou angustiado, trazendo-me de volta para a realidade.

Olhei para trás rapidamente, fitando o amontoado de balcões, armários e estantes mal posicionados na frente do buraco aonde ficava a porta. Aquilo iria servir, apesar de que por muito pouco tempo.

— Obrigado! – assenti. – Você fez mais que o suficiente. – ergui meu polegar para lhe mostrar aprovação.

André limpou o suor em sua testa e deu um longo suspiro de cansaço.

Precisava acordar Matheus para que ele destrancasse as celas, já que nem eu ou André sabíamos fazer aquilo.

— Matheus, por tudo que é mais sagrado, acorda! – com uma mão bati a cabeça do garoto no teclado e com a outra continuei vagando pela área de serviço infernal. Péssima ideia, o contato com as teclas fez inúmeras guias se abrirem na tela do computador. – O QUE VOCÊ QUER DE MIM?! – não sei se gritei isso para o aparelho ou para o Matheus.

— Lucas, agiliza o processo! – André exclamou apavorado.

— Céus, é um beijo que você quer, ô, Bela Adormecida moderna?! – rangi os dentes e fuzilei a nuca de Matheus com o olhar.

Sua cabeça ergueu-se rapidamente, os cabelos cobrindo os olhos, um fio de saliva escorrendo pelo canto da boca.

— Seria ótimo. – ele massageou a testa, afastando os cabelos de seu rosto. Ia dar um óleo de peroba para ele passar naquela cara de pau dele!

— Vai logo, precisamos dar um fora daqui! – exclamei impaciente. Por dentro, eu agradecia imensamente por ele ter acordado.

Matheus espreguiçou-se, endireitou sua postura e começou a digitar agilmente, fazendo todas as guias sumirem. Notei seu estranhamento ao fitar a área de serviço, provavelmente ele devia estar tão confuso quanto eu por causa dos códigos binários e títulos em latim.

— Vamos ver... – ele inclinou seu corpo por toda a extensão da mesa, a tateando de cima a baixo. – Voilà! – levantou as sobrancelhas e sorriu vitorioso.

O vi puxar o que parecia ser um compartimento secreto, o qual guardava um teclado prata com menos de dez teclas. Matheus meteu a palma da mão em todas elas, ao mesmo tempo, causando o aumento do som do alarme e a volta das luzes vermelhas.

— O que você fez? – eu e André gritamos ao mesmo tempo, indignados.

— Vejam com os próprios olhos. – Matheus riu com superioridade e apontou para as telas acima do monitor. Era possível identificar uma fumaça esbranquiçada saindo das dobradiças e as grossas portas de aço se abrindo, uma a uma.

Observei diversos adolescentes, alguns optaram por correr e outros mantiveram-se estáticos, conseguia sentir a hesitação que exalava deles.

— Rebeca! – André gritou empolgado. Fitei a tela que mostrava a garota correndo com determinação ao mesmo tempo que olhava para trás com desconfiança.

Esperava que ela ficasse bem.

Suspirei aliviado, mas ainda incomodado com o alarme ensurdecedor e os gritos distintos que começaram a se espalhar pelo prédio.

— Bora! – Matheus pulou da cadeira e correu até a porta, o segui.

— Projeto piloto do criador... – André murmurou por um segundo.

— O que você disse? – perguntei automaticamente.

— Ali, em latim. – meu irmão apontou para a tela do computador.

Arregalei os olhos e corri de volta para o monitor. Deveria haver alguma informação do criador de todo aquele inferno, como uma assinatura ou créditos em seu nome.

— Qual ícone, André? – percorri meus olhos pela tela, sentindo minhas retinas serem queimadas.

— Esse! – ele pousou o dedo sobre uma pasta, a única delas que não possuía o nome em linguagem binária.

Cliquei ali como se aquilo dependesse da minha vida e fotos de baixa qualidade apareceram na tela. As imagens eram embaçadas e tremidas, dificultando sua interpretação. Apenas conseguia enxergar quadrados coloridos irregulares sobre um fundo bege.

— Consegue identificar alguma data ou nome? – perguntei para André. Afinal, entre nós dois, eu tinha a maior tendência de ter miopia.

— Nada... – meu irmão semicerrou os olhos, senti que ele estava forçando demais sua vista. Certo, entre nós dois, os dois eram cegos. Precisava dizer a mamãe e a Marta para nos levarem a um oftalmologista.

— Ei, não quero apressar vocês, mas a barra está excepcionalmente limpa e essa é a hora perfeita para darmos no pé sem trombarmos com um esquisito de capuz! – Matheus chamou a nossa atenção.

— O que? Então eu fiz essa barreira por nada?! – André indignou-se.

— Olha pelo lado bom, consigo ver uma gota de suor na sua testa e não é por nervosismo ao falar com a garota de cabelo rosa. – Matheus brincou. – Parece que o otaku sedentário finalmente se movimentou!

— Que?! – a voz de meu irmão saiu esganiçada. – É... Quem pensa... Que é você... – ele embaralhou-se ao tentar responder. – Lucas! – me chamou de maneira manhosa.

Eu estava hipnotizado em frente a tela do computador, tentando desvendar aquelas imagens.

Escutei um estrondo, o qual me fez dar um pulo de susto e levar meu coração até a garganta. Virei-me na direção do som e vi Matheus e André desmanchando a barreira.

— Oi? Terra chamando Lucas! – André rangeu os dentes e pulou para o lado de fora. – Não sei se você está ciente da gravidade da situação... MAS PRECISAMOS IR AGORA MESMO!

Balancei a cabeça, como se saísse de um transe. Olhei uma última vez para a tela, imaginando que a resposta cairia do céu automaticamente. Todavia, foi outra coisa que caiu.

Uma enorme parte de gesso aterrissou sobre o monitor, o rebaixando a milhares de pedacinhos de plástico e vidro. Instantaneamente, fui puxado para trás, evitando que um pedaço do teto caísse sobre minha cabeça.

Apenas assimilei as coisas quando estava fora da sala, respirando com dificuldade e sentindo um cheiro de enxofre invadir minhas narinas.

A situação passou por meus olhos como um flash. Minha cabeça girava e meus ouvidos pareciam estar imersos debaixo da água. Algumas imagens piscavam em minha mente: Matheus e André desesperados, as fotos embaçadas, o teto caindo e uma fumaça preta se espalhando.

Retornei à realidade com um engasgo causado pela densidade do ar. Meu coração batia intensamente e minha visão era turva.

— Lucas! Você tá bem? Fala com a gente! – Matheus gritava, balançando-me.

— Quantos dedos tem aqui? – André mostrava sua mão aberta para mim.

Engoli em seco e tive minha vista restabelecida.

— Cinco. – tossi.

— Oh, céus, ótimo. Você quase nos matou de preocupação. – André colocou a mão no peito, aparentemente aliviado.

— O que... – perguntei de modo lesado.

Matheus colocou as mãos sobre meus ombros e me encarou com seriedade.

— Escuta, a situação acabou de ficar mais séria... Há uma grande chance de... – Matheus falou com cautela.

— Morrermos! O prédio está desabando, tem um incêndio acontecendo nesse instante! – André cortou Matheus, disparando histericamente.

Arregalei os olhos e quase me engasguei (outra vez) com o susto.

— Puta merda! E o que a gente tá fazendo aqui?! – arranquei meu casaco e o pressionei contra meu nariz e minha boca. – Se vocês estão a fim de morrer intoxicados, bem! Mas eu não estou!

Matheus e André se entreolharam incrédulos e imitaram-me ao cobrir seus rostos com os casacos que trajavam.

Outro alarme passou a ecoar, esse mais rápido e mais agudo, seguido por mínimos esguichos de água vindos do teto. Não demorou muito para que ficássemos encharcados.

— Faz sentindo. Um incêndio faria com que todo o prédio tivesse de ser evacuado. – murmurei, os olhos lacrimejando por causa da fumaça.

Meu coração estava acelerado (nenhuma novidade, tendo em vista a situação) e minha respiração instável, uma agonia me engolia abruptamente, me sentia em um pesadelo. Apenas queria sair daquele inferno e poder ver o céu outra vez.

Olhei para os lados, procurando por algum sinal de vida, mas não havia ninguém.  Decidi tomar uma atitude, correndo escadas acima e obtendo protestos dos garotos. Era possível sentir a estrutura tremer e as paredes racharem aos poucos.

Deve haver uma escada de emergência.”, pensei enquanto subia o último lance de escadas. Com toda aquela aflição, não me importava com a dor em minhas pernas ou o fôlego que me faltava.

Abri a pequena grade no teto com um violento empurrão e impulsionei meu corpo para fora, conseguindo finalmente inalar ar puro. O céu azul acalmou-me em um piscar de olhos e o vento em minha nuca aliviou-me.

André e Matheus subiram logo em seguida, ambos caindo sobre o chão e respirando fundo. Havíamos conseguido chegar ao terraço e eu já enxergava uma escada branca na borda.

Engoli em seco, tendo a noção de que estávamos a muitos metros de distância do solo. A tontura chegou como um tapa.

— Vamos descer antes que tudo desmorone. Realmente, não é desse jeito que quero partir dessa para a melhor. – Matheus passou por mim, sentando-se na borda e deixando suas pernas suspensas.

André também passou por mim, porém, parou ao notar que eu estava imóvel.

— Ah, Lucas... – ele olhou-me receoso. – Você vai conseguir, é só uma escada.

Mordi o lábio inferior e cerrei os punhos. Estava tudo bem, não? André disse que era apenas uma escada. Não tinha com o que me preocupar. Né?

Aproximei-me da borda, entretanto, recuei assim que vi a altura em que estávamos. O chão subiu e desceu, deixando-me zonzo.

— Lucas, olha por tudo que você passou até chegar aqui, descer isso vai ser fichinha. – André segurou minha mão, aquecendo-a.

— E se eu c-cair? – balbuciei amedrontado, apertando sua mão com força.

Só de lembrar da altura, calafrios percorreram minha espinha. Um nó se formou em meu estômago, trazendo uma insegurança consigo.

— Eu te seguro. – Matheus pronunciou após um tempo.

Trocamos olhares: o dele determinado, o meu aflito.

— Vamos lá, o garoto da defesa inquebrável vai ter medo de descer uma escada? – ele provocou, sabia que não havia maldade em sua fala.

André soltou minha mão e nos fitou com estranhamento, mantendo silêncio.

— C-Claro que eu não... – abracei-me constrangido.

— Matheus desce primeiro, Lucas segundo e eu terceiro. Assim você fica entre nós, não terá risco de cair. – André fitou-me seriamente.

Parecia um bom plano, mesmo assim assenti com um pouco de receio. Como André havia dito, Matheus desceu primeiro, eu fui logo atrás, agarrando a barra fria da escada com força e fechando os olhos, somente os abrindo quando precisava conferir onde estava pisando. Inspirava e expirava em um ritmo frenético, eu tremia como se fosse feito de gelatina.

Escutei os pés de André contra os degraus próximos da minha cabeça e pude sentir a presença de Matheus abaixo de mim. Eu estava seguro. Protegido por quem eu protegia e por quem eu me defendia, engraçado.

Abri os olhos uma última vez antes de tocar o chão, sentindo uma calma revigorante me preencher. Mal acreditei que eu havia conseguido, aquilo era surreal! Encarei o prédio em que estávamos minutos atrás, ele parecia maior do que nunca, mesmo que estivesse desmoronando.

— Viu? Você conseguiu, garoto inquebrável! – Matheus riu e me deu um soquinho amigável no ombro.

Ri sem jeito e massageei meu ombro, ainda estava em choque para pronunciar alguma coisa.

— Lucas, nossas mães vão ficar muito orgulhosas ao saber disso! – André abraçou-me. O vi arregalar os olhos e soltar-me imediatamente. – Nossas mães vão nos matar! – puxou seus cabelos.

Oh, era um detalhe que eu havia esquecido. O sol já brilhava no céu, iluminando a mata. Paulinha havia dito que eu conseguiria voltar antes do amanhecer, mas eu tinha certeza de que só chegaria em casa depois do entardecer.

Nossas mães iam nos matar. De morte morrida bem matada.

— Vamos aproveitar nossas últimas horas de vida. – murmurei esgotado.

Passamos a andar na direção do buraco que Matheus havia feito no alambrado, ao invés de seguir o amontoado de gente que escapava pelo portão principal.

Notei que André estava paralisado, encarando algo distante. Segui seu olhar e encontrei Rebeca, ela o fitava com os olhos lacrimejados e as bochechas vermelhas. Fiquei feliz ao constatar que ela havia conseguido sua liberdade.

Meu irmão fez menção de ir em sua direção, todavia, Matheus se precipitou e o puxou de volta. Antes que André protestasse, grande parte da estrutura do prédio foi ao chão, levantando uma fumaça de poeira.

Vi André ficar branco como papel e seu corpo tremer feito vara verde. Ele sussurrou um quase inaudível “obrigado” para Matheus. Nos afastamos consideravelmente da construção, sem vontade alguma de sermos esmagados.

— ENTÃO... – uma voz feminina gritou, era Rebeca. – NÓS NOS VEMOS NA CIDADE? – sorriu sem jeito enquanto fazia uma concha em volta da boca com as mãos.

— C-COM CERTEZA! – André gritou de volta, surpreso e empolgado. – ESPERO QUE VOCÊ NÃO TROQUE O NÚMERO DO SEU CELULAR!

— EU ACHO QUE VOU FICAR SEM CELULAR DURANTE UM BOM TEMPO! – Rebeca balançou a cabeça com constrangimento.

— É, EU TAMBÉM. – meu irmão riu sem graça.

Os dois continuaram se encarando durante um tempo, ambos com sorrisos bobos nos rostos e os peitos subindo e descendo pela respiração irregular. Eles podiam estar longe fisicamente, porém, eu tinha minhas dúvidas quanto a espiritualmente.

Uma garota tocou Rebeca e a obrigou a andar na direção da evacuação, por sorte, se tratava de uma adolescente e não de uma encapuzada. Estranho, todos os esquisitos de capuz sumiram durante a confusão.

— TCHAU! – Rebeca gritou e acenou animadamente.

André devolveu o aceno com a cabeça nas nuvens.

— Valeu a pena. – meu irmão suspirou apaixonado.

— É sério que ele meteu a gente nessa confusão por causa de uma garota? – Matheus murmurou para mim. – Cara, eu vou esquecer que ele é meu cunhado e vou meter a porrada nele. – cerrou os punhos.

— Deixa o garoto em paz, todos fazem loucuras por amor. – cruzei os braços e arqueei uma sobrancelha.

Havia ficado feliz pelo meu irmão, ele era mesmo um bobo apaixonado.

— É, eu por exemplo, vim para o meio do mato salvar o irmão do meu futuro namorado. E pra que? – Matheus deu de ombros.

Meu futuro namorado...”, repassei essa frase mentalmente quinhentas vezes em um único segundo. Senti minhas bochechas pegarem fogo.

Namorado? Meu Deus, meu Deus, meu Deus! Aquilo era demais para mim, eu iria ter um enfarto antes de chegar em casa! Mas até que soava bem... “Meu futuro namorado...”! Oh, céus, eu nunca namorei antes, sequer beijei... Será que havia algum tutorial para aquilo? Será que o Matheus estava falando sério ou só tirando uma com a minha cara? Talvez nós...

— Você tá vermelho? – André libertou-me de meus devaneios. Ele estava com uma sobrancelha arqueada e um olhar desconfiado.

— Não tanto quanto você. – rebati. – Parece que o otaku fedido arranjou uma namoradinha, ownt! – provoquei.

— Ah, me erra! – ele ficou roxo de tanta vergonha. – Apenas fiz o trabalho que um cavaleiro tem que fazer, sabe. – deu de ombros.

— Na verdade, eu acho que é o cavalheiro quem salva a donzela. E sinto em lhe informar, a donzela aqui foi você. – Matheus alfinetou.

André inflou as bochechas vermelhas e saiu andando na frente, coçando-se e xingando os cipós que o enroscavam pelo caminho.

Enquanto subíamos a ladeira, sentia algo me incomodando, como se minhas costas estivessem sendo encaradas. Olhei para trás por cima do ombro e arregalei os olhos ao encontrar uma pessoa dentro do prédio, me encarando pelo que anteriormente devia ser uma janela. Como ela ainda podia estar lá dentro? Aquele lugar estava caindo aos pedaços!

Minha miopia foi generosa ao me permitir enxergar o manto vermelho escuro que caía por seus ombros. O capuz criava uma sombra tenebrosa sobre metade de seu rosto. Seus traços me pareciam familiares, mas era impossível ver com nitidez. A única certeza que eu tinha é que se tratava de um homem.

Ele levantou uma das mãos e começou a gesticular os dedos lentamente. Libras.

 

Esse não foi o fim. Você mais do que ninguém sabe disso, Lucas.

 

Esfreguei meus olhos para ter convicção de que estava vendo direito e quando os abri, não havia ninguém na janela. Um arrepio percorreu minha espinha e só voltei a realidade quando Matheus me chamou.

— O que estava olhando? – perguntou com um tom simpático (que, particularmente, me fez derreter).

— Hum, nada. – murmurei, decidindo que aquilo não havia passado de minha imaginação, eu estava muito cansado. – Sabe... Obrigado por tudo, sem você eu não teria conseguido. – agradeci timidamente.

— De nada, mas não vai sair de graça. – Matheus comentou.

Não acreditei. Ele não ia fazer aquilo comigo, ia?

— Pensei que você fosse um cara legal. – murmurei um pouco irritado. – Não tenho dinheiro. – senti um aperto em meu peito.

— Eu não quero dinheiro. – Matheus abriu um sorrisinho. – Quero aquilo que você me ofereceu na sala de segurança. – levantou as sobrancelhas.

Meu rosto aqueceu-se tanto que pude jurar que tinha fumaça saindo por meus ouvidos.

— A-Aquilo foi antes! – tentei andar um pouco mais rápido, porém, ele puxou-me de volta gentilmente. – P-Por causa da situação, e-eu só estava sendo sarcástico... O q-que você está fazendo?

— O que eu queria fazer há muito tempo. – Matheus sussurrou, agarrando a gola de minha camiseta e a puxando com força, fazendo nossos rostos se encontrarem.

Ele encaixou seus lábios nos meus de maneira desajeitada e nossos narizes se esbarraram, relutei um pouco antes de deslizar minha língua para dentro de sua boca, a movendo aleatoriamente. Meu corpo queimava e meu coração batia de modo que doía, mesmo assim, me sentia relaxado. Lembrei-me de todas as conversas que tive com ele no Quod Creature, de todas as provocações, de todas as vezes que ele me fez esquecer as horas e de todas as vezes que ele me tirou do meu mundinho.

Não sabia o que fazer com as mãos, então optei por pousá-las nas bochechas quentes de Matheus, acariciando-as levemente. Não estava vendo, mas eu sabia que ele havia sorrido, dando um intervalo entre um beijo e outro.

Ele soltou minha gola lentamente e nossos lábios se separaram de modo suave. Nos encaramos olhos nos olhos, a vermelhidão se espalhando por nossos rostos. Foi o primeiro beijo mais incrível do mundo, eu me senti ainda mais apaixonado.

Tive vontade de passar as mãos por seu pescoço e beijá-lo mais uma vez, porém, André nos interrompeu, dando aquela quebra no clima:

— QUE QUE TÁ CONTESENO?!

Meu irmão encarava-nos com o queixo caído e a postura estática.

— Lucas, você perdeu o BV! – André gritou indignado. – Com o Matheus! – apontou para o garoto. – COMO ASSIM, CARA? – seus olhos estavam tão arregalados que podiam saltar de seu rosto a qualquer segundo.

— André! – o repreendi, constrangido com o comentário e com a risada abafada que Matheus deu.

— Sério, vocês dois?! O que rolou enquanto eu estive fora? – André voltou a andar, erguendo os braços para o céu. – Não posso acreditar nisso, que clichê, socorro! Vocês têm que me explicar essa história bem explicada! Ai, minha pressão foi lá embaixo... – apoiou-se em uma árvore.

— Acho que temos uma aprovação. – Matheus sussurrou, recebendo uma cotovelada minha.

— Ah, não, não, me nego a acreditar! Agora eu vou ter que ser vela de vocês?! – André colocou as mãos na cintura. – Meu Deus, me recolhe! Se eu soubesse que ia ser assim, tinha ficado lá na ala infantil mesmo! Não podia escolher alguém que eu ia com a cara, nãooooo, tinha que ser o valentão do colégio! Tem uns clichês que a gente pensa que não vai acontecer, mas o destino olha e diz: VAI ACONTECER SIM! – murmurou pelo resto do caminho.

Eu e Matheus nos entreolhamos, rimos e demos de ombro. André era um exagerado mesmo, seria uma volta para casa bem engraçada.

Entrelacei minha mão a de Matheus de modo tímido, me senti protegido pelo calor que emanava de sua tez. Nem eu e nem ele éramos mais números quebrados ou perdidos, pois naquele momento nos completamos e nos encontramos.


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Notas finais do capítulo

SIIIIIIIIM, FINALMENTE TEVE O BEIJO AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!!!!!!! AGORA PAREM DE ME COBRAR BEIJO PELO WHATSAPP, VIU? U.U (brincadeira, Isah, tu sabe que eu te amo e me divirto com suas cobranças e memes kkkkk ♥)!!!! AI COMO EU AMO UM CASAL, ATÉ EU TAVA QUERENDO ESSE BEIJO ♥!!! MAS E AÍ, GOSTARAM?

"AH, MAS VAI TER SEGUNDA TEMPORADA?" NAAAAAO! KKKKKK
Gente, vou deixar esse mistério aí no ar, vocês vão ter que ser verdadeiros Xerolque Rolmes, quero teorias kkkkk. Uma dica: voltem ao capítulo "Até breve, Cavaleiro" e vejam se tem alguma ligação com esse daqui.

Eu QUERO CONTAR UMA COISA QUE TO ME SEGURANDO PRA N CONTAR!!! Essa fic teve os dois primeiros capítulos escritos em 2017 e eles foram guardados por muito tempo, já que eu só vim reescrevê-los em setembro de 2018. Enquanto eu rescrevia, eu estava na cozinha, e ela estava um pouco escura pela falta de sol lá fora. E eu me lembro que antes eu estava no quintal, mas meu pai me pediu para ir escrever na cozinha. E menos de um minuto depois que eu me instalei na cozinha, entrou uma luz pela janela, cara! Nada irreal, era só a luz do sol mesmo, mas tipo, eu até brinquei e considerei aquilo um sinal de Deus. E, nossa, parece que foi mesmo. Essa história superou demais todas as minhas expectativas, isso tudo graças a vocês ♥!!!
Muito obrigada, cara, faz tanto tempo que não finalizo uma história que nem sei oq dizer... Eu agradeço demais pelos favoritos, acompanhamentos, comentários, recomendações... Tudo isso vai ficar guardado na minha memória e no meu coração, muito obrigada, de verdade, vocês melhoraram a minha vida, salvaram meus dias, minhas semanas, meus meses... ♥. Eu não me sinto triste por ter acabado, pelo contrário, eu me sinto muito feliz, revigorada, satisfeita...
Eu vou sentir muita falta de vocês, de morrer de amores e morrer de rir ao ler os comentários, mas sei que ainda vou manter a amizade com muitos ♥, isso eu espero XD! De verdade, obrigada a quem me acompanhou até aqui, foi muito especial para mim ♥.

LEMBREM-SE QUE AINDA TEM O CAPÍTULO BÔNUS, ONDE VOCÊS PODERÃO FAZER PERGUNTAS AOS PERSONAGENS OU A MIM!!!! Podem mandar quantas perguntas quiserem, não tem limites e nem restrições!!! As perguntas podem ser enviadas por MP, pelos comentários ou até por alguma rede social se você me tiver adicionada ^^! Se ficou em dúvida, volte ao capítulo anterior e leia as notas finais!

"O capítulo vai ser separado da fic?" NAAOOOO, vai ser postado nessa mesma extensão e só então marcarei a história como finalizada.


Bom, acho que é isso ♥, eu espero de verdade que vocês tenham gostado ♥! Até uma próxima vez XD!

Bjjjjjjooooooeeeeeeeeees ♥.
—Creeper.