Aprendendo a Recomeçar escrita por Lelly Everllark


Capítulo 8
Fogo, água e arrependimento.


Notas iniciais do capítulo

Oiii! Voltei mais cedo dessa vez, aeee!
Espero que gostem do capítulo.
BOA LEITURA :3



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“Lembro do primeiro beijo que você me deu

Na luz do luar

Era lua cheia clareando nossos sonhos

E eu a te conquistar”

Primeiro Beijo — Marcos e Belutti part. Loubet.

  Theo ainda me segura no lugar e eu ainda não sei o que fazer, em algum lugar distante uma vozinha diz que preciso me afastar, que ele já me machucou de mais, que isso não vai terminar bem, mas a outra voz, a voz do meu coração, aquela que sentia saudades e que queria poder estar outra vez bem ali, em seus braços, diz que isso é extremamente certo.

  Ele se aproximou e a antecipação do que viria a seguir fez meu coração já descompassado, bater como um louco. Eu queria isso, beijá-lo, me perder nele, em seus braços e seu calor, mas me detive. Por que me lembrei de tudo o que aconteceu, do que Theo fez comigo, de como me senti e como chorei por sua causa, de como tive que me tornar outra pessoa apenas para conseguir seguir em frente e isso me bastou para ter forças e empurrá-lo para longe.

  Theo claramente não esperava por isso por que não ofereceu resistência em me soltar, dei um pulo para trás ainda arfando e pegando fogo, por dentro e por fora. Seus olhos azuis me olhavam com surpresa.

  - Por que fez isso, Lilly?

  - Por que!? – exclamei incrédula, quase rindo, brigar era melhor que chorar ou me lembrar. Gritar com Theo me impediria de fazer alguma coisa da qual eu com certeza me arrependeria depois. – Você ainda pergunta? O que achou que estava fazendo? Por que se quer imaginou que eu queria beijar você?

  - Por que você queria – ele sorriu. – Eu sei que queria, pode estar usando maquiagem, saltos e roupas caras, mas ainda não sabe mentir Cordélia, nem você nem seu corpo, você ainda me quer tanto quanto eu quero você.

  - Eu não... – parei no meio da frase, sem acreditar em meus ouvidos. Ele disse, Theo disse com todas as letras que ainda me quer e não sei como reagir a isso, mas meu corpo aparentemente sabe, por que suas palavras causam uma onda de sentimentos avassaladores. Não quero acreditar nelas, mas não consigo evitar.

  - Você não o que, Cordélia? Diga.

  - Eu não lhe devo satisfações! – respondo em minha melhor tentativa de parecer durona e séria, mas não engano nem a mim nem a ele. E nem todas as memórias de minhas lágrimas do passado são suficientes para diminuir a tensão entre nós. Para apagar calor de seu toque de mim.

  - Não, não deve, mas também não está sendo sincera, o que você quer, Lilly? – ele sussurra dando um passo em minha direção e outra vez não há espaço entre nós, minhas costas estão apoiadas no tronco da árvore atrás de mim e os braços de Theo ao meu lados não me dão outra alternativa além de ficar e encará-lo, mesmo que eu queira fugir e me esconder.

  - N-Não quero nada – eu não consigo nem articular uma frase, não consigo manter a voz firme, não consigo pensar em mais nada além de seu cheiro, do quanto eu o quero sentir mais perto, meu coração bate tão rápido que tenho certeza de que Theo pode ouvi-lo, de que ele sabe, que o que eu digo e o que eu sinto são duas coisas completamente diferentes.

  - Vamos, seja honesta, baixinha. O que você quer? – seu hálito em meu pescoço e sua respiração em meu ouvido me fazem arrepiar. Quando seus lábios tocam o lóbulo da minha orelha não penso em mais nada, não me importo com coisa alguma, só quero beijar Theo e me esquecer de todo resto.

  Eu finalmente desisto de me afastar e puxo Theo pela gola da camisa para um beijo que esperei por anos. Ele não parece surpreso, na verdade parece já estar esperando por isso, suas mãos correm por minhas costas e me puxam mais para si, seus lábios se movem urgentes sobre os meus. Theo aprofunda o beijo e sinto sua língua explorar minha boca, seu beijo ainda tem o sabor doce dos meus sonhos encantados de menina, ele ainda mexe comigo como nenhum outro conseguiu, acende tudo em mim e quero me incendiar em seus braços.

  Quando finalmente nos separamos arfando e com os rostos corados Theo distribui vários selinhos por meu rosto, boca e bochecha antes de sorrir, um sorriso que me derrete toda e me faz querer beijá-lo outra vez. Mas só quando vejo seus lábios manchados com meu batom é que me dou conta do que fizemos e tento me afastar, mas seus braços ainda estão ao meu redor e minhas mãos em seu pescoço, eu teria mais sorte tentando separar açúcar de dentro da água depois dela diluir.

  - Theo, isso foi...

  - Foi algo com o qual eu estive sonhando por muito, muito tempo – ele me interrompe ainda sorrindo. – E agora que você está aqui em meus braços não pretendo deixá-la ir a lugar nenhum.

  E assim, fácil como era anos atrás quando ainda namorávamos Theo se curva outra vez em minha direção e voltamos a nos beijar e dessa vez parece ainda melhor que a anterior, ele beija o meu pescoço e me derreto em seus braços. Theo me iça do chão e instintivamente circundo sua cintura com minhas pernas e não entendo bem como começamos com isso, só sei que estamos perto de terminar e eu de algum jeito acho forças para me separar dele o suficiente para olhá-lo, seus incríveis olhos azuis brilham de desejo.

  - Você quer mesmo continuar com isso aqui? – pergunto e ele sorri me dando um selinho.

  - Essa não seria a primeira vez.

  - É não seria, mas acho melhor irmos devagar – digo e mesmo que meu corpo discorde por completo de minhas ações, me desenrolo de Theo e ponho-me de pé a sua frente. Estamos os dois vermelhos e arfando, minha pele parece estar em chamas em todos os pontos em que ele tocou e é isso novo, fazia muito tempo que eu não me sentia assim.

  - Vem – Theo chama me puxando pela mão e fico sem entender enquanto me deixo ser arrastada em direção à cachoeira.

  - O que você está fazendo?

  - Impedindo você de pensar em qualquer coisa que seja – e dito isso ele começa a desabotoar a camisa que está usando, se Theo está tentando me matar, está conseguindo. Quando termina com os botões ele tira a camisa e não consigo não reparar em seus músculos, nos braços fortes, no abdômen definido e fico sem acreditar, mas tenho que me lembrar que ele não é mais o garoto que conheci, agora é um homem. – Vamos Lilly, tire as suas também.

  - Ficou louco? Nós não estávamos indo com calma? – pergunto incrédula e ele ri me beijando depois de se livrar dos sapatos.

  - Vamos dar um mergulho, relembrar os velhos tempos, é só água e você não vai querer molhar seu vestidinho de madame, vai? Por que eu vou levá-la comigo, você estando vestida com ele ou não.

  Theo me encara usando só seu jeans e ainda estou contemplando sua beleza para suas palavras fazerem sentido em meus ouvidos, ele por sua vez parece encarar isso como uma permissão silenciosa, por que num movimento rápido me pega no colo e me agarro em seu pescoço com a antecipação do que sei que virá, foram anos de experiência para saber que nada do que eu fizer ou disser o fará mudar de ideia ou desistir.

  Quando Theo pula comigo ainda no colo dentro da cachoeira e a água gelada nos engole por completo, eu estou rindo quando volto à superfície, como há muito tempo não fazia, rindo de um jeito que a velha Lilly costumava fazer, de um jeito despreocupado e puro e por uns instantes volto a ser ela, a garota que vivia em seu próprio mundo encantado onde nada podia lhe acontecer. E quando o príncipe encantado desse castelo emerge a minha frente o beijo, por que é isso que quero fazer agora e por que se for para me arrepender, prefiro que seja de algo que fiz e não algo que deixei de fazer por medo. Eu nunca fui covarde assim.

  O lugar, a companhia, os beijos, os sentimentos são os mesmos e eu tenho medo pensar um pouco mais sobre isso e descobrir que nada, absolutamente nada mudou. Que todos os disfarces que vesti, de tudo que mudei e tudo no que me transformei não serviram de nada. De que com um beijo, um único beijo Theo conseguiu destruir todas as barreiras que criei.

  - Você ainda é a única, Lilly. Sempre vai ser – ele diz depois do beijo e suas palavras são como um tapa na minha cara. Por que não é verdade, daquela vez não fui a única e agora eu divido ainda mais que seja. Ele me trocou e agora a dor e as lágrimas pesam, por que me afasto e quando faço isso seu sorriso morre. – Lilly?

  - É Lia – digo me afastando ainda mais e me desvencilhando de seu aperto mesmo que cada célula do meu corpo proteste contra isso. – Me tornei a Lia no momento em que deixei de ser a única. Isso tudo foi um erro, um grandessíssimo erro, eu preciso ir.

  Viro-me para seguir até a margem e Theo segura minha mão me impedindo de continuar, eu paro, não por que seu aperto me mantém ali, mas por que não quero ir realmente, mas preciso, por que esse é o único jeito de proteger os caquinhos que restaram do meu coração.

  - Por que isso de repente, Lilly? – ele pergunta as minhas costas e sinto as lágrimas que querem cair. – E como assim você deixou de ser a única? Você sempre foi! Nunca houve nenhuma como você, nem antes, nem depois e nem em momento algum!

  - Ah, poupe-me do seu fingimento! – me solto de seu aperto e viro-me para encará-lo, as lágrimas dando lugar a raiva. – Você nem esperou pra me trocar! Isso por que dizia ser pra sempre, pra sempre uma ova! Você é só o idiota que me trocou e partiu meu coração e eu a mesma trouxa que caiu na sua conversa na primeira oportunidade! Só fica longe de mim!

  - Eu sou o idiota que te troquei!? Você foi a primeira a me esquecer! – ele grita e parte de mim diz que suas palavras são importantes mesmo que não façam sentido. Mas outra parte, a maior, a que está dominada pela fúria pouco se importa, essa parte só quer socar a cara de Theo e depois a minha própria por ser fraca assim.

  - Ah pelo amor de Deus! Não me venha com historinhas que não vão colar! – ainda estou gritando quando saio da água, paro apenas para recuperar meus sapatos antes de começara a andar em direção à trilha que leva à fazenda.

  - Vai, faz isso mesmo, foge! Essa patricinha mimada a minha frente desiste rápido de mais! A minha Lilly não era assim! – ele devolve da mesma altura e dessa vez não me viro para olhá-lo, por que meus olhos marejam e sei que se me virar às lágrimas irão cair.

  Não me importo de estar fugindo, dessa vez não me importo, apenas abraço meus sapatos e corro, com a visão borrada pelas lágrimas, mas com a mesma destreza de sempre em desviar dos obstáculos em meu caminho, como se eu nunca tivesse deixado de fazer essa trilha todos os dias nos últimos dez anos.

  A dor que me dilacera o peito é a mesma de dez anos atrás, ela me rasga a alma e parece disposta a transformar em pó os caquinhos que restaram do meu coração. Eu aperto os sapatos com mais força como se eles pudessem diminuir o que estou sentindo, como se a dor física pudesse aliviar a dor do meu coração. Se Theo é um idiota por ter me machucado, trocado e depois me beijado como se nada tivesse acontecido, eu sou burra aponto de fingir que está tudo bem só para beijá-lo e me machucar ainda mais depois.

  Quando alcanço a cozinha, Alice e tia Beth estão terminando de lavar as louças do almoço, ambas param o que estão fazendo no momento em que me vêem, eu devo ser mesmo uma visão deplorável, encharcada, descalça e com os olhos vermelhos e úmidos pelas lágrimas, por que ambas parecem quase com pena de mim.

  - Cordélia, o que aconteceu? – tia Beth pergunta e nego com a cabeça.

  - Não foi... Nada – sussurro. Elas não acreditam, óbvio que não acreditam, não são cegas. – Realmente não foi nada, tia. Eu...

  - Patricinha? – o tom preocupado de Alice me dói ainda mais, por que seu sorriso gentil me lembra o dele e não quero mais pensar sobre nada disso. E é por isso que não repondo, não digo mais nada, só volto a correr, dessa vez para o meu quarto, não ligo para os cabelos úmidos, nem os pés sujos, só tranco a porta me jogo na cama.

  Nunca pensei que choraria tanto quanto chorei durante aqueles meses, mas o faço, por que a ferida aberta que Theo cutucou sangra, e dói tanto quanto doía naquela ocasião.

  Eu ainda sinto o toque de suas mãos e o gosto do seu beijo, ainda consigo sentir seus lábios sobre os meus e quero esquecer tanto quanto guardar cada uma dessas memórias no lugar especial em que guardo todas as outras que digo a mim mesma não me lembrar mais. Cada pequeno gesto ou toque ainda me marca e depois de hoje, desses beijos e desse maldito momento do qual vou me lembrar sempre a partir de agora, eu sei que não adianta mais fingir que não sinto nem me lembro, por que cada célula do meu corpo reage a ele, e cada pedacinho destroçado do meu coração ainda é seu para que ele faça com eles o que quiser.


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Notas finais do capítulo

Eai, o que estão achando do meu casal injustiçado? Quero opiniões!
E olha a hora pessoal, eu fiz questão de terminar esse capítulo hoje, então sejam legais comigo e votem e comentem, sim? Kkkkkk
Espero mesmo que tenham gostado.
Beijocas e até,
Lelly ♥



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