Aprendendo a Recomeçar escrita por Lelly Everllark


Capítulo 15
Esclarecendo o passado.


Notas iniciais do capítulo

Atrasada como sempre, mas voltei!
Me desculpem mesmo pelo sumiço, espero que gostem do capítulo e dessa vez vou tentar (prometo!) não demorar, mas tenham paciência comigo, Ok? Eu sumo, mas eu sempre volto!
BOA LEITURA :D



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“Já tentei encontrar estrelas no céu

Que não contassem nossa história

É impossível

Os sete mares sabem sobre nós

Os cinco continentes cantam nossa canção

Mas nada é maior do que tenho guardado

No Coração

 

Aquele seu olhar, nosso primeiro beijo

A primeira vez que falamos de amor

Você arrepiou, e pra mim não acabou

 

Ainda que perdesse a memória teria o coração

Ainda que essa parte da história seja solidão

Eu não vou deixar, não vou desistir de nós dois”

Ainda — Grupo Tróia.

  - Você não ligou – é tudo que consigo dizer, continuo estou nervosa, mas agora também estou surpresa. Ainda estamos na varanda, Hugo e Alice ainda nos encaram e Theo e eu estamos, como de costume, prestes a ter uma discussão.

   - Não liguei? – Theo ri sem humor algum. – Eu te liguei todos os dias, todos os dias! Sua mãe atendia e me dizia que estava na escola, que estava bem e que não queria me atender. No dia em que você foi embora eu liguei, do mesmo jeito que fiz em todos os dias que se seguiram!

  - Não ligou! Mamãe nunca me disse nada! – digo sem acreditar.

  - Eu liguei, todos os dias, sua mãe atendia e dizia que você estava bem, saindo com novos amigos e não queria falar comigo. Uma semana que tinha ido e já estava muito ocupada com novos amigos! Nem parecia com a minha Lilly, me trocou por jóias e luxo com uma rapidez em? – ele debocha e fico sem acreditar.

  - Uma semana depois que fui embora eu estava bem!? – é a minha vez de rir. – Eu passei um mês sem querer sair nem do meu quarto esperando notícias suas! Meus pais me arrastaram de lá a força para que eu pudesse ir para a escola. Você nunca... Eu nunca ouvi sobre você ligar.

  - Mas liguei, todos os dias, eu esperei como disse que faria, Cordélia, te esperei e você simplesmente me ignorou por um ano e quando me atendeu me xingou até a última geração, disse que eu não prestava, que me odiava, aqueles palavras doeram, e ainda doem sempre que me lembro. Seus tapas não doíam tanto quanto aquelas palavras doeram. E até hoje não sei o que eu te fiz pra isso, não sei nem o que aconteceu!

  - Você me traiu, foi que isso que aconteceu! Me trocou na primeira oportunidade! – grito com lágrimas nos olhos. – Eu esperei e esperei e não recebi nenhuma notícia sua e eu não era mais nada, Theo! O que me fazia Lilly estava aos poucos se esvaindo, por que eu sentia saudades suas, da fazenda, dos meus amigos, da minha vida e eu queria voltar, mas era menor de idade e não podia, não sem autorização então eu ia ligar, foda-se que disse que esperaria! Eu queria desesperadamente falar com você, eu ia ligar mesmo que você não tivesse ligado, mas foi então que mamãe recebeu uma foto pelo correio, uma não, várias, e em todas elas você estava agarrado a Sabrina, podiam ser forjadas claro, mas era a entrada do bar da Rita, ao fundo tinha a praça, nossos amigos, vocês estavam aos beijos! Eu sofrendo como uma idiota por você e você com outra! Sabe o que eu senti quando vi aquilo? Meu coração se partiu, ele era todo seu e você o destruiu, as dores físicas que senti depois daquilo não eram nada perto da dor no meu coração.

  - Eu aos beijos com a Sabrina, naquela época!? Eu não... – Theo se cala e dá dois passos para trás, e é obvio que ele se lembrou de alguma coisa e isso faz tudo ser ainda pior. – Teve uma festa, Pedro me obrigou a ir, eu só queria sofrer em casa, você não me atendia e eu só queria que o pesadelo acabasse, já tinham vários meses e eu fui, por que não aguentava mais ele me enchendo pra sair de casa, eu estava prestes a ir para a cidade fazer minha faculdade então seria uma despedia. Quando cheguei lá, não vi a menor graça, tudo me lembrava você e eu só queria ir embora pra casa, foi então que Sabrina apareceu, eu estava sem a menor paciência, sai, me desculpei e só queria ir embora, foi ai que ela me agarrou, foi do nada, eu nem mesmo estava esperando por aquilo, a afastei e quando me olhou Sabrina tinha um sorriso vitorioso que não entendi. Mas agora não é difícil deduzir que ela fez aquilo de propósito e pediu a alguém para fotografar. E foi isso, ela me agarrou e nem mesmo dei importância aquilo, e então, uma semana depois eu ainda te ligava como um idiota, por que prometi, por que te amava o suficiente para continuar insistindo e você finalmente atendeu, mas foi só para me xingar, dizer que eu não valia nada e que me odiava, aquilo doeu, por que eu sentia sua dor em cada palavra, por que eu te conhecia o suficiente para saber que aquilo tudo era verdade, você realmente se sentia assim. Armaram pra nós, Cordélia e sei que não vai gostar do que vou dizer e de quem vou acusar, mas não consigo pensar em ninguém mais que se beneficiaria da nossa separação além da sua mãe, Sabrina estava envolvida, mas eu sei o que aconteceu, por que Sabrina me atacou e eu juro a você que liguei, por que te amava e ainda amo o suficiente pra isso, mesmo que sua mãe dissesse que você não queria me ver, eu insistia.

  - Não – sussurro horrorizada me afastando. Eu não conseguia acreditar nisso, eu não chorava mais, tudo o que eu sentia era raiva por que sabia que ele estava falando a verdade, eu ouvia o telefone tocar todos os dias no mesmo horário, mamãe sempre corria para atender e eu estava tão afundada em minha dor que nem me importava, mas sempre perguntava se era ele, minha mãe me confirmava que não. Ela é minha mãe, como eu podia não confiar em sua palavra? – Ela não via? Será que minha mãe não via o que eu estava me tornando? A Lilly, alegre, divertida, viva, estava morrendo. Eu só queria ver você, ouvir sua voz! Eu não acredito, não consigo acreditar que ela pode ter feito isso comigo! Você sabe por que eu cortei os cabelos? Por que nunca mais os deixei passar do ombro!? Por que você sempre os elogiava! Dizia amar meus cabelos longos e olhá-los, penteá-los, me lembrava você! Você sabe por que não uso nada além de salto? Por que nunca mais usei uma bota na vida? Por que até isso me lembrava minha vida aqui, eu comecei a usar bolsas, eu odeio bolsas! Você sempre levava minhas coisas consigo então ter as bolsas era como me afastar um pouco mais de você, da Lilly e do meu coração partido. Na cidade ninguém me conhece por Lilly, eu me tornei a Lia, essa patricinha mimada por que isso foi o mais longe que consegui ir de mim mesma e das coisas que me lembravam você, me tornar outra pessoa foi jeito que consegui para fugir da dor que estava ameaçando me consumir por inteira. E eu não acredito, não acredito mesmo que minha mãe, minha mãe! Teve coragem de fazer isso comigo mesmo me vendo daquele jeito! Eu simplesmente não consigo acreditar.

  - Lilly – Theo chama e nego com a cabeça me afastando.

  - Você não estava mesmo com ela? – digo com a voz tremendo, não quero pensar em nada e ao mesmo tempo quero resolver tudo. Acreditar que nos afastamos, que terminamos e nos odiamos por culpa de outra pessoa, faz tudo ser ainda pior por que poderíamos estar juntos, felizes e vivendo nossa vida se não fosse pela maldade dos outros.

  - O que você acha, baixinha? É claro que não. Minha vida é amar você, sempre foi, desde antes de eu saber o que era o amor eu já te amava, amei uma vida inteira e vou amar outras mais pra compensar isso tudo.

  Estou aos soluços quando Theo me abraça, não recuo, não me fasto, pelo contrário afundo meu rosto em seu peito e o aperto com força, agora não preciso ter certeza de nada, só quero chorar e processar tudo o que literalmente jogamos um na cara do outro, as circunstancias me fazem sorrir em meio às lágrimas, é bem a nossa cara resolver as coisas aos berros.

  Mas nem seus braços fortes ao meu redor, ou seu cheiro familiar me fazem esquecer o que dissemos um ao outro, nada disso me faz esquecer que talvez minha mãe tenha alguma coisa a ver com toda essa história ruim e que foi feita apenas com o intuito de nos afastar e magoar, que ela tenha mesmo me separado de Theo, eu simplesmente não consigo acreditar nisso. Depois do que parecem horas e provavelmente foram apenas alguns minutos nós nos separamos e olhamo-nos.

  - Agora nós podemos continuar de onde... – ele diz.

  - Agora nós precisamos de um tempo pra... – eu digo ao mesmo tempo e ambos nos interrompemos.

  - Sério que você ainda quer tempo depois de dez anos, Cordélia? Isso não foi tempo suficiente pra você, não? – Theo pergunta sem acreditar e suspiro.

  - Nós não podemos simplesmente fingir que nada aconteceu. Precisamos falar sobre tudo isso, temos, como meu pai me disse há alguns dias, colocar os pingos nos i’s.

  - E vamos falar, resolver tudo, mas precisa mesmo esperar e se afastar outra vez pra fazermos isso?

  - Eu quero e preciso pensar, Theo, não é fácil pra mim também, eu passei os últimos dez anos achando que você tinha me trocado por outra. Estou fazendo um esforço sobre-humano agora para simplesmente não pular em cima de você e fugirmos os dois daqui, eu não quero perder nem mais um segundo.

   - Então não perca, não se esforce, só sinta, me abrace como fez e vamos continuar da parte em que paramos, vamos só viver tudo o que nos foi negado, já esperamos tempo de mais, Lilly – sua oferta é tão tentadora que quero simplesmente dizer sim, esquecer tudo e beijá-lo, continuar de onde paramos, mas não é fácil assim, eu preciso entender algumas coisas antes de continuar, preciso, acima de tudo, tirar essa história a limpo antes de finalmente seguir em frente e não olhar mais pra trás.

  - Eu não posso, Theo. Não assim, eu amo você, mesmo quando não quis amar eu amei, e vou continuar amando, mas não posso seguir assim, tenho que resolver as coisas e falar claramente sobre isso.

  - Sobre o que? Sobre como sua mãe nos separou e você não quis nem me ouvir?

  - Você está sendo injusto! Como eu poderia se quer imaginar que aquilo tudo era armação se pra mim você tinha me esquecido?

  - Você não me deu nem mesmo a chance de me defender! O que mais você quer saber se já sabemos que armaram pra nós!?

  - Quero saber se foi mesmo a minha mãe! – grito de volta e nem sei mais como voltamos à discussão. Mas é isso que somos e sempre seremos, fogo e gasolina. Uma faísca é o suficiente para incendiarmos. – Quero ter certeza antes de acusá-la, quero ouvir da boca dela que isso tudo é um mal-entendido!

  - Mal entendido? – ele ri. – A última coisa que isso parece pra mim é um mal-entendido, Cordélia! Só um cego não vê que foi armação.

  - Você parece bem resolvido apontando as coisas que eu não vejo, né!? Mas você já parou ao menos para olhar ao seu redor? – cuspo as palavras olhando para Hugo e Alice que ainda presenciam toda a discussão. – Você nem mesmo vê o óbvio!

  - Que seria?

  - As pessoas que mais amam estão apaixonadas uma pela outra e você é cego o suficiente para não ver e é o único a atrapalhar, então não venha falar de mim! – digo irritada e não quero mais pensar em nada nem discutir coisa alguma. Quero falar com minha mãe, quero tirar tudo isso a limpo.

  - Que história é essa, do que está falando?

  - Da sua habilidade de enxergar só o que quer! Está na sua cara e você não vê!

  - Cordélia, chega – Alice finalmente se intromete e não sei se ela está envergonhada ou triste. – Agora não faz mais diferença, não pra mim pelo menos. Vocês têm coisas mais importantes para resolver.

  As palavras de Alice parecem tapas na cara de Hugo, pela sua expressão de dor um soco teria doído menos.

  - O que exatamente está acontecendo aqui? – Theo ainda quer saber e sua pergunta, sua expressão e sua falta de noção me tiram do sério. 

  - Entenda como quiser, Theo! – digo sem paciência. – Eu preciso falar com a minha mãe, pensar e digerir tudo isso, a culpa não é sua nem minha e isso eu entendo e aceito, mas não consigo aceitar que ela possa ser da minha mãe, então, por favor, eu preciso pensar.

  - Mas, Lilly... – ele tenta me alcançar e me afasto negando com a cabeça.

  - Agora não, por favor – sussurro e volto para dentro de casa.

  Passo por tia Beth e a julgar por sua expressão de tristeza e olhos surpresos ela ouviu toda nossa discussão, tento sorrir para ela e sigo direto para o meu quarto, eu preciso pensar, respirar fundo e falar com minha mãe, preciso mais que nunca tirar isso a limpo e tomar as rédeas da minha vida. Apesar de tudo não vou chorar, vou enfrentar isso de cabeça erguida e finalmente, depois de dez anos, seguir em frente.

  Chega de me esconder e chorar, eu vou tomar coragem e resolver todos os mal-entendidos, vou continuar em frente e dessa vez, pretendo ser muito feliz.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Comentem please!
Beijocas e até, Lelly ♥



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