Aprendendo a Recomeçar escrita por Lelly Everllark


Capítulo 14
Desencontros.


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal! Quase atrasada, porém voltei a tempo kkkkk esse capítulo era pra ter saído ontem, mas não consegui terminar, desculpa mesmo.
Espero que gostem, BOA LEITURA!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/768710/chapter/14

“Nosso amor não acabou, e ainda digo mais

Vou te fazer lembrar de tudo que me prometeu há 10 anos atrás

Amor e muito mais

Tô pagando pra ver se você é capaz de me esquecer”

10 Anos — Gusttavo Lima.

  - Isso já está virando rotina, você sabe disso, né? - Alice pergunta divertida enquanto nós duas encaramos o teto do meu quarto deitadas lado a lado na cama.

  Já tem mais de meia hora que ela chegou e estamos aqui em silêncio, não sei se a coisa está tão feia que ninguém quer começar o assunto ou se ainda está tão recente que nenhuma de nós quer ser a primeira a falar. Mas o fato é que ninguém disse nada.

  Depois que seguimos para a caminhonete ontem, não trocamos uma única palavra, nem uma com a outra nem com os meninos, fomos os quatro num silêncio assustador e cheio de mágoas, nosso péssimo estado de espírito era quase palpável dentro daquela lata velha. Então nós chegamos, eu vim pra cá e os três seguiram para a casa de tia Beth, eu me revirei a noite toda sem dormir direito e hoje pouco depois de tomar banho Alice chegou, resumindo, meu fim de noite foi ainda mais deprimente que o resto dela.

  - O que aconteceu quando nos separamos ontem? - pergunto por fim, nunca fui uma pessoa muito paciente nem delicada, mas sou curiosa e falar das péssimas experiências dos outros é melhor que das minhas.

  - Antes ou depois do Hugo falar que eu era território proibido e que tinha se arrependido de me beijar? - ela resmunga cobrindo o rosto e me sento surpresa.

  - É o que!? Vocês se beijaram? Alice, pelo amor de Deus! Fala comigo! – eu a balanço pelos ombros fazendo-a tirar as mãos do rosto para me afastar. Alice resmunga antes de se sentar a minha frente parecendo ao mesmo tempo triste e irritada.

  - Quer saber do começo? – ela pergunta e quero sacudi-la outra vez.

  - Óbvio que sim! Fala logo!

  - Bem, a coisa toda começou depois que você me largou pra ir ficar com o Marcelo e eu também quero saber como você saiu com um e voltou com outro. Mas enfim, eu fui comprar a tal da pipoca e simplesmente topei com o Hugo e o Theo na entrada do parque e não deu nem tempo de me esconder ou fugir, eles me viram e foram até mim. Ai a gente conversou e o Theo óbvio que surtou quando ouviu sobre você e decidiu que tinha que ir atrás, eu não conseguiria pará-lo nem se quisesse. Mas juro que tentei.

  - Eu sei que sim, seu primo é um idiota e parece um trator quando está determinado a nossa confusão não foi culpa sua, foi nossa, acredite. Mas anda, continua. Você e Hugo ficaram sozinhos e se beijaram, foi isso? Você o agarrou que nem eu falei? – pergunto rindo e ela cora me atirando um travesseiro, eu o pego e o abraço antes de encará-la. – Vai, fala!

  - Não é nada disso, Ok? Nós ficamos lá parados um tempão antes de eu chamá-lo para ir em algum brinquedo. Está bem, não foi bem assim, estávamos lá parados e em silêncio e passaram algumas crianças e quase me derrubaram, ele me segurou e nós ficamos que nem no dia da chuva, podíamos ter nos beijado, mas nos afastamos e eu o chamei para ir em um brinquedo por que estava constrangia e sem saber o que fazer, e ele também, por que nem sequer hesitou antes de aceitar.

  - Ai vocês se beijaram? – pergunto só para vê-la rir e é isso mesmo que Alice faz negando com a cabeça.

  - Ainda não, calma, eu vou chegar lá – ela suspira. E não sei dizer se gosta ou não da lembrança, mas não posso julgá-la, há coisas que eu gostaria de esquecer e ao mesmo tempo guardar num lugar especial no coração. – Nós fomos à montanha russa por que eu estava tão atordoada que nem me dei ao trabalho de escolher algo menos pior, e foi isso, eu estava morrendo de medo e me arrependi no instante em que o carrinho começou a se movimentar. Mas era tarde de mais pra mudar de ideia, eu gritei o caminho todo e quando descemos Hugo foi legal o suficiente para me levar a um banquinho para eu me recuperar.

  - Então se beijaram, né? Eu não estou mais aguentando de ansiedade – reclamo e ela faz que sim sorrindo.

  - Foi, mas antes nem lembro como, eu estava com uma mão em seu rosto, fazendo carinho, foi meio do nada e a primeira vez que realmente tomei uma atitude. Mas aí as coisas começaram a dar errado, ou certo, dependendo do ponto de vista, por que Hugo disse com todas as letras que não podia, que eu era “território proibido”, eu não posso ter certeza sem perguntar, mas foi Theo, no mínimo, com algum papo idiota de “Ela é muito nova” ou “Ela é minha irmãzinha”, que falou essas coisas, e mesmo que eu seja tudo isso, só por isso não posso ficar com quem eu quero?

  - Seu primo é um babaca, Theo é realmente um idiota e se Hugo está por aí te magoando por causa disso, ele é um idiota muito maior. Isso claro, como foi o beijo?

  - Maravilhoso – ela sorri como boba me fazendo sorrir também. – Ainda melhor do que imaginei. Me fez sentir tanta coisa, se eu não soubesse antes agora teria certeza, eu estou apaixonada por ele. E você tem razão, isso é uma droga. Principalmente por que depois dele me beijar ele me magoou e partiu meu coração.

  - Certo, eu vou lá dar na cara desses dois imbecis e já volto – digo ficando de pé.

  - Lilly! – Alice me repreende entre divertida e surpresa.

  - O que? Como eles podem magoar você, logo você? A garota mais doce que eu conheci? Eles são burros por acaso? – estou realmente indignada e ela ri.

  - Você é incrível, sabia? Tipo, muito incrível mesmo, poderia estar trabalhando, fazendo algo útil, mas está aqui me ouvindo reclamar, obrigada.

  - Agora já somos amigas – digo voltando para a cama e ganhando um abraço. – É minha obrigação. E não tenho nada melhor pra fazer de qualquer forma. Mas e depois? Quando chegamos e vocês foram pra casa, o que aconteceu?

  - Nada – ela ri. – Eu corri para o quarto, magoada e irritada e me tranquei lá até agora a pouco quando resolvi vir pra cá. Só sai quando tive certeza de que eles tinham ido embora.

  - Você é uma covarde fujona – acuso rindo e Alice tenta se manter séria enquanto nega, mas é em vão, ela também está rindo.

  - Olha quem fala. Você vive fugindo do Theo, não pode falar nada de mim. Agora fala! O que aconteceu? Você saiu com o Marcelo e voltou com o Theo. Pode começar.

  - Por onde? Da parte em que eu estava dançando com o Marcelo e o Theo chegou? Ou da parte em que o Theo e eu quase nos beijamos na roda-gigante? Ou ainda da que o meu ex-noivo saído sabe-se Deus de onde, me ligou? Pode escolher.

  - É o que!? – é a vez de Alice me encarar incrédula. – Como foi isso? Pelo amor de Deus começa do começo, e vai com calma que eu quero acompanhar tudo.

  - Certo, eu sai com o Marcelo e foi bom, eu nem sabia que queria tanto até estarmos os dois rindo, mas por melhor que estivesse, não era realmente o que eu queria, quem eu queria. Isso tudo é realmente uma porcaria. Mas enfim, nós estávamos lá e resolvi cobrar a dança que ele me devia e foi isso, nós estávamos dançando e o Theo apareceu. Seu primo armou o maior barraco e acabou me levando que nem um saco de batata nas costas.

  - Ele te pegou no colo? – Alice pergunta divertida e suspiro.

  - Antes fosse, o idiota me jogou por sobre o ombro – reclamo e isso é o suficiente para ela cair na gargalhada. – Alice, para! – jogo o travesseiro nela que o segura ainda rindo.

  - Ok, estou parando, estou parando, é que estava imaginando a cena, vocês dois brigando que nem fazem aqui lá no meio do parque e ele te jogando nos ombros que nem um saco de farinha – ela ainda ri e gemo me jogando na cama para encarar o teto. – Desculpa. Parei, sério. Continua aí, o que aconteceu depois?

  - Ele me devolveu ao chão lá na fila da roda-gigante – continuo quando ela se deita ao meu lado, nós duas olhamos o teto. – Aí depois de armar uma cena e me carregar desse jeito me “convidou” pra ir com ele, eu imaginei que seria uma ótima vingança e aceitei e como sempre parece acontecer quando estamos perto, nós brigamos, e discutimos e sei lá, no meio disso tudo lá estávamos nós a centímetros um do outro, eu queria e podia ter beijado ele, mas não o fiz, por que depois nós brigaríamos mais, nos magoaríamos mais e eu cansei dessa brincadeira de tapas e beijos. Aí eu já tinha me recusado a beijá-lo e foi então que, pra fechar a noite, o Lucas ligou, eu nunca mais tinha falado com ele depois que ele me dispensou. Foi estranho, ainda mais por que Theo estava ao meu lado. E eu não senti nada, nada nem perto do que sentia, nada que se quer se comparasse ao que eu sinto por Theo, mas então, como esperado, nós brigamos por causa disso também. E foi isso, uma confusão atrás da outra desde que me separei de você. Se soubesse no que ia dar, não tinha ido.

  - Se soubesse, eu não teria deixado-a ir – Alice sorri. – Isso tudo é uma droga, em?

  - Sim, mas se lamentar não melhora as coisas, vamos agir?

  - Agir como? Eu não vou arrumar um ficante, já decidi – ela comenta e rio me sentando e a arrastando comigo.

  - Não estou falando disso não sua louca, estou falando de me ajudar com a festa, parar de pensar nesses homens que só fazem besteira, o que acha? Além de babá pode ser minha assistente.

  - Está falando sério? – ela pergunta e faço que sim ficando de pé. – Agora vem que ainda temos muito o que fazer.

  Não preciso chamá-la outra vez, Alice fica bem animada em me ajudar, nós só fazemos uma pausa na cozinha antes de começar por que como diria tia Beth “Saco vazio não para em pé”. Nós tomamos café antes de irmos para o escritório, há orçamentos, listas e relatórios e Alice é boa nisso, organizar e separá-los para que eu comece pelas prioridades. Ela não entende de administração, mas entende de organização e tanto o escritório quando meus documentos estão precisando urgentemente disso. O escritório por que não era usado há quase uma década e os documentos por que estou sozinha e não ter uma equipe ou uma secretária deixa as coisas duas vezes mais complicadas.

  Eu e Alice passamos à tarde entre fofocas, trabalho e músicas ruins do rádio que ligamos para nos distrairmos. É fácil me sentir à vontade com ela agora, já somos amigas e isso foi realmente inesperado, afinal com um começo desastroso como o nosso era mais fácil continuarmos nos odiando até o fim da minha estadia aqui. Mas termos quase relacionamentos ruins nos aproximou, estarmos apaixonada por idiotas realmente nos uniu. No fim, fazer amizade com Alice foi a coisa mais fácil e natural do mundo e isso é estranho, por que quando vim obrigada pra cá no início do mês a única coisa que queria era que o tempo corresse mais depressa para que eu pudesse ir embora logo, agora, mesmo com tudo que está acontecendo com Theo, não sei se é isso mesmo que quero.

  Lá pelas 18h00m da tarde nós resolvemos que já chega de trabalhar, íamos encerrar o dia vendo o por do sol da varanda e depois assistiríamos filmes na sala. E teria sido maravilhoso se tudo tivesse corrido como esperávamos, mas com o rumo que as coisas estavam tomando ultimamente, não foi bem isso que aconteceu. Eu e Alice saímos, nos sentamos nos bancos de madeira e antes mesmo de começarmos uma conversa os dois apareceram, as roupas sujas e os chapéus de abas largas protegendo o rosto dos últimos raios de sol, Hugo e Theo param no meio do caminho assim que nos percebem ali os olhando. Eles a alguns metros de nós e todos se encarando em silêncio.

  - Lilly, acho melhor entrarmos – Alice diz sem desviar o olho deles. – Podemos adiantar os filmes, o que acha?

  - Uma péssima ideia, vamos ficar bem aqui – digo olhando diretamente para os olhos azuis de Theo.

  - Cara, vamos para a sua casa, depois falamos com a sua mãe – Hugo pede a Theo que nega com a cabeça sustentando meu olhar.

  - Vamos falar com ela agora. É importante e não tem motivo nenhum pra nós não passarmos ali – ele ainda está me encarando quando começa andar em minha direção. Eles chegam a varanda e Alice fica de pé me arrastando com ela e evitando a todo custo olhar para Hugo.

  - Vem, Lilly.

  - Vai continuar fugindo, Cordélia? – Theo pergunta no instante em que me deixo ser levada por Alice. Paro no minuto seguinte e viro-me para Theo sentindo tudo transbordar, transbordar não. Explodir.

  - Fugindo!? – exclamo faiscando de raiva. - Eu enfrentei tudo com a cabeça erguida! Eu te esperei, sonhei com cartas e telefonemas, mas você simplesmente me trocou na primeira oportunidade! Eu não fugi, você quem me deu as costas! Seu hipócrita!

  - Eu te troquei!? – Theo grita de volta. – Você quem me esqueceu! Eu te liguei, todos os dias, durante um ano inteiro! E você não me atendeu uma única vez!

  Suas palavras são como tapas na minha cara e aceleram meu coração, de surpresa, raiva e esperança. Como assim eu o esqueci? Como assim ele ligou? O que realmente aconteceu aqui?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E agora, (finalmente, né Letícia?) nosso casal vai conversar (brigar kkkkk) e entender o que aconteceu com eles no passado! Não percam o próximo capítulo dessa novela u.u
Espero que estejam gostando, comentem please!
Beijocas e até, Lelly ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Aprendendo a Recomeçar" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.