Aprendendo a Recomeçar escrita por Lelly Everllark


Capítulo 13
Dona Flor e seus... Três maridos?


Notas iniciais do capítulo

Oiiie gente! Primeiramente feliz ano novo pra todo mundo (atrasado eu sei!) que o 2019 de vocês seja maravilhoso!
Voltei como podem e a treta desse meu casal ainda vai continuar, mas não me matem que eles vão se resolver, prometo!
BOA LEITURA!! :3



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“Por favor, me fale a verdade

To morrendo de saudade

Vem cuidar de mim

 

Vê se lembra de tudo que agente viveu

Diz pra mim que assim como eu

 

Você sente saudade e tem medo do fim

Pra falar a verdade nunca amou ninguém assim

E que a tempestade está perto do fim

Eu sou sua metade e você nasceu pra mim”

Tempestade — Santorine.

  O parque me pareceu boa ideia, claro que era boa, uma noite sem Theo, confusão e sem pensar em tudo que está acontecendo conosco. Era pra ser só uma volta com Alice, nós comeríamos, nos divertiríamos e eu a irritaria com o lance da altura, não seria nenhum grande drama. Mas foi.

  Quando esbarrei em Marcelo nunca pensei que ele me chamaria para dar uma volta e muito menos que eu ia realmente gostar da ideia. Mas gostei, me separei de Alice me sentindo uma pessoa horrível por abandoná-la, mas fui e era obrigada a admitir que Marcelo estava se mostrando uma ótima companhia.

  - Cordélia - Marcelo chama balançando um algodão doce cor de rosa na frente do meu rosto. - Você estava longe.

  - Um pouco - admito e ele me estende o doce no palito.

  - Pra você.

  - Obrigada - sorrio seguindo ao seu lado. Ele tem uma lata de cerveja na mão enquanto como meu algodão.

  - Por que veio pra cá? Eu ouvi por aí que mora na cidade. Por que trocou os grandes prédios por casas de fazenda?

  - Digamos que eu não tenha tido muita escolha. Foi uma decisão do meu pai e eu fui obrigada a acatar. Era isso ou terminar sem teto e desempregada.

  - Então não está de férias?

  - Não, definitivamente não são férias.

  - Mesmo que não sejam, posso te mostrar a vila, o que acha? - ele se oferece ou me convida, não sei bem. Mas o sorriso de canto me diz que tem muito mais por trás desse convite. Eu poderia aceitar, mas não sei se tenho disposição ou ânimo pra isso.

  - Talvez outra hora.

  - Posso te fazer uma última pergunta, patricinha? - ele quer saber e faço que sim sorrindo diante do apelido.

  - É verdade que já morou aqui?

  - Deixa eu adivinhar, você ouviu por aí? - pergunto e ele ri. A risada é bonita, o rosto dele também, até sua conversa ruim tem seu charme, mas no momento em que ele coloca uma mecha do meu cabelo atrás da orelha sei que não estou interessada, não é o toque que eu queria nem o perfume que eu esperava sentir.

  - Então? - ele insiste e me afasto, Marcelo não parece se incomodar com meu movimento.

  - É verdade, já morei aqui. Esse lugar onde escuta as fofocas é muito bom por que não erra uma.

  - Como uma garota da fazenda se tornou uma patricinha da cidade?

  Termino meu algodão doce e me desfaço do palito em uma lata de lixo antes de olhá-lo outra vez.

  - Você disse que aquela seria a última pergunta. Agora vem - puxo-o pelo braço em direção ao palco onde uma dupla sertaneja desconhecida toca. - Vamos dançar, por que se bem me lembro, está me devendo uma dança.

 Marcelo se deixa ser arrastado até perto do palco, mas quando chegamos lá me segura colando nossos corpos mais que o necessário, mas não me importo, é só uma dança afinal.

  - Cordélia - ele chama depois de um rodopio.

  - Oi.

  - O que você e o Theo têm?

  - Como assim o que temos? Não temos nada, ele é só o idiota que trabalha na fazenda do meu pai.

  - Tem certeza?

  - Claro, por quê?

  - Por que se eu quisesse beijar você estaria tudo bem então? - sua pergunta me pega de surpresa e não sei o que responder. - E se eu fizesse isso na frente dele não teria problema então, né?

  - Como é?

  - Nada. É só que o cara que trabalha na fazenda do seu pai está vindo pra cá.

  - É o quê!? - exclamo me separando dele no meio da dança só para ver ninguém menos que Theo Sales marchando em nossa direção.

  - O que exatamente acha que está fazendo, Cordélia? - Theo pergunta antes mesmo de se aproximar totalmente de nós.

  - Como assim “O que eu acho que estou fazendo”? O que você está fazendo gritando por aí no meio de um parque de diversões?

  - Vim atrás de você, para evitar que faça alguma coisa idiota - ele diz olhando diretamente para Marcelo que parece estar se divertir muito com nossa cena. - Marcelo - Theo fala seu nome numa espécie de cumprimento irônico.

  - Theo - Marcelo devolve com um sorriso divertido que me faz sorrir, não sei qual o problema dos dois, mas talvez me seja útil. - Linda noite, não acha?

  - Maravilhosa - ele ironiza. - Agora que já falamos do tempo a Cordélia vem comigo. Vamos Lilly.

  - Vamos? - pergunto divertida. - Como assim vamos? achando que é quem, Theo? Eu estou me divertindo e não pretendo ir a lugar nenhum. Marcelo ainda me deve uma dança de qualquer forma. A gente se vê em casa. Vem Marcelo.

  - Desculpa, cara. A garota está me chamando, até qualquer dia, adorei o papo - Marcelo faz questão de tripudiar e me controlo para não rir. A cara de incredulidade de Theo é impagável. Talvez seja muita maldade para o coraçãozinho ciumento dele, mas hoje não ligo, não depois da Sabrina.

  Marcelo e eu nos viramos e começamos a nos afastar.

  - Você sabe que ele não vai deixar por isso mesmo, não é? - Marcelo pergunta e faço que sim. Minha única certeza no momento é que isso não vai terminar bem.

  - Só continua andando - peço e ele ri.

  - Você realmente gosta do Sales em?

  - Dá pra gente não falar disso? Foca em andar pra nos afastamos o máximo possível dele.

  - Cordélia Albuquerque, isso não vai ficar assim, não me dê as costas desse jeito, volta aqui! - escuto a voz de Theo antes de sentir suas mãos sobre mim.

  - O que você está fazendo seu louco!? - exclamo irritada quando ele me joga por sobre o ombro. O soco, mas isso não parece estar fazendo nem cócegas nele.

  Marcelo parece realmente surpreso com toda a confusão.

  - Theo, cara, calma nós...

  - Você cala a boca! - ele o corta. - E Cordélia, você vai vir comigo quer queria quer não! 

  Só me resta me debater e grunhir de frustração. Marcelo me olha numa pergunta muda se está tudo bem e concordo suspirando enquanto Theo começa a se afastar comigo ainda nos ombros como se eu fosse um saco de farinha. Eu vou matá-lo quando descer daqui. Ah se vou! 

  - Você acabou com meu encontro, sabia? - pergunto socando-o mais um pouco, ele nem mesmo parece sentir e isso é o mais irritante.

  - Sabia - quase posso vê-lo sorrir ao dizer isso.

  - Por que veio atrás de mim afinal de contas? Não estava muito ocupado com a Sabrina?

  - A Sabrina, sério? Você está assim por causa da Sabrina? 

  - Eu não estou assim por causa de ninguém!

  - Então vai me dizer que essa coisa ridícula com o Marcelo não foi só vingança?

  - Claro que não! - digo ofendida, se eu soubesse que ele vinha até podia ser, mas como eu não sabia de nada, irritá-lo foi um bônus, eu realmente queria sair com Marcelo. - Eu não sei se você já se deu conta, Theo, mas o mundo não gira ao seu redor, Ok?

  - Eu sei, Lilly, eu realmente sei disso - ele diz finalmente me colocando no chão e para minha surpresa estamos na fila da roda-gigante.

  - O que estamos fazendo aqui?

  - Alice disse que queria ir. E acho que não foi com Marcelo, pelo menos eu espero que não tenha ido.

  - Você me aborda aos gritos, me arrasta por aí que nem um homem das cavernas e agora quer que eu simplesmente saia com você como se nada tivesse acontecido? É sério isso, Theo?

  Ele dá se ombros com um meio sorriso e quero matá-lo por mexer assim comigo, isso devia ao menos ser proibido, como vou ficar brava se ele sorri assim e eu sou uma idiota apaixonada? Não há muros ou barreiras que façam meu coração se alvoroçar menos em sua presença.

  - Próximos – o atendente chama e percebo que somos nós e que ainda estamos nos olhando à espera da resposta um do outro. – Senhor? Senhorita? – ele nos olha. – Estão atrasando a fila, vocês vêm?

  - Nós vamos, baixinha? – Theo pergunta dando a entender que sou eu quem escolhe. Eu podia simplesmente me virar e ir embora, mas vê-lo morrendo de medo lá encima com certeza vai ser um bônus depois de toda essa cena que ele armou.

  - Vamos – digo por fim seguindo para a cabine, entro primeiro depois Theo faz o mesmo e logo em seguida estamos fechados e subindo lentamente enquanto balançamos suavemente pra lá e pra cá. Theo está encarando suas botas agarrado ao banco e acho graça. – Por que quis vir se ainda odeia altura?

  - Por que você gosta. Por que esse é um dos nossos muitos lugares e a ideia de você em uma roda-gigante aos beijos com outro cara me tirou do sério – ele admite ainda sem me olhar e sorrio.

  - Eu e Marcelo não estávamos aos beijos, não ainda. E por que só eu não posso “macular” nossos lugares? Aquela sucata que chama de carro também é especial e estava as voltas com a Sabrina e quem sabe quantas mais – rosno irritada desviando os olhos para as luzes abaixo de nós enquanto me corroo de ciúmes, a ideia de que ele pode mesmo ter estado com outras lá me faz querer matá-lo juntos com as possíveis piriguetes.

  - Hei, Lilly, me olha – Theo chama tocando meu rosto e me fazendo encará-lo. Ele sorri e quero bater nele. – Eu dei uma carona a ela, simplesmente por que Sabrina não me deu escolha. Mas nunca, nunca consegui levar outras garotas aos nossos lugares, eu dou carona sim, a muita gente, mas você acha mesmo que consigo terminar como terminamos há duas noites na caminhonete com outra pessoa? Ou que consigo levar outra garota a cachoeira, ou mesmo a uma maldita roda-gigante? Se acha é por que não me conhece mais. Você é única de tantos modos que me deixa louco, Lilly.

  Sua declaração me pega de surpresa, eu não esperava por isso, nem em um milhão de anos. Mas se é assim, se ele se sente mesmo desse jeito, por que me trocou tão rápido por ela? Olhar para ele, para seus olhos azuis determinados me faz querer chorar, beijá-lo e gritar com ele, tudo ao mesmo tempo, mas limito-me a tocar seu rosto como ele ainda está fazendo comigo, seu toque queima, mas não de um eito ruim, apenas acende meu corpo e meus sentimentos, meu coração bate tão rápido que é uma surpresa Theo não ouvi-lo, ele me olha com os olhos em brasas e sei que ele também sente, que meu toque tem o mesmo efeito nele.

  Theo se aproxima de mim e nossos narizes se tocam, sinto sua respiração, eu quero e posso, mas não vou beijá-lo, não dessa vez. Não vou me magoar mais, me entregar e depois brigar, me afastar, isso é bem pior que não fazer nada, ele ainda é o cara que amo, mas nada é igual há dez anos. Afasto-me de Theo e ele parece surpreso pela recusa, vejo seu olhar magoado e me magoa também, me dói, mas continuarmos assim também não vai nos levar a lugar nenhum.

  - Lilly? – ele me chama um segundo depois e só quero sair dessa cabine apertada e ir embora para casa. Esconder-me no meu quarto e quem sabe esperar tudo se resolver sozinho. – Cordéia?

  Estou prestes a dar meu melhor sorriso falso e pedir a ele que esqueça isso tudo como esqueceu o resto, mas meu celular toca e último nome que esperava aparece no visor.

  - Só um instante – peço a Theo agradecida por ter uma desculpara desviar os olhos e atendo. – Alô?

  - Oi, Lia, como está? Sua mãe me disse que não teria sinal por algum tempo, fico feliz de conseguir falar com você — Lucas comenta normalmente como se tivéssemos nos falado ontem e não há quase três semanas.

  - Oi, Lucas – balbucio e Theo me olha, não sei se ele sabe quem é Lucas, mas a julgar por sua cara feia, ele sabe sim.

  - Está ocupada, pode falar?

  - Posso falar, o que quer?

  - Queria falar sobre nossa última conversa.

  - Aquela por telefone ou a outra que teve com a apresentadora de televisão? – pergunto irônica e um tantinho magoada, Lucas não era meu príncipe encantado, mas passamos tempo de mais juntos para ele fazer algo como aquilo comigo.

  - Eu já entendi, Ok? Fui um idiota. Pode me perdoar? Esquecemos isso e quando você voltar seguimos com os planos do casamento. O que acha?

  - Você brincando, né? – pergunto sem acreditar e vejo Theo sorrir, minha cara deve ter entregado que não estava gostando nada do rumo da conversa. Idiotas, os dois!

  - Claro que não, nós somos bons juntos, Lia, lindos, ricos e nos amamos, o que mais você quer? Sua mãe acha uma ótima ideia.

  - Claro que acha – resmungo. Mamãe concordaria com qualquer coisa para me ver casada com Lucas, ele sempre foi seu sonho pra mim, um ricasso lindo, pra que melhor, certo? – Olha Lucas, eu tenho pensar, Ok? Não é assim que funciona. Aconteceram umas coisas – digo olhando de canto de olha para Theo. – E bem, ainda tenho mais de uma semana aqui e...

  - Desculpas e mais desculpas — Lucas ri me interrompendo e são mesmo, apenas desculpas e me surpreendo por estar dando-as, quando foi que ficar se tornou algo pelo qual luto e ainda por cima dou desculpas? – E eu sei, não por que sua mãe me disse, mas por que te conheço, que está contando os minutos para ir embora daí. Então por que tudo isso? Vamos apenas esquecer o que aconteceu, tudo bem?

  - Por aqui, por favor – o atende pede depois que o brinquedo para e Theo sai primeiro sem nem me olhar, suspiro ainda mais perdida do que estava quando cheguei aqui com Alice no que me parecem centenas de anos atrás.

  - Lia? — Lucas chama ainda do outro lado da linha e suspiro.

  - Tudo bem, Lucas, você tem razão, são desculpas e não vejo à hora de ir. Mas agora tenho que desligar, a gente se fala depois, Ok?

  - Certo, não demore mais que o necessário e quando puder me liga. Te amo — ele se despede e fico feliz por ele não poder ver meu rosto diante da declaração. Não iria gostar.

  - Eu vou ligar sim, tchau – é como me despeço e desligo logo em seguida. Como posso dizer a ele que o amo se agora sei, com cada fibra do meu ser, que é uma mentira? – Theo! – o chamo por entre as pessoas guardando o celular, ele não se vira, não olha e quando piso em falso com o salto e caio de joelhos no chão, com as mãos espaldas a minha frente e quero chorar.

  Uma mão toca meu ombro e lá está ele me olhando preocupado, seus olhos azuis arrependidos e os meus quase verdes irritados, me desvencilho de seu aperto e fico de pé batendo as mãos no short para limpar. Theo tenta me alcançar mais uma vez e não deixo.

  - Lilly, você está bem?

  - Ótima – rosno e ele dá um passo em minha direção. – Não toca em mim!

  - Cordélia?

  - Agora quer falar!? Que ótimo, não? Então a gente se fala quando você quer? Se o bonitão quer, vamos lá! – estou gritando no meio do parque e não me importo. – Você é um idiota!

  - Eu? Você quem estava falando com seu noivo no meio da nossa conversa. E você nem disse que estava comprometida! Se não fosse pelo seu pai eu nunca saberia!

  - Ex! – berro mais alto que ele. – Ex-noivo! E não sei por que acha que isso é da sua conta! Com quem eu fico ou deixo de ficar não é mais dá sua conta, é!?

  - Não – ele diz de má vontade me dando um sorriso irônico que odeio, por que seus sorrisos verdadeiros são a melhor coisa do meu dia e odeio esse que me machuca e machuca a ele também. – O que faz ou deixa de fazer não é mais da minha conta, desculpa. Eu vou tentar me lembrar disso da próxima vez.

  - Ótimo – meu sorriso é tão irônico quanto o dele. Dou meia volta e sigo para a entrada do parque, o que essa noite tinha que dar, já deu. Na verdade já passou do que tinha que dar a muito tempo.

  Quando alcançamos a entrada nosso casal de amigos parece ainda mais irritado que nós, se é que isso é possível.

  - Que bom que chegaram, já ia ligar pra saber onde estavam. Vamos embora logo? Esse parque pra mim já deu – Alice diz tão seca que me surpreendo, logo ela o maior docinho de pessoa que já conheci? Mas vejo que sua raiva tem um alvo certo e Hugo parece tão mal quanto ela e só isso que preciso para ter certeza que alguma coisa aconteceu. Aparentemente minha noite não foi a única que foi péssima.

  - Então somos duas – concordo. – Vocês além acabarem com a nossa noite também vão nos dar carona ou teremos que ligar para o tio Jorge? – pergunto irônica e Theo suspira.

  - A caminhonete está pra lá – ele indica a esquerda e eu e Alice nos colocamos a caminhar lado a lado sem nem mesmo olhar para trás. Pelo olhar cúmplice e triste que trocamos, temos muito o que conversar.

  Será que toda essa confusão pode ficar ainda pior? Melhor não perguntar, por que do jeito que está indo, dá sim e muito.


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Notas finais do capítulo

E é isso, como está sendo o 2019 de vocês?
Espero que tenham gostado do capítulo votem e comentem!
Beijocas e até, Lelly ♥



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